Beijos Roubados E Sorrisos Marotos. escrita por Ketlen Evans


Capítulo 5
Medo e insegurança.


Notas iniciais do capítulo

OOOOI. Bom esse capitulo está um pouco menor e foge um pouco da história, para mostrar como Lilian está se sentindo de verdade em relação a todas as mudanças que vem acontecendo. Beijão para JulietFerniedo10 e para Roberta Dutra. Espero que gostem e nos vemos lá em baixo.



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       Faltavam sete dias para Lílian ir para Hogwarts e naquela manhã nublada ela resolveu que iria se encontrar com Severo. Fazia dias que ela não via o amigo. Desde o dia que haviam ido ao Beco Diagonal Lílian passava bastante tempo em casa lendo seus livros.

     As matérias eram incríveis e os livros eram tão interessantes que ela estava sempre carregando alguns deles pela casa. Entre os livros que não faziam parte da lista de materiais estavam “Hogwarts: uma história” - que Lílian havia comprado porque queria saber mais sobre a escola – “Quadribol, o grande jogo do século” – que Lílian tinha odiado porque não gostava de esportes – e “Os contos de Bedlle o bardo” – que continha histórias para crianças.

       Dessa vez sem carregar livro algum ela saiu de casa, odiando o tempo abafado e começou a descer a rua indo para o parque, mas antes de virar a esquina algo chamou sua atenção. Uma grande coruja parda voava baixo com um pedaço de papel preso na pata. Suavemente ela se dirigiu para a casa de Lílian e pousou na janela de Petúnia que rapidamente colocou a cabeça para fora, pegou o papel e entrou novamente.

       Lily considerou voltar para casa e ver se a carta era para ela, mas pensou que se fosse a coruja teria entregado para Lílian ali mesmo. Ainda muito curiosa ela resolveu esquecer o retomou seu caminho para o parque.

       Severo estava sentado em um balanço, dando pequenos impulsos e parou logo que avistou Lily no portão.

      - Olá Lily. – Disse animado se levantando e indo até ela.

      - Oi Sev. Animado? Faltam só mais sete dias agora.

      - Lílian eu espero por isso há anos. – Severo revirou os olhos. – Sou acostumado com a ansiedade. Imagine se fosse você que tivesse que esperar anos ao invés de semanas para ir a Hogwarts?

      - Com certeza eu já teria explodido. – Respondeu Lílian sorrindo.

      Severo olhou para Lílian e corou. Muitas eram às vezes em que isso acontecia. Em um minuto os dois estavam conversando animados, para logo depois Severo parecer constrangido e baixar e cabeça instalando um silêncio incomodo.

      Quando isso acontecia Lílian ficava sem saber o que fazer e procurava em sua mente algum assunto banal para poderem conversar. Pensou em sugerir alguma brincadeira, mas ambos não podiam mais fazer magias porque já tinham suas varinhas e Severo não gostava de brincadeiras Trouxas. Então algo aflorou em sua cabeça.

     - Severo, uma coruja levou uma carta para Petúnia hoje.

     - O que? – Perguntou achando que Lílian estava brincando.

     - Eu estava saindo para vir aqui e vi uma coruja pousando na janela de Petúnia. – Lílian explicou. – Então Túnia apareceu na janela e pegou a carta.

     - Não poderia ser para você? – Severo estava com a testa franzida e se perguntava por que uma Trouxa como Petúnia receberia cartas por correio coruja.

    - Eu pensei que talvez fosse, mas você disse que as corujas só entregam as cartas para as pessoas a quem elas pertencem.

     Snape parecia confuso. Queria descobrir o que tinha na carta de Petúnia, mas para isso teria que usar Lílian e ele sabia que Lily jamais vasculharia as coisas da irmã, a não ser que...

     - E se a coruja tiver se enganado? – Snape começou. – Talvez a carta fosse para você. Poderia ser algum aviso de Hogwarts. E depois Lily, deve der impossível Petúnia se corresponder com um bruxo. Como ela enviaria cartas? Às vezes eu penso que devem existir bruxos infiltrados nos correios trouxas.

