Beijos Roubados E Sorrisos Marotos. escrita por Ketlen Evans


Capítulo 26
A fina arte de dizer não a James Potter


Notas iniciais do capítulo

Oi pra vcs kk
Foi tãão difícil de começar esse cap sabe, eu simplesmente não sabia o que fazer. Como a maioria que mandou reviews disse que prefere a fic única eu vou ver se dou uma acelerada ai por que ainda tem muita história pela frente.
Enfim, me senti muito malvada nesse cap gente, mas entendam que a Lily só sai com o Jay no sétimo ano, então ela não pode ceder aos encantos dele ainda kkk



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Uma semana depois do jogo de quadribol, uma noticia horrível deixou tanto Hogwarts, quanto todo o mundo bruxo chocados.

   Segundo diziam os jornais, vários homens vestidos de negro e com máscaras prateadas haviam invadido um povoado trouxa que ficava as margens de Londres e, sem piedade alguma, brandiram suas varinhas contra meros humanos não mágicos. Um número enorme de pessoas havia morrido, incluindo mulheres e crianças. Os trouxas não tinham explicação para o massacre e praticamente o país inteiro encontrava-se em completo estado de choque.

    Primeiramente as autoridades haviam cogitado a possibilidade de ter havido um grande vazamento de gás, que teria provocado as mortes por intoxicação, afinal, não haviam danos nos corpos, todos pareciam perfeitamente bens, como se simplesmente tivessem decidido morrer, mas então corpos que pareciam ter sido vitimas de tortura começaram a aparecer. Queimados, cortados, mutilados, e então qualquer explicação lógica sumiu.

    O ministério da magia se manifestou, dizendo que era inegável o fato de que as mortes tinham sido causadas por magia e então uma grande mobilização começou. Voldemort e seus seguidores foram considerados imediatamente culpados e todos os aurores do ministério agora se empenhavam em tentar capturá-los, contando até mesmo com ajuda de bruxos normais que tivessem coragem para a missão e assim praticamente toda a Grã Bretanha bruxa agora caçava os assassinos, ou melhor, quase toda.

    Em Hogwarts, o único poder que a noticia teve foi deixar uns absolutamente apavorados, e outros completamente decepcionados com o fato de não estarem ajudando em nada.

    Murmúrios começaram por todos os cantos, dizendo que esse ataque havia sido apenas o golpe inicial de uma grande ação anti trouxas. Pânico tomou conta dos alunos que tinham famílias trouxas e cada manhã, quando as corujas chegavam trazendo os jornais, um suspiro de alivio coletivo era ouvido ao verem que nada de ruim tinha acontecido.

   O clima de tensão e medo continuou por dias seguidos e o ar de alegria e segurança da escola foi se esvaindo. Mesmo Potter e Black pareciam preocupados às vezes, o que era no mínimo alarmante.

   A comemoração do dia das bruxas trouxe certa leveza para os ombros dos estudantes. As tradicionais pegadinhas trouxeram vida novamente para os corredores do castelo e nos dias seguintes as coisas começaram a voltar ao normal, uma vez que nada mais aconteceu, e quando se diz nada, é nada mesmo.

   Os desaparecimentos pararam de acontecer, as mortes que regularmente afetavam os alunos também cessaram e nem mesmo atentados aos trouxas aconteceram mais.

   Ao contrário do sentimento de alivio que essas notícias deviam trazer, a calmaria serviu apenas para deixar todos com as orelhas em pé. Parecia o velho ditado entrando em ação, antes das tempestades a brisa é sempre mais suave.

    Lá pela segunda semana de outubro Remo sumiu do castelo sob a desculpa de que havia ido visitar sua mãe que estava levemente doente, nada preocupante, segundo o menino, mas essa sua ausência mal explicada serviu para fazer com que Lilian e as meninas novamente ficassem desconfiadas de que ele estava escondendo alguma coisa. Como eram constantes os problemas de saúde de Lupin, Dorcas deu a idéia de darem uma olhada na ala hospitalar para se certificarem de que ele não estava apenas tentando omitir o fato de poder estar doente novamente, mas na quarta-feira à noite quando elas resolveram colocar o plano em ação depararam-se apenas com todas as camas do lugar vazias e com a enfermeira dormindo em um canto.

