- Dorquinhas, se você não admitir que está apaixonada e não nos contar quem é vamos ter que começar com as suposições e palpites. – Disse Lílian ameaçadora. – E olha que eu tenho ótimos palpites. – Acrescentou maliciosamente.

     Há muito já havia passado da meia-noite e as quatro amigas estavam todas deitadas em colchões esparramados pelo quarto de Marlene. Depois de um jantar parcialmente bom preparado por Alice elas haviam tomado banho, vestido seus pijamas e agora estavam a várias horas pressionando Dorcas para que essa admitisse que estava realmente apaixonada por alguém.

     - Você realmente é uma ruiva diabólica Lily. – Disse Dorcas olhando para o teto. – Não tem nada para contar para vocês.

    - Aposto que você esta vivendo um amor proibido então. – Disse Marlene piscando para as amigas que entenderam o recado.

    - Exatamente. – Continuou Alice. – E você sai escondida do dormitório da Grifinória todas as noites para poder se encontrar com ele.

    - Ele deve ser da Sonserina. – Afirmou Lílian. – Por isso que a Dorquinhas não quer contar.

    - Um Sonserino diabólico que mexe com artes das trevas, mas que teve seu negro coração tocado pela bondade suprema de Dorcas Meadowes. – Disse Marlene dramatizando a cena com as mãos.

    - Eca! – Exclamou Dorcas. – É claro que ele não é da Sonserina. – Falou Dorcas esquecendo-se que não devia admitir que realmente estava gostando de alguém.

   - Aha! – Disse Lílian. – Eu sabia que você ia acabar deslizando. Agora você já pode nos dizer quem é, ou nós voltamos para os palpites?

    Dorcas olhou novamente para o teto e começou a corar violentamente. Lílian na verdade tinha quase certeza de quem era esse misterioso garoto e então resolveu ajuda-la.

    - Dorquinhas, eu acho que eu sei quem é então eu gostaria de dizer. – Falou cuidadosamente. – Não vai ficar brava se eu estiver errada né?

    - Claro que não Lílian. – Disse Dorcas revirando os olhos. – Vamos lá, continuem com seus palpites.

    Lílian olhou para Alice e Marlene que fizeram um gesto para que ela continuasse.

    - Eu acho... – fez uma pequena pausa apenas para dramatizar. – Que é o Lupin.

    Assim que Lílian falou Dorcas desviou o olhar, mas as meninas ainda podiam ver que ela estava muito vermelha.

    - A maldita ruiva está certa não é? – Falou Marlene levantando-se no colchão e indo até Dorcas. – Não acredito que eu não consegui adivinhar, pensando bem, tava meio que na cara.

    Dorcas continuava encarando o nada como se estivesse vendo algo muito interessante. Ela deu um suspiro profundo como que para tomar forças e sua cor voltou ao normal, mais um suspiro e ela se virou para Lílian.

    - Como você soube? – Perguntou séria.

    - Eu sabia! – Exclamou Lílian dando um pulinho no colchão. – Bom, eu comecei a desconfiar desde as férias de Natal. Você sempre ficava mais calada quando ele tava por perto e corava quando ele olhava para você. – Lílian deu uma risadinha. – Tão fofinha. Então eu prestei mais atenção e vi que você ficava de mau humor sempre que o Black e o Potter começavam a falar de arrumar uma namorada pro Remo. Mas eu tive certeza mesmo foi naquele dia em que caiu uma chuva enorme quando a gente tava na aula de trato das criaturas mágicas e todo mundo voltou pro castelo encharcado. Dorquinhas querida, você simplesmente não conseguia parar de olhar pro Remo aquele dia e até eu admito que ele tava muito lindo. Toda aquela roupa molhada e colada. – Terminou Lílian de um jeito sonhador.

