Beijos Roubados E Sorrisos Marotos. escrita por Ketlen Evans


Capítulo 16
Sentimentos ocultos.




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Não acho que esse capitulo seja muito bom, mas ele é autamente necessário. A maioria das cenas são trechos das lembranças de Snape, que provavelmente todo mundo conhece. Também vou falar que se passaram alguns meses desde o ultimo cap.

Queria agradecer a makenna que fez uma recomendação linda e que me deixou mais do que feliz com vários reviews. Você é uma fofa e esse capítulo e altamente dedicado a você.

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- Almofadinhas você é um idiota mesmo! – James gritava com o amigo. Já era maio, os nom’s se aproximavam junto com o fim do quinto ano em Hogwarts. Estavam no dormitório masculino, era lua cheia e nesse momento Remo estava sozinho na casa dos gritos, tudo porque Sirius havia dado uma de idiota.

    - Se acalma Pontas. – Six parecia despreocupado, jogado em sua cama olhava para o teto.

   - Como posso me acalmar Sirius? Você quase fez o Remo matar uma pessoa! Tem noção do quanto ele se sentiria horrível com isso? – James estava visivelmente transtornado. – Sem contar em todos os problemas que a escola teria. Seria impossível esconder que Aluado é um lobisomem, pediriam a expulsão dele e o Seboso do Snape estaria morto a uma hora dessas.

   Sirius fez uma careta como se só agora se desse conta dos problemas que teriam se Snape realmente tivesse chegado até a casa dos gritos.

   - Não tinha pensado nisso. – Admitiu sem encarar James.

   - O que exatamente você fez? – James perguntou sentando-se na cama do amigo. Pedro estava de pé em um canto e ainda pareciam bastante nervoso.

   - Eu sabia que já fazia um tempo o Seboso andava nos seguindo. – Começou parecendo furioso. – Então mandei um bilhete. Disse que se ele fosse até o Salgueiro Lutador e apertasse o nó das raízes a árvore ficaria imóvel e ele poderia seguir por um túnel. No fim ele descobriria o que os marotos faziam sempre que escapavam da escola.

   Pontas permaneceu em silêncio encarando o amigo. Queria dar um soco nele, mas sabia que não era capaz disso. Sirius era seu amigo e mesmo agindo errado continuaria sendo.

    - Você sabe que é um idiota não é? – James perguntou enquanto ia para o banheiro.

   - É claro que sei. – Respondeu Six. – Hey, Pontas, por que mesmo que você resolveu dar uma de herói?

   James sorriu.

  - Não queria que o Aluado comesse o Seboso. O gosto dele deve ser horrível e depois quem a gente iria atormentar?

   - Por pouco que o Aluado não atacou você, isso sim. – Disse Pedro que só agora parecia ter recuperado a fala.

    Sirius ficou em silêncio olhando para o amigo como se refletisse algo.

    - Você se arriscou muito Pontas.

   - Eu sei Almofadinhas, mas sou um Grifinório não sou? Faz parte correr riscos.

   - E você arriscaria sua vida para salvar alguém como Snape. – Não era uma pergunta, eles sabiam que James faria, ou melhor ele já tinha feito. – Por quê?

   - Somos marotos Six, não Comensais da Morte. Snape me deixaria lá para morrer, sei disso, mas eu não sou como ele.

                                                        ****

   Não demorou a noticia de que James Potter havia salvado Severo Snape de alguma coisa no túnel que ficava em baixo do Salgueiro Lutador se espalhou por todos os alunos da Grifinória. Misteriosamente somente os vermelhos comentavam sobre isso enquanto o resto da escola permanecia sem saber. Dois dias antes de começarem as provas dos nom’s Lílian ainda não havia conversado com Severo sobre isso. Não tinha encontrado oportunidade nem coragem para confrontá-lo sobre o assunto, mas acabou surgindo um assunto mais importante para conversar com Snape.

