Aurora escrita por Juliana Gonçalves


Capítulo 1
CAPITULO 1 – UM IMPACTO COM O PASSADO.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores... acredito que nem todos que acompanhavam a fic em 2012 estarão aqui, mas espero que nem todos tenham me abandonado rsrs. Então minha lindas, sei que nada justifica essa ação (recomeçar a fic), entretanto esse foi o único jeito que achei de continuar a história. Fiz algumas mudanças, ajeitei alguns erros e dei mais detalhes, mas a essência continua a mesma. Espero que vocês realmente gostem.

Os capítulos serão postados diariamente as 14 hrs, para as novas leitoras. Mas quem quiser acompanhar somente a continuação (que é do cap. 32 em diante) o livro será postando no meu site (www.juhgoncalves.com.br) assim que a liberação do mesmo for concluída. Espero vocês nos comentários, qualquer dúvida estarei respondendo por lá. Muito obrigada por tudo.

Bjuhs *-*



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Quando entrei no corredor da escola pude ouvir todos cochichando. Eu odiava isso. Odiava ouvir as pessoas falando baixinho. Conversando em grupinhos e de tempos em tempos olhando para você enquanto dão aqueles sorrisinhos idiotas. Só para te fazer imaginar o que elas estão falando de você, e para que você se sinta mal. Mas, eu odiava mais ainda quando de repente elas dão aquelas gargalhadas escandalosas pelas suas costas, para que você fique morrendo de vergonha e raiva. Apesar de saber que eram apenas joguinhos de adolescentes desocupados eu ficava sim morrendo de vergonha e de raiva.

Como forma de escapar daquela humilhação social abracei meus livros e caminhei, o mais rápido que pude, em direção a sala 3 onde seria a minha primeira aula. Era horrível saber que a pessoas gostavam de te ver sofre. Todos os dias eu era o mais desejado objeto de chacota de meus colegas de classe. Como se eu não fosse nada além de uma marionete de escola feita unicamente para divertimento dos alunos.

Eu não deveria me importa com isso. Não deveria deixar que isso me atingisse. Mas, pensar era fácil, já agir... por isso concentrei-me no barulho que meus pés produziam ao tocar o chão de cimento e continuei meu caminho. Ao chegar à sala soltei a respiração que nem percebi que estava segurando.

Mais um dia. — pensei frustrada. — Mais um dia...

Minha vida se tornara uma merda seis meses atrás, quando vi o meu melhor amigo cometer suicídio. Estávamos em um almoço de domingo. Minha família e a dele comemoravam o nosso décimo sexto aniversário. Completávamos ano na mesma semana, eu dia 13 e ele dia 15 de setembro, portanto, comemorar juntos tinha se tornado um hábito. Quando, de repente, ele saiu de dentro de casa chorando, com uma arma na mão. Éramos amigos desde crianças, nossas mães se conheceram ainda gravidas. Mas isso não o impediu de antes de se matar atirar contra mim. O tiro acertou de raspão meu ombro, onde até hoje tem uma cicatriz. Um lembrete eterno daquele dia.

Depois, antes mesmo de saber que o tiro não me matou, ele atirou contra a própria cabeça, tirando a vida que um dia ele disse que tanto amava. O que mais me marcou não foi o tiro contra mim ou o que ele fez com ele mesmo, mas sim o olhar de desculpa que vi passar por seus olhos quando ele disparou contra mim. Desculpa pelo quê? Eu me perguntei. Éramos melhores amigos e ele não me achou digna de saber o que o magoava tanto. Não confiou em mim como sua melhor amiga.

O que mais doía era saber que eu nunca entenderia o porquê de tudo. Que nunca saberia por que ele tentou me matar, ou porque ele se matou. Ele nunca poderá responder. E jamais poderia provar que éramos melhores amigos de verdade.

Não era fácil ficar com tantas perguntas sem respostas. Quando se tinha a quem culpar era mais simples, mas nem isso eu tinha. Talvez o único culpado tenha ido... era esse talvez que me assustava. Eu tinha que entender que o ÚNICO culpado tinha SIM morrido. E na minha frente. E tentou fazer o mesmo comigo. Mas entender isso era mais difícil que ficar com tantas perguntas sem respostas.

Alguns dias depois que tudo aconteceu, logo após o fim das investigações, meus pais decidiram que o melhor seria que nos mudássemos. Para que eu esquecesse tudo. Mas isso era impossível. Esquecer era a coisa que eu mais queria, mas já havia entendido que jamais conseguiria também. Antes morávamos em Nova York e hoje moramos na pacata Forks, a cidade mais fria que já conheci. Eu odiava o frio. Entretanto... nem isso conseguiu fazer eu esquecer aquele dia, nem sequer um segundo de tudo que aconteceu ficou para trás.

Passei por vários psicólogos que tentaram me ajudar, que fizeram de tudo para eu passar por cima desse trauma, mas o problema é que depois que tudo aconteceu, eu nunca mais consegui falar. Com ninguém. Nem mesmo com meus pais. Há seis meses que eu não consigo abri a boca para falar uma única palavra. Nem o mais singelo “ai”. Já tentei várias vezes, entretanto a única coisa que conseguia era um ataque de pânico idiota. Fazer-me falar tinha ser tornado o maior objetivo dos meus pais, mas infelizmente eu não conseguiria. E graças a Deus eles também entenderam isso.