    Dorcas jogou um travesseiro em Lílian que tentou, mas não conseguiu desviar e foi acertada no rosto. Alice e Marlene começaram a rir e Lílian jogou um travesseiro em Marlene. Pronto. Começou uma guerra que durou quase meia hora e acabou quando Lílian teve um grande ataque de risos que contagiou todas as outras que caíram nos seus colchões rolando de rir não se sabe do que.

     Aos poucos as risadas foram cessando e Lílian resolveu que queria mais detalhes de Dorcas.

     - Como você começou a gostar dele? – Perguntou diretamente.

    Dorcas ficou em silêncio por um tempo e então olhou para as amigas. Percebeu que todas esperavam que ela respondesse.

    - Não sei. – Disse dando de ombros. – Quando dei por mim já estava apaixonada. Não sei como ou por que.

    - E o que você mais gosta nele? – Perguntou Alice sorrindo.

    Novamente Dorcas ficou em um silêncio pensativo.

    - Eu gosto do jeito dele sabe. – Disse olhando pro nada. – Como ele é inteligente, carinhoso e fofo. Como ele é um bom amigo. Como ele tenta ser responsável, mas acaba sempre se deixando levar pelas brincadeiras dos marotos. O jeito como ele parece tímido, mas corajoso ao mesmo tempo. – Ela fez uma pequena pausa. – Acho que é isso.

    Todas ficaram em silêncio até que Marlene falou:

     - Vocês formam um casal muito fofo. – Disse sonhadora. – Vamos fazer uma força tarefa a favor desse namoro.

     - Por favor, Lene se contenha. – Pediu Dorcas com as mãos nas têmporas. – Não quero que ele fique sabendo. Seria um desastre.

     - Dorquinhas, eu acho que ele gosta de você também. – Disse Lílian cutucando a amiga.

      - Como você pode saber? – Perguntou Dorcas apreensiva.

      Lílian ia começar a responder, mas foi interrompida por um grito de Marlene.

      - ESPERA! Não responde Lily, eu sei essa. – Disse como se tivesse em uma sala de aula. – Remo Lupin é sexy por natureza, - disse fazendo todas revirarem os olhos – mas quando está perto da Dorcas é mais provocativo. Ele te chama para estudarem juntos, quando é obvio que ele não precisa de ajuda e vocês acabam apenas conversando o tempo todo e nunca terminar os deveres. – Disse e começou a contar nos dedos as razões para supor que Lupin também gostava de Dorcas. – Ele sempre olha para você do jeito mais maroto possível, e sorri que nem bocó quando você fala com ele. As outras pistas não é ele quem dá, são os amigos. – Lene deu um sorrisinho. – Sirius sempre cutuca Remo quando você chega, James sempre faz piadinhas sem graça sobre Lupin gostar de certinhas e Pedro sempre parece por fora o que significa que Lupin não contou pra ele por que Pettigrew não seria nada discreto.

      A isso se seguiu um momento silencioso até que Lílian começou a rir escandalosamente. Todas olharam para a ruiva tentando entender o motivo da graça.

     - Qual é a piada sua louca? – Perguntou Alice. Lílian respirou fundo tentando se acalmar e então se virou para Marlene.

     - Desculpa Lenezita, mas é que é muito engraçado ver você sendo observadora. Geralmente você não presta nem um pouquinho de atenção.

      - É claro que não presto atenção, porque eu prestaria atenção em aulas? – Disse parecendo indignada. – Mas prestar atenção em meninos altamente pegáveis é outra história.

     - Então Remo Lupin é altamente pegável? – Perguntou Dorcas estreitando os olhos.

    Marlene ficou muda de espanto ao perceber o que tinha dito.

   - NÃO! – Ela gritou assustando a todos. – Quer dizer... hm... ele pode até ser, mas não era dele que eu estava falando. – Quando terminou suas bochechas assumiram um lindo tom rosado.

    - Então de quem você estava falando? – Perguntou Lílian se divertindo com o constrangimento da amiga.

