Capítulo 5

EDWARD POV

- Notei que você mudou de comportamento Edward, está menos negativo;

Confesso que não gostei do fato de Bella me ver daquela forma, o fantasma da abstinência me pegou com força. Porém de alguma forma eu queria ser um cara melhor e acordei com o intuito disso, comecei pelo meu livro, escrevendo boa parte dele pela manhã.

- Eu acordei pensando no meu livro novo, no quanto ele pode ser a volta perfeita pra mim.

- O seu livro é tudo que posso pela sua cabeça no momento?

Sua filha deliciosa também doutor Carlisle, pensei sorrindo. Isabella Swan era meu novo pensamento favorito.

- Sim. – Menti. – Eu preciso mostrar as pessoas que o nome Edward Masen não morreu.

- E por que elas acham que morreu?

- Eu estou internado, não é motivo suficiente?

- É só uma fase da sua vida, Edward, tenho certeza que isso vai passar.

Me remexi na cadeira que fazia um ruído estranho. Carlisle anotou algo em seu bloco de notas e continuou me observando.

- Meus pais nunca gostaram de mim, não é agora que eles vão ligar. Nós moramos por três anos com meu padrinho por não aguentarmos as brigas deles, Emmet sempre foi mais forte do que eu, mais popular, contudo, eu me defendia do jeito que podia. Hoje eu sou a desonra da família e ele o orgulho, casado, feliz, bem sucedido.

- Você me disse em, sessões anteriores que não se importava com os seus pais. E agora se importa com o que eles pensam, o que mudou?

 Eu odeio eles, odeio tudo que eles fizeram por mim, meu pai me chamava de fraco, quando aos doze anos eu preferia os livros e os cadernos ao invés dos esportes como meu irmão.

- Eu fui indesejado. Emmet foi festejado.

- E sua mãe?

- Uma vaca submissa. Não me defendia, não me abraçava como filho.

- Você tem um grande trauma de infância, Edward, isso pode ter influenciado suas decisões, como se sente em relação a isso?

- Uma merda. Eu quero esquecer minha família. Tirando meu padrinho, é claro, ele é meu espelho.

Felix veio me visitar mais vezes do que eu meu próprio irmão. Felix era executivo de uma importante empresa de engenharia civil e por esse motivo viajava muito, deixando eu e Emmet sozinhos em casa, acho que por isso éramos tão populares pelas festas homéricas que dávamos.

- E se Emmet vier te visitar?

Sorri, ele não viria. Não mesmo, Emmet tinha uma família, era lançador de um dos times mais importantes de Los Angeles. E eu era o drogado da família, o irmão ruim. Quem esperava mais de mim?

- Edward, seu irmão me ligou pra saber como você está, ele quer te ver.

- Mesmo! Deve ser um golpe de publicidade, visitar o irmão drogado vai ajudá-lo em suas pretensões.

- Você não acredita em amor fraternal?

Doutor Carlisle ergueu as sobrancelhas.

- O senhor tem irmãos? Não! Então não sabe como é minha relação com meu irmão.

- Não faço idéia, mas você não viveu só de fracassos. Sabe quantos escritores fazem sucesso hoje em dia? Quantos conseguem alcançar o público?

- O senhor é meio contraditório, diz pra eu pensar no presente e me faz pensar no passado.

- Quem disse que sua carreira é passado? Você é um escritor e continuará sendo quando sair daqui.

Respirei fundo, agora eu estava errado, meu terapeuta me pegava outra vez em uma contradição.

- O senhor tem razão doutor. Como vai sua filha? Se adaptando?

- Aos poucos. – Carlisle sorriu, Bella era motivo de orgulho para o pai.

- Ela é muito bonita, deve dar trabalho. – Meu terapeuta ficou tenso voltando a sua postura profissional.

- Eu sei o que você está fazendo Edward, mexendo com o ponto fraco dos outros.

- Eu consegui pelo jeito. O senhor acabou de se denunciar. – Sorri de canto.

- Você não deveria fazer isso, não nada cortês e  não vai te ajudar a se relacionar com as pessoas.

Ele tem um ponto, um ponto que me fez rir, ou melhor, gargalhar. Carlisle manteve sua postura rígida.

- E quem disse que eu quero me relacionar com as pessoas?

- Você quer Edward, bem no fundo você quer. Só tem que descobrir em que intensidade.

- O senhor está me dizendo que o meu desejo de não me relacionar com as pessoas indica um desejo de reprimido de me relacionar e quebrar a cara? Eu sou um mascarado é isso?

- O que é ser mascarado pra você?

- Ser o que você tem e não o que você é.

- E o que você é?

- Um homem assustado, vislumbrando pela fama e frustrado.

Era uma boa definição de mim, a mais sincera. Edward Masen era fraco, influenciável, reprimido. Completamente desprezível.

- Acabamos por hoje Edward.