    Severo era amigo de quase todos os Sonserinos de Hogwarts, inclusive daqueles que Lílian odiava. Lily nunca havia expressado seu descontentamento devido as companhias do amigo, porém estavam acontecendo coisas que não podiam passar despercebidas. Mary Macdonald, uma sextanista da Grifinória havia sido covardemente atacada por um grupo de Sonserinos com um repugnante feitiço das trevas. Por pura sorte e também pelo fato de McGonagall ter chegado bem na hora Mary não havia morrido. O que deixava Lílian definitivamente furiosa era que os autores de tal ato haviam recebido como punição miseras duas semanas de detenção com Hagrid na Floresta Proibida.

    Então não havia como evitar precisava falar com Severo e era o que ela fazia nesse momento, porém a conversa não parecia ir nada bem.

    - ... pensei que fôssemos amigos? - Snape dizia, - Melhores amigos?

    Era ridículo, mas Severo achava que só por que Lílian estava questionando suas amizades ela havia deixado de ser amiga dele. Como ele poderia pensar isso?

    - Nós somos, Sev, - era verdade, Snape era um dos melhores amigos que ela tinha e com certeza o mais antigo. - mas não gosto de algumas pessoas com quem você anda saindo! Desculpe-me, mas eu detesto Avery e Mulciber! Mulciber! O que você vê nele, Sev, ele é asqueroso! Você sabe o que ele tentou fazer com Mary Macdonald outro dia?

   Lílian tinha certeza que ele sabia, toda a escola estava comentando isso, mas ainda assim queria acreditar que o amigo não aprovava essa atitude.

   - Não foi nada demais, - disse Snape. - Foi uma brincadeira, só isso...

   Como ele podia dizer isso? Como podia achar que colocar a vida de alguém em perigo era uma simples brincadeira?

   - Foi Magia Negra, e se você acha isso engraçado...

   - E as coisas que o Potter e seus amigos fazem? – Snape interrompeu Lílian usando o nome da pessoa que Lílian menos queria falar no momento.

   - O que o Potter tem a ver com isso? - disse Lílian.

   - Eles xeretam durante a noite. Tem alguma coisa estranha com aquele Lupin. Aonde ele sempre vai?

  Lílian não gostava do Potter, mas Remo sempre foi uma pessoa adorável, mesmo sendo meio estranho às vezes.

   - Ele está doente, - disse Lílian. Toda Grifinória sabia que Remo tinha problemas de saúde. - Eles dizem que ele está doente...

   - Todo mês na lua cheia? - disse Snape.

   E lá vinha Severo de novo com a idéia de que Remo era um lobisomem. Lílian achava isso ridículo, essa cisma constante que Snape tinha com os marotos, sempre tentando inventar problemas para eles.

   - Eu sei sua teoria, - disse Lílian, e soou fria. - Por que você está tão obcecado com isso? Por que se preocupa com o que eles fazem durante a noite?

    - Só estou tentando te mostrar que eles não são tão maravilhosos como todos pensam que são.

   Era impressão ou esse “todos” de Snape de referia unicamente a Lílian? Hipócrita com toda certeza, ir dizer para Lílian Evans, a pessoa que mais odiava James Potter no mundo que eles não são maravilhosos. Como se ela não soubesse disso, mas Lily devia admitir que eles tinham alguns pontos a favor nessa discussão.

   - Pelo menos eles não usam Magia Negra. - Ela baixou a voz. - E você está sendo mal-agradecido. Eu ouvi o que aconteceu na outra noite. Você foi xeretar aquele túnel sob o Salgueiro Lutador, e James Potter salvou você do que tinha lá embaixo...

    Lílian viu que tinha falado algo que não devia. Snape parecia furioso e praticamente explodiu.

   - Salvou? Salvou?! Você acha que ele estava bancando o herói? Ele estava salvando o próprio pescoço e de seus amigos também! Você não vai – Eu não vou permitir que você...

   Agora quem tinha dito algo que não devia era Snape. Se tinha uma coisa que Lílian odiava era pessoas lhe dizendo o que fazer.

