Beijos Roubados E Sorrisos Marotos. escrita por Ketlen Evans


Capítulo 24
Quando lulas aprendem a dançar balé


Notas iniciais do capítulo

Então, aqui estamos com o cap como prometido.
Vocês nem imaginam o quanto eu estava com saudades. Obviamente eu gosto muito mais de escrever do que estudar física, química e afins, então foi um alivio quando eu finalmente sai daquela sala depois do segundo dia de vestibular.
Eu amei esse cap gente. Sérião, então espero que vocês gostem também e que de pra matar a saudade.



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Sirius, James e Pedro voltaram para dentro do castelo quando o dia já estava começando a clarear. Tinham alguns arranhões espalhados pelo corpo, que provinham dos espinhos da floresta e James tinha um pequeno corte que ainda sangrava logo abaixo do olho esquerdo.

   - Eu realmente sinto muito por isso Pontas. – Disse Sirius apontando para o corte no rosto do amigo.

   - Não é nada Almofadinhas. – Disse James. – Eu sei que deve ser dificil não saber direito o quanto uma patada sua pode machucar, porém acho que ainda estou ganhando de você na nossa pontuação de lutas animais. – James sorriu sarcasticamente. – Quanto está o placar mesmo Rabicho?

   - Oito luas cheias para James e seis para Sirius. – Respondeu prontamente Pedro, que nunca perdia a oportunidade de ver os dois amigos lutando em suas formas animagas durante as noites em que se transformavam.

   Os três ficaram em silêncio por um tempo, enquanto subiam as escadas até a torre da Grifinória. Se alguém os pegasse a essa hora estariam perdidos.

   Conseguiram chegar ao dormitório sem nenhum problema e encontraram Frank dormindo tranquilamente.

   - Espero que tenha dado tudo certo. – Disse Sirius indo para o banheiro onde pegou uma toalha umida e começou a limpar os cortes pelo corpo.

   - Provavelmente deu, do contrário ele estaria em coma na ala hospitalar. – Respondeu James.

   Os três empenharam-se por um tempo em se limpar e depois deitaram exautos nas camas para poderem ter um pouco tempo de descanço antes de irem para a aula.

   - Foi um erro termos saido da florestas Pontas. – Disse Sirius da cama ao lado.

   - Realmente não foi algo muito inteligente. – Falou Pedro. – Alguém podia ter visto vocês do castelo, afinal, a noite estava muito clara.

   - Eu sei. – Disse James quase sussurrando. – Vamos tomar mais cuidado na próxima vez.

   Não houve mais brechas para conversas. Logo os três estavam dormindo profundamente, sem mais preocupações com o fato de poderem ter sido vistos ou não.

                                                         ****

   Os dias passaram calmos em Hogwarts, ou tão calmos como poderiam ser quando se estuda em uma escola de magia. O medo ainda assomava os estudantes, mas no fundo sabiam que estavam seguros nos perimetros da escola.

   As aulas ocorriam como sempre, exigentes e interessantes, os professores continuavam rigidos do jeito que costumavam ser e tudo pareceria normal se não fosse pelas corujas que todos os dias chegavam trazendo noticias horriveis.

    Lilian dedicava seus dias principalmente as aulas e as tarefas diarias, mas também arrumava tempo para exercer sua função de monitora e para conversar amenidades com as amigas. O futuro parecia incerto e ela ainda não havia decidido o que iria fazer quando terminasse Hogwarts, por isso dedicava total empenho em todas as matérias para que não tivesse problemas com notas quando finalmente decidisse o que fazer no futuro.

   Se é que haveria um futuro.

   Setembro passou traquilamente e com a chegada de outubro os ânimos do castelo começaram a mudar drasticamente com a proximidade da primeira partida de quadribol da temporada.

   Marlene ia quase todos os dias para o treino da equipe de quadribol grifinória. Sendo a única menina em posição de batedora da escola sentia-se na obrigação de ser impecável.