   Aliviadas com o fato de que Remo não estava mentindo, elas fizeram seu percurso de volta para a torre da Grifinória passando pelos corredores desertos. Várias vezes elas ouviram uivos horrendos que vinham do povoado e que faziam com que os pêlos do braço se arrepiassem. Ninguém precisava dizer nada, era obvio que vinham da casa dos gritos. Assim que chegaram a sala comunal uma rodada particularmente violenta de uivos sacudiu o castelo. James, Pedro e Sirius pareceram altamente perturbados com isso e num rompante Potter subiu correndo para o dormitório masculino e voltou com um embrulho nas mãos. Com os outros dois em seu encalço, ele se dirigiu para a saída da torre, mas antes de chegar lá pareceu lembrar-se de algo e virou-se para Frank que, como sempre, estava com Alice.

   - Hey, Frank. – Lily viu seu amigo olhar para James e viu o olhar cheio de significados que este lhe dirigiu. Frank não disse nada, apenas fez um leve aceno afirmativo com a cabeça e então Potter respondeu. – Obrigado cara.

    E simples assim, os três marotos saíram da torre levando aquele embrulho, que Lilian podia jurar que continha aquela estranha capa do Potter, e deixando Frank com uma cara de preocupado que não combinava nada com ele.

    Logo que eles saíram, mais uivos. Quase que como hipnotizada Lilian foi até a janela e observou ao longe os contornos vagos das construções mais altas de Hogsmeade, que parecia quase fantasmagórica contornada pela luz branca de mais uma lua cheia.

                                                          ****

    As mudanças constantes nos ânimos do castelo mais uma vez se fizeram presentes quando no fim de outubro o tão esperado aviso apareceu nos murais das salas comunais.

    Primeiro final de semana em Hogsmeade, dia 17 de novembro, encontrem seus pares, guardem o dinheiro pros doces e acima de tudo não tentem fazer a Rosmerta vender uísque de fogo aos menores.

    Seguindo ao pé da letra o aviso, Potter não desperdiçou tempo nem poupou esforços. Nos exatos vinte dias que antecederam o passeio, todas as manhãs Lilian recebia a mesma proposta de James. O “quer ir comigo a Hogsmeade” pareceria uma tentativa medíocre se não fosse devidamente acompanhado cada dia por uma surpresa diferente. Na primeira manhã depois de o anúncio ter sido posto, Lily foi surpreendida por um singelo lírio branco com as pontas mescladas de vermelho, algo fofo, porém considerado por ela uma coisa um tanto clichê. O pedido estava em um bilhete que ela se deu ao trabalho apenas de fazer uma bolinha de papel e jogar na nuca de James assim que ele passou por ela.

   No dia seguinte o bilhete se repetiu, porém acompanhado de dois lírios. No próximo quatro, depois oito, dezesseis, trinta e dois, sessenta e quatro, e assim foi até que numa manhã a sala comunal Grifinória estava completamente tomada pelas flores que agora eram acompanhadas por um cartaz ao invés de um bilhete.

    Irritada com a insistência do garoto, Lily não pensou duas vezes ao colocá-lo em detenção. Talvez perdendo o treino de quabribol ele parasse de incomodá-la tanto, mas é claro que isso não aconteceu.

    Quando as flores obviamente não deram resultado James se abrigou a ser mais criativo, o que não era nada dificil.

    Na manhã seguinte não havia nada de diferente na sala comunal, nem mesmo uma única flor. Feliz por tudo ter acabado Lily foi tomar seu café da manhã. Descia as escadas acompanhada pelas amigas quando passaram por um lindo quadro onde uma moça de longos cabelos loiros a olhava curiosamente.

    - Você é a senhorita Evans? – A moça perguntou.

    - Sou sim. – Respondeu Lily olhando curiosamente para o quadro.

    - Tem algo para você atrás da moldura. – Disse simplesmente e então seu rosto assumiu um ar sonhador e ela passou a observar o nada.

    Intrigada, Lilian foi até o quadro e delicadamente levantou um pouco a moldura. No mesmo instante um quadrado de papel caiu em sua mão. Não havia absolutamente nada escrito, mas logo que ela o segurou em sua mão ele começou a desdobrar-se de formas incríveis e em alguns segundos Lily tinha em suas mãos um pássaro de papel que começou a voar por sobre a sua cabeça.

