EDWARD POV

Imagine minha surpresa quando chego de viagem e logo depois meu irmão Emmet, me visita. Foi tenso e estranho, ficamos em silêncio por um tempo. Como bom anfitrião eu ofereci um café á ele.

Eu conhecia bem meu irmão e sabia que ele estava ali pra me vigiar, pra me sondar, pra saber se estava tudo bem. Eu esperava a visita dele, até achei que demorou demais, agora só faltava mamãe e papai para completar o ciclo de visitas da desmantelada família Masen.

- Eu fiquei preocupado com você. – Emmet iniciou olhando pra mim. Da outra extremidade do sofá assistiu-o degustar o café e colocá-lo de lado. Café nunca foi meu forte. Drinks sim, café não.

- Eu estou limpo Emmet, limpo como água.

- Que bom. Fico feliz. – Ele sorriu. – E a terapia como vai?

- Eu abandonei meu atual terapeuta, estou testando outras alternativas.

Seu sorriso sumiu do rosto.

- Ah não Edward.

- O que foi? Não é uma tragédia grega, estou consultando um terapeuta diferente, quero abrir meu leque de possibilidades na vida. Eu também tenho planos para o futuro não só o cara brilhante da família Masen.  – expliquei sentindo-me ofendido. Ele não me via há anos e agora chegava como irmão preocupado que não era.

- Cara eu não estou dizendo que você é fraco ou questionando sua recuperação.

- O certo é reabilitação.

- Ok, Edward. Eu só quero voltar a ser o seu irmão ok?

- Então não me trate como um viciado. – Pedi, ele acatou. Caímos de novo no silêncio, apontou para o Xbox e minha televisão.

- Sabe jogar?

- Você ta brincando.

- Aposto que te dou uma surra.

- Aposta aceita.

Jogamos Tekken e eu dei uma surra nele quatro vezes seguidas. Em meio aos jogos conversamos sobre Rosálie, a possibilidade de ter um bebê e da nova família do papai. Ele relatou que  mamãe há muito tempo queria me visitar, porém foi intimidada pelo meu médico que a desencorajou. Afinal, a maioria dos meus problemas psicológicos estavam ligados á minha criação familiar.

- Você tem amigos?

- Claro, lembra de Jacob? Meu agente? Somos muito amigos. Tem a garota que é agenciada por Jacob também, Gianna Brown. E tem Bree, uma garota viciada em anfetaminas que me fez companhia lá na clínica, eu sou padrinho dela. E tem Jasper que vem aqui de vez em quando.

Emmet sorriu aliviado.

- Você está tenso sucesso em refazer sua vida.

- Nem tanto. – Cantarolei lembrando Bella. Nem sinal dela, nem sinal da sua pose enfezada e das suas frases previsíveis. Nem sinal da sua bondade injustificável, da sua confusão palpável, dos seus beijos apaixonados, do seu jeito santinha de ser sexy. Eu prometi que esperaria, porém aquela espera me matava.

Perturbando o que era o momento perfeito entre irmãos, a campainha tocou. Fico impressionado como esse porteiro mantém o emprego depois de deixar qualquer um subir e me importunar. Fui atender, pausando o jogo.

Um misto de surpresa e susto me atingiu quando meus olhos encontraram os de Bella. Ela sorriu sem graça como se dissesse “não sei que porra estou fazendo aqui, mas precisava te ver e saber que você está bem”.

- Oi.

- Oi Bella. – tentei parecer o mais natural possível. Saí do apartamento antes que ela entrasse, tampando a visão de fora pra dentro e de dentro pra fora.

- Hora ruim?

- Não, o que você quer?

- Quem está aí Edward? É alguma mulher?Você diz estar apaixonado por mim e põe uma mulher em casa? – nada disse, abaixei o olhar sem saber como dizer “hey você está interrompendo um momento em família”

- Eu disse que ia te esperar e aqui estou, nada mudou.

