Beijos Roubados E Sorrisos Marotos. escrita por Ketlen Evans


Capítulo 27
Um caminho sem volta


Notas iniciais do capítulo

Geeeeeente to de volta uhuules.
Meu Deus me sinto postado meu primeiro cap novamente, nem sei mais o que fazer direito.
Deixa eu dizer que eu quase morri de saudades da fic e de vocês, tinha dias que minha maior vontade era simplesmente largar os livros e começar a postar loucamente, mas enfim, finalmente, finalmente mesmo, o vestibular passou e acho que pelos gabaritos não oficiais e meus péssimos cálculos matemáticos que dessa vez eu consigo passar.
Achei esse cap muito explicativo a tals, entendam a Lily gente e antes que eu esqueça eu quase morri de amores por vocês com os reviews que me mandaram quando eu disse que is ficar um tempo sem postar. Sério gente quase chorei, vocês são os melhores leitores do mundo, sem mas.
Agora vamos ao que interessa.
ps: vcs provavelmente vão encontrar alguns erros de acentuação, pois meu Word é antigo e não está de acordo com a nova reforma ortográfica e eu não tive tempo de revisar, queria postar logo



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     O restante do mês de novembro foi uma mancha monocromática de tons cinzentos nas lembranças de Lilian. Os dias passaram por seus olhos sem que nada ficasse gravado por mais de poucos segundos, as cores douradas do outono sumiram sem explicação, os sorrisos evaporaram novamente dos rostos e o inverno chegou. Mais cedo do que o esperado e tão frio que parecia que o sol nunca mais voltaria a brilhar.

    O novo declive emocional que Hogwarts sofria em sua montanha russa de humores foi talvez o pior de que Lilian se lembrava.

    Maylese ficou alguns dias na enfermaria se recuperando do ataque sofrido e quando saiu de lá encontrou algumas cadeiras vazias a mais nas salas de aula. Alguns pais, transtornados com a idéia de que seus filhos poderiam ser atacados mesmo em Hogwarts, não pensaram duas vezes antes de levar suas crianças de volta para casa, onde eles mesmos poderiam defendê-las se fosse necessário. Dumbledore não se opôs a decisão, afinal, não podia obrigar ninguém a permanecer no castelo, mas foi com aquela sua rara expressão de seriedade que ele deu o simples aviso de que se Hogwarts não era mais segura poucos lugares seriam capazes de oferecer um bom abrigo.

    Quando as luzes natalinas começaram a iluminar o cinza que a vida de Lilian havia se tornado, preocupações muito maiores que provas e notas rondavam sua cabeça. O primeiro deles era a dificil escolha que estava em suas mãos de ou passar o natal em Hogwarts ou ir pra casa, uma questão que poderia parecer muito simples, mas que envolvia grandes porém’s.

    Ela se julgava segura em casa tanto quanto em Hogwarts, então não conseguia entender porque ainda tinha aquelas duvidas. Tempos loucos como aquele deviam ser passados ao lado da família.

    Depois de alguns dias passados em devaneios ela conseguiu finalmente descobrir aquilo que a estava incomodando em relação a sua volta para casa. Petúnia estaria lá, simples assim.

   Lilian duvidava que a irmã a tivesse perdoado por sua pequena rebeldia no jantar de noivado dela, e se sentia levemente enjoada quando pensava em ter que passar alguns dias convivendo com a evidente hostilidade que ela sabia que emanaria de Túnia. Por outro lado seu peito apertava de saudades cada vez que pensava em sua mãe e em seu pai. Queria muito ir para casa, dormir em sua cama com seus cobertores coloridos e tomar o chocolate quente que sua mãe sempre fazia no natal. Queria ver o jardim de petúnias e lírios coberto de neve e sentar-se no balanço meio congelado do quintal. Esses simples pensamentos fizeram com que por fim decidisse que iria para casa, mas não fizeram as férias natalinas se aproximarem com a rapidez desejada. Os dias se arrastavam brandamente, acompanhando o ritmo dos pequenos flocos de neve que começaram a cair preguiçosamente quando dezembro chegou.

