Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 17
Quem Você Ama Mais?


Notas iniciais do capítulo

Hey leitores, vocês podem fazer sugestões para a história. O que estiver dentro do contexto, de uma forma ou de outra, será incluído, garanto.
Ah, e Wiitch, obrigada pela ótima recomendação. (:



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Algumas pessoas nascem fortes. Outras apenas são obrigadas a se tornar. As primeiras, provavelmente, estão destinadas a algo glorioso que requer força desde o primeiro suspiro de seu nascimento. As outras têm de ser fortes porque elas estão destinadas a sofrer. Sofrer, sofrer e sofrer. E como recompensa apenas, raramente, uma coisa ou outra em sua vida dá certo.

É injusto, eu sei: enquanto alguns andam por seu caminho pródigo, as outras lutam para conseguir ficar em algum lugar menos doloroso. Lugar esse, quase sempre, inalcançável.

Eu sou uma prova viva disso. Por mais que eu tente fugir ou me esconder, no final, devo fazer o que é certo e voltar para casa, para os que ainda lutam. A minha própria luta é interminável. Pode ter batalhas diferentes, por razões e em lugares diferentes, mas tudo sempre termina comigo voltando para os que, ocasionalmente, sobrevivem comigo em minhas lutas.

A dor é tão parte de minha vida que, quando ela se ausenta, a desconfiança me domina. Não é normal eu ser feliz. Não faz parte e às vezes não é certo. Mas não signifique que eu não vá tentar. Mesmo agora, com Damon morrendo em meus braços, eu me pergunto qual será meu próximo passo para encontrar a felicidade. Balanço a cabeça para tentar fazer essa linha de pensamentos se esvair. No final, não é a minha felicidade que importa.

Desde que voltei, há quatro dias, tudo tem sido um verdadeiro horror. Quando cheguei à Pensão dos Salvatore tudo o que encontrei, em vez de uma recepção calorosa, foi dor. Damon fora mordido por Tyler na noite que Klaus se transformara. Damon estava condenado.

Eu soluço, na escuridão da noite, ao pensar que toda a tortura da morte de Rose se repetirá com Damon. As dores insuportáveis, a desesperança, as alucinações, a perda do domínio sobre si mesmo... Ele não merece isso.

Pior ainda era ver a expressão no rosto de Stefan. Ah, pobre Stefan! Eu tenho sido a pior pessoa do mundo para ele. Eu ainda o amo. No fundo, sei que ele ainda é meu namorado, mas como posso sequer encará-lo depois de ter me apaixonado por seu inimigo? Pior ainda é ver a esperança inútil dele. Stefan simplesmente não aceita que seu irmão vai morrer. Acho que se não houver saída, ele mesmo a inventa. Os irmãos Salvatore não são nada sem o outro.

- Shh, vai ficar tudo bem – repeti, pela centésima vez, no ouvido de Damon. Ele estava alucinando novamente. Por favor, rezei à Deus, por favor me ajude a achar uma saída. Por favor, não o deixe morrer!

- Katherine...Você me amou? – perguntou ele, delirando.

Todos no quarto se calaram. Mesmo Alaric não se atrevia a olhar para o amigo.

Engoli as lágrimas.

- Ainda amo, Sr. Salvatore – disse.

Ele deu um último sorriso antes de desmaiar.

Olhei para Bonnie.

- Ache uma solução – ordenei

- Mas Elena... – ela começou

- Não me importa o que você tenha que fazer. Apenas faça com que aquelas bruxas malditas digam o que podemos fazer! – gritei a última parte

Bonnie ficou calada por um momento e seus olhos perderam o foco. Sabia o que estava acontecendo, ela tentava contatar os espíritos da natureza.

- Klaus – ela sussurrou – Klaus tem a solução.

Levantei-me da cama.

- Aonde vai? – perguntou Alaric

- Se tem alguém que pode arrancar algo de Klaus esse alguém sou eu.

- Eu vou com você – disse Stefan, saindo de seu transe.

- Não vai não! Eu vou sozinha – disse, firmemente. Virei as costas para eles e fui.

Problema número um: onde era a casa de Klaus?

Problema número dois: o que eu diria?

Problema número três: tenha quase certeza de que ele não vai me ajudar.

Oh, Deus.

Veja, uma vantagem de morar numa cidade pequena a vida toda é que você conhece praticamente tudo. Não havia nenhuma residência nova, no momento, então presumi que Klaus estivessem em um apartamento. O apartamento de Alaric, é claro! Quando ele possui o corpo de meu tutor, ficou no apartamento por vários dias e já que Alaric estava morando comigo... Touché!

Não deu outra. Assim que cheguei ao andar do apartamento de Alaric pude notar que havia um clima tenso. Havia homens de Klaus por toda parte. Bem, foi fácil deduzir isso, uma vez que um vampiro pulou – literalmente – no meu pescoço.

