Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 18
Aquele Que Se Foi


Notas iniciais do capítulo

Em uma outra vida, eu seria sua garota. Nós manteríamos todas as nossas promessas,seriamos nós contra o mundo... Em uma outra vida, eu faria você ficar
- Katy Perry, The One That Got Away



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/185286/chapter/18

Eu o odeio.

Das profundezas do meu ser, eu o odeio.

Não importa o quão conturbados e confusos foram os últimos meses, eu o odeio. Odeio o que ele me faz sentir, odeio essa atração por ele.

É como se eu voltasse aos primeiros dias com ele. É o inferno.

O que ele fez comigo hoje é apenas uma amostra dos próximos anos de minha vida. Há um monstro nele e, não importa o que mude, esse monstro sempre irá ressurgir. Ele busca a minha morte.

Klaus retirou cuidadosamente a faca de suas costas. Olhando pra ele, pude ver aquele antigo brilho de perversidade em seus olhos – um plano se formava ali. Deus, o que eu fiz? Eu trouxe o monstro à tona. E o monstro quer o meu sangue.

- Você deveria saber que eu me vingaria – sussurrou ele no meu ouvido.

De fato se vingou.

Agora cada centímetro de pele no meu corpo, se não estava coberto por mordidas, abrigava os mais horríveis hematomas. Alguns ossos – como as costelas – meus se quebraram. Havia algumas poças de sangue espalhados pelo quarto. Meu corpo tremia. E eu me sentia completamente violada.

Hoje ele fizera algo mais terrível, mais macabro. Ele me tomara. Sem desejo, sem paixão alguma, ele tomara o meu corpo de todas as formas possíveis. De repente, qualquer vestígio do amor que me consumia fora apagado. O medo evoluíra para horror. Klaus me destruíra.

Cada golpe e cada tapa, prolongados por horas seguidas, pareciam ainda reverberar por mim. Tudo doía. Ninguém dissera que na história da Chapeuzinho Vermelho, o Senhor Lobo conseguia capturá-la e fazer o que quisesse dela. Onde estava o caçador pra livrar-me do mal? As coisas não deviam ser assim.

Klaus estava em cima de mim, ainda devorando meu pescoço. Há muito tempo as lágrimas se foram, substituídas por não mais do que suspiros pesados. Quando ele ia parar? Quando ia se satisfazer de mim e deixar-me morrer?

Eu me apaixonei por um demônio.

Pisquei os olhos, desfazendo a ilusão.

- E você ainda é capaz de acreditar que eu faria algo assim com você? – disse Klaus, olhando-me nos olhos. – Depois de tudo, você não acredita no que eu sinto. – depois de uma pausa, ele continuou – Stefan pagou o preço por você, mas não se preocupe, não foi com a vida.

Engoli em seco.

- Eu tenho medo – sussurrei.

- De mim? É, não a culpo. Depois de tudo o que eu fiz, não é de se admirar. Mas eu só quero que entenda: eu a amo. Pegue todo o meu sangue se quiser. Leve-o até aquele que você ama. Eu não me importo mais.

Pela primeira vez, eu fui o monstro na história.

Como não percebi que ele estava tão obviamente magoado?

- Klaus, me desculpe. – disse, segurando seu queixo – Eu não queria fazer isso assim. Desculpe-me. É só que eu estou desesperada. Não sei lidar com isso – não sei lidar com nada! Eu... Eu amo você também.

- Mas você o ama também não é?

- Amo. E a Stefan também. Mas nem de longe é o que eu sinto por você. Eu sinto muito tê-lo ferido, mas eu realmente precisava disso.

Virei as costas, antes que eu pudesse me – ou lhe - magoar mais ainda. Lágrimas quentes corriam por meus olhos.

Ele puxou meu braço.

- Eu... Eu perdôo. É a primeira vez que digo isso sabia? – disse ele – Posso entender que é difícil para você. Você sente que tem que salvar as pessoas. E isso é admirável. Eu só queria que eu fosse alguém digno disso... De você.

Eu o abracei fortemente, chorando muito. Por que eu o atacara? Eu o amo.

- Desculpa – pedi mais uma vez, soluçando – Eu não sei o que eu fiz. Eu não sei o que fazer!

- Pra salvar aqueles que ama, você se provou capaz de tudo – falou ele, com intensa dor na voz.

Como as coisas mudaram tanto? Como eu me tornei tão estúpida a ponto de feri-lo?

- Não se preocupe com isso – continuou, ainda me abraçando – O que eu fiz a você foi algo muito pior.

- Eu já o perdoei.

- Não falo do que aconteceu, embora isso também seja motivo o suficiente, mas sim do que está por vir. Você vai descobrir que eu acabei com sua vida.

Eu me afastei e o encarei. Ele carregava um sorriso de pesar no rosto.

- Eu sou um monstro e não é certo que eu a faça ficar ao meu lado. Perdão, Elena. Perdão por ter tornado sua vida um inferno. Perdão por ter destruído seu futuro. Perdão por ter entrado em sua vida. Mas eu posso corrigir isso. Prometo nunca mais feri-la, prometo levar comigo toda a dor de sua vida e prometo me afastar para que não precise sofrer por minha causa novamente. Não é seguro ficar ao meu lado. Por mais que eu possa ser diferente com você, a maldade está presente em mim assim como o bem está em você. Não fui feito pra você e não vou arriscar sua vida pelo o que eu sinto. Se eu perde-la, não me restará mais nada.

- Não. Não me deixe. Eu não posso viver sem você. – falei, desesperada. Não era pra isso se tornar um adeus.

- Pode, Elena, claro que pode. Você é a minha vida, mas merece algo melhor do que o que eu lhe ofereço. Não entende? Eu só sei fazer mal, mesmo a você. Mas eu quero que saiba que você me mudou. Você roubou meu coração – disse ele, revirando os olhos e sorrindo.

- Eu te amo – falei.

- É por isso que estou indo. E um dia voltarei.

Não podia entender como de repente estávamos nos despedindo; como aconteceu?

- Perdoe-me por ter estragado sua vida – disse ele, passando a mão de meu pescoço até minha barriga.

Pisquei os olhos e, quando os abri novamente, ele se fora.

É irônico que, para o lado vilão desaparecer, todo o resto tenha que ir junto.

Eu? Apenas sentei e chorei no meu quarto, sabendo que não resolveria nada. Só podia rezar para que um dia ele voltasse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!