Franzi o cenho, ele me faz chegar a uma conclusão óbvia e me dispensa? Quer dizer, e se eu estivesse em depressão profunda a ponto de querer me matar por não suportar ser quem eu sou?

- Acabamos? E se eu dissesse que vou me matar agora?

- Você não vai Edward. A sessão acabou.

Completamente covarde, ele acabou a sessão achando que me faria pensar. Levantei-me da cadeira achando meu terapeuta um total babaca. Enfim, havia algo em comum entre ele e Bella, eram tão humanos que chegavam a dar raiva.

Saí pelos corredores com as mãos no bolso e a raiva zelada em minha mente. Até que vi Bella cruzando o corredor lendo papéis dentro de uma pasta verde.

- Olha o que os céus trouxeram pra mim.  – Sorri sabendo do efeito que causava sobre ela, seu peito arfava, sua voz falhava, ela engolia seco, sua boca lentamente se abria.

- Pensei que você fosse ateu.

- A fé é completamente mutável e passível aos homens Isabella. Se Deus não existe qual a explicação para esse nosso encontro?

- Coincidência.

- Tão cética e tão adorável.

Em suas bochechas um leve tom de vermelho era visível.

- Você vai ficar aqui e brincar comigo como se eu fosse um vudu ou vai se mexer?

- A primeira opção é tentadora, porém eu não dito as regras Bella, você que acha que está sobre meu comando.

- Eu não estou.

- Então por que sua voz se alterou? – Sua irritação era amável da parte dela, que meu desejo era empurrá-la na parede e beijá-la, tocar cada parte daquele corpo. – O quê? Você me odeia mais, pensei que fosse impossível. Antes de voltar pra sua rotina perfeitinha e previsível, quero me desculpar por ontem. – Suas sobrancelhas se ergueram.

- Você ainda quer que eu me afaste?

- Eu nunca quis Isabella Swan, ou melhor, Isabella Cullen.

Rolling in the deep - Go Radio

Se Carlisle podia jogar comigo, eu também podia corromper a filhinha adorada dele, como num jogo de xadrez derrubando as peças mais fracas pra chegar às mais fortes.

Só estava correspondendo ao papel de mascarado, uma questão que me atordoava era porque escolhi Bella como alvo da minha hostilidade. Acho que se fosse com um cara as coisas seriam mais objetivas, o mais forte venceria. Eu queria a amostra do paraíso que era deixar a garota mais desejada da escola intimidada quando descobri o poder que tinha sobre ela, só queria jogar mais e mais. Então eu finalmente percebi que eu nunca agi com a razão, eu agia com o coração. Porque estava completamente apaixonado por Isabella Swan.

Se Carlisle Cullen soubesse as respostas que eu tive, o que ele me fez funcionou, me induziu a descobrir que eu amava sua filha. Ri da ridícula coincidência. Eu precisava falar com alguém sobre isso.

- O que você tem pra mim? – Jacob sorriu ao ver minha boa aparência. – Você está ótimo a propósito.

Ele era meu melhor amigo e além disso meu agente. Nos conhecemos na faculdade num momento bêbado no qual eu dei em cima de uma mulher comprometida e quase apanhava. Em troca, dei a ele minhas idéias e nós crescemos juntos profissionalmente.

Entreguei o pen drive pra ele com quarenta páginas do livro prontas.

-    Tenho muito tempo livre por aqui.

-   Hum...quantas páginas?

-   Quarenta.

-  A idéia é boa?

Pergunta óbvia.

- Por favor.

- Então vejamos, o que o atordoa?

- Tenho um problema.

- Isso é óbvio. – revirei os olhos.

- Lembra da garota do colegial, a idiota que competia comigo em tudo?

- A primeira da classe, que ganhou de você como presidente de classe.

- Sim, obrigado por lembrar. – Por que eu ainda era amigo desse cara? Porque ele era meu complemento. Totalmente egóico, ambicioso e sacana como eu, só que menos inteligente. – Ela é psiquiatra e está trabalhando aqui, é filha do meu terapeuta.

- Isso daria um bom livro. – Jacob disse com ar sonhador. Quis dar um soco nele, mas eles pensariam que eu surtei e demoraria para ter alta.

- Cala a boca e me ouve, eu descobri que sou apaixonado por ela, deve ser devido a situação de vulnerabilidade ao qual estou exposto...

- Edward, eu pensei que você fosse mais inteligente.

- O quê? – Agora ele me ofendeu;

- Isso nunca foi uma novidade garotão. Você sempre falou nela principalmente bêbado. Você está perdido porque nunca se sentiu assim antes. Cara preciso conhecer essa mulher.

- Nunca fui tão vulnerável. – Respondi levando as mãos aos cabelos. Com Jacob eu podia desabafar.

- Tente expor seus sentimentos.

- Beije meu traseiro Jacob. Eu não vou ser amarrado por uma mulher.

- Sinto muito ser o portador de más notícias, mas você já está.