Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 3
Uma Dose de Violência, Com Medo à Gosto




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Havia duas coisas que eu sentia falta mais do que tudo. A primeira era Stefan. Eu o amava. Amava o modo como ele ria das minhas risadas; ele dizia que era algo inevitável. Amava o fato de que ele sempre procurava um jeito de tocar em mim.

Lembro da nossa música, “When The Lights Go Down”, do Jason Walker. Toda vez que estávamos em algum lugar e essa música tocava, ele me fazia dançar junto dele, ali, com todo mundo vendo. Eu adorava isso.

Às vezes, ele passava a noite acordado só pra me ver dormir. E eu amava também quando ele jurava me proteger, jurava que tudo ia ficar bem.

Não ficou.

Mal percebi que estava chorando, abraçada em uma almofada. Não me importava se Klaus voltasse e me visse assim; era culpa dele. A dor que eu sentia, internamente, era maior do que a física. Quando eu fui embora com Klaus, estava no meio de uma decisão.

Porque a segunda coisa que eu sentia falta era Damon. Não sabia o que sentia por ele, só que doía estar longe. Ele gostava tanto de mim, e eu nem pude me despedir. Ah, o quanto ele deve estar sofrendo! O jeito brincalhão dele era uma das coisas que tornava o meu dia melhor. Quando Stefan esteve longe, procurando por um jeito de matar Klaus, era no Damon que eu confiava.

Isso fazia de mim uma pessoa terrível. Não era diferente de Katherine. Só que ela deu um jeito de fazer os dois felizes, por um tempo. Eu não. Estava fazendo o Damon sofrer e estava enganando Stefan. Talvez eu merecesse tudo aquilo. Eu estava destruindo as pessoas que mais me amavam no mundo.


– Eu trouxe comida – falou Klaus, entrando.


Não respondi.


– Não espere que essas lágrimas vão me comover.

– Eu não espero nada de você; só que vá pro Inferno.


Ele foi até onde eu estava e me deu um tapa.


– Olha como fala.

– Será que não pode me deixar em paz nem um minuto? – gritei, chorando com mais vontade. Droga.

– Acho que você não entende muito bem como as coisas funcionam. Eu faço com você o que bem entender, e faço pior se ficar reclamando. Você acha o quê? Que eu vou ficar com dó e deixar você ir correndo até seus dois cachorrinhos? Poupe-me.

– Não ouse tocar no nome deles. Quer me machucar? Vá em frente. Nada te impede mesmo. Mas os dois cachorrinhos, como você diz, um dia vão te achar. E vão fazer muito pior. Porque eles não são os únicos atrás de você, idiota.

– Cale a boca – gritou ele – Parece até que você quer sofrer. Se é isso, vamos realizar seu desejo.


Ele pulou em mim e mordeu meu pescoço com muita força. Doeu. Muito. Mas aquela sensação ainda estava lá, diminuída pela dor.

Acho que ele bebeu mais do que devia, pois eu me sentia muito fraca. E estava quase inconsciente.


– Elena? Elena! Droga, acorda. – gritou ele.


Mas eu não acordei. Acho que ele cometeu um erro. Eu provavelmente iria morrer; não devia estar tão tranqüila. Pelo menos o tormento iria acabar. Fechei os olhos e pensei nos Salvatore que eu provavelmente não voltaria a ver. Soou tão depressivo como eu acho que soou? Credo.



Eu estava errada. Klaus dera um jeito. Estava viva, e com uma tontura terrível.


– Elena! – chamou Klaus, levantando do chão. Não sei por que, mas ver ele sentado no chão me deu vontade de rir.

– Aqui – respondi.

– Eu sei que você está aí. Tá melhor?

– Pergunta estúpida, Klaus. Você quase me matou. Como acha que eu estou? Com certeza não posso sair dançando por aí, agora.

– É sua culpa.

– Minha? Eu não lembro de ter encomendado meu assassinato.

– Você me deixa nervoso – falou, como se isso explicasse tudo. Ai, se eu tivesse uma estaca. – O que me lembra que tenho que fazer uma coisa.


Ele foi até mim e fixou o olhar nos meus olhos.


– Você não sentirá raiva ou ódio de mim. Toda vez que isso começar a surgir, toda vez que quiser gritar comigo, você só vai sentir medo. Muito medo.


Compulsão. Nem a verbena no meu colar era páreo para a compulsão de um original.

Deve ter funcionado porque estar na presença dele estava me apavorando.


– Agora, vamos descer. Deve estar com fome.


Faz tipo uns dois dias que eu não como. Eu seria capaz de atacá-lo agora.


O restaurante do hotel era tão bonito quanto os quartos. Tinha um toque vitoriano. E o cheiro, meu Deus, que cheiro.


– Peça o que quiser.

– Certo – respondi. Eu pedi as três primeiras refeições do cardápio, fossem o que fossem.

Apesar do nome estranho que possuíam, eram muito boas. Terminei de comer e olhei pra Klaus, que apenas tinha observado eu comer.


– Você... – comecei, cautelosa – Quando pretende finalizar a transformação?


E acabar com minha vida.


– Mês que vem. Na última lua cheia.

– Tão cedo – deixei escapulir. Ele até podia ter tirado o ódio que eu sentia por ele, mas o sarcasmo ainda está bem vivo em mim.

– Cedo? Faz ideia de quanto tempo espero?

– Não. Mas, preciso perguntar, por quê? Por que é tão importante virar um híbrido?


Ele se ajeitou na cadeira, desconfortável.


– Vingança, pequena Elena.

– De quem?

– Não é da sua conta.


Ai.

Eu me perguntava de quem Klaus queria se vingar. Quem teria feito tanto mal a ele, a ponto dele passar séculos procurando uma maneira de se vingar.


– Vamos. – anunciou ele.


Nós voltamos para o quarto e, pra surpresa de todos, ele deitou ao meu lado. No escuro, ficamos vários minutos em silêncio. Então tentei uma coisa nova.


– Eu sinto muito.

– O quê? – perguntou ele, sem entender.

– Alguém deve ter feito muito mal a você, a ponto de passar tantos anos atrás de vingança. Eu... eu realmente sinto muito.


Ele me olhou surpreso por um momento.


– Sente muito por você. Não fosse por isso, estaria em casa.

– Eu sinto muito por você.


Eu não sabia o que estava acontecendo. Depois da raiva e do ódio, tirados por ele, havia alguma coisa. Alguma coisa que eu não sabia explicar. Mas eu estava sendo sincera.

Klaus aproximou sua mão, e então recuou. Fiz uma coisa que me surpreendeu. Levei minha mão até a dele, entrelaçando os dedos.


– Eu realmente sinto muito – repeti.


Klaus não respondeu, apenas acariciou o meu rosto e, onde ele tocou, a minha pele formigou de um jeito agradável.

Ele sorriu.


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Notas finais do capítulo

Hey leitores, o que estão achando? E o trailer, gostaram?