Beijos Roubados E Sorrisos Marotos. escrita por Ketlen Evans


Capítulo 14
Mudando a atitude.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/186393/chapter/14

Eu sei, sou um ser humano horrível. Quase duas semanas sem postar, mas eu tava doente. Então hoje eu dei uma melhoradinha e vim correndo postar pra vocês. Espero que gostem.

---------------------------------------------------------------------------------

Passar uma semana com três dos quatro marotos foi suficiente para acabar com os nervos de Lílian. Tudo bem que convivia a ano todo com eles em Hogwarts, mas lá eles geralmente se contentavam atormentando os sonserinos e como no momento as únicas opções deles eram as quatro garotas eles não mediram esforços para fazer com que elas definitivamente enlouquecessem.

    No dia seguinte ao episódio do parque Jason, Brian e Brad misteriosamente apareceram com os cabelos tingidos das mais variadas cores. Remo contou para Dorcas que eles haviam atingido os meninos com uma poção muda cor que era muito popular nas lojas de logros. Segundo Lupin dentro de umas duas semanas o cabelo dos garotos voltaria ao normal.

    Lílian sempre havia considerado Lupin uma companhia agradável. É claro que ele tinha seus momentos de maroto, mas diferente dos outros ele não fazia essas “brincadeiras” simplesmente para se divertir à custa dos outros, geralmente ele tinha seus motivos a não ser é claro quando se tratava de sonserinos.

    Durante a semana Marlene foi incontáveis vezes “atacada” por Sirius. O maroto parecia ter adorado a idéia da água e constantemente atacava a morena com baldes cheios apenas para poder vê-la com a roupa mais transparente e colada. Como Marlene não se cansava de dizer, era um pervertido.

   O quintal dos McKinnon era constantemente bombardeado com os mais variados tipos de logros explosivos. Bombinhas fedidas, fogos que disparavam molhados, pequenas dinamites que explodiam em estrelas barulhentas que ficavam voando por sobre a casa. As meninas mal podiam descansar mais.

   É claro que os meninos tomavam o máximo de cuidado para agir longe dos olhares dos Potter e as garotas orgulhosas como eram não foram reclamar dos marotos para o casal. Dorcas constantemente insistia em colocar em evidencia o lado bom: Pelo menos eles não podiam usar as varinhas, do contrario elas provavelmente já teriam sido azaradas e estariam no St. Mungus.

    Quase que inconscientemente Lílian se via contando os dias para voltar para a casa dos pais. Petúnia podia insultá-la, mas provavelmente não jogaria água nela e nem encheria seu quarto de bombinhas. Na verdade a menina permanecia na vila apenas porque não queria magoar Marlene e nem queria parecer covarde fugindo antes da hora.

     Finalmente, finalmente mesmo, no sábado Sara e Arturo voltaram para casa. Eles chegaram por volta das cinco da tarde e fizeram questão de que as meninas ficassem mais uma noite, para ter pelo menos uma refeição descente na casa do McKinnon. Lily concordou de bom grado, afinal, não veria o Potter a noite veria?

    Sim ela veria. Marlene havia contado aos pais que tinham almoçado na casa dos Potter e que todos tinham se dado muito bem, então Sara fez a gentileza de convidar o casal e os meninos para o jantar.

    É claro que não foi uma refeição tranquila. Comeram em meio ao que pareceu uma verdadeira zona de guerra. Enquanto Sirius e Marlene se xingavam por meio de indiretas bem diretas, Lílian lançava para James um olhar que claramente dizia: uma graçinha e você morre, não me incomodo com testemunhas. Mas o que de fato mais surpreendeu foi a atitude de James. Lílian estava preparada para qualquer coisa, menos para o fato de que o Potter estava tentando ser gentil com ela.

     Quando Lílian parou para pensar em um jantar com James Potter presente ela havia considerado ser atacada com comida, receber milhões de comentários incômodos e tantas outras coisas desagradáveis que ela não gostava nem de pensar. Nunca em hipótese alguma teria imaginado que ele agiria tão agradavelmente. Nada de piadinhas sobre ruivas, nada de indiretas sobre a amizade de Lílian com Severo. Ele até mesmo havia servido suco no copo de Lily. Por um breve instante ela pensou que talvez ele quisesse por algo estranho na sua bebida, mas logo ficou claro que não.

