Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 20
Na Toca do Coelho




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A casa deles era no mínimo épica. Do jeito que você imagina quando pensa numa casa de lordes de clãs antigos. Memorial. Intimidante. E me lembrava do quanto a família de Klaus podia ser perigosa - como ele.

– Ah, a cópia mal feita! Olá, garota. Adeus, garota - cumprimentou-me Rebekah e pulou sobre mim. Bem, teria pulado não fosse um cara que se colocou na frente. Ele devia ter a idade dela, talvez um ou dois anos mais novo. E era espetacularmente bonito, era como a mistura perfeita de Elijah e Klaus. Ele era a definição de beleza e sedução. Perigo, provavelmente também.

– Segure ela, Kol. Rebekah, por favor, quantas vezes eu vou ter que explicar? Não a ataque!

– Ela é linda. E gostosa - disse o garoto bonito, Kol. Me senti boba como uma menina de doze anos.

– Ah, começou. - disse Klaus, revirando os olhos - Será que poderia parar de flertar com a minha garota?!

– Não tem outra dessa não? - perguntou ele, inclinando a cabeça como se pensasse em algo muito complexo.

– Tem. Fique a vontade para ir atrás daquela vagabunda. - falei, não conseguindo me controlar.

– Ah, ela fala! - disse Kol, rindo. De repente, meu conceito sobre ele caiu de incrivelmente bonito para irritantemente lindo.

Eu senti que ficaria louca ali. E olha que ainda faltava outros dois! Parecia aquelas séries de humor onde várias pessoas que não se dão bem vão morar juntas. Felizmente, Klaus me levou até seu quarto.

– Temos coisas importantes a tratar agora. Lembra que eu disse que em breve eles nasceriam? Eu quis dizer realmente em breve, em alguns dias.

– Dias? - gritei, exasperada.

– Bebês híbridos só precisam de seis meses para nascerem. São mais evoluídos.

– Como você sabe?
- Existem bruxas que ainda estão do meu lado. Elas conversam bastante sobre isso. Parecem terem grandes expectativas sobre a menina, Rosalie.

– E o menino?
- Não desperta a atenção delas. Por isso é bom que ele nasça primeiro. Elas cuidarão melhor da menina.

– Mas dias... É muito pouco tempo - falei, baixando meus olhos.

– Ei, o que foi? - perguntou ele, puxando meu rosto delicadamente.

– É que, bem, talvez eu só tenha mais alguns dias também.

Ele se afastou alguns passos.

– Você não irá morrer, Elena. Eu prometo.

Algo dentro de mim disse para tomar cuidado. Involuntariamente ou não, Klaus sempre quebrava suas promessas.

. . .


Nos dias que restavam, eu passei a maior parte do tempo observando. Vendo as brigas de Rebekah e Kol, como Klaus e Elijah buscavam incansavelmente modos de tornar tudo isso mais fácil e o mais velho, Finn, me proteger à distância. A julgar pelo modo como me olhava, parecia ter profunda pena de mim e pouca esperança, por isso é que tomava conta de mim. E quando Klaus e eu quase não conversávamos, Finn era quem eu mais via.

Era uma sensação estranha, sabe. Estar meio que com os dias contados, não sabendo se irá sobreviver ou não. É uma adrenalina meio anestésica, ela me dopa. Então, a única coisa que eu tinha de fazer agora era especular. Qual seria o futuro desses bebês? Se híbridos são basicamente como vampiros, até que ponto eles envelheceriam? E eu? Sobreviveria como humana? E se não sobrevivesse, estaria disposta a virar vampira? Não. Vampira não. Híbrida - ao menos eles não precisam tanto de sangue. Mas eu não quero virar nenhum dos dois.

– Ah! - gemi, exasperada. Em três segundos, Finn estava do meu lado.

– Algo errado? - perguntou ele, olhando para os irmãos que brigavam há alguns cômodos.

– Hm, não. - respondi, tímida. Aquilo ainda era estranho pra mim.

E pronto. Isso era tudo que conversávamos.

Enquanto eu divagava em meus pensamentos, me dei conta de uma ponta solta.

– Klaus! - chamei.

– Sim? - respondeu ele, imediatamente.

– É sobre Stefan. Onde ele está?

– Stefan resolveu viver por conta própria. Eu dei liberdade a ele para isso assim que resolvi voltar a Mystic Falls.

– Ele pode, hm, querer voltar? - perguntei preocupada.

– Ele agora é o Estripador, duvido que retorne. A não ser que tenha uma razão bem forte. Como vingança... - falou ele, e a medida que proferia as palavras, sua voz mingava, assim como minha tranquilidade.

O cérebro dele captou algo mais rápido que o meu. De repente, Klaus estava cheio de fúria; na verdade, todos os Irmãos Originais pareciam um pouco abalados.

– Qual o problema? - perguntei, me dando conta de como a humanindade me fazia lenta.