     - Mas se a carta for para mim depois Túnia me mostra.

     Snape ficou em silêncio novamente. Não gostava do que teria que fazer agora. Corujas nunca se enganavam então algum bruxo estava se correspondendo com Petúnia. A pergunta era quem? E por quê? Teria que manipular Lílian para descobrir.

     - Lily aquela carta só pode ser sua. – Disse meio afobado. – Por que Petúnia receberia cartas por coruja? Ela não é bruxa. Se você for para casa e ela não lhe entregar a carta, você vai ter que procurar nas coisas dela.

     - Mas Sev, não quero que ela fique brava comigo por remexer suas coisas. – Lílian praticamente gritava de pânico.

    - É preciso Lily. E se for um aviso importante de Hogwarts e ela não te mostrar?

    Lílian baixou a cabeça pensativa. Severo estava certo ela pensou. Petúnia estava agindo de um jeito estranho ultimamente, era bem capaz de não falar nada da carta para Lílian.

     - Tem razão Sev. – Disse soando firme. – Se ela não me mostrar a carta quando eu chegar em casa vou eu mesma procurar.

      - Assim que se fala Evans.

    Depois disso conversaram mais um pouco e logo Lílian voltou para casa.

    Esperou que Petúnia viesse até ela e dissesse que havia chegado uma carta, mas nada. Túnia parecia aborrecida e distante. Respondia secamente qualquer coisa que lhe perguntassem e na hora do almoço ficou penas brincando com a comida.

     As quatro da tarde Petúnia ainda não havia dito nada e a senhora Evans convidou as meninas para acompanha-la ao mercado. Petúnia disse que iria com a mãe e Lílian viu nisso uma oportunidade. Deu uma desculpa de que ficaria em casa lendo, esperou que as duas saíssem de casa e subiu para o quarto da irmã.

    Um grande sentimento de culpa a invadiu quando começou a vasculhar o quarto, mas ela não parou. Não achou nada na escrivaninha, nem no guarda-roupa, nem embaixo do tapete e muito menos nas gavetas da cama. Já fazia quase meia hora que estava procurando e nada. Sentou-se na cama da irmã frustrada e se jogou contra o travesseiro. Um pequeno ruído de papel chamou sua atenção. Enfiou a mão embaixo do travesseiro e puxou um pedaço de pergaminho amarelado.

     Não era parecido com a carta de Lílian. Era um papel mais fino e delicado escrito em preto com uma caligrafia fina e inclinada. A parte de fora estava claramente endereçada a Petúnia Evans.

            Nervosa Lílian abriu o pergaminho e leu.

            Prezada Srta. Petúnia

            Sinto lhe informar que não poderei ajudá-la.

           Seria um grande prazer poder recebê-la em minha escola, mas apenas crianças com dons mágicos podem estudar em Hogwarts. Por favor, não fique chateada com sua irmã, a culpa não é dela nem de ninguém. Realmente eu adoraria traze-la para cá, mas a escola tem vários feitiços anti-trouxa que tornariam impossível que você vivesse em Hogwarts.

        

        Atenciosamente Alvo Dumbledore

       Diretor.

    Quando terminou de ler Lílian se sentia culpada.

    Primeiro por que a carta realmente era de Petúnia e ela havia se deixado levar pela curiosidade ao invés de dar privacidade à irmã, mas também se sentia culpada por estar indo para um lugar tão distante e estar deixando Petúnia sozinha. Ela se culpava por ser diferente e por fazer a irmã ficar triste. Pelo jeito ela queria muito ir a Hogwarts também.

     Lílian desceu para a cozinha e só ali estando sozinha ela se deu conta de como seria difícil daqui para frente. Ela estava prestes a deixar seus amigos, sua casa, seus pais e sua irmã e amiga para ir para um lugar estranho onde não conhecia ninguém além de Snape. Não sabia como seria não sabia o que teria que fazer e esses fatos apagaram da mente dela todo o encanto e magia que esse novo mundo tinha a oferecer. Ela estava com medo e se sentia abandonada. Por um curto momento ela viu o fato de ser a única diferente da família como um fardo ruim ao invés de um grandioso presente. 