    Confusa com a estranheza daquilo, ela apenas continuou a descer as escadas, mas antes mesmo que chegasse ao próximo lance, mas um quadro parou-a com a mesma pergunta e quando Lilian recusou-se a pegar o que tinha atrás do quadro ele começou a gritar mais que a mulher gorda.

    Contrariada ela ergueu o quadro e encontrou mais um quadrado de papel idêntico, que se transformou em mais um pássaro idêntico.

    - Isso está me cheirando a James Potter. – Disse Marlene enquanto observava os dois passarinhos dançando por sobre a cabeça de Lily.

   Lilian olhou para todos os lances de escada que ainda tinha que percorrer.

   - Isso vai ser uma longa descida. – Suspirou.

   Ao chegar as portas do salão principal vinte e cinco pássaros revoavam ao redor da garota fazendo com que ela parecesse um mini furacão. Estava prestes a entrar no salão e esganar o Potter quando mais uma voz a parou.

   - Você é a senhorita Evans?

   - SIM, SOU EU! – Berrou para o quadro de uma mulher indígena. – Me de logo essa porcaria de pássaro.

   O mesmo quadrado de papel caiu em sua mão, mas dessa vez ao invés de começar a se desdobrar, letras foram surgindo e os passarinhos começaram a voar em uma formação curiosa enquanto Lilian lia o pequeno bilhete.

    Eu seria a pessoa mais feliz do mundo se você dissesse sim.

   Extremamente vermelha ela ergueu a cabeça para ver que os pássaros haviam formado um coração.

    - Mas que droga Potter. – Sussurrou para si mesma. – Por que você não facilita?

    Entrou no salão com a raiva já amainada e sentou-se perto de uma das pontas. Viu os marotos sentados não muito longe delas e reparou que James a olhava com um ponto de interrogação na cara. Infelizmente ela sabia que pergunta ele queria respondida. Pegou uma pena e rabiscou a resposta no verso do mesmo papel com a pergunta do menino. Amassou o papel em uma bolinha e usou a varinha para fazer com que ela flutuasse até James.

    É claro que ele sabia qual seria a resposta, não era tão bobo a ponto de pensar que passarinhos de papel conquistariam Lilian Evans, mas ainda assim ficou surpreso quando desamassou a bolinha e não viu o habitual “não Potter, vai pastar” em letras garrafais, mas ao invés disso um delicado “Desculpe, mas não” na delicada caligrafia inclinada de Lily.

    - E então Pontas, serviu para algo o fato de termos levantado cinco da manhã para tentar convencer os quadros a ajudar? – Perguntou Sirius enquanto comia.

    - É claro que sim. – Respondeu sorrindo. – Serviu para não ser xingado de idiota e para não ser mandado para o pasto.

                                                      ****

     Depois dos pássaros Lilian não se iludiu mais pensando que ele desistiria. Todas as manhãs ela firmemente aguentava as tentativas de James que eram cada vez mais criativas. Tinhas dias em que ela até mesmo deitava na cama e ficava imaginando qual seria a tentativa do dia seguinte. Quase que imperceptivelmente ela começava a admirá-lo por sua determinação e criatividade. Com o tempo ela até passou a se divertir com aquilo. Depois de tantos anos era quase impossível simplesmente desconsiderar James. Ele havia se tornado quase um amigo, embora ela não admitisse isso para ninguém.

    Algumas tentativas foram irritantes, como a dos pássaros azuis de verdade que trouxeram um lenço bordado com as palavras de sempre e que cantavam uma musiquinha bonita, porém altamente irritante e que só iriam parar de cantar se ela dissesse sim. Outras foram divertidas como no dia em que James apareceu no salão principal fazendo malabarismo e cada bolinha jogada para o alto se transformava em uma palavra. No final é claro ele acabou tropeçando enquanto olhava para as bolinhas e a frase ficou incompleta. Algumas foram quase consideradas românticas como no dia em que a intervalos regulares cartões com poemas apareciam na mochila de Lilian, mas o último dia antes do passeio foi sem duvidas o pior de todos, simplesmente porque foi o dia em que Lily achou mais dificil dizer não. Assim que abriu os olhos de manhã a primeira coisa que pensou era que no dia seguinte não precisaria mais se preocupar com a insistência de James. Por um lado ela se sentiu aliviada, por outro nem tanto.