     A noite acabou sendo ótima, exceto é claro pelas constantes discussões de Six e Lene, e logo depois que os Potter, Sirius e Remo saíram as meninas subiram para aproveitar sua ultima noite juntas nas férias. E assim terminou a estadia de Lílian com as amigas.

                                                                 ****

     As duas ultimas semanas de férias que Lílian passou em companhia dos seus pais foram apenas parcialmente agradáveis. Ter que conviver com Petúnia era quase como ter que aturar os Sonserinos que a atormentavam por ser filha de Trouxas, a única diferença era que sua irmã fazia Lílian viver o inferno por ser bruxa. Parecia que nunca encontraria paz por ser como era.

    O dia de voltar a Hogwarts chegou trazendo para Lílian um alivio enorme e agora ela voltava com uma nova responsabilidade. Havia sido nomeada monitora e havia ficado extremamente feliz. Logo que voltara da casa de Marlene havia recebido a carta de Hogwarts e desde então pensava nas inúmeras coisas boas que faria como monitora. Frustrar os planos idiotas do Potter, mandar o Potter lavar banheiros nas suas detenções, confiscar os pomos de ouro que o Potter roubava para brincar na sala comunal... enfim as possibilidades eram infinitas.

     Os pais de Lílian como sempre a levaram para o embarque na plataforma 9 ½, não mais acompanhados por Petúnia que desde o segundo ano de Lily em Hogwarts se recusava a acompanhar a irmã.

    Faltavam cinco minutos para o trem partir, Lily já havia embarcado o malão e agora se despedia dos seus pais.

   - E acima de tudo seja responsável querida. – Dizia Roberta. – Você agora é monitora deve dar exemplo.

   - Eu sei mãe. – Respondeu entediada. Já havia ouvido essa frase um milhão de vezes desde o dia em que receberá o distintivo.

   - E se arrumar um namorado eu quero ser o primeiro a saber. – Brincou August fazendo a filha corar.

   - Não pretendo arrumar um namorado pai.

   August riu do constrangimento da filha e nesse momento o trem começou a apitar anunciando a partida eminente.

   - Você deve subir agora. – Falou Roberta puxando a filha para um abraço. – Tenha um bom semestre.

    James e Sirius estavam passando por eles quando Lily foi se despedir do pai.

   - Se cuide meu Lírio. – Falou o senhor Evans alisando os cabelos da filha. – E não deixe os marmanjos se aproximarem.

    Lílian entrou no trem ainda acenando para os pais. A locomotiva começou a ganhar velocidade e ela se encaminhava para a cabine onde deveriam ir os monitores.Andava muito curiosa para saber qual dos meninos da Grifinória iria ser o outro monitor, embora tivesse quase certeza que seria o Remo. Estava quase chegando ao destino quando encontrou Potter e Lupin no corredor.

    Potter olhou-a e sorriu. Um sorriso maroto e malicioso ao mesmo tempo. Boa coisa não devia vir.

    - Lírio? – Perguntou fazendo Lílian se surpreender. Ninguém podia chamá-la assim além dos seus pais.

    - Você não devia ouvir a conversa dos outros Potter, é falta de educação. – Lílian estava passando por eles e parou para olhá-lo diretamente. – Ah é, esqueci, você não sabe o que é educação.

   James sorriu completamente relaxado.

   - Claro que tenho educação. Vou provar isso fazendo um favor ao seu pai.

   - Ah é? Como? – Perguntou a garota.

   - Vou manter os marmanjos longe de você.

   É claro que Lily ficou extremamente furiosa, mas não queria deixar transparecer, então apenas começou a dar as costas, mas foi impedida por James segurando seu pulso.

   - O que é isso? – Perguntou parecendo aterrorizado apontando para o peito de Lily onde estava o distintivo de monitora.

   - É um distintivo? – Lily disse como se estivesse falando com uma criança.

   - Que maluco faria de você monitora? – Perguntou James.

   - Eu acho que o maluco que escolhe os monitores é o Dumbledore. – Respondeu Lily. – Se não estiver feliz reclame para ele.

   - Mas é claro que eu vou reclamar! – Retrucou James parecendo fora de si. – Primeiro faz o Remo, um maroto, monitor. Depois meu pesadelo ruivo! Isso é muita injustiça.

   Lílian ignorou completamente o garoto e se virou para Remo que até então permanecerá quieto.

   - Eu sabia que seria você. – Disse a ruiva fazendo com que Remo sorrisse lindamente. – Vamos comigo até o carro dos monitores?