     Marlene estava em pânico. Não podia admitir para as amigas quem era a pessoa que andava atraindo sua atenção ultimamente, mas não sabia como sair da situação.

    - Bom... er... hum... Remo tem vários amigos bonitos e eu... consequentemente acabava olhando para ele também, porque... estava sempre junto dos caras e acabei vendo que ele sempre olhava para a Dorcas e fui percebendo o resto     

     Lílian levantou as sobrancelhas em sinal de descrença.

    - Lene, Remo não tem vários amigos. – Disse a ruiva. – Ele tem o Potter, o Pettigrew, o Black e de vez em quando o Frank.

    Todas ficaram em silêncio e aos poucos Lílian começava a perceber o que tinha dito.

    - Eu não acredito! – Exclamou a ruiva. – É um deles não é? – Perguntou e sem esperar resposta continuou. – Não é o Remo e também não é o Frank, por que você nunca faria isso com as amigas. Você também nunca se envolveria com alguém como o Pettigrew, então... – Disse Lílian sorrindo maliciosa. – Ou é o Potter ou o Black.

     Marlene estava muito vermelha.

    - É claro que não é nenhum deles Lílian. – Disse parecendo irritada. – Eca! O James é um moleque estúpido e o Black um irritante e... e... sei lá, mas eu nunca teria nada com nenhum deles.

    Lílian viu que a amiga provavelmente estava mentindo, mas não quis insistir no assunto. Quando ela estivesse pronta iria falar

     - Tudo bem então. – Lílian deitou-se no colchão e olhou para Dorcas. – Então, depois do discurso de Marlene McKinnon você acredita que ele gosta de você?

    - Talvez. – Respondeu a garota com um sorrisinho de canto que deixava claro que ela acreditava.

     - Então vamos fazer ele perceber que você também está afim dele. – Disse Alice com um sorriso que era quase assustador.

     - Como? – Perguntou Dorcas parecendo assustada.

     - Fácil, fácil, - disse Marlene já recuperada, - quando as aulas voltarem podemos fazer você passar mais tempo com ele. Aproveite o fato da Lice estar namorando um dos amigos dele e se aproxime. Quando ele menos esperar você da o bote. – Marlene piscou fazendo Dorcas corar violentamente.

   - Contanto que eu não tenha que fazer amizade com o Potter e o Black estou disposta a ajudar também. – Disse Lílian.

   - Qual é Lily, por que merda você odeia tanto esses dois? – Perguntou Lene.

   - Você ainda tem coragem de perguntar. – Respondeu Lílian irritada. – James Potter é o ser mais desprezível e estúpido que eu já conheci. – Continuou a ruiva com a voz cheia de raiva. – E Sirius Black o acompanha, por isso é tão ruim quanto.

    - Já pensou no fato de que o Potter pode ser apaixonado por você? – Perguntou Dorcas novamente olhando para o nada como se estivesse falando do tempo.

   Lílian encarou a amiga esperando o desfecho da piada, mas então percebeu que ela estava falando sério.

     - Você ficou louca? – Perguntou séria. – Em que planeta você vive Dorcas? Potter me odeia, assim como eu odeio ele. É impossível aquele garoto gostar de algo que não seja ele mesmo. E depois o tipo dele não se apaixona. É o maior galinha que já vi, provavelmente até o sétimo ano já terá ficado com metade das alunas de Hogwarts acima do terceiro ano.

    - E a outra metade? – Perguntou Alice divertida.

    - A outra metade é do Black. – Respondeu Marlene.

    Todas ficaram em silêncio por um tempo.

    - Tensooooo. – Dorcas falou olhando para Lílian. A ruiva não se agüentou a começou a rir da amiga. Dorcas era assim mesmo. A maioria do tempo estava aérea e sempre conseguia fazer os outros sorrirem com seu jeito meigo e despreocupado.

     Alice se levantou da cama e olhou para as meninas ainda deitadas.

