Beijos Roubados E Sorrisos Marotos. escrita por Ketlen Evans


Capítulo 15
Doces ou travessuras?




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Oi leitores! Hoje eu estou absurdamente feliz, porque recebi minha primeira recomendação. Queria agradecer imensamente a linda da BrunaPattz. Que esse capítulo fique dedicado a ela.Eu não ia postar hoje, mas vou sair amanhã a tarde e só volto domingo e eu tava ansiosa pra postar esse cap, porque ele é o meu favorito. Espero que vocês gostem.

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O dia das bruxas sempre havia sido uma data muito comemorada em Hogwarts. Esse ano não seria diferente. Já no sábado que antecedia a data a escola inteira estava decorada com grandes abóboras assustadoras e morcegos voadores. As armaduras riam maleficamente quando alguém passava por perto, os alunos gastavam cada segundo que tinham livre tentando pregar peças e assustar os colegas. Depois do sétimo susto que Marlene deu em Lílian a ruiva estava a ponto de socar um livro na boca da amiga. Marlene sempre havia sido uma versão feminina dos marotos, porém menos destruidora.

    Falando em marotos, eles sem duvida eram os que mais se divertiam com toda a confusão. Cada pessoa que encontravam nos corredores era uma vitima em potencial, cada garota era a garota perfeita para atacar com feitiços que faziam os cabelos mudarem de cor. Até mesmo Pirraça costumava manter distância dos baderneiros. Mas também havia outro fato que estava animando os corredores da escola. O dia da visita a Hogsmeade havia chegado.

   No dormitório das garotas Dorcas revirava loucamente seu malão em busca de algo “adequado” para a ocasião.

   - Veste logo qualquer coisa e vamos! – Reclamou Alice sentada na cama. – Já estamos todas prontas, até mesmo a Marlene.

   - Mas não consigo achar nada que preste.

   Marlene levantou-se da sua cama, foi até o malão de Dorcas e começou a revirar as roupas.

   - Pronto! – Disse a morena com algumas peças na mão. – Aqui está sua roupa Dorcas.

   Lene entregou para ela uma blusa de manga longa vermelha e uma calça jeans clarinha, junto com botinhas sem salto marrom.

   - Obrigada Lene, você é a melhor. – Sorrindo de orelha e orelha Dorcas correu para o banheiro se vestir.

   - Eu sei, sou a melhor amiga do mundo.

   - E também a mais modesta, sem dúvidas. – Falou Lílian, que estava sentada ao lado de Alice jogando par ou impar enquanto Dorcas se trocava.

    - Nossa Lily, você é tão engraçada. – Retrucou Marlene sarcasticamente.

    - Que bom que você reconhece. – Respondeu a ruiva.

   Dorcas saiu do banheiro e estava linda. Seu cabelo loiro tinha delicados cachos nas pontas que quase nunca eram admirados, por sempre serem mantidos presos.

   - Tudo bem, vamos indo. – Falou a menina sorrindo e todas se dirigiram ao salão comunal, onde Dorcas ganhou a companhia de Remo e Alice de Frank. Marlene e Lílian haviam resolvido não irem acompanhadas, para poder aproveitar sem o mau humor característico de certas pessoas do sexo oposto.

    Foram juntos até o pátio da escola onde o inspetor Filch conferia uma lista dos alunos que tinham permissão para ir ao passeio, depois disso, Lene e Lily resolveram seguir sozinhas deixando para trás os casais.

    Fazia um lindo dia, com o céu claro e sem nuvens, mas havia um vento frio que anunciava a aproximação certa do inverno. Logo que chegaram ao povoado foram ao Três Vassouras para beber algo quente.

    O bar estava lotado de alunos de Hogwarts, na maioria garotos. Não era segredo para ninguém que a população masculina do castelo adorava o bar. O motivo dessa preferência era bem evidente, tinha cabelos loiros cacheados e usava saltos azul turquesa: Rosmerta.

    Os garotos praticamente batalhavam pela sua atenção. Ela era uma linda jovem de vinte e um anos que havia herdado o bar de um tio logo após terminar Hogwarts. Lílian se lembrava dela em seu primeiro ano. A lufana sempre havia sido admirada no castelo e continuava sendo ainda hoje.

    As meninas sentaram-se em uma mesa meio afastada, uma vez que todos os bancos do balcão e todas as mesas próximas estavam ocupadas pelos admiradores da Rosmerta. Logo que a dona do bar avistou as duas garotas foi até elas.