    - É claro. – Respondeu Lupin ainda sorrindo. – Vejo você depois Jay, guarde uns doces pra mim.

    Dizendo isso Remo acompanhou Lílian pelo trem deixando James parado no corredor sem saber o que fazer.

    No vagão dos monitores eles receberam ordens para patrulhar os corredores do expresso e fizeram isso juntos sempre conversando animadamente. Novamente ficava óbvio que Remo gostava de Dorcas. Cada vez que Lily tocava no nome da amiga contando coisas banais como que Dorc adorava o céu e que durante as férias Brad havia tentado paquera-la e ela nem havia percebido, o maroto sorria como se lhe contassem sobre o mais lindo lugar do mundo. Era fofo o jeito que parecia gostar de Dorc.

    Por volta das três da tarde eles cessaram as patrulhas e foram encontrar com seus amigos. Lily convidou Remo para acompanhá-la com as meninas, mas ele recusou dizendo que James e Sirius já estavam se sentindo traídos o suficiente.

    Ao entrar na cabine que as meninas haviam escolhido Lílian teve que se segurar para não rir. Dorcas e Marlene discutiam sobre coisas banais enquanto Alice ria, mas o que realmente foi engraçado era encontrar ali na cabine das garotas Frank Longbottom que parecia não saber como fora parar lá. Ele estava sentado ao lado de Alice e segurava sua mão. Um lindo casal e ele devia ser um ótimo namorado, afinal que outro garoto toparia dividir uma cabine com algumas meninas mentalmente perturbadas apenas para estar com a garota que gostava?

   - Oi garotas. – Lílian cumprimentou-as rindo e então adicionou. – E Frank.

   Todos responderam em coro enquanto Lily sentava-se ao lado de Dorcas.

   - E então, como foi o resto das férias de vocês? – Perguntou a ruiva.

   - Foram horríveis. – Respondeu Marlene. – Um balde de água na cabeça por dia e várias bombinhas no meu quarto e quintal. Um pesadelo.

   - As minhas não foram ruins. – Disse Dorcas. – Fui acampar com meus pais. Ótimo ficar na natureza. Vida selvagem.

   Marlene e Alice se entreolharam e riram.

  - Bom, eu fiquei apenas em casa dormindo 24 horas por dia. Foi uma maravilha, me sinto renovada. – Contou Alice. – E você Lils?

   Lílian suspirou pesadamente.

   - Petúnia foi horrível. – Começou a menina parecendo magoada. – Me atormentou por cada segundo que esteve perto de mim e ainda disse coisas para os meus pais que me proibiram de encontrar com Sev.

   As garotas olharam sérias para Lílian. Não era segredo que todas desaprovavam a amizade de Lily com o Sonserino.

   - Lílian você ainda é amiga do Snape? – Perguntou Frank que até então tinha estado apenas ouvindo a conversa das meninas.

   - Eu tento Frank. – Respondeu triste. – Não quero perder a amizade dele. Significa muito para mim.

   - Mas você sabe que ele não age certo às vezes. – Não era uma pergunta, era uma afirmação.

   Lily parecia derrotada.

   - Eu sei, mas tenho esperança que ele melhore.

   Todos estavam quietos. Ninguém sabia como encerrar o clima tenso até que a porta do vagão foi aberta e apareceram, Potter, Black e Lupin.

   - Sem querer invadir, mas já invadindo, a gente venho tirar o Frank da câmara de tortura. – Sirius foi falando sem nem cumprimentar ninguém.

   - Olá para você também Black. – Marlene como sempre não perdia a oportunidade de tentar irritar Sirius.

   - Não vou cumprimentar você McKinnon. – Disse o maroto sorrindo. – A gente venho juntos para a estação.

  - Mas isso não é motivo para não ser levemente educado.    

  - Vamos voltar ao que interessa. – Potter foi se intrometendo no meio. – Frank, nós temos um presente para os Sonserinos, mas precisamos de alguém para ajudar a gente com a entrega, uma vez que Pedro está se empanturrando de doces e Remo fez o favor de virar monitor. – James olhou para Lupin balançando desaprovadoramente a cabeça, com um olhar de traição e desapontamento que claramente dizia: Como você pode fazer isso conosco?

   Um sorriso iluminou o rosto de Frank.

   - Mas pensei que vocês iam fazer na hora que o carrinho de lanches estivesse passando. – Disse.

   - Nós íamos, mas então o Remo nos pediu para esperarmos a ronda dos monitores da Grifinória terminar. – Contou James.