   - Me permitir? Me permitir?

  Lílian sabia que devia estar parecendo um gato prestes a atacar sua presa, mas não se importou, estava furiosa.

   - Eu não quis dizer – Só não quero ver você fazer papel de boba para – Ele gosta de você, James Potter gosta de você! - As palavras pareciam escapar contra a sua vontade. – E ele não é... todo mundo acha... grande herói do Quadribol...

   As palavras escapavam rapidamente da boca de Snape, impedindo-o de formar frases coerentes, mas Lílian captou o que ele queria dizer.

   - Eu sei que James Potter é um idiota arrogante, - ela disse, cortando Snape. - Eu não preciso que você me diga isso. Mas a idéia de humor de Mulciber e Avery é completamente má. Má, Sev. Eu não entendo como você pode ser amigo deles.

   Snape instantaneamente pareceu mais maleável depois disso. Concordou com Lílian quando ela disse que o que eles faziam era errado e prometeu que não se envolveria com esse tipo de turmas. Pobre Snape, devia saber que não se deve prometer aquilo que não se pode cumprir.

                                                           ****

   Cansada. Exausta. Mentalmente enfraquecida. Era assim que Lílian se sentia depois de passar mais de uma semana prestando os exames dos nom’s. As provas eram complexas e extensas, faziam a cabeça girar. Lily gastava cada segundo que tinha estudando para as provas, mal se alimentava, não conseguia dormir direito, andava pelos corredores do castelo parecendo um zumbi. Pálida, cheia de olheiras. Foi um imenso alivio quando as últimas provas chegaram. Defesa contra as artes das trevas era a matéria do dia e depois dessa só teriam transfiguração que era o único grande problema de Lily. Pela manhã realizaram uma prova prática onde Lílian se saiu bastante bem, realizando cada um dos feitiços e azarações exigidos com perfeição. O almoço foi tranquilo e depois disso venho a prova teórica que para Lílian estava muito mais difícil, pois abrangia além de feitiços, diversos meios de lutar contra criaturas das trevas.

   Os marotos não podiam estar mais diferentes de Lílian. Preocupação com exames? Isso não existia para eles. Defesa contra as Artes das Trevas era moleza e transfiguração mais fácil ainda, afinal eles eram alunos que antes mesmo de se formar já dominavam animagia, um ramo no qual até bruxos muito experientes tinham dificuldades.

  Após terminarem o exame de DCAT os quatro saíram para os jardins e sentaram-se na sombra de uma faia a beira do lago negro. O sol claro ofuscava a visão dos alunos ao bater na superfície imperturbável do lago, à margem do qual Lílian, Marlene, Dorcas, Alice e mais algumas quintanistas da Lufa-Lufa haviam sentado, sem sapatos nem meias refrescando os pés na água.

   Lupin revisava a matéria de transfiguração, James brincava com um pomo de ouro, Pedro observava James com cara de idiota e Sirius parecia mortalmente entediado.

  James deixou o pomo voar um pouco mais longe fazendo uma belíssima captura que arrancou vivas de Pedro.

  - Quer guardar isso? – Pediu Sirius. – Antes que Rabicho molhe as calças de excitação?

  - Se estou incomodando. – James guardou o pomo no bolso.

  - Estou entediado. – Resmungou Sirius. – Gostaria que já fosse lua cheia.

  - Você gostaria. – Retrucou Lupin. – Ainda temos transfiguração, se está entediado poderia me testar. Pegue aqui. – Remo estendeu o livro, mas Sirius apenas riu.

  - Não preciso olhar para essas bobagens, já sei tudo.

  - Isso vai animar você um pouco Almofadinhas. – James comentou com a voz baixa olhando para o lado oposto aos amigos. – Olhe quem é que...

  James não precisou terminar a frase. Sirius olhou para onde Pontas apontava e viu Snape levantando-se da grama e guardando alguns pergaminhos na mochila.