   Era dificil acreditar que a menina de aparencia tão delicada e frágil ocupava uma posição que exigia tanta força. Na verdade ela não precisava de brutalidade, uma vez que tinha um equilibrio perfeito sob a vassoura, o que acabava proporcionando uma pontaria espetacular. Enfim, não era necessário força se você conseguia ter o desempenho de Marlene McKinnon.

   Sirius, seu companheiro na posição, também não tinha exatamente o físico de um batedor. Os braços pareciam finos, e a pele pálida dava a impressão de pouca força e era isso que todos pensavem até ver ele rebatater um balaço. Tinha uma precisão espantosa e raramente errava um alvo. Enfim, a Grifinória tinha uma dupla improvável de batedores, que eram pouco acreditáveis de vista, mas no momento em que o apito soava e que o jogo começava ninguém conseguia parar os dois.

   Os artilheiros da equipe também não deixavam a desejar. Fábio Prewett, do sétimo ano, era um rapaz de porte atlético e ágil que fazia passes incríveis e raramente perdia um gol. Dora Staudt, estava no quinto ano e fazia parte da equipe desde o dia em que tinha conseguido sua própria vassoura, isso no segundo ano. Voava extremamente bem e não existia missão mais dificil que desequilibra-la da vassoura. Fechando os trio estava Emily Young, a mais recente aquisição da equipe. A baixinha oriental estava apenas no terceiro ano, mas tinha a pontaria de alguem que jogava quadribol a muito tempo, além de ser exepcionalmente veloz.

   Os aros eram defendidos por David Fitzpatrick, outro aluno do sétimo ano, que tinha ombros largos e um olhar seriamente concentrado. Não era tão bom goleiro quanto Remo, mas seu porte em geral acabava intimidando os adversários e fazendo com que errassem os aros.

   Por ultimo tinhamos James Potter, um dos melhores apanhadores da história de Hogwarts, que era também o capitão da promissora equipe.

   Lilian, Dorcas, Alice, Remo, Pedro e Frank estavam terminando os deveres de poções quando, numa sexta feira, lá pelas oito da noite, a equipe de quadribol entrou na sala comunal da Grifinória, todos corados devido o vento frio e com os cabelos bagunçados, porém com sorrisos satisfeitos nos rostos.

   - Como foi o treino? – Frank perguntou assim que Marlene, Sirius e James sentaram-se ao lado deles. Logo o ar foi preenchido pelo cheiro amadeirado de liquido para polir vassouras. Sirius e James tinham os cabelos tão bagunçados que parecia que um furacão tinha se formado ali, enquanto Marlene estava impecável como sempre, com os cabelos presos em uma trança firme.

   - Foi ótimo. – Respondeu Sirius. – A equipe nunca esteve tão boa.

   - Será uma grande surprese se não ganharmos esse ano. – Disse Marlene.

   - É claro que vamos ganhar. – Disse James. – Ano passado a taça só não foi nossa devido a alguns pequenos problemas técnicos.

   - Claro. – Resmugos Marlene. – Como você e Sirius desfalcarem a equipe no ultimo jogo por estarem cumprindo detenção.

   - Lenezita, a culpa não foi nossa se o professor Amico estava de mal humor naquele dia. – Falou Sirius.

   - É claro. – Disse Lilian sarcasticamente. – Quem imaginaria que o professor Amico ficaria de mal humor depois de encontrar a sala de aula dele destruida por feitiços.

   - Nós precisavamos de um lugar para praticar. – Defendeu-se James.

   - Mesmo assim. – Alice entrou na conversa. – Isso não dininuiu a culpa de vocês.

   - Mas esse ano vamos repetir o feito do terceiro e quarto ano. – Disse Marlene tentando dar um fim no assunto. Ela ainda tinha problemas para controlar a sua raiva quando lembrava da ultima partida do ano passado, quando ela teve que substituir James como apanhadora e Frank e Remo acabaram como batedores. Havia sido um fracasso. – Vamos fazer uma campanha invicta e impecável. – Terminou sorrindo.

   - Exatamente. – Disseram James e Sirius juntos.

   - Sabe, quabribol não é uma coisa tão importante assim. – Disse Lilian e todos olharam para ela como se tivesse acabado de dizer que Merlin usava pantufas rosas no verão. – O que foi? Quadribol realmente não é importante.