    Nossos queridos estudantes do sexto ano encontraram alguns dias de calmaria quando todos os trabalhos e deveres importantes começaram a ser entregados e os professores resolveram que uma pequena trégua antes do feriado seria bem vinda. A neve constante fez com que os treinos de quadribol fossem cancelados e isso acabou proporcionando tempo livre mais do que necessário. Todos os dias, assim que as aulas acabavam, sem nada pra fazer, os alunos se dirigiam para suas salas comunais onde tentavam se entreter com jogos e brincadeiras. O castelo de Hogwarts passava por uma calmaria tão densa que até as rondas de Lily e Remo começaram a ser tediosas. Ninguém mais se aventurava pelos corredores depois do toque de recolher, nem mesmo os marotos, não haviam mais detenções a serem aplicadas e as pedras preciosas que marcavam a contagem de pontos de cada casa pararam de serem retiradas por mal comportamento dos estudantes. Elas só aumentavam, cada vez mais, tendo em conta que os professores consideravam até piadas bem contadas como motivo para acrescentar alguns pontos a mais para as casas.

    Resumidamente, Hogwarts não parecia mais Hogwarts.

    “Professores complacentes, baderneiros em extinção, silêncio na hora das aulas, poucas tarefas, nada de coisas explodindo nos corredores, EU REALMENTE ESTOU EM UMA ESCOLA DE MAGIA?” Lily pensava quando mais uma vez se deparava com um corredor vazio em sua ronda numa terça-feira.

    Ela já estava sentindo-se decepcionada por estar terminando mais uma patrulha noturna sem conseguir realizar seu desejo de encontrar alguém em quem aplicar uma detenção quando um tom sarcasticamente ácido surgiu em seus pensamentos.

    “Você deveria se sentir feliz, até ano passado seu sonho era que Hogwarts fosse calma assim.”

    Esse simples pensamento a incomodou. Quando desejava que a escola fosse um pouco mais branda nunca se passou por sua mente que o castelo se tornaria tão triste com a falta de agitação. Frustrada ela acabou desistindo da ronda e começou a voltar para a sala comunal.

    - Onde estão esses malditos marotos quando se precisa que algo exploda? – Ela resmungou com sigo mesma quando se deparava com mais um corredor repleto do grande e poderoso vazio.

    Talvez se algumas pedras aparecessem no caminho ela começasse a chutá-las do mesmo modo que as crianças fazem quando voltam tristes para a casa.

     Distraída em sua decepção ela não o viu até estar quase o atropelando e quando finalmente percebeu sua presença soltou um pequeno grito de susto.

    - Black! – Disse levando uma mão ao peito como se quisesse impedir que seu coração saltasse para fora devido a surpresa. – O que você está fazendo aqui? Devia estar na sala comunal.

    - Cansei daquele lugar Lilian. – Ele respondeu e parecia aborrecido. – Senti falta de quebrar algumas regras.

    - E onde estão seus fiéis escudeiros uh? – A ruiva perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

    - Estou sozinho hoje. – Respondeu. – Vai me dar uma detenção? – Perguntou parecendo esperançoso.

    - Do jeito que você falou parece até que você adoraria que eu fizesse isso. – Lilian riu e observou Sirius ficar um pouco encabulado. – Espera ai, - ela parecia não acreditar no que via. – Você quer ser colocado em detenção?

    - Digamos que as coisas estão tão tediosas que até polir troféus está começando a parecer divertido.

     - Você não existe. – Lily sacudia a cabeça em desaprovação e retomou seu caminho de volta para a sala comunal com Sirius a seguindo.

      - Admita Lilian, as coisas estão um saco nesse castelo, precisamos de um pouco de animação.

     - Acho que você está falando com a pessoa errada Black, se quer um parceiro para se meter em confusão chame seus amigos, eles são ótimos nisso. – Ela disse.

     - Na verdade é ai que está o problema. – Falou o garoto parecendo levemente chateado. – Aluado, Pontas e Rabicho não estão mais dispostos a me acompanhar em algumas empreitadas, uma vez que James está gastando quase todo o seu tempo em vigiar você Evans.