    - Lílian Evans e Marlene McKinnon sempre dando o ar da graça no meu bar. - Sorrindo ela cumprimentou as duas. – O que vão querer hoje?

   - Você pergunta como se tivéssemos muitas opções. – Resmungou Marlene. – Uísque de Fogo? Só para maiores. Quentão? Só para maiores. Hidromel? Só para maiores também. Então o que nos resta?

   - Cerveja amanteigada. – Rosmerta respondeu sorrindo.

   - Duas, por favor. – Pediu Lílian sorrindo.

   - Volto em um minuto. – Rosmerta piscou para as garotas enquanto se virava e vários garotos próximos pareceram aturdidos.

    Marlene parecia se esforçar para segurar o riso enquanto olhava para um garoto do sétimo ano da Corvinal que parecia ter sido atingido por um balaço na cabeça.

    - Esses garotos são tão idiotas. – Falou a morena sorrindo. – Até parece que algum dia teriam chance com Merta.

   - Meninos se iludem facilmente. – Disse Lílian. A ruiva parecia distraída e observava as unhas.

   - Aconteceu alguma coisa Lils? – Marlene perguntou.

  - Não. – Respondeu rapidamente. – Quer dizer, sim.

  - O que foi?

  - O Amos continua insistindo. – Lily parecia meio tímida.

  - Mas isso é ótimo! – Lene falou entusiasmada. – Isso quer dizer que ele gosta de você.

  - Não sei se é certo aceitar sair com ele.

  - Lily veja as vantagens. – Marlene estava determinada a fazer Lílian aceitar. – Ele é lindo e super inteligente. Não se mete em confusões e se você saísse com ele as fãs loucas do James iriam parar de te atacar.

   Nesse momento Rosmerta voltou com as bebidas das garotas.

   - Aqui está, duas cervejas. – Ela já ia se virando para sair quando Marlene a chamou.

   - Merta. Ajude-me a convencer Lílian de que ela está sendo boba em não aceitar sair com o Digory.

   - Por Digory você quer dizer Amos, aquele bonitão da Lufa-Lufa? – Perguntou Rosmerta animada, já se sentando com as meninas.

   - Esse mesmo. – Disse Marlene.

   - E ele quer sair com Lily? – Perguntou olhando para a ruiva que assentiu. – E você não aceitou? – Lílian assentiu novamente.

   Rosmerta fez uma cara de indignada.

   - Pensei que você fosse mais inteligente Lils, um cara como o Amos a gente não pode deixar escapar.

   - E olha que ele já está atrás dela desde o ano passado.

   - Isso significa que você vai levantar essa bunda da cadeira e vai lá pra fora procurar o garoto. – Disse Rosmerta parecendo divertidamente furiosa.

   - Bom, ele disse que estaria na Dedos de Mel as duas da tarde se eu quisesse encontra-lo. – Disse a ruiva ficando corada.

   - Agora são uma e quarenta, então daqui a pouco você vai pra lá.

   - E eu? – Perguntou Marlene. – Vou ficar aqui sozinha?

   Rosmerta olhou para a morena e sorriu de um jeito bem sapeca.

   - O que me diz de ficar aqui me ajudando a controlar esses maníacos tarados?

   - Fechado. – Respondeu Marlene bebendo sua garrafa de Cerveja.

   Rosmerta voltou a atender e nesse momento Potter, Black e Pettigrew entraram no bar. Eles foram diretamente até os bancos do balcão. Foi necessário apenas alguns olhares enviesados para fazer três terceiranistas da Corvinal deixarem alguns lugares vagos para eles que se sentaram e puseram-se a conversar com Rosmerta. O papo parecia animado e Merta ria constantemente. Os garotos que antes tentavam chamar sua atenção agora pareciam mal humorados e aos poucos foram saindo do bar deixando o lugar bem mais vazio.

   Faltava cinco minutos para as duas horas e Lílian se levantou para sair do bar. Marlene foi até o balcão e sentou-se ao lado do Potter, enquanto Lílian aproveitava para de despedir de Rosmerta.

   - Vou indo Merta. Deseje-me sorte. – Pediu a ruiva.

   - Pelo que eu soube você não vai precisar de sorte, o cara está caidinho por você.

   - Quem está caidinho pela minha ruiva? – Perguntou James se intrometendo completamente.