  - Excelente. – Murmurou Sirius. – Seboso.

  James e Sirius levantaram-se juntos e começaram a caminhar na direção de Severo. Ali estava a oportunidade perfeita para se vingar dele em frente a escola toda. Snape iria aprender a não xeretar novamente.

                                                          ****

   Na beira do lago Lílian conversava com Marlene. Ela queria estar no castelo estudando para o ultimo exame que seria amanhã e que para ela era o mais difícil, mas Marlene havia insistido para que ela permanecesse com as amigas no jardim e como o dia estava lindo Lily acabou cedendo.

   - Não entendo por que você não aceitou namorar com o Amos Lily. – Disse Marlene. – Vocês dois se dão tão bem.

   - Eu sei Lene, mas esse ano tem sido tão puxado que eu não teria tempo para um namorado.

   - Até que você tem razão.

   Por um momento elas ficaram apenas observando Dorcas, Alice e Emelina Vance, uma Lufana simpática, atirarem pedras no lago, quando um pequeno tumulto no jardim chamou a atenção das garotas.

   Um grande número de estudantes estavam reunidos em volta de algumas pessoas. De longe Lílian conseguiu reconhecer Potter e Black no meio do tumulto, Marlene pelo visto também.

   - James e Sirius aprontando de novo. – Disse descontraída a morena ainda olhando o lago.

   - Idiotas. – Murmurou Lílian erguendo-se um pouco para tentar ver quem eles estavam perturbando dessa vez. Uma raiva descomunal a atingiu quando viu Severo no meio do circulo, incapaz de se defender. Calçou os sapatos sem meias mesmo e correu para lá.

   Snape nesse momento estava com bolhas de sabão saindo da boca e parecia prestes a sufocar.

   - Deixem ele em paz! – Lílian gritou logo que estava próxima o suficiente. James e Sirius se viraram e ela notou a mão do Potter voando imediatamente para bagunçar os cabelos. Era uma mania ridícula.

   - Tudo bem, Evans? – James perguntou displicentemente fazendo com que Lily ficasse com mais raiva ainda.

   - Deixem ele em paz! – Repetiu. – Que foi que ele lhe fez?

   - Bom, - Potter parecia pensar na pergunta – é mais pelo fato de ele existir, se você me entende.

   As pessoas ao redor riram.

   - Você se acha engraçado – disse a garota com a voz emanando frieza e desprezo – mas você não passa de um cafajeste, tirano e arrogante, Potter. Deixe ele em paz.

   - Deixo se você quiser sair comigo Evans. Anda... sai comigo e eu nunca mais encostarei uma varinha no Seboso.

   James nunca havia desistido de convencer Lily a sair com ele. Toda a escola já sabia que o Potter levava um fora atrás do outro, mas ele parecia determinado. Tão determinado que não percebeu Snape começar a ir em direção a sua varinha.

   - Eu não sairia com você nem que tivesse que escolher entre você e a lula-gigante. – Retrucou Lílian.

   - Mau jeito, Pontas. – Sirius estava rindo do amigo e acabou se virando para Snape, viu que este já estava quase alcançando a varinha. – OI!

   Sirius tentou impedir, mas já era tarde demais, Snape lançou um feitiço em James, houve um lampejo e um grande corte apareceu no rosto do maroto salpicando suas vestes de sangue. James se virou para Snape e com um giro da varinha fez com que o Sonserino ficasse pendurado no ar de cabeça para baixo. Não era uma visão muito agradável. Muitos começaram a aplaudir e James, Sirius e Pedro riam de se acabar.

   Lílian parecia quase prestes a sorrir.

   - Ponha ele no chão. – Pediu tentando parecer zangada.

   - Perfeitamente. – Mais um movimento de varinha e Snape estava novamente no chão. Quando ele começou a se levantar foi a vez de Sirius tomar a frente.

    - Petrificus Totalus. – Ordenou Almofadinhas e Snape estava de novo caído, dessa vez duro como uma pedra.

