Beijos Roubados E Sorrisos Marotos. escrita por Ketlen Evans


Capítulo 18
Cartas e mais cartas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/186393/chapter/18

oooooi leitores lindos! Hoje eu to mais que feliz porque aconteceu algo +qd+ kk e tambem ainda to nas nuvens com a recomendação da linda Vicky. Foi um dos presentes mais incriveis de aniversário que eu ganhei, obrigada e esse capitulo é dedicado a você, okay?

Mas vamos ao que interessa.

-------------------------------------------------------------------------------

Tudo era diferente quando Lily estava fora da escola.

   Ela se sentia desorientada enquanto o carro dos pais deslizava pelas ruas de Londres seguindo o fluxo constante de automóveis. Se pegava olhando para cada prédio e cada loja como se fosse a primeira vez que colocava os olhos naquilo. Fez com que o pai parasse em uma esquina para que ela pudesse comprar um simples sorvete de morango e quase entregou ao vendedor um punhado de nuques ao invés de dinheiro trouxa.

    Em casa as coisas não eram diferentes. Que graça tinha subir uma escada que não se mexia? Qual era a diversão de tomar café da manhã sem que centenas de corujas revoassem por sobre sua cabeça?

   Demorou alguns dias até que ela se acostumasse e ver os retratos parados, a ter as cartas entregues por um carteiro e não por uma coruja, e a ter servir a mesa ao invés de ver tudo aparecer na sua frente.

    Uma das coisas que Lily mais gostava em voltar para casa era que podia assistir televisão. Nada era melhor do que pegar um pacote de salgadinhos no balcão e deitar no sofá para ficar a tarde toda vendo programas idiotas.

    Durante o tempo de férias a rotina de Lílian era bastante simples. Ela era acordada todas as manhãs por uma coruja que lhe trazia o Profeta Diário – que Lily havia voltado a ler, uma vez que não estava mais cercada por colegas que lhe contavam as noticias. Durante a manhã ela revezava seu tempo lendo e às vezes estudando e fazendo tarefas da escola enquanto seu pai ia para o trabalho e sua mãe apenas ficava em casa fazendo uma coisa ou outra. Petúnia quase nunca estava em casa, uma vez que passava quase o dia todo em companhia do namorado, filhote de leão marinho Valter. Durante as tardes ela saia para caminhar pela cidade e até havia arriscado visitar algumas amigas antigas. Eram férias especialmente tranqüilas.

    Marlene e Alice haviam ambas ido viajar com os pais. Alice para a França e Marlene para a Alemanha o que impossibilitava o contato por cartas, uma vez que não era aconselhado usar corujas para distancias tão longas. Em compensação Dorcas escrevia quase que diariamente. Contava de tudo, desde fatos banais como que tinha visto uma estrela cadente a coisas mais sérias. Grandes espaços das cartas eram dedicados a inteirar Lílian sobre o que estava acontecendo no mundo mágico, uma vez que o Profeta havia deixado de ser uma fonte confiável, omitindo fatos e espalhando calunias.

    Na primeira semana em casa Lílian havia sido assaltada por um surto de sentimentalismo a havia resolvido fazer um pequeno gesto carinhoso para os colegas. Com as próprias mãos havia feito vários cartões decorados lindamente desejando boas férias aos seus companheiros. Não sabe de onde venho o impulso, mas no ultimo momento resolveu mandar os cartões também aos marotos. Foi um gesto sem pensar, completamente despretensioso, mas ela nunca poderia imaginar o quanto aquele cartão tão simples mudaria o rumo de um maroto.

                                                              ****

     A casa dos Black ficava um pouco afastada do centro de Londres. A tradicional família era o único traço de sangue mágico no Largo Grimmauld. O numero 12, que era onde a família mantinha residência era quase impossível de ser visto. Entrar naquela casa era uma missão quase tão impossível quanto invadir o Gringotes. Vários feitiços das trevas guardavam o lugar e o mantinham invisível aos Trouxas, que eram absolutamente repudiados pelos sangues-puros.

     A mansão que em outros tempos havia sido habitada por vários membros da família, contava agora com apenas quatro moradores. O casal Walburga e Orion e seus dois filhos, Sirius e Régulo. Também morava lá o elfo doméstico Monstro, porem não era muito considerado. Trabalhava o dia todo polindo a refinada prataria, cozinhando deliciosos banquetes, limpando os suntuosos carpetes e cortinas verdes que dominavam a decoração do lugar.