   - Não é da sua conta. – Respondeu Lílian ao mesmo tempo em que Marlene falava “Amos Digory”.

    - Então você prefere sair com o metido do Digory ao invés de mim Lírio? – Potter perguntou fazendo beicinho.

    - Você chamando alguém de metido Potter? Se olhe no espelho. – Lily deu as costas e saiu deixando Marlene e Rosmerta rindo de James.

    O sol forte ofuscou seus olhos quando saiu para a rua e caminhando lentamente ela se dirigiu a Dedos de Mel. Como o bar a loja de doces também estava bastante cheia, mas não foi difícil localizar Amos no meio da multidão. Ele e mais dois amigos estavam próximos a prateleira de bombons e logo que Amos viu Lílian foi até ela.

    - Você veio! – Amos parecia tão animado que Lílian ficou feliz por ter ido.

    - Me pareceu uma boa idéia. – Lily respondeu retribuindo o sorriso.

   - Gosta de doces? – Perguntou o garoto erguendo uma caixa de bombons de menta.

   - Você não imagina o quanto.

   Amos olhou para Lílian e sorriu novamente.

   - Isso com certeza vai ser divertido. – Disse levando Lílian para a prateleira de chocolates.

                                                          ****

    Já passava das cinco da tarde quando Lílian se despediu de Amos em frente ao quadro da mulher gorda. Havia sido uma tarde especialmente agradável. Amos agiu sempre como um perfeito cavalheiro e além de bonito tinha um ótimo senso de humor que não incluía azarar qualquer pessoas que aparecesse em sua frente. Resumindo Lílian estava se xingando mentalmente por ter demorado tanto para aceitar sair com ele.

    Suas amigas estavam sentadas perto da lareira conversando animadamente. Elas olharam para Lílian quando está entrou e a ruiva pressentiu um interrogatório se aproximando.

   - Pode ir falando. – Pediu Alice assim que Lílian se sentou ao lado delas. – Lene disse que você aceitou sair com o Digory.

   - Queremos detalhes. – Exigiu Marlene.

   - Mínimos detalhes. – Completou Dorcas.

   Lílian olhou para Dorcas fazendo cara de decepção.

   - Até tu Dorcas Meadowes? – Lílian colocou a mão no peito fazendo uma encenação trágica que fez todas rir, mas não as fez perder o foco.

   - Doce vingança. – Respondeu a loira dando de ombros.

   - Pensei que vingança fosse um prato que se come frio e não um “doce”. – Falou Alice.

   - Deve ser os dois. – Lílian disse dando de ombros.

   - Espere. – Marlene fez seu famoso gesto de “para tudo”. – Se a vingança é doce e fria então... a vingança é um sorvete?

   As meninas caíram em um silêncio refletor e então começaram a rir escandalosamente.

   - Um dia você ainda vai me matar Lene. – Reclamou Lílian secando as lágrimas de riso em seus olhos.

   - Tudo bem, mas não pense que esquecemos. – Disse Dorcas. – Abre o bico Ruiva.

   - Eu conto o meu se você contar o seu. – Contra atacou Lílian.

   - Tudo bem então. – Respondeu Dorcas e começou a narrar seu encontro com Remo que ao que parecia havia corrido as mil maravilhas.

    Depois disso Lílian contou nos mínimos detalhes seu encontro com Amos. Contou tudo mesmo, desde o fato de que haviam se entupido de chocolates na Dedos de Mel e depois Amos havia conseguido convence-la a visitar a Zonk’s, que Lílian descobriu, não vendia apenas coisas inúteis. Depois tinham visitado uma lojinha de presentes onde Amos lhe deu um lindo colar com um pingente de pedrinha verde esmeralda dizendo que era lindo por ser da mesma cor dos olhos da ruiva. (As meninas fizeram Awnn, nessa parte). Por fim tinham voltado ao Três Vassouras, onde Rosmerta abriu uma pequena exceção e lhes serviu um delicioso Hidromel envelhecido que fez os dois ficarem meio zonzos e voltarem ao castelo meio cambaleantes.

   - Isso não é justo. – Reclamou Marlene assim que Lílian terminou de falar.

  - O que? – Perguntou Dorcas. – O fato de que todas passamos o dia acompanhadas e você não?