   Sirius olhou abismado de Lilian para Marlene.

   - Por favor, senhora batedora, explique para a Evans a importancia do quadribol. – Pediu parecendo suplicante.

   - Lils, - começou a morena, - quadribol é muito mais do que apenas voar em uma vassoura e fazer gols. – James pigarreou. – E capturar o pomo. – Acrescentou. – A gente está lá defendendo a nossa casa e mostrando do que somos capazes, e sem contar que quem ganha a copa de quadribol geralmente consegue a taça das casas.

   - Mesmo assim, vocês não deveriam dar tanta importancia para um jogo. – Disse a ruiva ainda concentrada em seu dever de poções. – Existem coisas muito mais importantes que isso.

   - Por exemplo? – Perguntou James.

   - Se você realemente acha que vou perder meu tempo tentando explicar para você o que é mais importante que quadribol Potter, você está absolutamente, enganado, iludido e errado. – Disse Lilian só agora levantando os olhos da lição e olhando para James desaprovadoramente.

   - Por que você não explicaria para mim Evans? – Perguntou parecendo levemente irritado o que nunca acontecia.

   - Apenas poupe-me de você Potter. Não quero desperdiçar meu tempo.

   - Então você acha que eu não sou bom o bastante nem mesmo para você falar comigo? – Perguntou parecendo quase furioso já. – E você ainda tem coragem de dizer que eu me acho superior e que sou arrogante.

    James levantou-se do sofá e dirigiu-se para o dormitório masculino, o uniforme vermelho de quadribol esvoaçando enquanto subia as escadas.

    Todos ficaram em silêncio olhando para qualquer coisa menos para Lilian que observava com a boca escancarada o lugar por onde James tinha saido.

    Depois de alguns segundos ela pareceu se dar conta de que ainda encarava as escadas e então voltou-se novamente para seu dever. Devagar Sirius olhou para a ruiva. Ela tinha as bochechas coradas, como se soubesse que tinha feito algo errado.

    - Sabe Evans, detesto dizer isso, mas pela primeira vez em anos, o Pontas está certo em uma discussão com você. – E dizendo isso, Black também se levantou e foi atrás do amigo deixando Lilian ainda mais perplexa do que já estava.

   - Eu fiz algo de errado? – Lily perguntou depois de algum tempo.

   - Não para os padrões tradicionais. – Respondeu Marlene. – Você fez o que sempre faz, a única coisa diferente foi que James fez algo certo dessa vez.

   - Foi um grosso mal educado? – Perguntou Dorcas.

   - Não. – Disse Marlene sorrindo. – Começou a ter um pouco de amor próprio.

   - Começou? – Perguntou Lilian sarcasticamente. – Acho que ele já tem amor próprio demais.

   - Não Lily, ele não tem amor próprio nenhum, do contrário já teria parado de ir atrás de você há muito tempo. – Disse Alice. – Quanto tempo você ficaria tentando conversar com alguém que te trata como se você fosse uma bola de mofo no tapete da sala?

   - Eu não faço isso! – Protestou Lilian e recuou diante dos olhares incrédulos que todos lançaram para ela. – Eu faço?

   - Você faz Lily. – Disse Frank sorrindo. – O que é quase cruel, porque James gosta muito de você.

   - Ele não gosta. Só fica atrás de mim porque sabe que isso me irrita.

   - Me diz uma coisa Lils. – Pediu Dorcas. – Quando foi a ultima vez que James fez algo que merecesse a sua raiva?

   Lilian abriu a boca para responder algo como “ontem” ou “cinco minutos atrás”, mas percebeu que não seria verdade. Agora que tinha parado para pensar se deu conta de que nem conseguia lembrar qual fora a ultima vez que Potter havia aprontado uma para cima dela. Depois de um bom tempo pensando ela respondeu.

    - Acho que a ultima vez foi antes das férias. No dia em que estavamos voltando pra casa, no expresso. – Falou quase sussurrando

    - Que foi exatamente no dia que eu quase matei o Sirius. – Disse Marlene sorrindo. – E nem por isso eu trato mal ele, e olha que aquele lá apronta uma pior a cada dia.