   - É claro que seria mais fácil se fosse o Lupin que estivesse de ronda uma vez que ele podia nos dar cobertura, mas alguém não quer ser acusado de “imparcialidade na exerçam das tarefas”. – Disse Sirius.

   - Mas então o que me diz? – James perguntou. Frank olhou para Lílian.

   - Lils, como monitora, me responde uma coisa. Podemos perder pontos para a casa antes de estarmos na escola?

   - Não, mas vocês podem ser colocados em detenção. – A reprovação era palpável na voz da ruiva.

   - Se não corremos perigo de prejudicar a Grifinória então eu estou dentro.

   Frank se levantou e seguiu os meninos para fora da cabine. Potter estava prestes a fechar a porta quando parou e olhou para as meninas na cabine.

   - Tenham uma boa viagem senhoritas. – Disse formalmente se curvando diante das garotas. – E não temam, seus corajosos cavalheiros iram como sempre voltar ilesos após mais um ataque às serpentes obesas do sétimo ano.

    James fez mais uma reverencia e saiu. As meninas ficaram olhando para o lugar onde ele havia estado sem dizer nada e então Marlene começou a rir contagiando as outras. A única que parecia relutante era Lílian que estava dividida entre reprovação e riso e exibia uma careta que era um misto dos dois sentimentos. Repentinamente a porta se abriu novamente e lá estava James Potter com um sorriso maroto nos lábios.

    - Já ia esquecendo, você está cada vez mais linda Lírio.

    Potter novamente saiu fechando a porta, mas dessa vez ela não voltou a se abrir.

                                                                ****

    A seleção já havia acabado e o banquete como sempre estava magnífico. Na ponta da mesa os novos Grifinórios olhavam para o teto encantado que mostrava uma linda Lua crescente, quase cheia.

   - Quais as matérias que você está cursando mesmo Lílian? – Perguntou Remo que estava sentado de frente para a ruiva.

   - Todas as que o meu horário permite. A única que eu não consegui encaixar foi Estudo dos Trouxas.

   - Não sei por que justamente você iria querer estudar os Trouxas. – Disse Lupin sorrindo.

   Lílian deu de ombros e voltou a se concentrar na sua comida.

   - É uma pena que a escola não tenha professor de adivinhação. – Reclamou Dorcas. – Eu sempre achei que deveria ser legar estudar o futuro.

   - O futuro é incerto demais para ser estudado Dorc. – Lílian disse olhando para a amiga. – Estudar adivinhação poderia ser útil, tanto como poderia ser uma perda de tempo.

   - Por que acha isso Lils? – Alice que estava sentada do outro lado de Lílian entrou na conversa.

   - Porque não existe como uma pessoa aprender a ser um vidente. Ou você nasce com o dom da previsão ou não. Uma aula de adivinhação devia ser apenas na teoria.

   - Sabe, você está certa Lils. – Remo falou olhando para a lua que brilhava no teto da escola. – Não há como aprender e descobrir o futuro. Ele é incerto demais.

   Lílian podia jurar que viu a sombra de uma grande tristeza nos olhos de Remo enquanto o menino tirava seus olhos do céu. Parecia quase medo. Quem teria medo do céu? Remo Lupin era meio estranho.

   O jantar se passou, a sobremesa foi devorada, Dumbledore disse o de sempre e pediu para que todos se unissem para a guerra que se aproximava, Lílian e Remo levaram os novatos a Sala Comunal. Lílian foi para o seu dormitório.

    Pronto, havia terminado o primeiro dia em Hogwarts. Um primeiro dia que se mostrava exatamente igual a todos os que Lílian já havia tido. Hogwarts era assim. Nunca mudava. Por isso era tão amada, porque para adolescentes o confortável é aquilo que você conhece. As pessoas podiam mudar, elas cresciam, mas a escola seria sempre a mesma. Poderia ter um diretor diferente, mas ele com certeza seria sábio do mesmo jeito, podia ter alunos diferentes, mas eles sempre estariam divididos nas mesmas quatro mesas. Poderiam mudar os elfos da cozinha, mas a comida sempre seria maravilhosa, poderiam trocar os professores, mas as matérias sempre seriam interessantes. Poderiam passar os anos, poderiam todos que Lílian conhecia já terem morrido, mas Hogwarts continuaria lá, sempre de braços abertos para todos.

    Pelo menos era isso que Lily pensava.

