A Christmas To (not) Remember escrita por Deany_RS


Capítulo 1
Capítulo 1




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Nunca gostei das festas de final de ano. Quando era criança
tinha que fingir felicidade e dar um jeito de fazer o Sammy ficar feliz também,
criar um Natal e um Ano Novo o mais normal possível apesar de estarmos a maior
parte das vezes sozinhos ou com um pai em coma alcoólico jogado no sofá. Depois
de adulto eu já estava treinado o bastante e acabou ficando mais fácil fingir
que não me importava com os Natais passados em motéis baratos de beira de
estrada ou os Réveillons ouvindo as comemorações pela cidade enquanto rodava em
meu Impala em busca de um monstro para caçar. Era só vestir meu sorriso mais
cínico e fazer de conta que não dava importância às tradições. Afinal, é o que
faço o ano inteiro, de uma forma ou de outra... menosprezar tradições e fingir.



Mas este é o primeiro final de ano que estou totalmente
sozinho. Sem a necessidade de vestir uma máscara o peso da realidade acabou me pegando
de jeito. Se ao menos eu não tivesse pedido para o Castiel apagar a memória de
Lisa, talvez ela me aceitasse para as festas em nome da solidariedade natalina
ou algo assim. Em vez disso, estou sozinho em um quarto de motel, barato como
sempre, mas desta vez com apenas uma cama de solteiro. Doeria demais ter que
olhar para uma outra cama ao lado, vazia como minha alma.



Nos últimos meses Castiel se foi, destruído pelos leviatãs.
Talvez o único amigo verdadeiro que tive um dia. Bobby também se foi,
igualmente culpa dos malditos leviatãs. Ele que sempre cumpriu o papel de
família tão bem para mim, mais presente em minha vida que meu próprio pai, que
talvez tenha me dado mais amor e apoio que meu próprio pai também.



Para completar, Sammy foi embora. Depois de tantas perdas,
mamãe, Jéssica, papai, e agora Cas e Bobby, sem contar Ash, Jo e Ellen... e de
ter servido de casca para o próprio Lúcifer e ido parar no inferno por isso,
não era de se estranhar que ele desse no pé na primeira oportunidade que
surgisse. E ela surgiu. Ou ele a criou. Sei que simplesmente ele se foi e não
posso recriminá-lo por isso. Ele disse que estava cansado dessa vida. Que
queria viver normalmente nem que fosse por pouco tempo antes que os leviatãs
destruíssem o mundo.



Não o culpo, sinceramente. Eu também faria isso se
conseguisse. Mas minha alma e meu coração já têm tantas cicatrizes e memórias
que fica impossível voltar à normalidade daquele ano em que vivi com Lisa. Já
perdi tanto, morri tantas vezes, fui para o inferno e voltei, tentei salvar o
mundo e fracassei, deixei que meu irmão morresse. Como disse Fome, tenho um
vazio tão grande dentro de mim que é impossível preencher. Não posso permitir
que esse vazio perturbe mais alguém além de mim.



Por isso estou aqui, neste quarto de motel barato no
primeiro Natal totalmente sozinho. Nem tão sozinho, se contar com os meus
próprios demônios, a culpa e todas as dores que carrego comigo. Incrível que
para mim o álcool não funcione tão bem como funcionava para meu pai. Por mais
que eu beba sigo acordado, ouvindo fogos e risos e sentindo o cheiro de peru
vindo não sei de onde. Deve ser os proprietários do motel se reunindo na sua
casinha dos fundos. Pois até eles têm família para reunir e comemorar sabe-se
lá o que. O fato de estarem juntos já parece um bom motivo para mim.



Eu, que sempre fiz papel de durão, hoje me sinto
enfraquecido e extremamente triste. Não tenho mais a quem fingir. Por isso, no
escuro deste quarto, me entrego às lágrimas. Sou um fracasso de ser humano que
não faz mais falta a ninguém, sequer ao irmão caçula que não foi capaz de ligar
ao menos para desejar um “Feliz Natal, Dean,” por mais em vão que fossem os
votos. Eu até ligaria, mas ele mudou o número e, por melhor que eu o conheça,
desta vez não consegui descobrir seu pseudônimo e paradeiro.



Daqui exatamente uma semana acontece a segunda fase deste
martírio chamado final de ano. Certamente estarei sozinho em outro motel barato
e sentindo as mesmas dores e solidão. Mas, a partir do dia 2, tudo volta ao
normal. Serei o Dean caçador implacável de novo, aquele que não se deixa abalar
por nada, que esconde os sentimentos como se eles não existissem, que ignora o
vazio que carrega no peito com um sorriso cínico. Esses meus momentos de
fraqueza serão parte de um passado que será enterrado como tantas outras
coisas, sem testemunhas nem vestígios. Quem sabe no ano que vem... as coisas
serão diferentes?



Talvez se eu sobreviver por mais um ano...




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...
Feliz Ano Novo, cheio de paz, amor, saúde e Supernatural...
bjos,
Deany