    - Me vigiar? – Lilian perguntou surpresa. – Mas porque ele me vigiaria?

    - Bom, desde que Maylese foi atacada e disse que o alvo original era você, digamos que ele ficou um tantinho paranóico. – Sirius parecia encabulado, como se tivesse falado demais. – No começo ele estava com tanto medo que algo acontecesse com você que mal comia direito, então eu e os outros nos oferecemos para ajudá-lo a “cuidar’’ da senhorita.

    Lilian encarou o colega seriamente por um tempo e então começou a rir.

    - Hey, qual é a graça?

    - Nunca pensei que o Potter pudesse ser tão boboca. – Ela disse sorrindo. – Ele realmente pensou que alguma coisa aconteceria comigo dentro de Hogwarts?

    - Se eu fosse você não acharia tanta graça Lilian. – Sirius disse seriamente. – Não é segredo que a maioria dos sonserinos estão envolvidos com Voldemort e você é sem duvidas a nascida trouxa que mais incomoda, justamente por ser incrivelmente talentosa.

     Lilian continuou andando em silêncio, refletindo sobre o que Sirius havia dito, quando suas palavras finalmente encontraram o caminho para o cérebro da ruiva. James havia deixado de comer para vigiá-la.

    - Então tendo isso que você acabou de me contar como base, posso deduzir que o senhor estava me seguindo essa noite é? – Perguntou sem saber se devia ficar irritada ou lisonjeada.

    - Lilian, desde aquele dia do ataque você não saiu nem uma vez sequer para uma ronda sem alguém na sua cola. – Sirius disse mais uma vez parecendo extremamente sério.

    Durante todo o resto do caminho Lilian não conseguiu dizer mais nada. Sentia-se levemente tonta com as possibilidades. Se eles estavam seguindo-a sempre e ela nunca havia notado deveria ser muito fácil para algum comensal da morte atacá-la sem que ela nem desse conta do que estava acontecendo.

    Quando chegaram ao retrato da mulher gorda Lilian disse a senha e foi logo entrando, mas Sirius a segurou pelo braço.

    - Eu agradeceria se você não fosse muito dura com o James Lily. – Pediu de um jeito absolutamente cortês. – Ele só está horrivelmente preocupado com você.

    - Vou ver o que posso fazer a respeito. – Ela respondeu o mais sinceramente que pode e Sirius assentiu soltando-a. – Agora faça o favor de fazer com que aquele bobo apareça aqui. – Ela pediu.

    - Ele provavelmente está na sala comunal escondido com a capa esperando você voltar.

    - Tudo bem então, vamos ter uma conversinha. – Lilian adentrou a sala que estava vazia mesmo sendo ainda um pouco cedo. Os ânimos realmente estavam péssimos no castelo. – Pode aparecer imediatamente Potter, eu sei que você está ai.

     Não foram necessários mais que dois segundos para que James aparecesse parado ao lado da lareira com os cabelos absurdamente bagunçados devido a capa.

    - Você vai se ver comigo Sirius. – Ele disse para o amigo que aparecerá logo atrás da garota. – Cada tapa que ela me der você vai receber em dobro. – James fez sua melhor cara de mau e então se virou para Lilian. – Dê-me o castigo, ó poderosa ruiva. – Ele disse enquanto abria os braços como se esperasse ser açoitado. Foi impossível não rir.

     - Desculpe desapontá-lo, mas não há castigo para você hoje Potter.

    - Não? – Ele perguntou sorrindo como uma criança.

    - Não. – Lily respondeu. – Agradeço pela sua preocupação e embora você tenha ido longe demais, reconheço que não foi por mal.

    - Por Merlin Lírio, eu só queria garantir que você estivesse segura. – James ainda sorria, parecendo não acreditar que Lily estava sendo tão compreensiva.