                                                               ****

    Uma coisa que Lily havia descoberto logo no primeiro ano que estava em Hogwarts era que o tempo passava rápido demais.

   As horas se tornaram dias, que se tornaram semanas, que se tornaram meses e então já fazia um mês e meio que o ano letivo havia começado. Lílian e todos os alunos do quinto ano viviam atolados em deveres. Era o ano dos nom’s deles e os professores os massacravam com tarefas extremamente difíceis e complexas.

   No segundo sábado de outubro, Lílian assim como as outras garotas levantaram-se tarde e ao descer para o salão comunal tiveram uma agradável surpresa.

  - Finalmente! – Exclamou Marlene parando em frente ao quadro de avisos. – Passeio para Hogsmeade no dia das bruxas. Isso vai ser ótimo.

   - Vou convidar o Remo para ir comigo. – Disse Dorcas parecendo bastante encabulada.

   - Assim que se faz Dorc. – Lílian falou. – Se ele é lerdo demais assuma o controle.

   Dorcas pareceu ainda mais envergonhada.

   - Eu vou com o Frank obviamente. Ele me disse que queria ir ver a casa dos gritos.

   As meninas olharam assustadas para Alice.

   - E você vai ir com ele? – Perguntou Dorcas incrédula.

   - Mas é claro. – Respondeu Alice.

   - Mas Lice. – Começou a argumentar Lily. – A casa dos gritos é assombrada. Várias noites eu já escutei gritos horríveis vindos de lá.

   - Eu também já ouvi Lils, mas estou na Grifinória não estou. Não sou uma covarde.

   - Atos de bravura sem propósitos aparentes são apenas atos estúpidos. – Respondeu a ruiva. Lílian nunca havia esquecido das palavras que ouviu do Chapéu Seletor. Ela tentava, a cada dia, ser uma pessoa corajosa de verdade e não apenas imprudente. 

   - Filosofou agora Lils. – Lene parecia não estar muito preocupada.

   - Lílian, eu apenas vou com Frank dar uma olhada na casa. – Alice revirou os olhos. – Não é como se nós fossemos invadir a sala de estar para tomar chá com os fantasmas.

   - Tudo bem então. – Lily disse se rendendo. – Melhor descermos para tomar café.

   As meninas saíram pelo buraco do retrato e ao virarem em um corredor se depararam com Remo Lupin. Dorcas parou para falar com ele e as garotas foram seguindo para o salão principal.

  - Bom dia Remo.

  - Oi Dorc.

  - Er... você viu que marcaram a data do primeiro passeio para Hogsmeade?

  - Vi sim. – Respondeu o maroto sorrindo. – Dia das bruxas. Ótima data.

   - Mas então eu queria saber se você gostaria de ir comigo? – Dorcas estava bastante vermelha e falava quase sussurrando.

   Remo sorriu.

   - Isso não é justo. – Disse o maroto.

   - O que não é justo? – Perguntou a loira parecendo confusa.

   - Eu é que queria convidar você. – Remo fez uma carinha tão fofa que Dorcas quase pulou e abraçou o garoto, mas se contentou e apenas sorriu.

   - Isso significa um sim?

   - Isso significa um “é claro que sim”. – Remo sorriu charmoso.

   - Então a gente se vê. – Dorcas começou a se afastar, já estava quase virando o próximo corredor quando Remo a chamou de volta.

   - Hey Dorc!

   A menina se virou e viu que ele estava mais perto do que ela pensou que estaria. Remo se aproximou decidido de levemente tocou seus lábios nos de Dorcas.

  - Até logo.

  Assim sem mais uma palavra Remo saiu e foi em direção ao retrato da mulher gorda deixando Dorcas parada no corredor corada e meio ofegante, mas com um sorriso gigante no rosto.

   Quando Dorcas alcançou as amigas elas já estavam entrando no salão principal.

   - Então Dorc, o papo foi bom? – Lene perguntou maliciosa.

   - Eu convidei ele para ir comigo. – Respondeu enquanto sentavam-se na mesa da Grifinória.

   - E?

   - Ele disse sim.

   - Eu sabia que ele gostava de você. – Marlene falou vibrante.

   Lílian viu que Dorcas tinha ficado corada e sabia que tinha mais alguma coisa na história.

   - Tem mais alguma coisa para contar Dorc?

   A menina ficou mais corada ainda.

   - É... eu acho que sim.

   - Como assim você acha? – Perguntou Alice.