   - DEIXE ELE EM PAZ!  - Berrou Lílian e puxou sua varinha apontando para os dois garotos que a olharam apreensivos.

   - Ah, Evans, não me obrigue a azarar você. – Pediu James parecendo sério pela primeira vez.

   - Então desfaça o feitiço nele.

   James suspirou e murmurou um contra feitiço.

   - Pronto. Você tem sorte de que a Evans esteja aqui, Seboso.

   - Não preciso da ajuda de uma Sangue-Ruim imunda como ela!

   Lílian sentiu seu sangue gelar. Snape estava chamando-a da pior ofensa possível. Já haviam chamado-a assim muitas vezes e ela estava acostumada, mas seu melhor amigo? Um ódio que ela nunca havia sentido nem mesmo pelo Potter se apoderou dela.

   - Ótimo. – Respondeu Lílian se surpreendendo ao ver que soava extremamente calma. – No futuro, não me incomodarei. E eu lavaria as cuecas se fosse você, Seboso.

   Lily colocou todo o desprezo que estava sentindo naquela ultima palavra. Estava prestes a se virar quando James falou novamente.

   - Peça desculpas a Evans. – Ordenou Potter apontando a varinha para Snape.

   “Era só o que me faltava” Lílian pensou ironicamente. “James Potter tentando me defender”.

   - Não quero que você o obrigue a se desculpar. – Lílian falou virando-se para James. – Você é tão ruim quanto ele.

   - Quê? Eu NUNCA chamaria você de... você sabe o quê!

   - Despenteando os cabelos só porque acha que é legal parecer que acabou de desmontar da vassoura, se exibindo com esse pomo idiota, andando pelos corredores e azarando qualquer um que o aborreça só porque é capaz... até surpreende que a sua vassoura consiga sair do chão com o peso dessa cabeça cheia de titica. Você me dá NAUSEAS.

   Virando as costas Lily saiu de lá correndo. Não importava o que aconteceria, se Potter afogasse Snape no lago, pouco importava, os dois eram uns malditos ignorantes e idiotas. Que se matassem.

   Marlene, Dorcas e Alice alcançaram Lílian quando essa começava a subir a escadaria de mármore do saguão de entrada. As garotas que haviam observado de longe imaginavam que Lílian estaria bastante magoada, mas não tentaram consola-la apenas a acompanharam pelos corredores até chegarem na sala comunal da Grifinória, onde Lílian correu para o dormitório e se jogou na cama fechando as cortinas sem falar com ninguém.

                                                                ****

    Lílian passou o resto da tarde lá, deitada em sua cama olhando para nada em particular. Doía admitir que seus amigos haviam estado sempre certos. Snape não era diferente dos outros Sonserinos, ele havia escolhido um caminho oposto ao de Lílian, havia escolhido seguir as artes das trevas. O Severo Snape que ela havia conhecido não existia mais.

    Não se permitia chorar. Existiriam momentos mais propícios para lágrimas, agora ela apenas necessitava ser forte e colocar na cabeça que Snape nunca havia sido um bom amigo.

    Lá pelas dez da noite a porta do dormitório se abriu. Lílian pensou que fosse alguma de suas colegas, mas a voz não era de nenhuma das três.

   - Lílian? – A garota que a chamava parecia insegura. Lily abriu a cortina e viu Mary Macdonald estava parada na porta.

   - Oi Mary. – A voz de Lily estava meio grossa por ter ficado tanto tempo sem usá-la. – Aconteceu alguma coisa?

   Mary fez uma careta de desagrado.

   - Severo Snape está parado na frente do quadro da mulher gorda e ele quer falar com você.

   - Diga para ele se jogar no fundo do lago negro.

   Mary deu um sorriso com a resposta da ruiva.

   - Suas amigas já falaram para ele ir embora, mas ele falou que se não falar com você vai dormir lá no corredor.

