Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 15
Heroína e Morfina - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Eu estava lendo Crepúsculo, então me inspirei nesse capítulo. Ah, e obrigada Liz_Black pela ótima recomendação. Valeu mesmo, querida (:
Originalmente, a história era para acabar nesse capítulo, o quinze. Mas há tantos finais que eu quero dar à Elena e Klaus, que não há saída a não ser prolongar a história!
Vocês vão se surpreender com o quanto Klaus mudou - bem, pelo menos aparentemente.



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Claro que eu não poderia passar um mês com ele – embora essa fosse a minha mais incontrolável vontade. Passaria somente uma semana. Isso fora incrivelmente difícil de conseguir. Não sei quem eram os mais surtados: Alaric e Jeremy ou Stefan e Damon. Parecia que eu ia pra Casa Branca com uma camiseta “Eu amo o Bin Laden”. Bobos superprotetores. Se eles soubessem com quem eu estaria provavelmente me trancariam num quarto no hospício mais distante que conseguissem achar.

Eu estava no carro com Klaus, rumo à não sei onde. Ele dirigia com apenas uma das mãos, a outra me afagava. Ele sorria, às vezes, e me olhava preocupado. Como seu eu fosse explodir em lágrimas a qualquer momento. Não queria que ele pensasse assim, afinal eu estava melhor. Muito melhor do que pensaria. Estava anestesiada.

Sorri para ele. Como esse vampiro tão inteligente não conseguia perceber o efeito que causava em mim? Será que ele não via que toda a dor que me causava era compensada por sua companhia? Não percebia que ele era a razão do meu alívio e felicidade?

Ele parou no meio da estrada e pediu que o acompanhasse até um lugar. Era uma campina, tão linda... Cheia de flores violetas e brancas, e borboletas. Olhei para ele, sem entender. Não parecia ser uma coisa típica dele.

Klaus sorriu.


– Vem, vamos conversar. – disse ele me puxando em um abraço e nos derrubando no meio da campina. Eu ri de um jeito agradável e sincero; ele riu comigo.

A risada dele – a verdadeira, livre de qualquer sarcasmo – era uma coisa que nunca ouvira. Era encantador como sua voz ficava rouca quando ria. Me dava vontade de rir também.

Ele rolou por cima de mim e acariciou meu rosto.





Ficamos um bom tempo assim. Horas, minutos... Quem se importava?

Até que ele se sentou e eu fiz o mesmo. Ele me olhou por alguns instantes.


– Eu sei o que eu fiz com você. E não sabe o quanto me arrependo disso. Não quero ser mal, é apenas uma coisa inevitável. Mas com você, Elena... Eu só quero fazê-la feliz. Tem ideia do quanto isso é novo pra mim?


Ele nunca se apaixonara? A ideia de que eu fosse a primeira vez meu coração falhar duas vezes, coisa que os ouvidos sobre humanos dele perceberam.


– A dor que você sente é tão visível... Há algo que eu possa fazer por você? – perguntou ele, abaixando a cabeça.

Este, sem dúvida, não era o meu Klaus. Ele estava diferente... Quase humano.


– Você é o problema e a solução – falei, desviando os olhos – E eu sei que não é certo, por causa do lance da maldade e tudo isso... Mas ficar longe é um sacrifício que eu não posso suportar mais.

– É errado. Isso a fará infeliz.

– Mas eu serei feliz enquanto durar. Não é uma coisa tão fora do normal assim; tirando o óbvio, claro – disse, olhando um sorriso se formar em seu rosto – Todo mundo se machuca. E acha uma forma de seguir em frente. Você é essa forma. A morte me acompanha há tanto tempo, talvez minha solução seja alguém imortal. Eu sei que vai ser difícil, porém cair faz parte. E eu sei que você vai estar lá pra me segurar, vampiro.

Sorri. Ele me olhava com uma expressão que só pude julgar como feliz. Klaus sorria daquele jeito verdadeiro, o sorriso torto. Eu acariciei seu rosto.


Nem sempre sua casa é onde está seu coração. Às vezes é preciso ir mais longe.


Eu percebia o que ele queria fazer. Queria ser bom por mim. No fundo, eu sei que ele jamais conseguiria – e estava longe de mim tentar mudá-lo – mas também sabia que ele não me machucaria, não mais. Talvez fosse o melhor que eu pudesse conseguir.


– Você me mudou, sabia pequena Elena? – perguntou, brincando com meu cabelo – Sobre tudo o que disse, é claro, você está certa. É mais sábia do que vampiras de 500 anos. Só estava errada por uma coisa. O aposto pelo qual me chamou... Bem está errado.

– Vampiro? – repeti, em dúvida.

– Vampiro, não. Híbrido. – disse ele, sorrindo.


Ah, ele conseguira! Depois de tantos anos, finalmente...

Engraçado é o amor; você é capaz de ficar feliz com algo que deveria te desesperar.


– Como é? O que muda? – perguntei, verdadeiramente curiosa.

– Me sinto mais forte, mais rápido. Melhor.


Por favor, como se isso fosse possível”, pensei, sarcasticamente.


– E sabe o que é melhor? Eu só bebo sangue se quiser... A sede foi embora – disse ele, me dando esta novidade com a mais feliz das expressões. E é claro que eu perdi o fio da meada assim que olhei para ele.

– O efeito que você causa em mim... – balancei a cabeça, incrédula. A comparação com as drogas era uma descrição que se encaixava perfeitamente.

– É uma coisa ruim?

– Tudo tem seu lado ruim, não é? Mas eu estou tão irremediavelmente viciada, que os efeitos ruins são anestesiados por você.

– Eu sou uma droga? – perguntou ele, confuso.

– Está mais para um remédio, com efeitos colaterais fortíssimos. Mas que mesmo assim cura.


Do ódio ao amor, nós passamos por cada estágio juntos. Terror, medo, raiva, incerteza... Tudo fora superado. Causava-me uma sensação de “dever cumprido” ao pensar no que deixáramos para trás. Eu nunca poderia pensar que um dia me apaixonaria por aquele que devia ser meu inimigo; mas sentimentos não são uma coisa que podemos controlar, eles simplesmente nascem ou morrem, te deixando desnorteada na maior parte do tempo.

Estava escurecendo. As flores se fecharam e, aos poucos, dezenas de vagalumes apareciam, iluminando toda a campina. Eu estava deitada sobre o peitoral de Klaus, apenas escutando sua suave respiração. Um dos vagalumes veio até nós e se enroscou no cabelo dele; nós rimos disso.


– Sabia que híbridos podem ter filhos? Com outros híbridos e com... Humanos. – disse ele, olhando o céu.

Eu não respondi de imediato. Estaria ele imaginando um futuro para nós? Ora, sem dúvida, era uma saída para mim. Era muito maternal para deixar de pensar em ter filhos. Olhando para Klaus agora, eu podia ver o desejo incontrolável de ter uma família que ele possuía. Estava lisonjeada de pensar que poderia ser comigo.

Mas estávamos pensando muito a frente. No momento, nossa única certeza era que tínhamos que aproveitar o máximo de tempo um com outro. Ele podia estar diferente, podia estar melhor, mas isso não mudava o fato de que havia riscos demais, para nós dois.

Ele ainda esperava uma resposta.


– É como um presente, não é? Agora que você não precisa matar – disse, esperançosa – pode continuar a vida, quase normalmente.


Klaus beijou o alto da minha cabeça.


– Espero que não precise mesmo... – disse, numa voz quase inaudível.




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