  - Nossa Dorc! Essa doeu. – Marlene colocou o mão no peito como se tivesse sido atingida por um feitiço invisível. – Mas não era disse que eu estava falando, era do fato que Merta serviu Hidromel para Lílian só porque ela foi lá com o bonitão do Digory, enquanto eu que fiquei sentada naquele balcão quase a tarde toda só ganhei umas garrafinhas de cerveja amanteigada.

   - Você é impossível. – Disse Alice revirando os olhos.

   - Mas e você Lice? – Perguntou Lílian. – Como foi a ida até a assustadora Casa dos Gritos?

    Alice bufou.

   - Aquele lugar de assustador só tem o nome. Frank e eu não ouvimos um ruído sequer vindo de lá.

   - Sorte a de vocês. – Disse Marlene enquanto picava pedacinhos de um pergaminho rabiscado e jogava e lareira.

   - E seu dia Lene? – Perguntou Dorcas.

  - Como eu disse passei quase a tarde toda sentada no balcão do Três Vassouras e estava sendo bem produtivo, Merta ia me passar uma ótima poção para cabelos, mas então o Black começou com aquelas piadinhas sem graça dele e eu acabei estuporando ele. Depois disso Merta falou que era melhor eu sair e tentar me acalmar. Detalhe: ela estava quase roxa de tanto rir do Black. Então eu comprei alguns doces e voltei para o castelo.

    - Sabe, - começou Lílian sorrindo, - foi um ótimo sábado.

   - E amanhã ainda tem festa das bruxas. – Falou Marlene parecendo mais do que nunca uma versão feminina dos marotos.

                                                           ****

   O domingo das garotas se passava como todos os outros. Elas levantaram tarde e desceram para um demorado café da manhã, voltaram para o salão comunal onde ficaram apenas jogando conversa fora e depois do almoço elas desceram para os jardins e sentaram-se perto do lago observando a Lula gigante nadar preguiçosamente. Alice lia um livro de magia defensiva, Lílian gritava com os bagunceiros impondo sua autoridade de monitora, Marlene paquerava os alunos do sétimo ano da Grifinória e Dorcas... bem, Dorcas era Dorcas.

   A noite chegou rápido e o banquete do dia das bruxas como sempre foi esplendido e alegre. Depois de terminada a comemoração todos os alunos voltaram exaustos para suas respectivas salas comunais. Bom, nem todos.

   Os jardins de Hogwarts pareceriam extremamente normais para qualquer um que olhasse sem muita atenção, mas quem tivesse uma boa visão e quem realmente parasse para observar poderia ver três vultos passeando furtivamente por lá.

   Já fazia tempos, a capa de invisibilidade de James havia se tornado pequena demais para cobrir quatro marotos, então os meninos haviam sido basicamente “forçados” a aprender um feitiço de desilusão. Não eram os melhores nisso, mas era suficiente para ajudá-los em suas escapadas noturnas que ficavam cada vez mais frequentes.

   - Sirius, seu idiota, para de pisar na barra na capa. – Reclamou James que era o único que não usava o feitiço da desilusão porque tinha a capa.

   - Não tenho culpa se sua capa é invisível. – Falou Sirius.

   - Calem a boca vocês dois, ou Hagrid vai nos escutar. – Sussurrou Remo.

   De fato os meninos já estavam passando do lado da cabana do guarda caça de Hogwarts. Para onde eles iam? Para a Floresta Proibida é claro.

   Eles foram se aprofundando em meio as árvores até que era quase impossível ver o céu. Quando ficou claro que ninguém conseguiria encontra-los lá James retirou a capa e os outros desfizeram o feitiço.

   - Ainda acho que não é uma boa idéia virmos aqui. – Reclamou Pedro. – O nome do lugar é Floresta Proibida por alguma razão não é?

   - É claro Pedro. – Ironizou Sirius. – Porque é proibida para os alunos, oras.

   - E isso significa que não devíamos estar aqui. – Disse Pedro. Era visível que o meninos estava tremendo de medo.

   - Mas não somos alunos quaisquer. Somos marotos. – Disse James sorrindo.

   - Não seja medroso Pedro. – Pediu Remo. – Não tem nada de muito ruim nessa floresta além de mim, e como pode ver eu não vou comer você.

   - E onde você queria que fizéssemos isso Pedrinho? – Perguntou Sirius. – No salão comunal da Grifinória?

   - Seria divertido. – Disse James. – A Evans iria ficar louca.

   - Sempre pensando na ruiva não é Jay? E depois vem dizer que não gosta dela. – Falou Sirius cutucando o amigo.