– O Stefan assistiu à todos nós ressurgirem. E, bem, eu contei a ele a história de Mikael. - disse Rebekah, meio chocada - Se ele já souber sobre você, procurará meu pai para ajudá-lo.

– Mas como ele saberia onde Mikael está?

– Katerina. Eu contei a ela, quando ainda era humana. - respondeu Elijah.

– Como pôde ser tão burro? - perguntou Kol, incrédulo.

– Eu possuía sentimentos por ela.

– De novo, como pôde ser tão burro?

– Acha que ela contará? - perguntou Rebekah

– Claro que vai. Se ele fizer a barganha correta, Katherine fará tudo que ele quiser - respondi, sentindo o peso daquela situação sobre meus ombros.

– Então nós temos que achar os três, antes que eles nos achem. - disse Klaus, sua voz espumando de raiva.

O clima de repente mudou. Todos eles se retesaram e pareciam muito determinados. E eu... bem, eu parecia um gatinho encolhido na minha velha camiseta de algodão.

– Rebekah, saberia dizer com que rapidez Stefan encontraria Katerina? - questionou Finn, assumindo o controle da situação.

– Do jeito que aquela piranha era obcecada por ele, acho que ele já a encontrou.

– E Damon provavelmente já deve ter contado tudo a ele - falei, sentido-me tonta.

– Precisamos ir. Agora. - falou Klaus - Elijah, Finn, vocês vêm comigo. Rebekah e Kol, cuidem de Elena. O tempo todo.

Para meu espando, a vampira não reclamou. Até mesmo ela devia saber o quanto a situação era séria.

Então, em cinco minutos, eles já tinham tudo pronto para partir. Parece que o corpo morto-vivo de Mikael não repousava muito longe dali, então seria uma viagem rápida. E mortal, para um dos lados. Quando estavam preparados, eles deixaram a mim e a Klaus sozinhos.

– Volte logo - pedi, enquanto ficava nas pontas dos pés para olhá-lo

– Tão rápido que você nem irá perceber que parti - respondeu ele, beijando minha testa.

– Isso é impossível.

– Espere por mim, Elena - falou, e eu sabia exatamente do que ele falava - Vocês três.

Através da janela, pude vê-los partir, levando parte do meu coração junto. Durante o tempo que estivesem fora, eu não pararia de pensar neles nem um segundo. E havia outra coisa também. Damon e Alaric. Se eles estivesses do lado de Stefan - o que estavam, com certeza - iriam se ferir. E tudo por minha causa.

Não percebi que estava chorando até Kol colocar delicadamente um lenço em meu colo.

– Obrigada.

– Eles voltarão, coisinha linda. Não faça essa cara, vai dar rugas. Sabe né, males de ser humana. - falou, sentando-se no chão comigo.

Sorri invonlutariamente.

Meu celular tocou.

– Oi?

– Olá, Elena - respondeu a voz do outro lado da linha. Uma voz que eu conhecia tão bem. Stefan Salvatore. Não. Nesse momento, ele era o Estripador. - Espero que esteja bem. O prazer de acabar com você será maior se estiver saudável.

– Como pôde? - gritei

– Se prepare, saco de sangue. Você e essas duas porcarias não vão escapar de mim.

Kol tomou-me o telefone.

– Ei, garoto. Volte pro buraco de onde saiu. Os demônios de verdade estão indo atrás de você.

Desligou.

– É claro que ele reagiria assim - disse Rebekah - Ele nos odeia.

Ela era apaixonada por ele. Desde 1920.

– Espera aí. E se for uma armadilha? E se ele estiver esperando para atacar, assim que eles saíssem? - especulou Kol.

– Faz o estilo do Stefan que você conheceu? - perguntei à loira.

– Faz. E muito. Mas ele não viria aqui sozinho. Seriam necessários três deles para dar conta do mais fraco de nós, e estamos em dupla aqui. Ele buscará Mikael primeiro.

– Não se preocupe. Mesmo que venha, daquela porta não passa. Ele não tocará em nenhuma das duas. - falou Kol, com um novo tom de seriedade.

– Vá se deitar, Elena. Nós cuidaremos de você - disse Rebekah, colocando a mão sobre o ombro do irmão.

– Obrigada. Muito obrigada - respondi.

Minhas lágrimas secaram em meu rosto. Não era hora de desespero. Eu era a mais fraca dali, mais não precisava ser frágil.

Abri a porta do banheiro e então meu mundo desabou. Havia uma mensagem no espelho. Uma mensagem vermelho-escura: Isso não vai adiantar, coelho assustado.

– K... - tentei chamar, mas fui interrompida pela pior dor da minha vida. Parecia que minhas costelas estavam sento arrancadas de mim. Arfei descontroladamente.

– Elena! - gritou Rebekah, me pegando antes que caísse no chão.

– Eles... Eles estão nascendo - disse a ela, com cada nervo do meu corpo explodindo em dor.

Os dois arregalaram os olhos. Um reflexo da minha própria expressão.


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