   Determinada a acabar logo com isso ela jogou as cobertas para o lado e abriu o cortinado da cama. Assim que seus olhos caiaram sobre sua mesinha de cabeceira seu coração deu um salto. Aninhada em meio a papéis tão coloridos que iluminavam o quarto estava a caixinha mais linda que Lilian já havia visto em sua vida. Era de uma madeira escura cercada por raminhos prateados e cheias de flores verdes e vermelhas, todas de pedra.

   Não era necessário nenhum bilhete para saber de quem era, parecia que James não era capaz de esperar até o café da manhã para receber seu ultimo não. Devagar ela levantou a tampa da caixa e uma exclamação de surpresa aflorou dos seus lábios. Antes do som começar ela já sabia o que era. Uma caixinha de música.

    A melodia era delicada e diferente das caixinhas convencionais a música tinha uma letra. Aquele tipo de letra que diz tudo sem dizer quase nada.

  Você acha que já ouviu isso antes

  Vou tentar dizer de forma diferente

  Contanto que venha naturalmente para mim

  Isso vem me deixando triste

  Porque eu não consigo encontrar uma maneira melhor

  De falar as palavras que eu quero dizer para você

   Conforme a música tocava uma flor começou a desabrochar dentro da caixinha. Não era preciso olhar duas vezes para saber que flor era, um lírio obviamente. Assim que ela se abriu completamente um pássaro de papel saiu voando e Lilian sorriu ao lembrar-se do “incidente” com os quadros. A música continuava e o passarinho não foi a única coisa a sair da flor. Uma bolinha de malabares vermelha, uma borboleta extremamente colorida, uma pássaro azul, um cartão de poesias, um pomo de ouro e todas as coisas que James de alguma forma havia usado para tentar convencer Lily a ir a Hogsmeade com ele.

   E eu quero que você saiba

   Não vou te decepcionar

   Não, eu não posso deixar ir

   E eu quero que você veja

   Todos os dias eu uso o meu coração na minha manga

   Na minha manga

    Quando a música terminou todos os objetos que revoavam ao redor de Lily pararam e em meio a uma explosão de fumaça colorida, que tinha cheiro de liquido para polir vassouras, todos se transformaram em lírios brancos mesclados de vermelho qua caíram na cama de Lily. As mesmas flores que James havia usado na primeira semana. Entre a bagunça que a cama tinha virado ela encontrou o bilhete que com certeza estaria presente.

    Acho que não preciso nem perguntar e você não precisa nem responder. Apesar da sua negativa espero que tenha gostado.

   J. Potter

    - Apenas uau para isso. – Lilian ergueu sua cabeça e se deparou com os rostos curiosos das amigas.

    - Pensei que vocês estavam dormindo. – Disse num sussurro.

    - Dificil quando a cama ao lado da sua se transforma em um furacão de objetos inanimados e vivos! – Resmungou Marlene.

    - Eu nunca vi algo tão bonito Lils. – Disse Dorcas sentando-se ao lado da amiga e pegando uma das flores.

    - Realmente, dessa vez ele se superou. – Falou Alice. – Você devia aceitar.

    - Não consigo Alice. – Respondeu Lilian.

    - Como assim não consegue? – Perguntou Marlene já irritada. – Tá louca ou algo parecido? Se quiser sair com ele é só dizer sim e esquecer o orgulho.

    - Não é isso. Se qualquer outra pessoa fizesse algo parecido eu aceitaria sem pensar duas vezes, mas ele... é o Potter Lene, não consigo me imaginar com ele, não consigo pensar em dizer sim quando lembro de todas as coisas que ele já fez.

    - Você o que faz da sua vida, eu acho. – Disse Lene. – Mas não posso deixar de concordar com o Jay em uma coisa.

    - E o que é? – Perguntou a ruiva.

    - Sabe Lils, olhando você sentadinha na sua cama com os olhos brilhando enquanto ouvia a música ficou meio óbvio. Um dia você vai dizer sim. – Marlene respondeu já dando as costas e indo para o banheiro.

