Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 26
Pequena Vingadora


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada à todos que acompanharam ♥
Pra todos vocês, dedico esse último capítulo.



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Eu me sinto estranha, todo o tempo. É como se houvesse uma peça que não se encaixasse, alguma ponta solta. Mesmo depois de anos, o pensamento de que “ainda não acabou” me persegue, dia e noite. 

Suspirando, deixei a caneta de lado.

Como todo vampiro que se preze, adquiri o hábito de escrever diários. Não apenas o cotidiano, mas segredos e pensamentos, coisas que ninguém mais sabe. Espero que isso vá me ajudar um dia.

No entanto, agora, não está me ajudando realmente. Me sinto agoniada e essa sensação não passa nunca. Klaus diz que é saudade de casa, mas partimos há tanto tempo de Mystic Falls e o pensamento de voltar nunca passou por minha cabeça.

É apenas uma sensação ruim, amor”.

.  .  . 

Acordei sobressaltada. Não era comum que eu cochilasse. Guardando minhas coisas resolvi voltar a casa.

Foi então que eu senti. Meus sentidos sobre-humanos logo captaram a presença estranha há um quilômetro dali, nos jardins da casa. Inspirei profundamente. Vampiros e humanos. Nada bom. Haviam muitos deles para meu gosto.

Klaus não estava em casa. Anthony! Rosalie! Corri, como nunca correra na vida, rápida demais até para um imortal. Desesperada, abri todas as portar ruidosamente, até a que dava acesso ào pequeno salão em nosso jardim. Me deparei com a pior cena de todas.

Três bruxas proferiam um ritual, de mãos dadas. E no vão entre elas estavam meus bebês. Eles choravam e berravam e isso despertou em mim uma vontade de arrancar o coração delas. Mas meus olhos me obrigaram a perceber toda a cena.

Ora, haviam espectadores também. Parados, em pé, estava o casal do século, Katherine e Stefan, sorrindo cruelmente para mim. Eu imaginava que não fosse possível ficar mais furiosa, mas ao ver os rostos debochados, senti que fosse explodir de ira.

E subjugados à um canto, provavelmente por algum feitiço, estavam Kol e Rebekah, nossos eternos e leais protetores, que observavam tudo de olhos arregalados. Ali perto, havia uma caixa. E nela, três estacas brancas. Se pudesse apostar, daria minha vida de como eram de carvalho.

A ponta solta.
Uma traição.
Pois no meio de tudo aquilo, comandando, estava Elijah.
Sim, o mesmo Elijah que eu jurara ser apaixonado por mim. E o era. Um dos poucos que eu já depositara esperança, agora estava ali, acabando cruelmente comigo.

- Seu demônio maldito! - gritei, pronta para pular nele. Mas eu também tinha algum senso de juízo ainda. Um Original, apesar de tudo. E duvido que fosse ter a mesma sorte duas vezes de enfrentar um Original suicida.
- Chama a mim de demônio? - disse ele, rindo. Ai, por Deus, eu vou rasgar a cara dele! - Olhe para seus filhos primeiro. Essa prole imunda. Crias do Diabo, é isso que eles são!
- Eu vou arrancar sua língua se falar deles novamente. - respondi, fazendo menção de atacar. Com um só meneio de cabeça, Katherine e Stefan estavam ali, segurando meus braços. Fiz toda a força possível, mas, apesar de tudo, não poderia vencer os dois. Provavelmente, nem um de cada vez, já que eu era a mais nova dali e Katherine tinha sabe-se lá quantos séculos.

- Awn, calma aí, garota - disse ela. Em resposta, arranhei seus braços e a vadia gritou - Maldita! Eu vou acabar com a sua raça.
- Gostaria de ver você tentar, piranha - respondi, sorrindo acidamente.
- Apesar de tudo, você continua ingênua, não é? - disse Elijah, incrédulo - Você não sabe! Como é possível?
- Cale-se Elijah! - gritou Rebekah - Guarde essa sua língua dentro da boca ao menos uma vez.

Opa.

- Do que eu não sei? O que está acontecendo nessa merda?
- Minhas queridas, queiram ter a honra - disse ele, fazendo menção às bruxas.
- Nascida em berço de luz, virá a porta para a maldade. Assim como a Mãe, será atraída pela perdição. Se concluída, sua demanda trará o fim da bondosa humanidade. -  disseram as três, em uníssono - O Carrasco lhe tomará a alma e o coração, e num poço de imundície, essa relação crias trará. Sem jamais perceber, a Iluminada os amará, assim como acabará amando a maldade e as trevas. Se as Filhas da Natureza não a impedirem, então o plano Dele se concluirá. Oh, se não formos nós, as salvadoras dos homens, quem então será?

Estaquei.

- O-o que é isso?
- Sua profecia, querida Elena. Assim como aconteceu certa vez, você mordeu o fruto do pecado. E agora se não a imperdimos, contaminará todas as pessoas que tocar. A mais pura se corrompeu, no final das contas.

Uma lembrença sobrepujou minha mente. Eram as palavras de Klaus, que pareciam sussurrar no meu ouvido novamente:

"Pequena Elena, chegará o dia que terá de fazer uma terrível escolha. Uma escolha que eu fiz a muito tempo. Se voltar atrás, ainda terá salvação. Poderá ser curada e tudo que a aflinge irá embora. Mas, se olhar para frente, jamais retornará. Um caminho tortuoso e depravado a espera. É o meu caminho, e é nele que eu encontro sossego. É dele que eu gosto. Se escolher me dar sua mão, será para sempre. Você cairá, então."

Na época, eu sequer prestei atenção, afinal, estava à beira do sono. Esta era a primeira vez que essas palavras vinham à mim.