    - Isso é verdade. – Disse Dorcas. – Surpreendentemente até mesmo o Sirius e a Marlene estão se dando melhor esse ano.

   - Mas o que vocês queriam que eu fisesse? – Perguntou a ruiva. – Entregasse a ele um troféu de ótimo comportamento e começasse a idolatralo só porque ele parou de atirar coisas na cabeça de qualquer um que passe na frente dele?

   - Não Lils, não é necessário tanto, mas você poderia ao menos parar de trata-lo tão mal. – Disse Marlene.

   Lilian abriu a boca para dizer que seria impossivel, mas o olhar no rosto dos amigos fez com ela parasse a frase antes que fosse tarde. Todos pareciam confiar nela para fazer a coisa certa. Marlene, Dorcas, Alice, Frank, Remo e até mesmo Pedro estava ali, olhando-a como se ela nunca fosse decepciona-los. Então ela quase não acreditou quando ouviu sua própria voz declamando tais palavras.

   - Vou ver o que posso fazer. – Disse com um sorrisinho que deixava claro que ela tentaria de todo o jeito fazer o certo.

   Mas é claro, nunca era fácil fazer o certo quando se tratava de James Potter, coisa que ela descobriu nos dias seguintes, quando misteriosamente a fase de bom comportamento do Potter acabou.

   Sonserina jogou contra Corvinal no fim de semana, um jogo rápido que terminou 250 para Sonserina, com uma captura histórica onde o pomo basicamente entrou por dentro da manga do péssimo apanhador, e 180 para Corvinal que tinha um ótimo trio de artilheiros.

   Grifinória jogaria contra Lufa Lufa e segundo diziam os criticos, esse seria o melhor jogo da temporada, uma vez que a casa dos justos era de longe a que mais se dedicava aos treinos, junto com o pessoal da Grifinória. Corvinais se preocupavam demais com os estudos e por isso tinham poucos treinos por semana e os Sonserinos não se inretessavam mais tanto assim pelo esporte, uma vez que quase todos estavam envolvidos com assuntos não comentáveis.

   Enquanto Lilian estudava e Alice fazia qualquer outra coisa, Marlene estava quase enlouquecendo. Com a ajuda de Dorcas, a morena tentava desesperadamente manter James fora de confusões, o que se mostrava uma tarefa bastante dificil. Parecia que o maroto estava usando a semana que antecedia o jogo para aprontar tudo que ele tinha deixado de fazer nos ultimos meses. Deixa-lo sozinho por poucos minutos era quase como pedir para que ele arrumasse alguma detenção e assim cada vez mais todos pensavam na possibilidade de James talvez não estar presente para o primeiro jogo.

    - Francamente, eu já não sei o que fazer! – Disse Marlene desabando exausta em sua cama depois de praticamente escoltar os meninos para o quarto deles. – James parece querer destruir o castelo e Sirius não ajuda em nada.

    - Pensei que você disse que o Black estava se comportando. – Disse Lilian.

   - E ele esta, mas não quer deizer que me ajude a manter o James longe de confusões. – Reclamou. – Não sei o que deu nesse garoto, já pensei até em roubar a varinha dele, pra ver se ele sossega, mas ai quem estaria fora do jogo seria eu.

   - Fica calma Lene, só faltam quatro dias para o jogo. – Disse Alice.

   - Quatro dias é mais do que suficiente para ele acumular detenção para o resto do ano.

   - Me pergunto o que foi que deu nesse idiota. – Disse Dorcas entrando furiosa no quarto, com uma porção do seu cabelo loiro tingido de rosa. – Francamente, não devíamos ter elogiado o James naquela noite, parece até que o diabo escutou e agora quer fazer de tudo pra provar que continua a mesma peste de sempre.

   - É isso! – Disse Marlene levantando-se de um salto. – Já sei porque ele está assim.

   - O que foi Lene? – Perguntou Lilian.

   - Na verdade é meio obvio. – Disse sorrindo. – Não sei como não pensei nisso antes, mas acho que o Jay esta assim essa semana por causa daquele dia em que vocês brigaram Lily.