E era por isso que as pessoas que me conheceram depois do acontecido riam de mim. Elas não entendiam como uma pessoa podia ouvir e não querer falar. Elas não conheciam a verdade e isso era a única coisa que me impedia de sentir raiva delas. Elas eram as desinformadas da situação. Entretanto, isso também não diminuíam o estrago que elas faziam em minha vida. O estrago que ele fez em minha vida. Balancei a cabeça tentando dispersar as imagens que se formavam em minha mente, antes que começasse a chorar.

O professor ainda não estava na classe. O que era péssimo, pois teria que continuar ouvindo as pessoas conversando e me olhando como se eu estivesse vestindo uma roupa de palhaço, até que a aula começasse. Sentei em minha mesa, na cadeira ao lado da janela, e joguei minha mochila encima da outra cadeira, ao lado da minha que sempre estava vazia. Ninguém se atrevia a sentar ao meu lado.

Fiquei encarando a chuva que caia lá fora por um bom tempo que nem percebi quando o professor chegou.

— Bom dia Srta. Swan. – ouvi-o me cumprimentar.

Apenas sorri para ele e peguei meu caderno de biologia.

— Bom pessoal, vamos começar! — falou com a turma. Mas era impossível ouvir com toda aquela gritaria. — Stanley dá para se sentar? — Demorou um bom tempo até que os alunos se acalmassem e ele pudesse começar a aula.

Estávamos começando o segundo semestre e alguns alunos ainda não se adaptaram a volta às aulas. E por essa razão, a hora parecia demorar mais para passar. O que cansava os alunos e professores, e tornava a aula menos produtiva para todos. Menos para mim. Prestar atenção era a única coisa que eu podia fazer.

O Sr. Banner era um ótimo professor, o único que não me olhava torto por causa do meu problema. Era difícil avaliar um aluno que não participava da aula. Mas ele me aceitara tão bem quando entrei nessa escola que na sua aula, era a única hora do meu dia que eu conseguia sorrir. Fazer-me rir, pelos menos uma vez era sua tarefa diária.

O resto da manhã passou normal, apenas alguns trabalhos de literatura, matemática e história americana. Na hora do almoço dirigi-me para o refeitório, eu não estava com fome, mas teria que comer alguma coisa. Passar mal de fome não era uma opção.

Comprei um refrigerante, uma fatia de pizza e uma maçã, sentei-me em minha habitual mesa que estava, como sempre, vazia e tentei comer o que tinha comprado. Essa era a pior hora do meu dia. Apesar de ter me acostumado com a minha solidão era nesse momento que eu pedia por tudo que era mais sagrado para que o tempo voltasse. Para que ele ainda estivesse aqui. Para que tudo não passasse de um grande pesadelo e que em algum momento eu acordasse e sorriria o resto do dia por causa da besteira que consegui inventar.

Mas eu nunca acordei, o tempo nunca voltou e ele nunca mais estaria aqui. Era nessas horas que eu percebia que a vida não era um sonho, que o tempo não curava nada e que os amigos não estariam sempre ao seu lado. Olhei ao redor do refeitório e todos sorriam, brincavam e até brigavam, mas ninguém estava sozinho. Além de mim, é claro.

Senti uma lágrima escorrer por meu rosto e a enxuguei rapidamente. Antes que alguém me visse chorando, peguei meus livros, minha bolsa e me levantei caminhando para fora do refeitório, deixando o meu almoço intocado para trás. Hoje era um dia daquele que eu não conseguiria pensar em nada sem chorar, então antes que me arrependesse sai da escola em direção ao estacionamento. Ninguém se importaria se eu matasse aula, ninguém sequer notaria a minha falta.

Desci correndo os degraus da pequena escada que levavam ao estacionamento e pude senti as gotas de chuva contra meu rosto. Baixei a cabeça e continuei correndo... Senti-me chocar contra alguém e meu corpo caiu para trás com o impacto, levando meus livros ao chão. Antes que meu corpo tocasse o chão senti mãos enlaçarem minha cintura e me puxarem para cima contra quem quer que fosse.

Com o susto eu havia fechado meus olhos e por isso não poderia dizer quem estava ali. Sentindo meu coração pulsa forte em minha garganta e, abri meus olhos devagar, respirando forte por causa da adrenalina do impacto. A primeira coisa que vir foram dois orbes verdes, perto o suficiente para pode distinguir as pupilas verdes escuro do verde esmeralda de sua íris.

Apesar do casaco que usava e do frio que fazia naquele momento, pude senti o calor de sua mão esquenta minhas costas no local em que me segurava.

— Desculpe. – uma voz rouca falou, mas minha mente não conseguiu identificar o dono daquela voz, pois toda a minha atenção estava naqueles lindos olhos que brilhavam sem precisar de luz do sol.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor.
Bjuhs *-*