- Então me deixa entrar Edward. – Ela forçou a porta, eu segurava a maçaneta com força impedindo-a de abrir. – você voltou com a tal Gianna? Ou então está usando drogas de novo? – Ela se aproximou de mim abrindo meus olhos com os polegares. Seus dedos no meu rosto e a proximidade me fez sorrir.

- Sua pele está ótima.

- Seu idiota

- Gostosa. – disse me aproximando mais.

- É sério, precisamos conversar.

Antes que eu argumentasse ou dissesse para nós irmos a outro lugar, Emmet gritou. A voz do grandão deixou Bella aliviada porque não havia nenhuma mulher comigo. E surpresa. Abri a porta aos poucos deixando Emmet ver Bella e vice versa. Meu irmão levantou-se enquanto Bella corria para dar um abraço apertado nele. Olá passado.

- Você está linda. Tão diferente nossa!

- Eu sei, e você está...você.

Revirei os olhos para o momento ridículo.

- O que faz aqui?

- Vim checar se Edward está bem, ele me pareceu meio compenetrado demais no trabalho na entrevista que deu. Tirando a parte que ele disse estar apaixonado, você acredita que ele está apaixonado?  - Ela corou. Eu cocei minha nuca, nervoso. Minha futura possível namorada e meu irmão conversando. – E você Bella, o que faz aqui?

Emmet olhou para mim e para Bella desconfiado. Ela engoliu seco e disfarçou com um sorriso tímido.

- Vim vê-lo também, por acaso Edward era paciente do meu pai aí nos reaproximamos. – Emmet cruzou os braços e sorriu, aquela sorriso queria dizer que meu irmão não acreditava na história de Bella. Ele sabia que era bem mais fundo.

- Edward te disse?

- Dizer o que?

- Tudo que ele sente?

Quis partir para cima do meu irmão e bater até ele sumir, mas primeiro: Emmet era mais forte que eu e segundo eu estava num monitoramento de controle da minha raiva.

- Ok, parou por aqui.

Bella revirou os olhos.

- Também acho, parou por aqui. – Então caminhou em minha direção e me beijou. Sentir os lábios de Bella nos meus novamente fazia tudo valer a pena, eu não me sentia tão fraco agora que tinha ela ao meu lado.

- Isso é um perdão pela minha impaciência? – questionei quando nos separamos, ignorando o fato de Emmet estar na sala.

- Pode-se dizer que sim, Edward Masen.

- Ei! Eu ainda estou aqui! – Emmet praticamente gritou. – quando isso aconteceu e como?

Olhei pra Bella com um olhar divertido e ela retribuiu com um sorriso, seria uma longa noite. Contamos tudo desde o começo para Emmet.

- Então quer dizer que você continua trabalhando na clinica? E se seu pai descobrir? – Bella engoliu seco, notei seu desconforto ao meu lado.

- Que ótimo modo de interferir na minha história, Emmet. – sorri para meu irmão. Ele deu de ombros como se pedisse desculpas.

- Emmet tem razão, eu já estou vendo outros empregos e vou pedir demissão.

- Carlisle não vai aceitar, eu conheço muito bem a peça.

- Ele vai ter que aceitar, Edward, são minhas decisões, não sou mais a filhinha da mamãe.

Emmet percebeu que estava sendo impar por ali e resolveu ir embora, despedi-me do meu irmão com um pouco de angústia, mesmo sabendo que o veria em breve.

Ter a casa somente para mim e Bella tinha suas vantagens. Assim que levei meu irmão na porta, ela já preparava o som tirando seu ipod do bolso e encaixando ali.  Nas caixas de som tocava Wicked Games do The Weeknd, sim, na clínica eu tive muito tempo para me atualizar das músicas do momento.