   Bufando Lílian jogou as cobertas para o lado e desceu para o salão comunal enrolada em um roupão. Os marotos não estavam lá, nem as suas amigas. Decidida ela saiu pelo buraco do retrato dando de cara com Snape que estava parado encostado na parede oposta.

    Ele parecia não saber o que dizer. Se desencostou da parede e caminhou para mais perto da garota. Ao olhar no rosto dela viu apenas raiva.

   - Desculpe-me. – Pediu Snape parecendo desesperado.

   - Eu não quero saber. – Retrucou Lílian sem piedade.

   - Desculpe-me!

   - Poupe seu fôlego. Eu só vim porque Mary me disse que você estava ameaçando dormir aqui.

  - Eu disse. Eu teria dormido. Eu nunca quis te chamar de Sangue-ruim, foi só que...

  - Escapou? – A voz de Lílian era fria e cortante. - Tarde demais. Eu escuto desculpas suas por anos. Nenhum de meus amigos entende porque eu ainda converso com você. Você e seus preciosos amiguinhos Comensais da Morte – veja bem, e você nem se importa em negar! Você nem se importa com o que vocês estão se tornando! Você mal pode esperar para se juntar a Você-Sabe-Quem, não é?

   Lílian esperava ainda que ele negasse. Dissesse que não era assim, mas ele nem se incomodava em se defender e de uma coisa Lílian sabia. Quando a guerra começasse, porque ela sabia que logo começaria, não seria do lado de Snape que ela estaria.

   - Não posso fingir mais. Você escolheu seu lado, e eu escolhi o meu.

   - Não, ouça, eu não tive a intenção... – Snape começou, mas Lílian o cortou.

   - De me chamar de Sangue-ruim? Mas você chama todos com o mesmo nascimento que o meu de Sangue-ruim, Severo. Por que seria diferente comigo?

   Lily viu que ele se esforçava para falar novamente, mas não ficou lá para ouvir. Deu as costas e entrou novamente no salão comunal da Grifinória e viu que não tinha mais ninguém lá. Deviam todos estar estudando para as provas de fim de semestre. Aproveitou que estava sozinha e sentou-se na mesma poltrona em que James havia estado naquela noite de dia das bruxas tantos meses atrás. Olhando para o fogo, não conseguiu impedir que as lágrimas viessem.

                                                                 ****

    James estava quase chegando à torre da Grifinória. Havia sentido fome e então pegou sua capa de invisibilidade e tinha ido até as cozinhas. Ao virar uma curva deparou-se com Snape que parecia bastante abatido. Deixou Severo continuar ileso lembrando de que já havia humilhado o garoto bastante durante a tarde.

   Passou pelo buraco atrás do retrato e já estava quase tirando a capa quando o som de alguém chorando lhe chamou a atenção. A sala comunal estava vazia e qualquer ruído era facilmente ouvido, por isso andou furtivamente até que pode enxergar a pessoa que chorava em frente a lareira. Lílian Evans.

   Por um momento James quase se sentiu culpado, mas então se lembrou de que Snape provavelmente era o motivo de ela estar tão triste. Suas lágrimas o incomodavam, ele queria se aproximar e seca-las do seu rosto. Lílian não devia chorar, devia apenas sorrir, como quando estava com as amigas, ou ficar furiosa, como quando ele a provocava.

    Mesmo com os olhos inchados e vermelhos James podia ver que ela era linda. Engraçado como quase nunca reparava nisso, era uma coisa evidente. Seus olhos tão espantosamente verdes brilhavam iluminados pela pouca luz da lareira, mas era um brilho triste. Era errado. Nesse momento ela quase parecia frágil, o que era cômico. Não existia pessoa mais forte que ela em todo o castelo.

   Mais engraçado ainda era o modo que cada lagrima que caia por seu rosto fazia James ter vontade de chorar também. Fazia com que ele desejasse que Snape jamais tivesse insultado-a daquela maneira.Sangue-Ruim. Como qualquer pessoa por mais sonserina que fosse poderia pensar que Lílian era ruim em algum aspecto? O jeito como o luz dourada iluminava seu cabelo tão vermelho fazia com que ela parecesse um anjo.