    Por mais que fosse grande e aconchegante e casa tinha um ar sombrio e obscuro que acabava sendo ainda mais ressaltado pelos frequentadores habituais do lugar. As pessoas que entravam e saiam constantemente de lá eram em sua maioria intitulados Comensais da Morte. Seguidores fiéis de Voldemort, eles visitavam com frequência a casa dos Black que eram uma família altamente prestigiada entre os puros. Na sala de estar decorada com as cores da Sonserina eles discutiam seus planos para aniquilamento de nascidos trouxas e contavam seus últimos ataques a vilarejos, onde eles matavam e torturavam os trouxas que nem sequer sabiam da existência de magia e que morriam sem saber porque estavam sendo punidos.

    Porem não havia orgulho maior para Walburga e Orion do que aquelas poucas vezes em que Voldemort pessoalmente havia ido desfrutar da hospitalidade dos Black. Nessas ocasiões Monstro trabalhava dobrado e fazia um banquete digno de Hogwarts. O casal por mais que não participasse diretamente das fileiras dos Comensais tinha orgulho imenso do sangue e concordavam plenamente com a ideia de que qualquer nascido trouxa devia ser morto. Outro grande orgulho do casal era o filho Régulo que desde pequeno pendia para as trevas e mostrava interesse em se juntar à causa.

   Nessas suntuosas reuniões, Sirius Black, nosso querido maroto era orientado a ficar em seu quarto para que não incomodasse os convidados. Ter sido selecionado para a Grifinória havia sido a pior ofensa que Sirius poderia ter cometido contra os pais e contra qualquer membro da família. A ovelha negra, era como o chamavam. Vergonha da família, traidor do próprio sangue. Walburga o mantinha ainda sob o seu teto porque argumentava que não tinha sido Sirius e sim aquele chapéu estúpido que havia feito tal desgraça. A desagradável mulher tinha esperança de que o filho pudesse riscar esse passado vergonhoso da sua vida assim que terminasse a escola e saísse do meio da influencia dos nojentos Grifinórios amantes de Trouxas.

    Sirius odiava o lugar. Odiava as pessoas que eram sua família. Odiava Monstro e cada grão de poeira que pertencesse aquela maldita casa.

   Estava novamente trancado em seu quarto por ser uma daquelas noites em que vários comensais haviam aparecido. Mesmo quando podia sair ele permanecia trancado lá por pura opção.

    Seu quarto era o único lugar que ele não odiava totalmente. Havia, num gesto completamente louco, decorado o lugar todo em vermelho e ouro, as cores de sua Grifinória. Nas paredes haviam fotos de motos e garotas trouxas que usavam apenas biquíni. Sua mãe quase tinha enfartado quando viu a decoração, mas por mais que ela tentasse remover tudo aquilo nem o mais poderoso feitiço conseguia. Havia colocado recentemente uma foto onde Pontas, Aluado, Rabicho e ele sorriam em frente ao lago negro. No outro canto havia também um calendário onde ele ia riscando os dias que faltavam para voltar para casa.

    Sirius havia ficado o dia todo sem sair do quarto. A decoração verde do resto da casa o repelia e lhe dava nojo. Era como se sentisse constantemente o cheiro de serpentes.

    Ele podia ouvir o alvoroço e os risos no andar de baixo onde os assassinos comiam, provavelmente contando quantos haviam matado em seu ultimo ataque. O sangue lhe fervia ao pensar em pessoas inocentes sendo torturadas até a morte.

    Pegou seu livro preferido de animagia e tentou se distrair dos risos lá embaixo. Cada vez mais ele se aprofundava nesse assunto e se tornava um animago mais e mais experiente e habilidoso. Se transformar em cão era quase tão natural como caminhar agora. Algo automático que seu cérebro havia decorado de bom grado, quase não exigia mais esforço.