   - Como é? – Perguntou a ruiva arqueando levemente as sobrancelhas.

   - Como a Lene disse, parece meio óbvio. – Disse Alice. – Ele estava se esforçando pra se comportar tentando fazer você parar de odiar ele Lils, mas então naquela noite ele deve ter pensando que não importa o que ele faça não vai adiantar, então resolveu voltar a ser um idiota.

  Todas ficaram em silêncio por um tempo até que Dorcas falou.

   - Bom, você vai ter que pedir desculpas Lils. – Disse docemente, sem mais nenhum traço de irritação na voz.

   - Você bebeu Dorcas? – Falou Lilian soando estridente devido ao espanto. – Eu pedir desculpas ao Potter? – Perguntou revestindo o nome dele de desprezo e ainda acrescentando um riso meio nervoso. – Só no dia em que a Lula Gigante começar a dançar balé.

    - Pois é exatamente isso que você vai fazer Srta. Evans. – Disse Marlene. – Se James aprontar alguma e ficar em detenção é óbvio que vamos perder para a Lufa, e então é muito provável que eles massacrem a Sonseria e a Corvinal nos próximos jogos e então vamos perder a copa, assim como a taça das casas, portanto, ou você engole o orgulho e pede desculpas, ou passa a vigiar para que ele não se meta em encrencas.

    Lilian ficou paralisada ao fim do pequeno discurso de Marlene. Ter que pedir desculpas ao Potter realmente não era uma das coisas que ela queria fazer. Talvez fosse a coisa que ela menos queria fazer no mundo, mas colocando daquele jeito Lily sabia que acabaria fazendo, porque se algo se ruim acontecesse ela se sentiria culpada.

    “Merda de altruísmo”, pensou antes de responder.

   - Se for absolutamente necessário eu posso fazer um esforço.

                                                            ****

    Quarta feira passou tranquilamente, sem nenhuma briga, nenhuma explosão e nenhuma discussão. Quinta foi igual e Marlene já começava a relaxar pensando que a má fase de James passara. O maroto fazia exclusivamente aquilo que andava fazendo desde o começo do ano. Comparecia as aulas, fazia as tarefas e não azarava ninguém. Claro que as piadas eram constantes e os sorrisos marotos pareciam mais frequentes do que antes, como se sempre estivesse bolando um plano diabólico, e isso fazia com que todos o vigiassem como se fosse uma bomba prestes a explodir.

   Não só Marlene passou a vigiá-lo de perto, mas todo o time de quadribol sempre dava um jeito de estar por perto durante os intervalos. Fábio Prewett era de grande ajuda, uma vez que sempre conseguia dar um jeito de manter James ocupado. Logo qualquer estudante da Grifinória que estivesse por perto num momento de “inspiração” do maroto reprendia-o e assim Lily pensou que estava livre de sua tarefa e passou a ficar mais tranquila também.

    Na sexta feira a noite quase todos os grifinórios estavam reunidos na sala comunal. O jogo seria no domingo e desde já todos estavam criando muitas expectativas, e com os ânimos elevados, nada melhor do que se reunir para badernar até tarde. Lilian era a única que não estava presente, uma vez que era seu dia de ronda pelo castelo.

   Estavam todos se divertindo levemente, sem se preocupar com deveres e regras, quando um barulho estrondoso fez todos se calarem.

   Logo a sala foi tomada por grandes ondas de fumaça colorida e instantaneamente os grifinórios olharam para James que acompanhado pelos marotos ria abertamente.

   - Eu realmente não acredito nisso Potter! – Berrou Marlene se dirigindo até eles. – Depois de todo o esforço que a gente faz pra manter você longe de confusão você tem que arriscar levar uma detenção soltando uma bomba no salão comunal? – Todos estavam em silêncio e olhavam para os meninos de um jeito reprovador. – Até mesmo você Sirius?

   - Chega de bancar a paranóica Lene. – Disse Sirius relaxado. – Ninguém vai vir até aqui.

    - CALA A BOCA VOCÊ TAMBÉM BLACK! – Gritou. – Francamente, pensei que pelo menos dessa vez eu pudesse contar com você.

