Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 21
Carnificina




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Eu nunca sentira uma dor tão forte em toda minha vida. Era uma dor psíquica também. Sem Klaus ali, nós com certeza iríamos morrer. Parecia até que fora tudo planejado. E será que não fora?

– Ai meu Deus - disse Rebekah

– Ah, merda. Não, isso não pode estar acontecendo.

– Mas está, então faz alguma coisa.

– Faz você - disse ele, mas pegou um celular do bolso da jaqueta, só para descobrir que estava fora do ar - Ok, Klaus não deve ser burro a esse ponto, ele deve ter tomado alguma precaução. Eu vou lá embaixo procurar por alguém.

Quando fomos deixadas sozinhas, eu finalmente tive a chance de perguntar a Rebekah aquilo que estava me incomodando faz tempo.

– Você sabe algo sobre Stefan que nós não sabemos, não é? Você está escondendo algo! - acusei, correndo o risco de levar um belo tapa. Mas valia a pena. Rebekah era obscecada por Stefan, ela devia seguir todos os seus passos.

– Ele... Ah, não é culpa dele isso! - disse ela, exasperada - Há muito tempo que eu percebi uma coisa fora do comum nele. Às vezes acontece sabe. Quando uma pessoa leva uma vida dupla, como ele levava quando humano, fingindo abominar vampiros e tendo um caso com um, quando se transforma, é comum que as personalidades se separem. Geralmente só uma prevalece, mas acontece das duas tornarem-se um ente separado. É isso que ele tem. Dupla personalidade. O Estripador vive nele desde a minha época e aposto que essa sua "traição" despertou ódio no verdadeiro Stefan e um senso de vingança no Estripador. É por isso que ele está tão empenhado em te matar.

– E o verdadeiro Stefan não pode voltar ao normal? - perguntei, desolada. Ah, meu Stefan, o que eu fiz com você?

Mas eu havia escolhido meu lado.

– Ah, Elena, receio que ele tenha sido suprimido pelo Estripador. E mesmo que não, ele contribuirá, com toda certeza.

– Ótimo - disse Kol, entrando acompanhado de uma garota miúda - Perfeito. Um vampiro psicopata. Não tinha parceiro melho não, Bekah?

– Vai pro Inferno, irmãozinho, vai. Quem é essa?

– Uma bruxa que Klaus deixou à postos, caso isso acontecesse. Deixou um guarda também. Aquele Tyler está na entranda vigiando. Disse que sentiu cheiro de vampiro há alguns quilômetros.

– Temos que nos apressar - disse a garota, com uma voz surpreendentemente fina - Eles estão prester a vir ào mundo. Filhos da natureza!

Posso dizer que não gostei nada do tom apaixonado dela.

– O que podemos fazer? - perguntou o vampiro

– Se afastar. Deixem comigo. Mas preciso explicar uma coisa antes, que nem mesmo o Senhor Klaus sabia. Elena, você não pode tomar sangue de vampiro para fechar os ferimentos, e eles irão sugir. Deve dar à luz o mais humana possível. E provavelmente vai morrer no processo.

Que meiga.

Parecia impossível, mas a medida que ela falava, eu sentia minhas costelas se locomovendo ligeiramente. Todas elas.

– Elen... - continuou ela, mas foi interrompida por uma grande explosão na janela. Alguns dos cacos de vidro me acertaram, cortando em alguns pontos. Ok, decididamente minhas costelas estavam de alargando. Já dava para ver uma cor esbranquiçada por baixo da pele.

– Não! - gritou Rebekah, e quando levantei meus olhos ensanguentados, vi o Estripador parado bem na minha frente, com apenas Kol entre nós. O sorriso psicótico que ele lançou me fez querer morrer.

Kol se preparou para atacar.

Mas sua irmã entrou na frente.

– Essa briga não é só sua Kol. Além do mais, é preciso que o mais velho o enfrente, então desculpa, bebê.

Ele rosnou e foi se postar ao meu lado.

– Ah, querida Rebekah. Faz mais de oitenta anos, não? - disse o Estripador, fazendo menção de abraçá-la.

– Sabe, você perde metade da graça sendo assim tão exibido - respondeu a vampira.

– Vai mesmo ficar na frente? Essa sua carinha é linda, mas nada que não valha o estrago.

– Daqui você não passa.

– Tenta me impedir - respondeu ele, rosnando.

– Você se esquece de que sou uma Original - disse ela e atacou. Em menos de um segundo, ela estava no pescoço dele.

Mas ele era igualmente forte. Rebekah tinha razão, Kol jamais venceria aquela briga. Fiquei feliz por aquelas desavenças entre eles não superarem os laços que mantiam.

Estripador agarrou ela pela cintura e a lançou longe. Mas antes que desse dois passos lá estava ela, puxando seu braço e torcendo-o. Aproveitando disso, ela pulou sobre o peito dele e posicionou sua mão em garra, pronta para arrancar o coração dele.

– Agora, olhe para mim! Desista disso e vá embora. Vá embora! - disse, usando sua compulsão.

Ele relaxou.

E a empurrou. Com uma das mãos, agarrou seu pescoço e a tirou do chão.