- Olá, Gilbert – dissera ele – Adeus Gilbert.

E tentou me morder.

- Santo Cristo, você é idiota ou o quê? – perguntou Daniel, o reconheci facilmente – Se você a morde, é capaz do chefe arrancar seu coração e dar para os porcos – concluiu, revirando os olhos.

Chefe? De que século ele era?

- Como ele pode esperar que a gente não queira comê-la? – perguntou o outro, incrédulo.

- Ei! – gritei, indignada – Dá pra chamar logo Klaus?

- Tem preferência por quem te come, é? – disse Daniel, rindo.

Em um movimento impensado e de puro reflexo, eu lhe dei um tapa na cara. Passaram alguns segundos antes de ele voltar a olhar para mim.

Num momento, eu estava de frente aos dois vampiros, no outro, estava sendo empurrada contra a parede, segurada pelo pescoço, meus pés nem sequer tocando o chão. Daniel apertava muito. O ar começava a faltar em meus pulmões; debati-me inutilmente.

- Se fizer isso novamente, eu arranco a traquéia da sua garganta. Com os dentes. – ameaçou ele, com um sorriso frio.

- Daniel – chamou uma voz, fria e suave, repreendendo – Nós já não falamos sobre isso?

- Perdão, Klaus. Mas essa humana me provocou.

- Compreendo. Que não aconteça de novo então – disse, desfazendo o aperto de Daniel em minha garganta. – Entre, Elena.

Ele estava diferente e um tanto estranho. Não era do feitio de Klaus ser tão condescendente. Principalmente com um de seus subordinados. Ou talvez isso só valesse para mim.

- O que deseja? – falou ele, depois de alguns instantes. Perguntei-me se era tão evidente assim que eu ansiava por alguma coisa.

- Preciso da sua ajuda. É Damon, ele está morrendo – disse, sem rodeios. Tempos de desespero.

- Por que da minha ajuda? O que posso fazer? – perguntou, olhando a janela a sua frente. Novamente, notei o quão diferente ele estava.

- Ele foi mordido por um lobisomem, Klaus. Não lhe resta muitas horas de vida. As bruxas disseram que você tinha a solução.

- E porque você se importa? Até onde eu sei, ele lhe fez muito mal. E não era esse o irmão que você namorava.

Engoli em seco.

- Não posso deixá-lo morrer. Eu o amo também – sentenciei. Depois percebi o duplo sentido da frase.

Klaus me encarou por um momento. Havia raiva em seu olhar.

- Entendo. Mas veja, porque é que eu devo me importar com isso? Ele é problema seu.

- Você se importa comigo, não é? Pois Damon é importante pra mim! – falei, exasperada. Será que ele não entendia a gravidade da situação?

Ele deu uma risada fria. Lembrou-me os sibilos de uma cobra.

- A sua fé na minha bondade – respondeu ele, rindo da última palavra – é fascinante, pequena. Inútil também. Não é meu problema se você se apaixonou por um moribundo. Lide com isso você mesma.

- Mas... Mas você não devia querer me ver o menos infeliz possível? Você não me ama?

- Não amo a ele. Um pouco de dor a mais vai ensiná-la a controlar seus sentimentos. Lide com isso. – repetiu.

- Como você pode? – gritei – Eu preciso da sua ajuda!

- E eu tenho mais o que fazer.

Mas eu estava realmente empenhada. Damon não iria morrer, não quando estava em minhas mãos salvá-lo.

- Diga-me, o que o curaria? – pedi

- Meu sangue – respondeu Klaus, com um gesto impaciente da mão.

Acho que o que eu estava prestes a fazer seria a maior burrada de minha vida. Mas não havia outra solução. Uma vida dependia de mim e eu precisava salvá-la.

- Tudo bem então – falei, como um ator lendo sua fala – Eu só me importo com você mesmo.

Andei até Klaus e o abracei apertadamente. No início ele se tencionou, mas depois retribuiu. No memento, eu era um turbilhão de emoções. Nunca havia pensado que o amor pudesse dilacerar tanto alguém. Para que as pessoas o almejam? O que são as boas memórias comparadas a essa dor tão constante? Amor e ódio são igualmente venenos da alma.

Que Deus me perdoe. Não. Que Klaus me perdoe. A fúria dele seria pior do que a fúria divina que recairia sobre mim.

Lentamente, peguei a faca que estava em cima da mesa, enquanto Klaus se alimentava do meu sangue. Eu oferecera e ele jamais seria capaz de recusar. Contudo, observei, ele procurava não me machucar tanto. O que só fez a dor em mim aumentar. Posicionei a faca em minhas mãos e cravei-a nas costas dele.

O sangue, o remédio daquele outro que eu amava, jorrou por seu ferimento, caindo em uma taça cristalina como o mais refinado vinho.


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