    Pegou um pacote de biscoitos e foi para o sofá assistir tv. Pensou se em Hogwarts havia televisões e outras coisas que ela gostava. Questionou-se se realmente estava fazendo a coisa certa deixando tudo que ela adorava para ir atrás de seus sonhos loucos de criança.

     Zapeou pelos canais e não encontrou nada interessante o suficiente então deixou em um onde passava desenho animado. As cores vibrantes e o constante movimento na tela fizeram seus olhos ficarem pesados e antes de se dar conta estava dormindo. Teve o pesadelo mais assustador de sua vida.

     Tudo estava tão escuro e ela estava sozinha. Chamava por seus pais, por Petúnia, por Severo, mas ninguém ia até ela. Sentou-se no chão. Estava frio e duro. Uma luz verde ácido macabra começou a rodopiar por perto a deixando assustada e então como por magia apareceram pessoas tentando defende-la. Lílian não conseguia ver o rosto de nenhum daqueles que lutavam para salva-la, mas sabia que amava todos eles. A luz se aproximava e pouco a pouco as pessoas foram sumindo. Só restava um agora que estava lutando bravamente e quando esse último defensor desapareceu Lílian gritou como se ela própria tivesse sido morta. Lágrimas escorriam pelo seu rosto e ao levantar a cabeça viu Severo. Ele também chorava e a abraçou tentando conforta-la, mas Lílian não se sentiu nada melhor. O abraço era frio e ela queria se soltar, mas não conseguia se mexer. A luz chegou até ela e não teve como fugir.

       Lily acordou com o barulho da porta sendo aberta e levantou a cabeça rapidamente para ver Túnia e sua mãe entrando com os braços cheios de sacolas. Correu até elas para oferecer ajuda, mas foi dispensada rapidamente. Sem querer ficar na companhia de ninguém ela correu para o seu quarto.

      Sozinha as lágrimas vieram facilmente entrecortadas por soluços desesperados. Seu peito se contraia de dor, aquela dor que só vem com a perda.

     O sonho tinha mexido com seu maior medo: perder as pessoas que amava.

     Lílian sabia que era inevitável. Escolhas te levam para longe de coisas que você ama, mas saber não tornava o fato fácil de aceitar. Saber que teria que dizer adeus a esse mundo que ela gostava tanto doía muito.

     Várias pessoas diriam que isso não era um adeus, era apenas uma pequena mudança, mas Lílian sentia isso como a mais difícil despedida. Ela já havia perdido o carinho e amizade da irmã, simplesmente por ser diferente, imagine como seria quando ela estivesse longe de casa. Provavelmente seria como se ela nem tivesse existido.

    Tantos pensamentos absurdos, tantos tipos de medo e insegurança.

    Quase que automaticamente Lílian foi para sua cama e pegou um livro. Eles eram sua grande salvação. Quando sua cabeça parecia cheia demais ela pegava um livro e se permitia preocupar-se com os problemas de outras pessoas. Perdia-se nas páginas que a levavam para longe do escuro e amargo desespero.

    [...] O teto da escola foi enfeitiçado para projetar o céu do jeito que ele está no momento. Chuvoso, ensolarado, estrelado, etc. Essa pequena peculiaridade foi feita no ano de 1745 quando Rodolfo Tienesse era diretor de Hogwarts. Tempos depois ele contou que essa idéia foi um jeito que ele encontrou para melhorar o dia dos alunos, uma vez que eles estavam quase sempre em aula e que a maioria acontecia dentro do castelo ele pensou que enfeitiçando o teto para simular o céu estaria dando aos alunos certa sensação de liberdade. [...]

      Horas e horas se passaram e então sua mãe a chamou para o jantar que foi um evento silencioso. Petúnia parecia triste e agora Lily sabia que era devido à resposta negativa do diretor. Lílian procurou não falar muito porque assim se manteria controlada e não falaria coisas inapropriadas.