   - Bom... ele me deu um selinho.

   Lílian sorriu e Alice e Lene a imitaram.

   - Que coisa fofa. – Disse Marlene apertando as bochechas de Dorcas.

   - Remo é um tão gentil. – Falou Alice sorrindo carinhosamente para a amiga.

   - Sei disso. – Dorcas sussurrou e então começou a escolher algo para comer.

   Já estavam quase terminando de tomar café quando os quatro marotos de Hogwarts entraram no salão. Pedro parecia meio deslocado no grupo, pois todos eram consideravelmente altos e ele era bem baixinho, mas mesmo diferente era impossível imaginar os marotos sem ele.

   Potter estava varrendo a mesa da Grifinória com os olhos como que procurando alguém. Parou quando viu as meninas sentadas perto da ponta oposta a eles.

   - Hey, Evans! – Lílian automaticamente olhou para onde os garotos estavam. Não tinha muitas pessoas no salão então não havia muito barulho, por isso era possível conversar de longe.

   - O que foi Potter?

   Lily não estava realmente prestando atenção. Não se incomodou com o fato de que provavelmente todas as pessoas do salão estavam ouvindo. Todos em Hogwarts já tinham presenciado muitas brigas dos dois.

    - Quer ir comigo a Hogsmeade no dia das bruxas?

    Lílian levantou a cabeça e olhou para o garoto que sorria convencido. Ele havia acabado de convidar ele para sair gritando no meio do salão comunal durante o café da manhã. Só podia ser uma piada. Enquanto processava o que tinha acabado de ouvir percebeu que todos haviam ficado em silencio no salão e que suas amigas estavam de boca aberta.

   - O QUE? – Lílian praticamente gritou. Começou a ficar furiosa. Como ele ousava convidar ela para sair depois de tudo que já havia feito?

   - Pensei que você fosse inteligente ruiva. – James riu. – Quer sair comigo?

   - Mas é claro que não seu idiota! – Lily já estava completamente vermelha.

   - Por que Lils?

   - Porque você é um trasgo imbecil! – Respondeu a garota. – E é Evans para você Potter. EVANS!

   James deu de ombros e se sentou à mesa da Grifinória para comer ignorando o fato de que todos ainda estavam em um silêncio mórbido. Lílian podia apostar que isso se espalharia como fogo pela escola, afinal durante quatro anos James Potter e Lílian Evans só tinham feito brigar, inclusive na frente de toda a escola e agora James estava convidando Lílian para sair. Ia ser uma fofoca épica.

    As duas semanas que antecederam o passeio de Hogsmeade deixaram a vida de Lílian de ponta cabeça. James convidou-a mais quatro vezes para acompanhá-lo e os resultados foram: Snape na ala hospitalar vitima de uma azaração que fazia os cabelos crescer descontroladamente, duas detenções para Sirius por alguns planos mirabolantes para fazer Lílian aceitar sair com o amigo, alguns tapas bem dados na cara de James Potter e várias dores de cabeça para Lílian.

    Como havia imaginado a fofoca havia se espalhado tão rapidamente que todos os habitantes de Hogwarts, vivos ou mortos, estavam comentando a mudança de atitude de James.

   Lílian mal podia andar direito pelos corredores, era como se todos a seguissem com os olhos. O pior de tudo era que todas as meninas que tinham alguma esperança de sair com o Potter haviam automaticamente passado a odiar Lily. Essas garotas tentavam azara-la quando ela estava por perto e mandavam bilhetes ameaçando-a. Era algo passado do ridículo.

   Marlene dizia: “Logo todo mundo esquece e talvez a gente possa pedir para internarem o James dizendo que ele tem dupla personalidade”.

   Alice dizia: “Se essas vadiazinhas tentarem azarar você de novo vou mandá-las para a ala hospitalar por uma semana. Francamente só tem malucos nessa escola”.

   Dorcas dizia: “Sempre imaginei que o Potter fosse apaixonado por você, mas ele continua sendo um idiota. Como se fosse possível ele deixar de ser”.

   Lílian dizia: “Seja lá o que aconteceu eu espero que esse idiota pare com isso logo. Não tem como viver nesse castelo assim”.

   E nos seus pensamentos Lílian se perguntava o que teria acontecido para fazer com que o Potter mudasse tão completamente suas atitudes. No fundo ela preferia que ele apenas voltasse a odiar ela. A vida ficaria muito mais fácil.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!