    - Potter. Caso você não tenha percebido, graças a vocês eu não fui morta. – Diante da cara confusa dos colegas ela explicou. – Se vocês não tivessem insistido tanto em irmos todos juntos a Hogsmeade naquele final de semana eu teria sido torturada, então eu não vou brigar com você, pois por mais que não pareça eu fiquei extremamente grata por vocês terem me protegido mesmo sem saber.

    - Fico feliz por você entender Lily. – James parecia prestes a sair flutuando a alguns centímetros do chão devido a sua felicidade.

    - Bem, eu gostaria que vocês, - disse apontando para os dois, - mais o Remo e o Pedro fizessem algo por mim, para compensar a humilhação de ficar sendo seguida por ai.

    - Qualquer coisa que você quiser. – James respondeu prontamente enquanto sentava-se em uma das poltronas da sala. Lilian se aproximou e sentou-se de frente para ele.

    - Eu não agüento mais esse castelo Potter... – ela começou, mas foi interrompida por Sirius.

     - Você quer que a gente exploda Hogwarts Lilian? – Perguntou parecendo assustado. – Desculpe, mas isso parece um pouco drástico demais.

     - Cale essa boca e me deixe falar Black. – Lilian repreendeu-o irritada. – Quero dizer que não agüento mais esse humor fúnebre na escola, então, por favor, por favor mesmo, vocês poderiam, sei lá, arrumar uma maneira de animar os estudantes?

     Os dois permaneceram estáticos por um tempo, até que Sirius quebrou o silêncio.

     - Me deixa eu ver se entendi direito. – Começou parecendo assombrado com o que a menina acabará de pedir. – Você, a monitora Lilian Evans, está pedindo para nós, os marotos, voltarmos a badernar?

    - Entenda como quiser Black, eu apenas quero que as coisas voltem ao normal. – Sem esperar mais resposta e sentindo-se uma boba Lilian subiu para os dormitórios sem olhar mais para os colegas. Conseqüentemente ela não viu o sorriso maroto tão característico de James Potter surgindo.

                                                           ****

     Na manhã seguinte fogos coloridos rodopiavam pelo salão principal fazendo com que sorrisos esporádicos brotassem nos rostos sonolentos dos alunos.

    - Dessa vez foi rápido. – Lilian disse em meio a um sorriso enquanto se encaminhava para a mesa do café acompanhada por Dorcas.

    - O que foi rápido? – Perguntou a amiga, parecendo levemente confusa.

    - É complicado Dorquinhas, talvez outra hora eu lhe explique. – A outra respondeu indo para o lugar onde os meninos tomavam café.

    - Bom dia damas. – Disse Sirius galanteador como sempre. – Por que não vejo minha doce e encantadoramente mal humorada Marlene junto de vocês?

     - Ela vem logo Sirius. – Dorcas respondeu. – Juntamente com Alice. – Completou quando viu Frank prestes a perguntar pela namorada.

     James olhava para Lilian sorrindo brilhantemente enquanto ela admirava os fogos.

     - Quanto empenho Potter. – Disse distraidamente. – Nem parece o mesmo salão desanimado de ontem.

     - Com os marotos as coisas são assim Lily. – Respondeu convencido como sempre. – Rapidez e eficiência.

     - Não faço a menor idéia do que vocês estão falando, mas como James parece convencido demais já vou dizendo pra calar a boca e tentar manter o ego no chão. – Marlene chegou sentando-se ao lado de Lily e começando a comer imediatamente.

     - Como sempre seu bom humor matinal é encantador querida. – Sirius disse sorrindo bobamente. – Espero que isso melhore depois do nosso casamento amor, do contrário nossas crianças crescerão traumatizadas.

     - Três palavras para você Black. – Marlene ergueu os dedos e contou. – Vá. Se. Ferrar.

     Sirius voltou sua atenção para o café da manhã enquanto resmungava algo que parecia ser “quanta doçura para uma pessoa só.”

     Lilian serviu-se de torradas e suco, ficando por alguns momentos absorta na simples tarefa de mastigar. Quando por fim levantou seus olhos com a intenção de ir para sua primeira aula viu a James a observava.

    - O que foi Potter? Estou com o cabelo bagunçado? – Perguntou sarcasticamente.