   Foi tirado da sua concentração em ler pelo barulho de algo arranhando a janela. Olhou em direção ao ruído e se deparou com uma belíssima coruja cor de caramelo claro. Abriu a janela para que a ave pudesse entrar e essa pousou em sua cama. Havia vários envelopes amarrados a perna dela. Localizou um endereçado a Sirius Black e desamarrou-o. A coruja saiu voando, mas não antes de Sirius ver vários nomes conhecidos nos envelopes. Dorcas Meadowes, Pedro Pettigrew, Emelina Vance e até mesmo uma para James Potter. Curioso abriu o envelope e se deparou com um elaborado cartão vermelho e dourado com um leão na frente.

    Ao abrir foi atingido por uma bola de confetes na cara enquanto ouvia um rugido vitorioso de um leão. Um sorriso involuntário surgiu em seu rosto e ele ainda pensou que era um cartão digno dos marotos antes de tirar os confetes dos olhos e ler.

    BOAS FÉRIAS! Que seu verão seja ótimo e que você possa esvaziar completamente seu cérebro antes de termos que retornar a Hogwarts. Descanse bastante das travessuras dos marotos e do Pirraça e não deixe de fazer as tarefas e não se esqueça que estou sentindo muita  falta de você.

   Carinhosamente,

   Lílian Evans.

   Sirius leu e releu a carta mil vezes. Era impossível de acreditar que Lily realmente havia lhe mandado isso. Mal eram amigos, por que ela se preocuparia em lhe mandar um cartão? Checou para ver se a carta estava realmente endereçada a ele e então se lembrou que eram várias os envelopes que a coruja tinha que entregar. Quando se lembrou que também tinha um endereçado a James não pode evitar a gargalhada que lhe venho. Queria estar perto para ver a cara com que ele ficaria ao receber isso.

    Deitou-se na cama se sentindo feliz pela primeira vez desde que havia deixado Hogwarts e olhou para o calendário. Não tinha se passado nem uma semana. Um desespero enorme o atingiu coisa que acontecia com frequência quando começava a pensar que ficaria ali por quase dois meses.

    As risadas escandalosas no andar de baixo interromperam seu pensamento. Um ódio como nunca tinha conhecido antes o invadiu. Olhou para o cartão que havia recebido. Lílian Evans era uma nascida trouxa, mas isso nunca a impediu de ser uma bruxa brilhante e eram pessoas como ela que eles estavam planejando matar na reunião que se realizava na cozinha da sua casa. Como podia permitir isso? Como podia dormir sob o mesmo teto que assassinos?

    Num impulso que não se sabe de onde venho Sirius se levantou na cama, foi até seu armário, pegou o malão que usava em Hogwarts e começou a jogar de qualquer jeito todas as suas coisas dentro dele. Em menos de cinco minutos estava com a mala pronta e com um único destino em mente. Iria, é claro, para a casa dos Potter, onde sempre havia sido bem recebido e amado como um filho.

    Seria fácil sair pela lareira usando o flu, uma vez que todos estavam na cozinha, mas não poderia levar sua coruja com ele, teria que manda-la voando.

   Sirius se dirigiu até a janela com a intenção de mandar Snow, sua coruja branca até os Potter, mas no ultimo instante uma idéia lhe deteve. A frase que há tantos anos havia ouvido do Chapéu Seletor lhe voltou a memória. “Não tenha medo de mostrar seu verdadeiro eu, não tenha medo de sorrir e demonstrar seu sentimento. Mostre ao mundo que você é diferente Sirius, mostre que um Black pode amar”.

    Durante os anos Sirius tinha tentado com todo seu empenho fazer aquilo que o Chapéu havia mandado. Demonstrava seus sentimentos e agora naquele momento sentia uma grande necessidade de escrever uma carta.

   Por mais que nunca tivessem sido próximos ele correu até a escrivaninha, pegou pergaminho, tinta e escreveu uma resposta para Lily. Não muito grande, mas conseguiu dizer tudo que gostaria, embora não tivesse como explicar que aquele cartãozinho estava mudando sua vida.

   Sirius despachou Snow e silenciosamente foi até a sala de estar onde jogou um punhado de flu na lareira que ardia com uma pequena chama. Entrou no fogo esverdeado e claramente gritou “residência dos Potter”. Talvez o bando de comensais no andar de baixo tivesse escutado, mas ele não se importou. Era provável que desse um belo susto na família ao chegar de surpresa, mas estava com pressa e não teria tempo de mandar uma coruja avisando de sua chegada, afinal, queria estar presente no momento que James recebesse o cartão. Com certeza seria uma cena que renderia algumas risadas.

