Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 6
À Caminho da Metamorfose




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Eu estava muito machucada. Como não havia percebido isso antes? Eu tinha ferimentos horríveis. Não, não estou me referindo aos meus machucados após a queda – mas eles devem estar bem feios também. Pular da ponte não foi uma das ideias mais inteligentes que eu já tivera.

Mas os machucados por dentro eram piores. Era como se eu estivesse hipnotizada e não tivesse percebido o quanto as coisas estavam feias aqui dentro. Não quero admitir, mas você precisa saber de certas coisas sobre mim. Coisas horríveis.

Minhas emoções estavam diferentes. Algumas se tornaram mais fortes. Outras, quase desapareceram.

Agora eu era de Klaus. Sim, isso mesmo. Eu precisava dele, eu o queria.

Não importava que Stefan provavelmente enlouquecesse e virasse o Estripador novamente ou que ele matasse tantas pessoas que a população de Mystic Falls fosse reduzida a menos de uma dúzia. Não importava que, provavelmente, Damon fosse me esperar pelo resto da eternidade e que não suportaria a dor de perder “Katherine” de novo. Não importava que Jeremy voltasse a se drogar por causa disso e talvez tivesse uma overdose. Não importava que Alaric não suportasse perder sua família novamente. Todas essas coisas eram apenas sombras, no fundo da minha consciência. Só o que importava agora era Klaus.

Era como se eu despertasse, como se eu me desse conta de algo em mim que estivera esse tempo todo escondido. Meu corpo clamava por Klaus, meu cérebro clamava por ficar longe dele e meu coração... Bem, ele estava tão perdido quando eu.

Lentamente fui voltando à consciência. Duas pessoas conversavam baixo perto de mim.


––... Por enquanto – dizia uma mulher – Ela não estará assim pra sempre. É tudo efeito do seu sangue.

–– Não há nenhum jeito de mantê-la assim? – perguntou Klaus.

–– Se você alimentá-la regularmente... Mas, só tome cuidado para que ela não morra. Não vamos salvá-la novamente. – respondeu a mulher, saindo do quarto.


Me alimentar? Salvar-me novamente? Eu era uma... uma... vampira? Ah, não, o que eu fiz?!

Levantei em um pulo de onde estava, arfando.


–– Ah, aí está minha garota – falou Klaus.

–– Klaus, eu me transformei? –– perguntei, de olhos arregalados.

–– Não. Há muito tempo que pedi pras minhas bruxas colocarem um feitiço de proteção em você, querida. O que me lembra...


Ele foi até mim em uma fração de segundo, jogando-me na parede. Klaus me pegou pelo pescoço, apertando-o, e tirou meus pés do chão.


–– O que você estava pensando? – gritou ele

–– Klaus... você tá... me machucando! – consegui dizer. O ar começava a me faltar.

–– Ah, essa é a intenção. – disse ele, friamente – Você tem ideia do quanto esperei por isso só para uma garota idiota tentar estragar meus planos?! Se tentar fazer isso de novo eu transformo metade da população da sua cidadezinha ridícula em vampiros, só pra poder matar a outra metade. E depois boto fogo em tudo. Com você assistindo. Entendeu?


Eu não conseguia respirar. Comecei a me contorcer.


–– Perguntei se entendeu – gritou ele, apertando meu pescoço ainda mais.

–– En... Entendi – gaguejei.


Ele me soltou. Meu pescoço esta queimando. Imagine um vampiro apertar seu pescoço até todo o seu ar acabar. Imaginou? Pois é, não é nada legal.

Olhei para o lado. Havia um pedaço de madeira, provavelmente lenha para por na lareira. Tive uma ideia, enquanto a raiva me consumia. Peguei a madeira e me levantei. Klaus estava parado em frente à porta. Fui até ele e tomei impulso, pronta para cravar a madeira em seu coração. Não iria matá-lo, é claro, mas eu não podia ficar indefesa.

Antes de eu chegar a trinta centímetros dele, ele se virou e cravou a madeira em minha barriga. Eu caí no chão, a dor me consumindo imediatamente.

Klaus me olhou, furioso, a traição estampada em seu rosto. Ah, não, eu não devia ter feito isso. Ele foi até mim e tirou a madeira. Depois mordeu seu pulso e o deu para eu beber. Assim que o sangue dele entrou no meu organismo, a dor cessou. Tudo o que sobrou daquele incidente foi minha blusa, esburacada e cheia de sangue.


–– Queria me matar, pequena Elena? – perguntou ele, suavemente.


Tive vontade de gritar “Sim!”, mas algo me impediu. Talvez fosse o olhar dele, ou o modo com disse meu nome; eu percebi que não queria realmente matá-lo. Eu só estava nervosa. Não é fácil não saber o que se sente. Você não consegue se controlar.


–– Não. Não mesmo. Desculpe. – falei, me levantando.


Ele parecia estar lutando contra alguma coisa.


–– Eu... eu sinto muito ter feito isso. Não farei novamente.


Sorri. Aquele era o melhor pedido de desculpas que poderia sair da boca dele.

Eu não queria morrer. Queria ficar ali, com ele. Talvez eu afinal tivesse uma chance, mas era um segredo e eu o levaria para o túmulo.

Enquanto olhava para ele, vi que era a primeira vez que eu olhava realmente para ele. Cara, Klaus é lindo. Do tipo que te mata. Muito lindo mesmo. Aquele sorriso, os olhos castanhos, o cabelo cor de areia ondulado. Ah, e o sotaque! Cada vez que ele falava meu corpo reagia. Mas esse é outro segredo que eu vou levar para o túmulo.

Ele tinha o corpo mais bem definido que eu já vira na vida – e eu já presenciara mais do que devia. Era sarado, mas não bombado demais. Seus músculos eram esguios – mesmo vestindo uma simples camiseta, eles apareciam. Sejamos sinceros, ele era perfeito.

Mas o que me matava nele era seu sorriso. Ele sorria de um jeito torto, como se não quisesse que ninguém o visse sorrindo, mas não conseguisse controlar. E o som do riso dele? Ah, era harmonial. Poderia fazer parte de uma música.

Era tudo tão contraditório! Eu sentia raiva, medo e talvez até ódio dele. Mas o queria. Sabe quando você encontra alguém que é simplesmente o que você, mesmo sem admitir, procurava? Seu corpo reage. Seu coração reage. Você não consegue nem pensar direito. É tão forte que parece que você está sendo puxada até ele.

Por favor, se isso for efeito do sangue dele em mim, que passe logo. Nada do que eu confessei pode dar em coisa boa.





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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora, leitores. Estava sem inspiração. E aí, gostaram? AH, não posse deixar de agradecer a brigadeirocomgranulado.tumblr.com que me deu uma ótima ideia. Valeu mesmo, linda *-*