    - Agora que você falou até que está um pouco fora do lugar mesmo, mas eu gosto assim. – Disse com a pura intenção de irritá-la. – Mas na verdade estou esperando algumas palavrinhas suas.

     Lilian olhou mais uma vez para o céu cinzento de inverno refletido no teto do castelo em contraste com as faíscas coloridas espalhando-se alegremente e para os tímidos sorrisos nos rostos de seus colegas. Hogwarts precisava de um pouco mais de luz e James havia feito isso por pedido de Lily.

     - Obrigada Potter. – Ele agradeceu sinceramente, deixando as meninas sem saber do que estavam falando. – Foi realmente gentil da sua parte.

    - Eu daria um jeito de fazer com que todas as nuvens do céu sumissem, desde que fosse você quem me pedisse Lilian Evans. – James disse olhando-a de um jeito que fez com as bochechas de Lily assumissem um delicado tom de rosa. – Fogos de artifício não são nada de mais comparados ao que eu seria capaz de fazer por você.

    É incrível a quantidade de coisas que o silêncio pode dizer. Quando James terminou sua pequena declaração matinal ninguém conseguiu falar nada. Não houve piadas da parte de Sirius, nem resmungos irritados de Marlene como sempre acontecia quando Potter parecia sentimental demais, apenas aquele silêncio parcialmente esmagador, simplesmente porque todos conseguiram perceber que aquilo não foi como as pequenas baboseiras que James dizia diariamente, havia sido sério, tão sério que Sirius foi incapaz de rir, e Marlene incapaz de reclamar.

     Lilian empenhou-se em encarar suas torradas enquanto um pequeno batalhão de idéias invadia sua mente. Nunca havia se sentido tão sem reação diante de uma das brincadeiras de James.

    - Você não devia dizer coisas assim Potter, ou eu posso acabar acreditando. – Lily conseguiu dizer depois de uns momentos desconfortáveis.

     - Sabe, essa é exatamente a minha intenção. – Respondeu. – Que você comece a acreditar em mim.

     - Então não reclame quando eu começar a me aproveitar da sua boa vontade. – Lilian parecia desdenhosa em sua fala, mas tentava a todo custo não deixar suas emoções aflorarem porque não sabia que emoções eram. O que seria se ela simplesmente se descontrolasse e descobrisse que estava sentindo uma raiva assassina? Talvez acabasse por matar o pobre garoto.

     Logo as conversas recomeçaram e Lily tratou de fazer os colegas se apressarem para a primeira aula do dia. Acabou saindo antes da mesa rumo a aula de feitiços sendo logo alcançada por Marlene.

     - O que me diz do romantismo Potteriano de hoje, uh? – A morena cutucou assim que estava ao lado da amiga.

     - Não digo nada, porque não há nada a ser dito. – Respondeu Lily.

     - Você pode se abrir comigo Lils, eu vi que você ficou meio transtornada. – Marlene tentou novamente em um dos raros momentos em que parecia completamente livre de ironias.

     - Na verdade, não é que eu tenha ficado transtornada. – Lilian resolveu dizer a amiga aquilo que a estava incomodando. – Eu apenas não sei como lidar com isso, entende?

     - Não entendo não. – Marlene sorriu. – O que seria “isso”?

     - Isso de eu e Potter agindo como amigos. – Explicou. – Antes as coisas eram fáceis, nós não tínhamos convivência, quando ele começava a me atormentar eu não me sentia mal por simplesmente mandá-lo para o inferno, mas agora que ele tem agido mais como um amigo eu não sei como reagir as investidas dele.

     - Ainda não estou entendendo.

     - Acontece que eu não posso simplesmente xingá-lo, agredi-lo, ou estuporar ele agora, porque não é isso que colegas fazem, mas ao mesmo tempo eu penso que se eu começar a reagir bem aos comentários dele ele pode começar a ter esperanças de algo que não vai acontecer Lene. – Lilian disse tudo de uma vez.