- Enfim sós. – disse me aproximando dela aos poucos. Ela sorriu. - Bring your love baby I can bring my shame. – a puxei pelo braço, ela se encaixou em mim perfeitamente. Então pude sentir aqueles lábios com o gosto da liberdade, afinal ela estava livre do francês irritante. Então pude aproveitar cada curva do seu corpo sem me preocupar se alguém estava nos observando. Então puxe sentir o calor do seu corpo nu sobre o meu sem ter expectativas ao amanhecer. Ela era minha e eu era dela. Sem passado para nos colocar para baixo, apenas o presente para lembrar que éramos duas almas solitárias que se encontraram depois de tantos percalços. Eu não me sentia mais sozinho. Eu não sentia mais necessidade de usar nada, o meu único vício era o amor dela.

Ao acordar de manhã não encontrei-a na cama. Vesti a primeira cueca que vi pela frente e me dirigi a sala, o cheiro de chocolate misturado a fritura aguçou meus sentidos. Bella estava cozinhando. Seus cabelos presos em um coque mal feito, alguns fios pendiam no rosto e ela cantarolava. Me senti responsável por aquela felicidade. Eu não á via assim há tempos.

- Bom dia!

- Desde quando Edward Masen é educado?

- Desde quando Bella Swan cozinha? – ergui uma sobrancelha a desafiando.

- Cale a boca, sente e experimente baby.   – ela me serviu um prato cheio de bacon. Mastiguei alguns e parecia o paraíso, me acostumei a tomar café em padarias ou apenas comia torradas. Mas o café de Bella era maravilhoso.

Ela me serviu uma xícara de café. Sorri em agradecimento.

- Muito bom.

- Estava pensando. Espero que não seja pretensiosa demais, mas já que estamos juntos e você está em uma nova fase, escrevendo um novo livro. Talvez seja bom redecorar esse ambiente. Trazer mais luz, decorar melhor seu apartamento. Você é um gênio, gênios precisam de ambientes que propiciem a criatividade.

Parei de comer.

- Você está falando isso como psiquiatra ou como namorada?

- Como os dois. Mas principalmente como namorada.

Sorri.

- Se é assim. Vamos ás compras após o café, o que acha?

Ela sorriu antes de abaixar para tirar o que pareciam cookies do forno.

- Perfeito!

Eu a ajudei a lavar a louça como verdadeiros casais faziam, com o pequeno detalhe de nos afundarmos em meio a espuma. Isso, fizemos guerra de espuma e vê-la escorregando e rindo foi tudo, era como se eu recuperasse uma parte da minha adolescência. Após a brincadeira, tomamos banho e fomos até uma loja de moveis e decorações, a Ikea.

Bella achou uma cama perfeita, mas eu relutei em trocar a minha.

- Não quero deitar na cama que a Jane deitou.

- Foi você que trouxe a Jane de volta, como um fantasma.

- Um zumbi.

- Uma zumbi bem gostosa. – brinquei para provocá-la. E deu certo, ela segurou meu blazer pela gola e me deu um beijo que era capaz de remover todo o oxigênio da terra.

- Ela te fazia ter orgasmos múltiplos? – sua voz era lenta e sedutora.

- Certamente não, acho que eu nem sabia que existia naquela época, era apenas lenda.

- Então...

- Bella. – uma voz  feminina acabou com a nossa interação. Bella estremeceu ao meu lado, mas eu continuei segurando-a firmemente em meus braços. Uma mulher de cabelos alaranjados caminhava em nossa direção um pouco assustada.

- Oi Esme.

- Oi Bella. Você vai jantar lá em casa hoje não vai?

- Claro que vou. – Ela olhou para mim e eu sorri.

- Quem é esse belo rapaz? – o sorriso dela então apareceu. Ela me reconheceu. – Você é o escritor que saiu da reabilitação!Edward Masen!

- É, sou eu. Prazer em conhecê-la senhora?

- Esme Cullen. – o sobrenome me fez paralisar. E olha que nada paralisava Edward Masen. Por isso que Bella estava trêmula em meus braços. Aquela era a esposa de Carlisle.