    James queria retirar aquela capa idiota, sentar ao seu lado e passar a mão por seus cabelos dizendo que tudo ficaria bem, mas sabia que ele devia ser a pessoa que ela menos queria ver no momento. Mas o que faria para ajudá-la então? Chamaria suas amigas? Seria uma boa idéia, mas as escadas do dormitório feminino eram meio temperamentais demais. Sentou-se em uma cadeira sem fazer barulho e ficou observando-a por alguns minutos até que uma idéia lhe ocorreu. Subiu para seu dormitório. Os meninos ainda estavam acordados, mas não perguntaram o que James ia fazer quando este pegou um pedaço de pergaminho, pena e tinta e saiu novamente do quarto. Cinco anos haviam ensinado aos marotos que às vezes é melhor não perguntar certas coisas a James Potter.

    James sentou-se na escada e dividiu o pergaminho que havia pegado em duas partes iguais. Em uma ele escreveu um pequeno bilhete, sem remetente e com o auxilio que um feitiço muito útil transformou o outro pedaço em um bonito pássaro. Dobrou seu bilhete, colocou no bico do pássaro de papel e então o despachou ao encontro de certa ruiva esquentada.

    Enquanto observava seu mensageiro voar para longe ele pode perceber uma coisa. Não era mais uma aposta idiota que o motivava a conquistar Lílian. Ele sentia algo por ela, se importava de verdade se ela estava feliz ou triste. Não sabia o que era isso, mas talvez, só talvez,fosse algo realmente bom.

   Sem pensar no que estava fazendo desceu um pouco as escadas até um lugar de onde pudesse observar Lílian sem que ela percebesse que ele estava lá.

                                                       ****

   Lílian já estava tomando coragem para ir para cama. Seus olhos estavam secos, como se ela tivesse gastado todas as lágrimas que tinha disponível.

   Xingou-se mentalmente ao se lembrar que tinha esquecido de estudar para os nom’s de transfiguração que seriam amanhã. Talvez pudesse revisar um pouco da matéria se acordasse cedo no dia seguinte.

   Observava o fogo da lareira aos poucos ir perdendo a força quando viu uma sombra no chão. Algo sobrevoava perto da sua cabeça. Ergueu os olhos e viu um lindo pássaro de papel voando perdido pelo salão comunal. Ele foi perdendo altura e pousou justamente na mão da garota que repousava aberta sobre o braço da poltrona. Bom, talvez não estivesse tão perdido assim.

   Ele trazia um bilhete no bico que estava justamente endereçado a ela. Curiosa abriu, se deparando com uma caligrafia que era bonita, mas ao mesmo tempo desleixada. Parecia familiar, mas ela não se lembrava onde havia visto antes.

    Você é a melhor pessoa que já conheci. Enxugue suas lágrimas e encha seu olhar de felicidade. Você é a pessoa que me guia, porque eu nunca soube o que estava procurando até que olhei para você de verdade.

  Eram palavras meio desajeitadas e não havia remetente, mas Lily não pode evitar o sorriso que apareceu em seu rosto. Ao que parecia havia alguém na torre da Grifinória que se importava com ela.

   Levantou-se da poltrona e olhou em volta na esperança de encontrar a pessoa que havia lhe mandado o bilhete, mas não havia ninguém lá. Ainda sorrindo ela subiu as escadas e foi para o seu dormitório, mas escondido nas sombras da escadaria oposta James Potter também sorria, simplesmente por ter conseguido fazer com que Lílian se sentisse melhor.

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Bom, eu não ia postar esse cao hoje, mas eu to muito animada porque a fic conseguiu 50 leitores. Pode parecer pouco, mas pra mim é algo imensuravel. Obrigada a cada um de vocês que acompanha e que me manda reviews, vocês me fazem absolutamente feliz.


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