                                                    ****

     Na manhã seguinte todos estavam animados com a perspectiva da sair da escola pela primeira vez no ano letivo. Alice já havia descido para se encontrar com Frank, Lilian e Marlene ainda se arrumavam e Dorcas esperava.

    - Você não vai descer para se encontrar com o Remo Dorc? – Perguntou Marlene.

    - Bom, na verdade eu tenho que contar uma coisinha para vocês. – Respondeu timidamente.

   - O que foi? – Perguntou Lily sentando-se ao lado da amiga.

   - É que já fazia um tempo que eu e o Remo parecíamos mais amigos do que namorados. Eu sei que gosto dele, mas não é mais daquele jeito sabe?

   - Entendemos, mas o que foi que aconteceu? – Perguntou Lilian.

   - Ontem eu fui falar com ele e disse isso e chegamos a conclusão que é melhor voltarmos a sermos apenas amigos.

    - E ta tudo bem com você? – Perguntou Marlene.

    - Sim. – Respondeu suspirando. – Estava tudo muito confuso entre a gente e agora acho que as coisas vão melhorar.

    - Se vocês dois ficarão felizes assim eu não vejo problema nenhum. – Disse Lilian sorrindo. – Mas agora é melhor irmos.

    As três saíram do dormitório e começaram a descer para o salão principal. No caminho vários alunos as cumprimentaram, todos parecendo muito animados. No jardim elas encontraram os marotos mais Alice e Frank, todos rindo de alguma coisa que Rabicho tinha dito.

   - Finalmente apareceram. – Disse Sirius indo ao encontro de Marlene que o ameaçou com a varinha.

   - Não toque em mim Black, nem teste meu humor hoje. – Respondeu.

   - Bom, não sou burro para te provocar docinho. – Disse dando uma piscadinha.

   - Idiota. – Marlene sacudiu a cabeça negativamente.

   - Melhor a gente começar a andar. – Disse Remo. – Me acompanham senhoritas? – Ele ofereceu um braço para Lily e outro para Dorcas que aceitaram prontamente e começaram a caminhar deixando os outros para trás.

   Remo parecia meio doente de novo. Pele pálida e olhos cansados. Lily podia apostar que não demoraria para ele cair de cama novamente, mas fora isso ele parecia bastante feliz e todo o clima estranho que a menina tinha notado entre ele e Dorcas nos últimos dias tinha sumido.

    Lilian nunca tinha ido ao vilarejo na companhia dos meninos e ao pensar nisso percebeu que eles não tinham combinado de irem juntos. Ultimamente a presença deles havia passado a ser algo constante, como se eles fizessem parte do mesmo grupo. Durante o dia ela surpreendeu-se com a facilidade que tinha para interagir com Sirius e descobriu que já começava a ter uma espécie de afeto por Pettigrew sentindo vontade de defendê-lo cada vez que os meninos começavam a zoar com ele. Naquele dia nem mesmo James conseguiu fazer Lily se sentir desconfortável com eles. Rir de piadas sem graça, repreender as brincadeiras sem noção, se divertir vendo Sirius e Marlene brigarem, discutir com James sobre que doces deveriam comprar, tudo parecia... natural. E um pouco surreal também, é claro.

    Às quatro horas, quando voltaram juntos para o castelo, estavam todos rindo a toa, se sentindo pesados por causa da quantidade absurda de doces consumida e também um pouco tontos devido a umas garrafas a mais de cerveja amanteigada.

    Todos pareciam navegar em uma nuvem de tranqüilidade e ninguém reparou nos dois grifinórios do quarto ano que afobados e nervosos voltavam correndo para a escola.

                                                    ****

    A apreensão começou quando foi pedido para que todos os alunos descessem para o salão principal. Já eram sete da noite quase todos já tinham jantado e subido para suas salas comunais. Não era necessário pensar muito para saber que algo muito grave tinha acontecido.

   Ao entrarem no salão Lilian reparou em uma pequena discussão que acontecia na mesa da Sonserina. Carrow, Mulciber, Avery e Snape que eram do sexto ano, juntamente com Rockwood e Goyle pareciam repreender severamente Rebastan Lestrange, um rapaz pálido e de olhos escuros malignos que estava cursando o sétimo ano.