    - Perceberam que estamos todas falando de garotos aqui e que tem uma de nós que ainda não ficou nem um pouco constrangida por ter seus podres trazidos a tona? – Perguntou olhando para Lílian e piscando para Marlene.

    - Próxima missão, - disse Marlene com uma vozinha robótica. – Escavar os sentimentos de Lílian Evans.

    Dorcas também entrou na brincadeira e olhou para Lily.

    - Conte-nos senhorita Evans, - começou parecendo uma repórter, - tem alguém morando em seu nobre coração grifinório?

    Lílian lançou seu melhor olhar mortal para Dorcas.

    - Que porcaria é essa?

    - Aaaah Lily, vai dizer que você pode deixar a gente com vergonha e você nada né. – Reclamou Dorcas fazendo biquinho.

    - Deixa Dorquinhas. – Começou Alice. – Ela só não quer admitir que tem uma quedona pelo Digory.

    Lílian olhou para as amigas com cara de “que merda é essa” e sentiu que estava começando a corar. Marlene riu.

    - Estamos conseguindo meninas. – Falou Marlene piscando marota. – Não adianta negar Lily, todo mundo sabe que ele te chamou para sair ano passado.

    - Chamou sim, mas eu não aceitei.

    - Mas ele continuou insistindo? – Perguntou Alice. Lílian ia negar, mas seu rubor a denunciou.

    - Aaah que fofinho! – Exclamou Dorcas sonhadora. – Ele te ama Lilyyyy! – E pulou para abraçar a ruiva.

    - Sai de cima Dorcas. – Disse Lílian a empurrando. – Sério garota, você tem problema. – Lily se livrou do abraço da amiga e foi para o lado de Marlene.

    - Bom, agora você vai nos contar direito essa história Evans. – Disse Alice.

    Foi a vez de Lílian começar a gaguejar.

    - Er... hum... ele me.. hum... escreveuduranteasférias.

    - O que? – Perguntou Dorcas se fazendo de boba.

    Lílian respirou fundo e disse bem baixo e devagar.

    - Ele me escreveu durante as férias.

    Os olhos das meninas adquiriram um brilho perverso que dava medo.

    - Pode ir passando essas cartas Lílian Evans. – Disse Marlene. – Eu sei que você nunca as deixaria em casa. – Ela estendeu a mão para Lílian.

    Lílian olhou para a mão estendida de Marlene como se fosse um delicioso pedaço de chocolate e então a mordeu.

    - AIII. – Gritou a menina sacudindo a mão. – Você é louca Lílian só isso.

    Lílian soltou sua mais convincente risada maléfica.

     - Você está me dando medo Lily. – Disse Alice arregalando os olhos.

     - Vocês não viram nadaaaaaaa! – Disse a ruiva e começou a correr atrás das amigas pelo quarto levando com sigo um travesseiro para usar como arma.

    - AAAAAAAAAH! – Gritava Marlene enlouquecida. – ABORTAR MISSÃO, ABORTAR MISSÃO!

    As amigas acabaram cansando-se e enfim foram dormir deixando de lado os seus assuntos amorosos.

    Quando elas acordaram no dia seguinte já não se podia dizer que era manhã. Lílian surpreendeu-se ao olhar no relógio e ver que já passava da uma da tarde.

    - Meu Merlin! – Exclamou levantando-se de um salto. – Acordem meninas já passou do meio dia.

    Alice foi a única em quem a frase fez efeito. Pulou do colchão e começou a andar pelo quarto.

    - Como foi que a gente conseguiu dormir tanto? – Perguntava-se batendo na própria testa.

   - Fácil, fácil Lice. – Disse Marlene com a voz abafada pelo travesseiro. – Quando a gente finalmente dormiu já eram quase cinco da manhã.

   Aos poucos as meninas ficaram apresentáveis e desceram para a cozinha onde Alice preparou apenas uns sanduíches grelhados e Dorcas arriscou fazer um milk shake, que por sinal ficou muito bom. Lá pelas três resolveram sair para dar uma volta pela vila. Sentaram-se em um dos bancos da praça e ficaram conversando e olhando os pássaros voando baixo até que um garoto desconhecido se aproximou.