     - Ah, sim, isso é um problema. – Marlene falou parecendo pensativa. – Tem certeza que não existe a menor possibilidade de você dar uma chance ao Jay? – Ela perguntou rapidamente, como se quisesse falar de uma vez antes que mudasse de idéia. – Afinal, agora ele não parece mais um perfeito idiota.

     Lilian pareceu pensativa por um tempo e uma expressão de pesar tomou seu rosto.

    - Não Lene, acho isso impossível de acontecer. – A morena parecia querer protestar, mas Lilian não deixou. – Por favor, não me interrompa, apenas escute.

    Elas continuaram andando por mais um tempo enquanto Lily parecia organizar seus pensamentos e só quando estavam quase na sala de aula ela falou novamente.

    - Eu admito que o Potter não é mais o mesmo imbecil de antes, mas não é esse o problema Lene, eu simplesmente não sinto vontade de sair com ele.

     - Então se a imbecilidade dele não é mais um problema eu não entendo o que te impede. – Reclamou Marlene. – James é atraente, divertido, talentoso e por mais que tenha um lado meio travesso é completamente confiável.

    - Eu sei disso, e não nego que ele tenha todas essas qualidades, mas eu não consigo imaginá-lo de outra forma que não seja como amigo. – Explicou a ruiva. – Quando penso nele é a mesma coisa que pensar no Sirius, ou no Remo, por mais que eu os considere maravilhosos não me vejo saindo com nenhum deles.

    Marlene estancou em seu lugar encarando Lily como se estivesse vendo um alien.

    - Eu ouvi direito? – Perguntou ainda assombrada.

    - É tão estranho assim eu admitir que realmente acho o Potter atraente e encantador? – Lilian perguntou.

    Marlene sorriu travessamente.

    - Não era bem disso que eu tava falando, mas já que você falou quem sou eu pra negar. – A amiga gargalhou diante da cara de indignada de Lilian. – Lils, você se ouviu falando? – Vendo que a ruiva ainda não tinha entendido ela explicou. – Você chamou o Sirius de Sirius.

     Lilian franziu a testa.

    - E qual a estranheza nisso?

    - Você nunca, NUNQUINHA MESMO, havia chamado ele pelo nome em seis anos, haha. – Marlene rui gostosamente, com o assunto anterior já esquecido e Lilian começou a ficar corada.

    - Pare de rir Lene. – Ela pediu parecendo levemente irritada. – Viu só o que a convivência com eles está fazendo comigo? Eu nem consigo mais me manter cordialmente sem intimidades maiores.

    - Cuidado com isso Liliquinha ou logo logo o “Potter” será, James, Jay, Jayzito, ou pior, Pontas. – Marlene continuava rindo e Lily começou a atacar a amiga com sua mochila. Quando perceberam já estavam em frente a sala de aula e todos os outros já esperavam lá.

    - Como vocês chegaram antes? – Marlene apontou seu dedo acusatoriamente para os marotos, Dorcas e Alice.

    - Digamos que conhecemos alguns atalhos. – Pedro respondeu em meio a um bocejo.

    - É, se vocês tivessem esperado teriam andado menos. – Disse Alice.

    - Não tenho culpa se Lilian ficou toda apressadinha. – Resmungou Marlene.

    - Não culpa a ruiva minha diabretezinha. – Sirius falou se aproximando de Lene. – Foi o Pontas que fez o favor de deixar ela nervosinha.

    - Cala a boca Black. – Lilian e James falaram exatamente ao mesmo tempo o que fez com que todos rissem deles.

    - Você ainda não me viu “nervosinha” e se eu fosse você rezaria para que isso não acontecesse. – Lilian resmungou, corada pelo que ela julgava ser a milésima vez no dia.

    - Você anda muito vermelha ultimamente Lily. – Pedro disse inocentemente.

    - É, deve ser por causa do calor. – Marlene disse rindo e todos olharam para a janela onde os flocos de neve caiam preguiçosamente.

    - Posso te ensinar um feitiço pra ficar mais pálida Lilian. – Sirius provocou e parecia estar se contendo para não cair na risada.