– Você não é poderosa o suficiente para me impedir. E, queridinha, se esqueceu de dizer quando eu devia ir embora.

Ainda segurando-a, ele virou seu rosto para mim e, eu juro, cada nervo do meu corpo entrou em ação, produzindo a mais alta dose de adrenalina que eu já sentira.

Por falar em sentir, as pontas das minhas costelas já apontavam para fora da pele. Pequenas poças se formavam no chão e Kol estava muito ciente disso.

– Rebekah! - gritou alguém, entrando no quarto. Tyler. Meu cúmplice, caso Klaus não tivese aparecido.

Então ele se jogou em cima de Stefan e ele foi obrigado a soltar a loira. Mas, em compensação, assim que ele se levantou prensou Tyler na parede mais próxima e arrancou seu coração.

– Becky... - sussurrou ele e depois seus olhos perderam o brilho.

– Não! - gritou a vampira, empurrando o Estripador com tanta força que ele foi jogado para fora da janela. Ah, sim, agora ele seria obrigado a partir.

– Você ainda não conseguiu, Elena! - ouviu-se o grito lá de baixo.

Rebekah voltou sua atenção ao corpo.

– Ah, Tyler. Por que? - disse ela, abraçando-o.

– Porque você tinha o coração dele - disse Kol, fitando o nada.

– Mas nós nunca...

– Não para ele.

Olhei para meu velho amigo e percebi que nunca mais o ouviria dizer alguma grosseria novamente.

"Obrigada", pensei.

Toda aquela dor, toda aquela emoção, me fizeram chegar no limite mais rápido. Meu corpo começou a se contorcer e a se curvar em ângulos sobrenaturais.

– Temos que fazer isso. Agora! - disse ela, com lágrimas nos olhos. - Kol, segure-a. Eu vou ajudá-los a nascer.

Bem, a parte de Kol me segurar seria fácil, não fosse meu corpo assumindo vontade própria. Eu me arqueava descontroladamente, o que só fazia mais ossos saírem do lugar. E então meus nervos queimaram. Gritei.

Era Kol, aplicando sua força vampiresca para me fazer ficar quieta, quebrando quarenta por cento dos ossos dos meus braços e ombros. Alguns pedaços despontavam para fora da pele, perfurando tudo em se caminho. Senti pedaços de vidro entrando em mim.

Gritei tão forte quanto era a dor.

Rebekah segurou minhas pernas e as abriu o mais largo que podia, arrebentando alguns tendões com isso.

– Eles já estão abrindo caminho - disse ela, surpresa.

Eu sentia isso. Dentro de mim, uma criatura se deslocava para fora. Deslocava meu quadril também. Era difícil definir o que não doía.

Enfiando as mãos dentro de mim, a vampira conseguiu auxiliar o bebê a sair e isso era como puxar um órgão para fora. Com delicadeza, ela segurou a cabeça do pequeno ser e terminou de tirá-lo.

– Os olhos dele, Kol - disse ela, completamente suja.

– São de híbridos. Com toda certeza. Ai! - disse ele - E ele tem presas também. Ele tá sugando meu sangue!

Ele? Anthony.

Depois disso, perdi parte da consciência e a única coisa que senti foi Rosalie sair de dentro de mim - isso e algo viscoso ser depositado em meus lábios, em grande quantidade, e não tinha gosto. Água provavelmente, e agradeci por isso. Um alívio tão poderoso se seguiu, enquanto os ossos deslocados voltam ao lugar, sobrenaturalmente. Mas os sangramentos não cessaram.

– Ela é exatamente igual a ele. E também bebe sangue de vampiro - disse ela ào irmão.

– Incrível!

Os dois vampiros se ajoelharam para que eu pudesse vê-los. Eram... perfeitos. Não pareciam recém nascidos e não choravam, apenas tinham a boca suja de sangue. Possuíam um ar exótico, que não era exatamente humano.

– Elena - disse o rapaz - Você deve beber meu sangue. O que eu te dei só é suficiente para curar seus ferimentos mais mortais.

Ah, não era água.

– N... Não - consegui dizer.

– O quê?! Elena, não é hora para brincadeiras!

– Eu sobrevivi... não é? O... O pior passou. Eu sobrevivi como humana. Não preciso me transformar.

– Não seja burra - disse ele.

– Não estou sendo.

– Ah, você vai s... - ia dizendo, antes do telefone tocar - Ah, agora você presta né? Alô. Não, é claro que não está tudo bem, a menina... Hã? HÃ? AI MEU DEUS. Chegem rápido. Ok, mais rápido então. Vocês sabem o que vai acontecer.

Desligou.

– O... O que foi? - perguntei

– Mikael - respondeu ele, abraçando Anthony em seus braços e adquirindo um olhar inexpressivo - Nosso pai está vindo, Bekah.

Eu senti o significado daquilo enquanto Rebekah caía no chão ao meu lado, sussurrando coisas que eu não entendia.

Tomei minha decisão ali mesmo, enquanto visualizava os olhinhos sobrenaturais dos bebês.

Seria o último recurso.

Mikael iria cair pelas mãos da doppelganger.

Mas essa decisão, ah, ela era uma faca de dois gumes. E eu fazia questão de que perfurasse bem fundo.


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