    - Ora, ora, ora se não é a minha doce Marlene McKinnon. – O rapaz era moreno de cabelos ondulados e tinha um bonito sorriso. Mais atrás estavam outros dois meninos que deviam ser seus amigos.

    - Jason? – Perguntou Marlene parecendo ao mesmo tempo surpresa e feliz.

    - Eu mesmo. – Respondeu com um sorriso simpático.

    - Oh meu Deus que saudades! – Gritou Marlene correndo para abraçá-lo.

    Lílian, Alice e Dorcas se olharam com cara de interrogação. Os outros meninos se aproximaram e Marlene recebeu-os com entusiasmo semelhante.

   - Brad, - gritou pulando em um loiro alto. – Brian, - ela se jogou no ultimo menino que era muito parecido com o loiro. – Nossa como vocês estão diferentes.

   - Você também mudou muito Lene. – Disse o menino chamado Brad. – Ta uma gata.

    Marlene sorriu amarelo.

    - Pelo jeito não mudaram tanto assim. – Ela olhou para trás e viu que as meninas a observavam sem saber o que fazer. – Venham cá, vou apresentá-los as minhas amigas. – Marlene chegou perto das garotas e sussurrou para que eles não pudessem ouvir. – Cuidado com o que dizem, eles são Trouxas. – Ela olhou novamente para os rapazes e normalizou a voz. – Bom, aqui estão três loucas que conseguem me aturar. Dorcas Meadowes, Alice Spineet e Lílian Evans. – Disse apontando para cada uma ao dizer o nome. – E esses são Jason White e Brian e Brad Nilton os gêmeos maravilha.

    - Nossa Lene, gêmeos maravilha não né. – Reclamou Brian. – Isso era quando tínhamos oito anos, agora eu acho muito gay. – Ele olhou para as outras meninas. – É um prazer conhece-las damas, não acreditem em nada do que a Marlene falar.

    Todos riram e começaram a conversar até que surgiu um assunto meio delicado.

    - Por que mesmo estamos a tanto tempo sem nos falar? – Perguntou Marlene sorrindo, porém Jason pareceu meio sem graça.

    - Bom, desde que você foi para essa escola na Escócia acho que a gente perdeu o contato não é? – Disse olhando para o chão. – E durante as férias eu quase nunca te vejo por aqui e nas poucas vezes em que você aparece está sempre com seu primo e você sabe que nós não temos uma relação muito amigável.

    - Sim eu sei. – Disse Marlene ignorando a cara de curiosidade que surgia no rosto das amigas a menção da palavra “primo”.

    - Por falar nesse energúmeno, onde ele se meteu já que não está aqui cuidando de você e de suas amigas gatas? – Perguntou Brad.

    - Foi passar as férias na casa de um amigo.

   - Vocês estudam todas juntas? – Perguntou Jason.

   - Sim. – Começou Dorcas. – Estamos no mesmo ano e dividimos o mesmo dormitório. – Disse a menina olhando para eles com uma cara que claramente dizia “sou pirada não tentem me entender”.

   - E como vocês conseguem agüentar Marlene McKinnon? – Desse vez quem perguntou foi Brian.

   - Não agüentamos. – Respondeu Lílian com seu famoso sorriso diabólico. – Geralmente quando ele fica muito insuportável, nós a trancamos no armário.

  - Uau. – Disse Brian divertindo-se. – Sempre ouvi dizer que ruivas eram estressadas, mas não pensei que fosse tanto.

   - Cara você não viu nada. – Disse Alice. – Ontem a Lily quase arrancou a mão da Lene com uma mordida e depois nos atacou furiosamente com um travesseiro.

    - Selvagem você então. – Falou Jason com uma piscadinha.

   Lílian ficou com as bochechas levemente rosadas.