    Ele rodou por alguns instantes até que teve um vislumbre da sala de estar dos Potter. Jogou-se e caiu meio que de cara no tapete que Dorea amava. Pode ouvir a conversa cessar completamente na sala de jantar e imaginou que Charlus e Dorea estariam empunhando as varinhas para virem receber um possível comensal da morte. Rindo ele se levantou e espanou um pouco as cinzas de suas roupas antes de anunciar com a voz alta e clara.

    - To em casa família!

                                                             ****

    Corujas chegaram sem parar na casa dos Evans durante as primeiras semanas de férias.

   Eram, em sua maioria, respostas dos colegas que agradeciam pelo cartão.

   Algumas cartas era divertidas, como a de Emelina que reclamava pelo cartão ter a forma de um leão e não de um texugo, outras eram agradecimentos simples, como a de Remo e Pedro, tinha ainda aquelas sentimentais, como a de Marlene que contava estar arrumando as malas para a viajem. Algumas furiosas como a de Alice que ameaçava degolar Lílian por causa dos confetes na cara, mas as que mais surpreenderam Lily foram sem sombra de duvidas as de Black e Potter.

   Primeiramente ele ficou surpresa por eles se quer terem respondido. Ai estava algo que ela não esperava. Depois ficou intrigada, porque parecia que mesmos distantes os dois compartilhavam a mesma mente.

   As cartas eram tão similares que Lily poderia dizer que haviam sido escritas pela mesma pessoa. Bastava ler as primeiras linhas para dizer que Sirius Black e James Potter compartilhavam o mesmo cérebro.

   A de Sirius foi a que chegou primeiro:

   Sempre soube que você sentia minha falta secretamente Lily, afinal, não tem como ficar longe de mim não é? Eu sou mais que demais.

   Espero que as suas férias também sejam boas e que você descanse bastante seus nervos, porque aposto que James vai te importunar bastante no próximo ano letivo (seus tapas devem ter algum poder, porque ele ta gamado).

   Minhas férias devem ser ótimas a partir de agora, porque estou indo para a casa de James e pretendo nunca mais sair de lá.

   Seu cartão mudou minha vida. (risada maléfica).

   Atenciosamente,

   O lindo,

   Maravilhoso,

   E único,

   Sirius Black.

   Quando terminou de ler essa carta Lily pensou que era uma sorte mesmo Sirius ser único. Como seria a vida dela se ele fosse dois? Pior, como seria a vida de Marlene? Com certeza um caos.

   Sobre a parte de “seu cartão mudou minha vida” Lily havia pensado que era apenas uma brincadeira, assim como ele dizer que não pretendia sair da casa dos Potter, mas foi então que a carta de James chegou.

    Que noite interessantíssima está sendo a minha.

   (Antes de começar eu queria dar ênfase ao fato de que sempre soube que você sentia minha falta. Admita Lily, você me ama).

   Então primeiro Sirius Black aparece na minha lareira, chamando minha mãe de mãe e dizendo que venho morar com a gente, depois eu recebo um cartão de ninguém mais ninguém menos que Lílian Evans. Devo ser a pessoa mais sortuda do mundo.

   É claro que minhas férias vão ser ótimas! Remo esta vindo pra cá e Pedro também. Não é demais?

   Espero que você também tenha um bom verão e que realmente descanse dos marotos, porque quando as aulas voltarem não vai ser fácil se livrar de mim. Já estou com saudades dos seus tapas meu Lírio, quem sabe eu não resolva te visitar? Seria com certeza uma boa idéia, tenho que lembrar de pedir isso pro meu pai depois, aposto que ele me levaria, afinal ele adorou conhecer você aquela vez que você e as meninas vieram aqui em casa. Aposto que ele não se incomodaria em recebê-la aqui de novo. O que me diz Lily? Quer passar as férias comigo? Você mesma disse que está sentindo minha falta.

     Saudosamente,

    James Potter, seu amor.

    Essa resposta fez com que Lílian se arrependesse de ter sequer pensado em tentar ser gentil com o arrogante Potter. Onde já se viu! Convidar ela para ir à casa dele e insinuar que talvez viesse visita-la! Lílian realmente se achou muito idiota, afinal, na ultima vez em que haviam se visto ele tinha beijado-a a força. Com certeza ele não teria adquirido um pouco de educação em míseros sete dias.