   - Pode ir parando com isso McKinnon. – Disse James entrando na conversa. – Você acha que eu não percebo vocês me vigiando como se eu fosse um bebezinho fazendo birra? – Perguntou irritado. – Isso é ridículo! Não quero mais saber de vocês me dizendo o que fazer, afinal, eu não sou tão retardado a ponto de não saber que ponto é além do limite. Esse jogo também é importante para mim, e eu não faria nada se não tivesse certeza que poderia me safar.

    Parecendo mais furioso do que nunca, James deu as costas aos colegas e começou a sair da sala comunal.

    - Jay... – Começou Marlene.

    - Não se preocupe, eu sei me cuidar. – Interrompeu ele. – E se alguém vier atrás de mim, vou me certificar de que fique de ponta cabeça na biblioteca até amanhã.

   James saiu da sala batendo o quadro e fazendo com que a Mulher Gorda resmungasse, mas nada fez com que ele parasse. Decidido tirou sua capa de invisibilidade da mochila, que ainda trazia nas costas, e sem rumo algum, começou a andar pelos corredores do castelo.

                                                             ****

    Enquanto os ânimos subiam na torre da Grifinória, Lilian acabará de ter uma horrível briga com Severo Snape. Estava patrulhando perto da biblioteca quando encontrou com o garoto, que com os braços carregados de pergaminhos caminhava apressadamente. Claro que Lilian teve que ir repreendê-lo por andar pelos corredores aquela hora e claro que acabaram tendo uma briga fervorosa. As ultimas palavras ditas ainda ecoavam em sua mente enquanto se encaminhava para a sala comunal.

    “Não quero mais saber de você Lilian”. Ele tinha dito enquanto dava as costas a ruiva.

   “É Evans para você, Snape”. Disse sentindo-se completamente ferida mais uma vez.

   Ela havia esperado alguns minutos para que Snape se distanciasse e então começou a seguir pelo mesmo corredor por onde ele havia ido.

   Ao chegar no corredor onde começavam as escadas ela se surpreendeu ao ver que Snape estava apenas a poucos metros em sua frente e que parecia incrivelmente concentrado em alguma coisa. Mais surpresa ainda ela ficou ao detectar um pequeno reflexo de luz logo atrás da armadura que Snape analisava. Teve que colocar a mão na boca para impedir que uma exclamação escapasse ao ver que o lampejo provinha do reflexo da luz nos óculos de James Potter.

   “Incrível” pensou ela ao ver Potter tinha em suas mãos um pequeno pacote que ela reconheceu como bombinhas fedidas. Disparar aquilo no corredor seria pedir para acordar o castelo inteiro.

   Ela viu a mão do maroto se erguer para disparar a bomba e a imagem de Marlene furiosa devido a ter que substituir Potter como apanhadora no jogo encheu sua mente. No fim ela não pode se conter.

   - POTTER, NÃO!

   Snape virou sua cabeça em direção a ruiva e viu que ela olhava para trás da armadura. Não foi difícil adivinhar o que estava acontecendo e então, num movimento rápido, Snape se jogou contra a armadura, fazendo com que ela se desmanchasse e provocasse um barulho altíssimo. Antes que Lilian pudesse piscar o Sonserino já descia as escadas em disparada, para longe da cena do crime.

   Quando as coisas já estão ruim é claro que elas tendem a piorar. Soterrado pelos pedaços da armadura James deixou seu pacote de bombinhas cair no chão. Foi um pandemônio. Os estouros consecutivos se propagavam pelos corredores como estalos de tiros e logo o lugar estava tomado de fumaça que tinha um cheiro horrível. Sem pensar no que estava fazendo Lilian correu até onde James estava caído e começou a tirar ele de lá.

    - Rápido Potter, você não pode estar aqui quando eles chegarem. – Disse ajudando ele a se levantar.

   Já de pé, James colocou a mão no bolso e tirou um pedaço de pergaminho amassado.

   - Eu juro solenemente que não vou fazer nada de bom. – Disse dando uma batidinha de varinha no pergaminho que imediatamente começou a ser tomado por tinta.