    - Por que eu ainda perco meu tempo com vocês mesmo? – Lilian resmungou consigo mesma no instante em que o professor abria a porta e todos começavam a entrar na sala.

    - Porque você não consegue ficar longe da gente Lily, admita. – Frank resolveu provocá-la também.

    - Até você? – Lily fez sua melhor cara de indignada enquanto sentava-se ao lado de Dorcas.

     - São as conseqüências de ter se misturado com os marotos Lírio. – James que até então havia estado quieto disse quando passou pela mesa dela. – E caso você não tenha percebido ainda, é um caminho sem volta.

    James foi para o seu lugar e a aula começou enquanto as palavras dele ficaram na cabeça de Lily. Achou bobo o que ele disse, sobre ser um caminho sem volta, mas então olhou para o lado e viu Sirius rindo tentando mudar o cabelo de Pedro de cor, enquanto Remo olhava desaprovadoramente, mas não fazia nada para impedir. James sentado junto de Marlene estava cutucando a nuca da garota enquanto esta gritava com ele fazendo com que o professor se descabelasse tentando acalmar as confusões.

    Dorcas, percebendo que a amiga os observava comentou.

    - Você consegue se imaginar sem eles agora Lily? – Ela perguntou docemente, como se adivinhasse os pensamentos da menina ao seu lado.

    Lily lembrou-se de como era sua rotina na escola até o ano passado, os deveres feitos no silêncio de um dos cantos da sala comunal, as aulas onde ela apenas se irritava com os meninos, ao invés de se divertir, os cafés da manhã sem brigas, a vida tranqüila sem piadas, sem problemas, sem azarações, sem preocupações. Tudo era tão calmo, tão no seu devido lugar.

     E Lilian não sentia a mínima falta daquilo.

     Agora que parara para pensar pode ver o quanto a vida seria chata sem as brigas de Sirius e Marlene, sem as bobices de Pedro e os momentos travessos de Remo. Não pareceria mais certo se não tivesse mais que se preocupar com os problemas em que Potter a metia, e se não pudesse mais rir junto com os meninos.

    - Não Dorc. – Finalmente Lily respondeu quando Dorcas nem mais esperava pela resposta. – Eu simplesmente não conseguiria mais me sentir bem sem a presença deles.

    - Então acho que o James está certo. – Ela disse voltando sua atenção para o professor e encerrando o assunto.

    Lilian olhou por sobre o ombro para o lugar onde o menino Potter agora fazia fumaça colorida irromper de sua varinha e involuntariamente sorriu ao perceber que mais uma vez ele estava certo. Realmente, era um caminho sem volta


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Amaram? Odiaram? Seja o que for me deixem saber.
Vocês sabem que eu nunca cobrei reviews nem nada e pretendo continuar assim, mas quero que vocês saibam que quando mais incentivo a gente recebe mais da vontade de escrever, mais ideias surgem e etc, então se vocês lerem e tiverem algo a dizer, não deixem de comentar.
pretendo postar o próximo cap dia 24 porque ele se passa no natal e tals
Quero recomendar pra vocês duas ótimas histórias que eu achei por ai no meu período de inércia, a primeira Herdeiro Black, é bem diferente e muito bem escrita, se passa no quinto ano de Harry quando nosso maravilhoso Six descobre que Marlene não morreu na tragédia que matou todos os McKinnon e que pra completar ela tem um filho dele. Parece estranha, mas é realmente muito boa e vocês não vão se arrepender de ler.
A segunda, Toujours Pur: Nobreza E Plebe, estou considerando uma espécie de obra prima que está prestes a receber minha recomendação oficial no meu perfil, estou apenas pensando em como recomenda-la, fala das três irmãs Black, Bellatrix, Narcissa e Andrômeda de um jeito fabuloso, nem sei como explicar apenas leiam. Links
http://fanfiction.com.br/historia/213353/Herdeiro_Black
http://fanfiction.com.br/historia/123636/Toujours_Pur_Nobreza_E_Plebe
Se vocês também conhecem histórias ótimas não deixem de me recomenda-las, amo ler tanto como amo escrever.
Beijos pra vocês seus lindos