   - Vamos começar logo com isso. – Pediu Remo. – Quanto antes terminarmos melhor. Quem vai primeiro?

   - Eu é claro por que sou o mais corajoso. – Sirius alongou os braços como se estivesse se preparando para a rebatida de um balaço e os outros se afastaram um pouco do maroto que ficou perfeitamente parado e fechou os olhos se concentrando. Os lábios de Sirius moviam-se furiosamente murmurando sem emitir som nenhum um encantamento que todos ali sabiam ser complicadíssimo.

    Alguns segundos depois Sirius já não estava mais ali e em seu lugar encontrava-se um cachorro negro, grande como um urso.

   Os meninos pareciam impressionados, felizes e assustados, tudo ao mesmo tempo. Sirius tinha conseguido. Havia se tornado um animago depois de quase três anos de tentativa.

   - Todo bem Six? – Perguntou Remo, cauteloso. O cão fez um movimento afirmativo com a cabeça. – Então agora tente voltar.

   Demorou bastante, mas finalmente Sirius reapareceu exatamente como estava antes.

   - Cara, - começou James parecendo impressionado, - as garotas tinham razão.

   - Razão no que? – Perguntou Sirius.

   - Você é um cachorro.

   - Olha quem fala James. As garotas também devem ter razão no seu caso. A gente já viu você tentando se transformar nas outras vezes e todos já estão adivinhando o que vai ser. – Falou Sirius com ar de deboche. – Você tem uma bela galhada. Bem pontuda.

   - Cala a boca imbecil. – Retrucou James parecendo zangado.

   - Hey, casal. Podem ir parando.- Pediu Pedro. – Vai você agora James.

   James sorriu provocando Sirius e em menos de dez segundos já não era ele mesmo, mas sim um majestoso cervo.

   - Como eu suspeitava. – Disse Sirius sorrindo. – Um veado!

   James virou-se para Sirius e avançou com sua galhada em direção ao amigo que não teve opções além de recuar. Six tropeçou em algo e acabou caindo sentado em um tronco de uma árvore caída. O cervo parou na frente dele e surpreendentemente rápido James voltou a sua forma original rindo de se acabar.

   - Isso não muda nada Jay. – Disse Sirius se levantando. – Você continua sendo um veado chifrudo.

   - É cervo, seu cachorro pulguento.

   - Tanto faz. – Sirius deu de ombros. – Sua vez agora Pedro.

   Pettigrew demorou muito mais que os outros dois e quando finalmente conseguiu assumir a forma animaga de um rato, não teve força para manter o feitiço por muito tempo e voltou a humano em menos de cinco segundos.

   - Foi proveitoso. – Disse Lupin enquanto voltavam para o castelo.

   - Se continuarmos tentando durante a semana poderemos acompanha-lo na próxima lua cheia Remo. – Falou Sirius

   - Ainda acho isso muito perigoso. Eu posso machucar vocês.

   - Já discutimos isso um milhão de vezes lobão. Lobisomens não oferecem perigo a animais. – Disse James.

   - Jay se você me chamar de lobão de novo juro que vou te dar um soco. – Remo disse sorrindo. – Isso é muito broxante.

   - E muito gay também. – Completou Sirius. – Se bem que o Jay revelou sua verdadeira forma hoje.

   - Você não parecia tão corajoso quando caiu de bunda lá na floresta.

   - Também, você viu o tamanho das pontas daquela galhada? – Perguntou Sirius. – A Evans deve ter feito algo realmente sério com o Digory para você ficar com chifres daquele tamanho.

   - Você também não me pareceu muito másculo como cachorro Sirius. Aquelas patas fofinhas deixaram você meio estranho cara. – Disse Lupin.

   - Pareciam aquelas almofadinhas que a mãe do Remo usa para colocar as agulhas de costura. – Falou Pedro.

   - Você não tem direito de falar nada Pedro. Tem o rabo maior que o corpo. – Reclamou Sirius.

   Os garotos já haviam entrado no castelo, mas Sirius e James continuavam discutindo e parecia que tinham encontrado novos apelidos.

   - Cala a boca senhor Almofadinhas. – Pedia James.

   - Vai pro inferno senhor Pontas. – Sussurrava de volta Sirius.

  - Fiquem quietos os dois, ou vamos ser apanhados. – Pediu Lupin.

  - Para de ser chato senhor Lua. – Disse James empurrando o amigo.