      Quando deitou na cama, voltou a pensar no sonho. Tantas pessoas haviam se sacrificado para protegê-la e ela se sentia mal, mesmo sabendo que era apenas um pesadelo. Se algum dia acontecesse algo parecido Lílian nunca deixaria as pessoas se sacrificarem por ela. Ela se sacrificaria pelas pessoas que ela ama. Faria qualquer coisa não ficar sozinha.

                                                    ****

      Faltavam apenas mais dois dias para a partida de Lílian e ela estava cada vez mais insegura. Não havia mais ido até o parque depois do dia em que contou a Snape sobre a carta, ela apenas mandou-lhe por sua coruja um pequeno bilhete contando o que havia na carta e dizendo que não iria mais até o parque. Snape respondeu de um jeito meio irritado dizendo um “Tudo bem. Nos vemos no Expresso,” e depois disso não tiveram mais contato.

     Era sexta-feira e no domingo Lílian estaria indo então seus pais tiraram o dia para passar com as filhas. Foram ao parque – não aquele com balanços, aquele com montanha russa, roda gigante e carrossel – e se divertiram bastante em vários brinquedos e nas barracas de tiro ao alvo e entre outras brincadeiras. Pela noite foram a um restaurante e pediram às comidas que Lílian mais gostava.

      Quando chegaram em casa estavam cansados e com dores devido aos brinquedos mais “radicais”. Roberta mandou todos cedo para a cama, mas Lily não conseguiu dormir. Novamente o medo rastejava pelo seu corpo.

      Já passava das 11 horas quando Lílian saiu silenciosamente de sua cama e foi para o quarto dos pais. Usando seu jeitinho sorrateiro enfiou-se em meio as cobertas do casal e se aconchegou perto de sua mãe que acabou acordando.

     - Lily querida. – Disse com a voz embargada. – O que faz aqui?

     Lílian não agüentou e começou a chorar.

     - Es-es-estou com me-medo mãe.

     - Medo do que filha? – Perguntou August que havia acordado com os soluços da pequena.

     - Tenho medo de ir para esse lugar onde não conheço ninguém, – disse mais calma deixando sair tudo o que estava lhe preocupando esses dias – e deixar vocês e vocês acabarem me esquecendo e me achando uma aberração.

    Sem dizer nada seus pais a abraçaram.

    - Querida, nós nunca esqueceríamos você e nunca te acharíamos uma aberração. – disse Roberta alisando os cabelos da filha. – Amamos você do jeito que você é e sempre estaremos aqui te esperando.

    - E quanto a parte de você não conhecer ninguém – disse August – todas as crianças que estão indo lá pela primeira vez também não conhecem filha. Essa é a parte legal de ir para lugares diferentes. Você faz novos amigos e conhece novas histórias.

    - Mas Petúnia me odeia. – Disse Lílian começando a perder o controle novamente.

   - Ela não te odeia meu pequeno Lírio. – disse seu pai – Ela apenas queria ser como você.

    Ficaram em silêncio por vários minutos até que Lílian pensou que deveria voltar para seu quarto, mas ainda não se sentia bem o suficiente.

    - Posso dormir com vocês hoje? – Perguntou em um sussurro.

    - Claro. – disse Roberta e a puxou mais para os seus braços.

    Agora as coisas estavam bem. Abraçada junto a seus pais era difícil pensar em coisas absurdas como medo e solidão. Tranqüila ela rapidamente alcançou a inconsciência e dormiu sem ter nenhum sonho, bom ou ruim, para perturbá-la.

     Mal sabia a pequena Lílian Evans que logo Hogwarts seria como seu lar e que faria tão bons amigos que tentariam se sacrificar por ela e que fariam a vida dela a mais feliz possível.


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Notas finais do capítulo

Sobre o capítulo:
1- O sonho da Lily não tem nada de profético. Talvez eu utilize esse sonho mais tarde, mas no momento ele é apenas um reflexo do medo da Lily. Medo de perder as pessoas que ama. O Snape aparece no sonho porque ela esta indo para um lugar onde ele é a única pessoa que ela conhece, mas esse fato não diminui a sensação de perda.
2- A parte que fala sobre o teto da escola é puramente inventada.
3- No próximo capitulo ela vai para Hogwarts!!! EBAAA!