Era verdade então.

Eu era um ser maligno. Estava corrompida. Era uma pessoa ruim. Amante da maldade. Foi nisso que me tornei. Olhando para trás, foi fácil ver como cada escolha levou isso. As dicas estiveram lá o tempo todo, mas nunca percebi. Era tão simples prever que isso aconteceria, mas eu fechei os olhos à verdade.

Por causa da paixão proibida que sentia, eu abraçara a maldade. 
Caí de joelhos e ninguém me amparou.
Surpreendentemente, meu coração não se exaltou àquela revelação. Ele a aceitava. Porque... Porque é assim com todo mundo! Esse lado meu sempre existiu, sempre esteve lá espreitando. Mas a bondade ainda queimará dentro de mim, se assim eu quiser. Porque posso ver que sacrificar duas crianças que nunca fizeram nem uma escolha sequer na vida é errado!

Escolhas, tudo se trata disso. Meus filhos ainda têm salvação! Por mais suja que eu esteja, ainda posso levá-los ao bom caminho. Eles podem tentar, têm uma chance. Não é essa a dádiva da humanidade? Poder escolher? Os dois lados florescem em nossos corações, estamos ao alcance dos dois. Existe possibilidades ainda.

"Oh, se não formos nós, as salvadoras dos homens, quem então será?", dizia a profecia. Eu poderia ser. Ora, todo o problema começou comigo mesmo. Se eu era a mais pura e me juntara ào corrompido, era porque assim meu coração desejara. O coração deles também guiarão seus caminhos.

- Ninguém nunca disse que eu precisava ser salva. Mas eles irão - sussurrei, levantando-me.

E então, eu já não era mais indefesa. A força queimava dentro de mim e não havia barreira que eu não pudesse superar agora. Em um movimento único, torci meus braços, fazendo meus carcereiros caírem. Então agarrei seus pescoço e os lancei em direção a Elijah com a mais brutalidade que eu consegui invocar. Ouvi ossos quebrando. Ótimo.Após admitir minha perdição, eu evoluíra. O poder corria por minhas veias. E assim, descobri gostar.

Agora, sem enrolação, arranquei as cabeças das bruxas, uma à uma. Presas ào ritual, elas nada puderam fazer e admito que gostei da expressão de terror nos olhos delas. Elas mereciam aquilo.

- Saiam de cima de mim, seus lixos! - gritou Elijah, finalmente perdendo a pose.

Liberados do feitiço, Rebekah e Kol atacaram. Em poucos movimentos, ele arrancou o coração de Katherine, sorrindo amigavelmente. Meu garoto. Rebekah, engolindo todo seu amor, cravou as unhas no coração de Stefan e estava pronta para arrancá-lo.

Peguei duas estacas, uma em cada mão e encarei lentamente Elijah. Me sentia uma vingadora, pra falar a verdade.

- O que vai fazer? Elena, pense bem... - começou ele
- Corra por sua vida agora - disse, entredentes.

Ah, ele correu. E como correu. Tentaria por tudo salvar sua vida miserável, mas de nada adiantou. Para qualquer lado que ele fosse, eu estava lá. E somente quando me cansei do jogo, chutei-o, e antes mesmo que chegasse ao chão, cravei as duas estacas em seu coração, atravessadas.

Então lembrei-me do que aconteceu em minha antiga luta. Pulando para longe, consegui evitar as chamas que agora consumiam seu corpo. Já era o segundo parente de Klaus que eu aniquilava, desse jeito, um péssimo hábito iria se estabelecer.

Exausta, fui ào encontro dos outros.
Rebekah ainda não finalizara o serviço. Kol incendiava os corpos, que se consumiram rapidamente.

- Anda logo - reclamou ele.
- Espere, Rebekah - suspirei. Se eu seria uma salvadora, teria que começar com a parte mais difícil: perdoar - Largue-o. Vá ser feliz com ele. Ensine-o novamente quem é. Vá embora.

Agradecida, ela o agarrou e sequer olhou para trás.

- Que diabos está fazendo? - disse Kol, encarando-me como se eu fosse louca.
- Você também, garoto. Vá proteger sua irmã, porque eu sei que esse é seu maior desejo. Anda, sua obrigação conosco termina hoje. Junte o resto da sua família e vá ser feliz.

Ele hesitou.

- Eu nunca tive obrigação nenhuma com você - respondeu, ácido como sempre - E está enganada. Meu maior desejo é outro. É Rosalie. Quando ela estiver pronta, eu voltarei por ela.

E se foi.

Caramba! Um pedófilo na família. Ora, nada mais me surpreende.

.  .  .  

Horas depois, não havia sinal de batalha. Limpei toda a bagunça e coloquei meus filhos para dormir. Rosalie, observei, carregava um colar que não fora um presente meu. Um relicário. Nem precisei abrir para saber de quem era a foto. Suspirei. Teria tempo para me acostumar com aquela ideia.

Klaus, enfim, chegou.

- O que eu perdi, pequena Elena? - perguntou, pegando-me em seus braços.
- Nada de importante, bebê - disse, rindo com minha própria gracinha.

Não era hora de pertubá-lo com coisas ruins. Teríamos outra hora para discutir aquilo e eu não estava com pressa.

- O que quer fazer agora? - perguntei, acariciando seus cabelos.

- Um banho - disse ele, sorrindo malicioso.
- Será ótimo para comemorar.
- O que? - perguntou ele, tirando minhas roupas com habilidade.
- Eu te amo.

Ele me abraçou.

- Sempre e para sempre, eu também te amo, pequena Elena.


 F  I  M  


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