  - Senhor Lua não né. – Reclamou Lupin.

  - Nós vamos pensar em algo melhor. – Disse Sirius enquanto paravam em frente ao retrato da mulher gorda e diziam a senha.

    Os marotos entraram no salão comunal que estava vazio. Desfizeram os feitiços de desilusão e então se sentaram nas poltronas perto da lareira que ainda estava acesa.

   - Se tivéssemos sido pegos provavelmente seriamos expulsos. – Disse Remo.

   - Relaxa Remo. – Pediu James. – Veja isso como a parte “travessuras” do nosso dia das bruxas.

   - Uma pena que não teve a parte “doce”. – Reclamou Sirius.

   - Vou pra cama. – Anunciou Pedro no que foi seguido por Sirius que dizia ter que descansar a sua beleza e por Remo que argumentava dizendo que tinha aula amanhã cedo. James permaneceu no Salão Comunal observando o crepitar do fogo baixo na lareira. Era ótimo ficar ali e ninguém viria incomodá-lo, porque todos estavam dormindo certo?

     Errado. No dormitório das meninas Lílian revirava-se na cama. Ela sabia que já deveria passar da meia noite, mas ainda assim não conseguia dormir. Havia voltado do banquete, subido direto para o dormitório e caído no sono quase imediatamente, mas logo depois um pesadelo havia acordado-a. Um pesadelo onde ela perdia todas as pessoas que amava. E agora aqui estava ela, virando-se na cama sem pregar o olho. Resolveu sair da cama e ler algo. Era estranho fazer isso a essa hora, mas era a única coisa que iria ajuda-la a dormir. Como não podia ascender a luz ali, pegou um livro qualquer no malão e desceu silenciosamente para o salão comunal, onde a luz da lareira com certeza seria suficiente para ler.

    Foi descendo as escadas assim mesmo, de camiseta e calça e ursinhos, mas chegando ao pé da escada viu que já tinha alguém lá. A julgar pela sombra era um menino. Estava sentado na poltrona bem em frente à lareira, com a cabeça apoiada na mão, não fazia nada além de observar o fogo. Curiosa, Lílian se aproximou um pouco para tentar ver quem era e com um susto reconheceu os cabelos rebeldes espetados em todas as direções: James Potter. Lily tentou sair de lá sem ser percebida, mas acabou esbarrando em uma mesa deixando cair um vaso de flores, que se quebrou.

    James levantou a cabeça e a principio pareceu surpreso ao ver quem estava ali, mas aos poucos o característico sorriso maroto começou a aparecer.

   - Dando uma voltinha noturna Lily? – Perguntou o maroto sorrindo.

   - Não é dá sua conta Potter. – Respondeu Lílian rispidamente.

   - E não é mesmo, mas eu me perguntava o que uma monitora faz fora da cama à uma hora dessas. Não estava pensando em aprontar, estava?

   - Mas é claro que eu ia aprontar Potter. Ia sair pela escola de pijamas levando comigo um exemplar de... – Lílian ergueu o livro para ver qual tinha pegado. – “Como se defender da Trevas” para atirar bombas de bosta na porta da sala do Filch. – Respondeu Lílian sarcástica.

    - Posso ir com você? – Perguntou James fazendo uma carinha de cachorro pidão digna do Sirius.

    - Desculpe, mas só pessoas de pijama são permitidas.

    - Aaah. – James baixou a cabeça e Lílian quase riu com a expressão desolada que ele fez. – Mas agora falando sério, por que venho aqui?

   - Não estava conseguindo dormir. – Lílian se surpreendeu falando a verdade para ele e sentou-se em um sofá bem distante do garoto. – E você?

   - O mesmo. – James disse dando de ombros.

   - Esta mentindo. – Afirmou Lílian.

   - Como você pode saber?

   - Se estivesse tentando dormir estaria de pijama. – Disse Lílian apontando para James que ainda estava vestido com o uniforme da escola.

   - É verdade. – James parecia surpreso com sigo mesmo por não ter notado tal detalhe. – Bem, na verdade eu acabei de realizar algumas pequenas travessuras de dia das bruxas.

   - Pensei que “Doces ou travessuras” fosse coisa de Trouxas. – Disse Lílian franzindo a testa.

    - Sempre gostei dos costumes deles. – James sorriu para Lílian.