   Assim que todos estavam presentes Dumbledore levantou-se parecendo aflito.

   - Boa noite a todos. – Saudou-os vagamente. – Sinto lhes dizer que o motivo para chamá-los aqui não é nada agradável. Hoje por volta das quatro e meia da tarde eu recebi no meu escritório dois jovens aflitos me comunicando que tinham ido para Hogsmeade acompanhados de uma amiga, a senhorita Maylese Doreen do quarto ano da Grifinória, e que logo que chegaram lá ela começou a agir de uma maneira estranha e por volta das onze da manhã ela sumiu e não foi localizada até agora. Aurores do ministério já estão vasculhando a área e não temos nenhuma pista, por isso me vi obrigado a convocar vocês até aqui e perguntar se alguém viu ela depois do horário do sumiço ou se alguém tem alguma idéia de onde ela possa estar.   

    Um burburinho aflito nasceu no salão. Os grifinórios começaram a conversar entre si qualquer coisa que pudesse ajudar a encontrar a colega. Maylese era uma nascida trouxa muito querida por todos e muito bondosa. Estava sempre na companhia do namorado August Jorkins e do seu melhor amigo Armando Robins.

   - Se alguém tiver alguma informação útil eu estarei esperando no meu escritório. – Disse o diretor parecendo desanimado. – Podem voltar para os seus dormitórios.

   Estavam todos subindo as escadas quando James agarrou Sirius pelo braço e começou a puxá-lo de volta para baixo.

   - Hey, o que deu em você? – Perguntou Sirius se concentrando em não cair enquanto era arrastado escadas abaixo.

   - Pense comigo Six, os Sonserinos pareciam afobadinhos hoje, Maylese é nascida trouxa e todos sabem que aquele grupinho apoia Voldemort.

   - Dumbledore não acreditaria sem provas. – Disse Sirius.

   - Não estamos indo atrás do Dumbledore. – Respondeu só agora parando. – Estamos indo encontrar Maylese.

   - E você sabe onde ela está? – Perguntou ironicamente o maroto erguendo as sobrancelhas.

   - Se você fosse um sonserino sinistro sequestrando uma donzela indefesa em Hogsmeade, onde você a esconderia? – Perguntou James.

    - Em um lugar que absolutamente ninguém procurasse.

   - Que seria? – James fez um gesto com a mão para que ele prosseguisse.

   - A casa dos gritos obviamente. – Respondeu sorrindo. – Trouxe sua capa?

   - É claro caro Almofadinhas.

   James tirou a capa de dentro das vestes e jogou-a por cima dos dois que em pouco tempo já cruzavam os jardins rumo ao salgueiro lutador.

   No túnel escuro Sirius se transformou para que pudesse ir mais rápido. James não podia fazer isso, uma vez que ficava ainda mais grande. Meio agachado ele foi seguindo o cão pelo túnel que parecia não ter fim, até que finalmente uma pequena claridade se infiltrou na escuridão.

   Assim que entraram na casa, Sirius voltou a forma natural e os dois ficaram em silêncio. A lua quase cheia novamente proporcionava uma pequena claridade que revelava uma casa destruída. Móveis quebrados, arranhões enormes nas paredes e poeira acumulando-se em cada canto do lugar.

   Estavam prestes a começar a vasculhar o lugar quando um som muito baixo os fez paralisar. Parecia alguém falando, mas era baixo demais para entenderem.

   - Parece que vem do andar de cima. – Disse Sirius já começando a subir as escadas.

   Conforme eles se aproximavam o som ficou mais alto e logo eles puderam entender. Um fraco sussurro de socorro.

   Irado, James esmurrou as portas pelas quais passaram e apenas no ultimo quarto no fim do corredor eles a encontraram.

   Maylese estava encostada em uma parede tentando se levantar. Suas pernas estavam completamente cobertas de sangue, assim como seus braços e rosto que estavam cheios de pequenos, porém profundos cortes.

   - Por favor, não me machuquem. – Pediu com a voz fraca.

   - Não vamos machucar você May, não nos reconhece? – Perguntou James se aproximando. – Sou James Potter e esse é o Sirius Black.

   - Me tirem daqui, por favor. – Implorou. – Ele disse que vai me matar quando voltar aqui. – Lágrimas começaram a se misturar com sangue no rosto da menina.