    Sem entender nada, Lilian observou enquanto James estudava o papel. Segundos depois ele ergueu a cabeça parecendo preocupado.

    - McGonagall, Flitwick e aquele asmático do zelador estão vindo para cá. – Disse. – Creio que você seja a favor de me segurar aqui para ser punido. – Falou meio zombeteiro.

    - Na verdade eu sou a favor de você sair correndo imediatamente, antes que você termine o resto do ano em detenção.

   James pareceu tão surpreso com a resposta de Lily que até se esqueceu da situação em que estavam.

   - Até tu Evans? – Perguntou sorrindo.

   - Acho que eu percebi que quadribol pode ser importante, quando minha amiga é batedora e vai ficar um mês mal humorada se vocês perderem.

   - Então é melhor a gente começar a correr, porque eles estão quase chegando.

   Lilian estava prestes a dizer que não precisava correr porque era monitora, mas antes de conseguir abrir a boca Potter a agarrou pela mão e começou a arrastá-la pelo corredor. Mesmo em fuga James mantinha seu pergaminho colado no rosto e um pouco antes de virarem um corredor ele estancou.

   - Mais que droga! – Exclamou ele e começou a remexer na mochila, de onde tirou uma capa muito surrada que parecia fina como seda. Quando ele colocou-a sobre si toda a parte inferior do seu corpo desapareceu e mais uma vez naquela noite Lilian teve que se segurar para conter o espanto.

   - Rápido Evans. – Sussurrou ele.

   Sabendo que estaria muito encrencada se fosse pega, Lily se aproximou de James e este jogou a capa por cima de ambos.

   Poucos segundos depois McGonagall virou a esquina do corredor onde eles estavam e passou a passos firmes, enrolada em seu robe verde, parecendo profundamente furiosa.

   James esperou até ela se distanciar um pouco e então sussurrou para Lily que estava muito perto.

   - Melhor começarmos a sair daqui. – Falou ainda analisando o pergaminho. – Flitwick vai passar por aqui logo, portanto cuidado para a capa não deslizar.

   A passos de tartaruga os dois começaram o caminho para a torre. James segurava a mão de Lilian para se manterem juntos e ela, apavorada como estava com a possibilidade de ser pega, nem se deu conta de tal ato.

   Somente quando já estavam no sétimo andar James considerou seguro retirar a capa. Assim que surgiu a possibilidade de se afastar de James foi que Lily notou suas mãos juntas. Sem querer mais confusão naquela noite ela apenas se soltou e foi para mais longe.

   - Pode me dizer o que foi isso? – Perguntou ainda em choque.

   - Isso Evans, foi uma autêntica fuga ala marotos. – Respondeu sorrindo. – E vamos admitir que você se saiu muito bem.

   - O que você pensa que estava fazendo Potter? Não tem amor a sua vida não? Lene ia te matar se você fosse pego. – Disse enquanto caminhavam rumo ao quadro da Mulher Gorda.

   - Francamente Evans, depois do que você viu hoje, você realmente acho que eu seria pego? – Perguntou sorrindo de um jeito que faria até mesmo com que as geleiras polares derretessem, mas quem estava em sua frente era Lilian Evans e não era nada fácil amenizar as broncas da menina.

   - Na verdade eu acho que você não seria pego, mas também acho que só porque você tem uma capa de invisibilidade não quer dizer que seja seguro sair andando por ai, e pode me explicar como você sabia onde os professores estavam?

   - Infelizmente eu não posso, porque tenho quase certeza que você me denunciaria ao diretor, portanto vai ter que viver sem essa resposta. – Respondeu ainda sorrindo.

   - Você parece estar de ótimo humor essa semana Potter, quase enlouqueceu todo mundo.

   - Como pode ver, você não me conhece muito bem Evans. – Disse deixando o sorriso de lado. – Meu humor anda péssimo esses dias.

   Os dois caminharam em silêncio por um tempo e quando Lilian já estava conseguindo avistar a porta do retrato um momento de loucura súbita a atingiu.