   - E seus pais simplesmente não acordaram enquanto a Lílian dava uma de canibal? – Perguntou Brian.

   - Meus pais viajaram, estamos sozinhas em casa.

   Será que Lílian imaginou o sorriso malicioso que os gêmeos deram?

   - Então você está livre do seu primo e dos seus pais? – Perguntou Brian e Marlene assentiu. – Que demais. Pelo jeito nessas férias a gente vai poder se falar bastante.

   - Verdade, mas agora temos que ir. – Falou Marlene e começou a se afastar. – Tchau meninos.

   Os garotos pareceram desanimados enquanto as meninas caminhavam em direção a casa dos McKinnon. Lílian esperou entrar na casa para começar as perguntas.

   - Quem são eles?

   - Amigos de infância. – Lene respondeu dando de ombros. – Costumávamos brincar juntos antigamente, mas ai eles tiveram um desentendimento com o James. Pelo que eu sei o Potter disse que se eles chagassem perto de mim novamente seriam castrados.

   Lílian não acompanhou as meninas na risada.

   - E desde quando o Potter é seu primo? – Perguntou Lily intrigada.

   - Ele não é, e vocês sabem disso. Mas acontece que meus pais e os pais de James são muito amigos desde a escola e quando eles terminaram Hogwarts eles acabaram decidindo por morarem juntos. Depois de se casarem eles virão que estavam acostumados demais com a convivência e então se mudaram juntos para cá, mas seria meio estranho para os Trouxas dois casais fazendo casas enormes e se mudando ao mesmo tempo para a vila, daí eles falaram que minha mãe era irmã de Dorea e que eram todos da família. – Marlene olhou para as meninas sorrindo. – Para eles nossos pais são advogados que trabalham na cidade e essas casas são usadas apenas no fim de semana.

   - Por que isso? – Perguntou Alice.

   - Por que eles nunca são vistos saindo de casa. Sempre que vão para a fabrica eles aparatam ou usam a lareira. – O senhor McKinnon junto com o senhor Potter tinham uma fabrica montadora de vassouras, por isso eles eram muito conhecidos no mundo bruxo.

   - Pensei que não podiam aparatar na sua casa Lene. – Disse Dorcas.

    - E não pode. – Respondeu a garota sorrindo. – Mas o feitiço anti aparatação foi removido em um dos quartos de hospedes. – Quando terminou de falar Marlene começou a rir.

    - Qual foi a graça? – Perguntou Lílian.

    - Nas férias passadas escutei minha mãe falando com Dorea sobre logo terem que acabar com esses lugares onde se podem aparatar na casa, porque logo eu e o James vamos ser maiores de idade e poderemos aparatar e ao que parece eles tem medo de que nós aproveitemos esses lugares “aparataveis” para nos encontrarmos a noite.

    Alice começou a rir.

    - Eles acham que você e o James têm um caso! – Disse Alice em meio as risadas.

    - Como eles podem pensar isso? – Perguntou Dorcas.

    - Ao que parece eles ficaram sabendo da história de James ameaçar o Jason para ficar longe de mim e pensaram que era ciúmes.

    - E por que diabos o James ameaçou eles mesmo? – Perguntou Alice.

    - Eu não sei direito. Foram nas férias do segundo ano, o Black também estava na vila. James me disse que não gostava deles e que estava procurando um motivo para confrontá-los e então resolveu encarnar no papel de primo super protetor.

   - Deve ter sido engraçado. – Disse Dorcas como sempre sonhadora.

   - Esses trasgos não têm jeito mesmo. – Reclamou Lílian. – Sempre arrumando confusão, até mesmo com Trouxas.

   - Eles são impossíveis. – Disse Alice.

   - Loucos. – Acrescentou Dorcas.

   - Marotos. – Falou Marlene dando de ombros. – Eu adoraria saber o que eles estão fazendo na casa do Remo. – Disse com um sorriso sapeca.