      Nos dias seguintes Lílian começou a se sentir em casa de verdade. Enquanto estava com os pais em sua casa simples onde nada que devia ficar parado se mexia ela quase se sentia uma garota absolutamente normal. No fim das contas, ela adorava os meses de férias, afinal eram incontáveis as coisas das quais ela sentia falta.

   Além da televisão ela tinha uma saudade imensa das flores. Em Hogwarts era quase impossível encontrar plantas normais e todas as que estavam nas estufas eram absolutamente perigosas e não existiam por aquelas bandas as flores que Lily amava tanto. Em sua casa bastava sair para o jardim que você se depararia com o imenso canteiro de rosas, petúnias, tulipas e lírios. Seu pai era quem cultivava a maioria uma vez que assim como a filha tinha verdadeiro fascínio por essas plantas tão especiais, inclusive havia sido esse hob curioso que havia dado a idéia do nome das filhas. Petúnia, que era a flor favorita de Roberta e Lílian que vinha de lírio, a flor que August mais admirava.

    Lily também adorava sair pelas ruas e poder admirar uma cidade e não somente as montanhas verdes e o lago que eram sua vista habitual em Hogwarts. Ela também se deliciava com os doces e comidas típicas dos trouxas e amava a idéia de sair por ai com as roupas que quisesse e não somente com o uniforme negro da escola. Por fim, as férias acabavam não sendo nada ruins.

    A única coisa que ele lamentava era ter que conviver com Petúnia que fazia todo o possível para atormentar Lílian da pior maneira possível.

    A idade não havia melhorado Petúnia como tinha feito com Lílian. Com seus dezessete, quase dezoito anos, ela ainda tinha um corpo magro, um pescoço cumprido e um rosto cavalar emoldurado por cascatas de cabelos negros levemente cacheados que eram a única coisa realmente admirável na jovem. Não se podia dizer que era uma pessoa simpática, uma vez que andava carrancuda pelo bairro espiando a vida dos vizinhos acompanhada do namorado que era tão desprezível quanto ela. “Se merecem” era o que Lílian pensava quando via os dois andando de mãos dadas pela rua, “uma égua e um leão marinho”.

    Petúnia quase não falava na presença da irmã e evitava a todo custo ficar próxima a ela, porém sempre tinham que sentar juntas a mesa durante as refeições. Nessas ocasiões Petúnia abria a boca apenas para permitir a passagem do garfo, então foi uma grande surpresa quando duas semanas depois de começadas as férias a irmã mais velha abordou um assunto que pegou Lily completamente de surpresa.

    - Valter virá para o jantar amanhã. – Anunciou secamente sem nem levantar direito os olhos do prato.

    - Tem certeza que não querem esperar os pais dele voltarem de viagem para oficializar o noivado? – Perguntou Roberta docemente.

     Lily se afogou com o suco que estava bebendo. Uma coisa era imaginar a grosseira da sua irmã com um namorado, outra completamente mais abominável era pensar em Petúnia noiva.

    - Como assim noivado? – Lily perguntou se recompondo.

    - Quando duas pessoas resolvem se casar o aberração. – Respondeu secamente a irmã. – Ou você é tão anormal que não sabe nem o que é isso?

   - Claro que sei o que um noivado, eu apenas nunca pensei que alguém tão desagradável fosse se casar algum dia. – Provocou Lílian.

   A fúria de Petúnia a deixou lívida. Ao invés de ficar corada como acontecia com Lílian quando estava brava, Petúnia perdia completamente a pouca cor que tinha.

   - Quem nunca conseguirá se casar é você sua aberração nojenta! – Gritou Petúnia se levantando. – Afinal quem se interessaria por uma anormal como você?

    Lílian também se levantou ofendida.

   - Pois saiba que tem vários garotos na escola que rastejam atrás de mim. – Contou Lílian sem se importar com parecer arrogante. – Enquanto você, tudo que conseguiu foi um filhote de morsa.

    Petúnia ia retrucar, mas August se fez ouvir.