   - Quem fez isso com você? – Perguntou Sirius tirando a varinha das vestes e começando a vigiar as costas.

   - Não me lembro o nome dele. – Chorou. – Me tire daqui Potter, por favor.

   - Já estamos indo.

   James fez um feitiço de levitação para conseguir tirá-la de lá e devagar eles começaram a voltar para o castelo com Sirius na frente sempre com a varinha preparada.

   Maylese ia sussurrando coisas que eles não conseguiam entender e logo que chegaram ao castelo correram para a ala hospitalar.

   Assim que a enfermeira se deparou com a menina em tal estado ela entrou em modo máximo de alerta. Dumbledore foi chamado e McGonagall também. Quando os dois chegaram a menina já dormia e a enfermeira se empenhava em limpar o sangue para curar os cortes.

   Dumbledore foi direto aos meninos que não haviam recebido permissão para voltarem a sala comunal.

    - Onde ela estava? – Perguntou de imediato.

    - Na casa dos gritos diretor. – Respondeu Sirius.

    - E como vocês chegaram lá?

    - Pelo túnel do salgueiro lutador. – Disse James e Dumbledore pareceu incrivelmente surpreso. – Somos amigos do Remo, sabemos o que ele tem.

    - Isso é uma surpresa agradável, devo dizer. – O diretor falou depois de um tempo em silêncio. – Saber que o senhor Lupin tem bons amigos que o apoiam na sua doença, mas isso não vem ao caso. Vocês não deviam ter saído da escola assim, se tinham essa suspeita deveriam ter ido falar comigo.

   - Pensamos que o senhor não nos levaria a sério se não tivéssemos provas. – Disse Sirius.

   O diretor analisou-os por um longo tempo como se estivesse medindo com seu sensor interno o grau de verdade da afirmação.

   - Conversaremos mais sobre isso depois, agora eu preciso de uma palavrinha da senhorita Maylese.

   Contrariada, a enfermeira fez com que sua paciente acordasse, e agora quando não estava mais coberta de sangue ela parecia muito mais lúcida.

   - Senhorita, eu preciso saber quem fez isso com você. – Pediu delicadamente.

   - Eu sei quem foi, mas não consigo lembrar o nome dele. – Respondeu parecendo nervosa. – Ele me disse que não era para ser eu lá, disse que iria pegar a Evans, mas não pode porque ela estava com eles. – Ela apontou para James e Sirius.

    - É um aluno? – Perguntou Sirius.

    - Sim, eu sempre vejo ele por ai, mas tem um nome complicado. – Ela fechou os olhos e pareceu se concentrar por um longo tempo. James fervia de raiva por pensar que alguém queria fazer mal a Lily. – Rebastan! – Exclamou de repente a menina. – Rebastan Lestrange.

    - Vamos para as masmorras Minerva. – Disse Dumbledore no momento em que o nome saiu dos lábios dela.

    Assim que os dois chegaram na sala comunal da Sonserina subiram direto para o dormitório masculino do sétimo ano. Sem bater eles foram entrando, mas encontraram apenas a cama vazia de Rebastan.

    A busca pelo castelo não surtiu efeito nenhum, e ao que parecia ele havia ido embora levando apenas sua varinha e a roupa do corpo. Os aurores o procuravam, mas ninguém fazia idéia do seu paradeiro.

    Anos depois viria a conformação do óbvio. Rebastan Lestrange abandonará Hogwarts para se tornar um dos mais fiéis servos de Lord Voldemort. 


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam seus lindos?
Overdose de fofura o James, não? Pelo menos eles estão amigos agora *--*
Mais um ou dois capítulos e o sexto ano termina, dai o romance deles deslancha.
Não sei o que vocês acharam, mas Remo e Dorcas juntos não ia dar certo pra sequencia da história, então foi o necessário.
Tipo, vocês não acharam tudo a ver com o James a música da caixinha? Bom, eu achei, tava escrevendo o cap ouvindo a música e tive que colocar, claro que não tem nada a ver com aquela época, mas vamos ignorar esse fato kk
pra quem quiser ouvir o nome da música é Heart on my sleeve - Olly Murs
Por hoje é só e até a próxima.