   Lily estava surpresa por estar conseguindo ter uma conversa descente com James Potter. Era estranho, mas pelo menos não estavam gritando. Poderia até ser considerado um progresso se comparado com as ultimas conversas, que alem de gritos tiveram a participação de muitos tapas. Mas é claro, Lílian pensou cedo demais. Os dois estavam em silêncio já fazia um bom tempo e Lily considerava começar a ler seu livro, quando viu Potter começar a sorrir. Definitivamente não era um bom sinal.

   - Então Lily, como eu apenas pude realizar a parte “travessuras” talvez você possa me ajudar com “doces”. – Disse o maroto como quem não quer nada.

   - Como? – Perguntou a ruiva. – Assaltando a cozinha?

   James sorriu ainda mais.

   - Desculpe, mas eu gosto de outro tipo de doces.

   Potter se levantou e sentou-se ao lado de Lílian no sofá que a garota ocupava. Ela estava confusa, talvez seu cérebro não estivesse trabalhando direito devido a hora, mas quando se deu conta Potter já estava próximo demais. Ele passou uma mão pela sua cintura prendendo-a junto dele e num movimento rápido juntou seus lábios com os da garota.

    No começo ela não reagiu. Talvez estivesse surpresa demais para se dar conta do que estava acontecendo, mas então uma luz se fez em sua cabeça. Potter estava beijando ela! Com um movimento rápido ela se soltou e ficou de pé em frente ao menino que sorria presunçoso. Ela estava vermelha de raiva e sua respiração estava entrecortada.

    - Seu trasgo. – Começou Lílian tentando se conter para não gritar. Não queria acordar toda a torre. – Você é um idiota, abusado, imbecil, ogro, tarado, pervertido, galinha eu vou matar você James Potter. – Lílian pontuava cada palavra com uma livrada na cabeça de James que tentava se defender com as mãos. Ela parou por um momento e James se levantou e tirou o livro das mãos dela.

   - Terminou? – Perguntou o maroto.

   - Não. – E com isso Lílian deu tapa com todas as suas forças em James que apenas virou o rosto. – Boa noite.

   A ruiva subiu as escadas do dormitório pisando firme, deixando James ainda meio atordoado sozinho no salão comunal. O maroto ergueu a mão e massageou o lugar onde Lílian tinha dado o ultimo tapa, a pele de seu rosto ainda ardia. Jay voltou a se sentar com um pequeno sorriso no rosto.

   - Pelo menos ela não gritou. – James disse para si mesmo.

                                                           ****

   Lily entrou no dormitório tentando não fazer barulho. Seus olhos ardiam no esforço de não derramar as lagrimas de raiva que se formavam. Ela ainda não conseguia acreditar que Potter tinha tido a ousadia de beijá-la sem consentimento. Dirigiu-se para sua cama, mas no escuro acabou batendo o pé na cama de Dorcas que acordou com o gemido de dor de Lily. Logo todas se levantaram e Marlene acendeu a luz se deparando com Lily completamente alterada.

    Seu rosto estava vermelho, e seu cabelo geralmente liso estava revolto o que indicava que Lily havia passado muito a mão por ele, ou que havia tentado arranca-lo fio por fio. Os olhos estavam vermelhos e inchados, mas ela não estava chorando. Parada no meio do quarto ela olhava para as amigas sem saber o que fazer, então se dirigiu para a cama de Marlene e abraçou a amiga.

   - O que foi Lils? – Lene perguntou quando começou a sentir as lagrimas da ruiva caindo em seu pijama.

   - Não quero dizer Lene. – Mesmo com a voz baixa era possível sentir uma raiva imensa em cada palavra dela.

   - Então como vamos ajudar? – Perguntou Alice sentando-se também na cama de Marlene acompanhada por Dorcas que começou a afagar os cabelos de Lily.

   - Já estão ajudando. – Respondeu Lílian sorrindo levemente.

  Elas ficaram um tempo assim e já estavam todas quase adormecendo quando Lily se levantou e foi para sua cama. As outras seguindo seu exemplo.

   - Não vai nos contar mesmo? – Dorcas perguntou antes de Lily fechar a cortina.

   - Quem sabe amanhã. – Lílian respondeu enquanto se cobria e afundava em um sono repleto de imagens onde ela castigava James Potter das piores formas possíveis.

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Muitas coisas importantes nesse cap né? Eles conseguem se transformar em animagos, surgem os apelidos que todos amam e então temos nosso primeiro beijo roubado. ai ai. Bom, espero que tenham gostado.


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