   - Já que estamos aqui, eu tinha algo pra falar com você Potter. – Ela disse muito rápido.

   - Pensei que eu não valia o seu tempo. – Retrucou.

   Lily sentiu as bochechas começarem a queimar, não de raiva, mas de vergonha. Realmente tinha agido errado com James.

   - Bom, sobre isso. – Começou ela encarando os próprios pés. – Eu gostaria de me desculpar por ter sido tão grossa aquele dia. – Disse ela, e ao olhar para o menino viu que ele tinha no rosto uma expressão curiosa. – Na verdade eu queria me desculpar por tudo. Eu venho lhe tratando muito mal e você não merece mais isso.

   James ficou em silêncio por um longo tempo e os dois já estavam parados em frente ao retrato quando ele finalmente respondeu.

   - Nunca pensei que viveria para ver o dia em que Lilian Evans pediria desculpas. – Disse sorrindo. – Realmente deve ser um marco histórico, eu devia ter trazido uma câmera, ou algo assim.

   - Melhor você calar a boca antes que eu me arrependa. – Disse Lilian sorrindo também.

   James disse a senha e ambos entraram na sala comunal onde alguns alunos ainda estavam conversando animadamente.

    - Agitei sua ronda, não foi? – James perguntou sorrindo daquele seu jeito maroto.

    - Demais. – Respondeu. – Acho até que vou dormir.

    - Boa noite então. – Disse James.

    - Boa noite Potter. – Falou quase sussurrando. – E tente não se meter em confusão.

    - Vou tentar.

    Lily se virou em direção das escadas e já estava quase desaparecendo quando James voltou a chamá-la.

   - Hey, Evans!    

   Ela se virou por reflexo e viu que quase todos tinham ficado em silêncio quando ele a chamou. Esperavam uma briga talvez.

   - Desculpas aceitas. – Disse James com um sorriso gigante estampado no rosto.

   Lilian apenas acenou concordando e voltou a subir as escadas. Ao entrar no quarto deparou-se com uma Marlene que parecia prestes a explodir.

   - Ah, Lily, você chegou! – Disse meio desesperada. – Sabe alguma coisa do James? Ela saiu daqui com cara de quem ia explodir a biblioteca.

   - Não se preocupe Lene. Ele está lá embaixo sentado com os meninos.

   - Por que você está toda suada Lils? – Perguntou Dorcas que estava saindo do banho.

   Lily parou para se olhar e viu que seu uniforme estava todo amarrotado, seu cabelo parecia uma vassoura e seu rosto ainda estava levemente corado devido a corrida.

    Surpreendentemente ela começou a rir. Caiu na cama e riu até a barriga doer, afinal, pela primeira vez havia feito algo digno de uma enorme detenção e não havia sido pega. Mais improvável ainda, tinha feito na companhia de James Potter!

    - Melhor vocês três se sentarem. – Disse Lilian ainda com um sorriso na voz. – Pois é uma longa e inacreditável história.

    Quando terminou de contar tudo as meninas, as três encaravam Lily perplexas e do mesmo modo que Lilian tinha feito Marlene começou a rir, enquanto que Alice apenas parecia muito surpresa e Dorcas sorria docemente.

    - E então? – Perguntou Lily. – O que me dizem?

    - Você é maluca. – Disse Alice.

    - Finalmente fez algo para ser lembrado, senhora monitora. – Declarou Marlene.

    - Bom - começou Dorcas, - eu diria para você observar muito bem a Lula Gigante amanhã, porque algo me diz que ela aprendeu a dançar balé.

    E com isso elas riram e brincaram por muito tempo antes de dormir, e nos seus sonhos Lily podia jurar que viu longos tentáculos adornados com sapatilhas cor de rosa.


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Notas finais do capítulo

Então, esse cap era algo que eu queria fazer desde o inicio. Lily salvando a pele de James e se metendo em confusão com ele hahaha e ainda pedindo desculpas *----*
Acho que nem preciso dizer sobre o que vai ser o próximo cap não é? Dessa vez ele realmente vem rápido e posso dizer que vai ser muito divertido.
Espero que tenham gostado e até o próximo.