   - Já chega! Essa não foi a educação que eu lhes dei. – Ele se levantou e colocou-se entre as jovens. – Onde já se viu, duas irmãs se ofendendo como loucas em pleno jantar. Subam já para seus quartos.

    Lílian começou a se virar, mas naquele exato momento uma coruja negra como a noite invadiu a sala pela janela que estava aberta. Ela trazia um pequeno pacote amarrado na perna que Lílian correu para pegar. Assim que se viu livre do fardo a ave abriu suas enormes asas e saiu voando, mas antes que ela desaparecesse Lily poderia jurar que a havia reconhecido como a coruja de algum de seus colegas.

    - Quem mandou? – Perguntou Roberta se aproximando da filha.

    - Não sei, não tem remetente aqui.

    Lily puxou o cartão que havia vindo junto com o embrulho e leu.

    Estou morrendo de saudades já. Sai com os meninos esses dias e não pude não pensar em você quando vi isso. Para mim você é a pessoa mais corajosa e forte que a Grifinória já teve e honra de abrigar. Espero que goste e use.

   James Potter.

   Roberta leu o bilhete por sobre o ombro da filha. Não era um gesto muito educado, mas ela era uma mulher curiosa. Quando terminou de ler um sorriso estava em seu rosto, a discussão das filhas momentaneamente esquecida.

   - Pensei que você havia dito que James Potter era apenas um colega.

   - E ele é. – Respondeu Lílian.

   - Então deve ser um desses que estão rastejando por você mocinha. Abra logo esse embrulho.

    Lily fez o que a mãe havia pedido e não pode evitar a exclamação de surpresa e admiração que lhe escapou quando viu o colar.

    Era uma simples corrente de ouro, mas que acabava sendo completamente encantadora aos olhos de Lílian devido ao pingente em forma de leão. Atrás estava gravado a frase “Na Grifinória se encontrarão aqueles mais bravos de coração”. Era sem duvidas um dos presentes mais lindos que ela já havia ganhado, mesmo sendo James quem o mandará.

    - É muito bonito filha. – Disse August.

    Petúnia saiu pisando firme e todos puderam ouvir a porta do quarto dela se fechando com violência.

   - Acho que será impossível ter paz aqui. – Reclamou Roberta olhando para o teto.

   - Pois eu concordo. – Falou Lílian firmemente. – Enquanto Petúnia continuar com as provocações eu não faço questão nenhuma de trata-la bem, por isso acho melhor ignora-la.

    Os pais de Lily ficaram em silêncio por um tempo, mas por fim os ombros de August caíram e ele suspirou cansado.

    - Se esse for o único jeito de manter e paz é melhor que vocês tentem se ignorar mesmo.

    Lily assentiu com a cabeça e abraçou a ambos os pais.

   - Melhor eu ir me deitar. – Ela disse e então subiu as escadas rapidamente. Ao entrar no quarto reparou que ainda tinha em mãos o presente que havia recebido a pouco. Era absolutamente lindo. Um gesto assim não devia ser completamente ignorado, mesmo que fosse aquele arrogante que havia mandado Lily precisava ao menos agradecer.

    Foi até a escrivaninha e rabiscou um bilhete curto dizendo apenas “É lindo. Muito obrigada” e entregou a Solaris que partiu feliz na noite levando o agradecimento de Lily para James.

    A ruiva vestiu o pijama e se deitou na cama caindo no sono quase imediatamente. Precisava descansar, afinal amanhã teria que aguentar um jantar de noivado na companhia do Leão Marinho.

    Com toda certeza seria um péssimo dia.

-------------------------------------------------------------------------------

Devo admitir que amei escrever a parte da casa dos Black. Foi um daqueles momentos em que você não precisa nem fazer esforço para pensar no que escrever, as frases simplesmente vem.

Tenho uma noticia meio ruim aqui. Meus capitulos que estavam escritos acabaram, então pode ser que demore um pouquinho pra postar o próximo, mas nada muito exagerado, uma vez que essa semana estão acontecendo os jogos municipais da minha cidade que é = sem aula = sem tarefa = mais tempo pra escrever.

Por ultimo eu queria pedir pra quem puder que me acompanhe no twitter (@okayKets). Seria ótimo receber algumas opiniões e ideias pra fic e la eu posso dizer quando os caps serão postados e a gente conversa *--*

Por hoje é só, espero que tenham gostado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!