Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 13
Como Salvar Uma Vida


Notas iniciais do capítulo

Sem conceder inocência, estabeleça a lista do que está errado... As coisas que você tem avisado-o esse tempo todo. E ore a Deus para que ele te ouça... E ore a Deus para que ele te ouça (...) Em algum lugar na amargura eu poderia ter ficado com você a noite toda... Saberia eu como salvar uma vida?
- How to save a life, The Fray



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Eu optei por ser uma boa pessoa. É no que sempre acreditei. Boas ações mesmo quando você não é recompensada por isso. Combater o mal, mas o mal que há em si mesmo. Ser boa mesmo quando está tudo escuro, mesmo quando não há mais razões para isso. É nisso que consiste minhas crenças.

Mesmo agora, eu sei que foi uma boa escolha.

Estar cercada de escuridão só me fez ver que talvez eu é que seja a luz. Torna mais suportável o fato de que estou apaixonada por alguém que provavelmente nunca teve um momento de bondade na vida. Talvez seja o meio termo; talvez, se estiver ao lado dele sempre, possa trazer alguma luz a toda destruição que ele causa.

É minha única esperança.

Será minha última boa ação; e, caso eu sobreviva, é nisso que vou me concentrar. Trazer luz a ele. É fácil entender porque eu me preparei todos esses anos. Sempre achei que era uma obrigação ser uma boa pessoa, apenas para a minha salvação. Mas não. Eu devo salvá-lo.

Você pode achar que é um fardo terrível tentar salvar alguém que é a personificação da maldade, mas a verdade é que eu encarei isso como uma missão. O caminho para a minha salvação é salvar aquele que eu amo.

Eu sinto como se essa fosse a última chance dele ser salvo.






Quando eu cheguei ao local onde o feitiço seria realizado, já estava tudo pronto. Havia vampiros, lobisomens, bruxas e humanos... Mas um deles chamou minha atenção: minha tia Jenna.

Uma bruxa para realizar o feitiço; um lobisomem, um vampiro e a doppelganger para serem sacrificados. Era assim que a bruxa original havia proposto o feitiço.... Mas por que Jenna se encontrava em um dos círculos de fogo?

Ela estava abaixada sobre algo. Parecia estar se esforçando e... Gemendo?

Gritei, horrorizada, quando percebi que era um corpo do qual ela sugava o sangue.


– Alguns sacrifícios são necessários, Elena – falou Klaus no meu ouvido. Então me arrastou até o terceiro círculo e me deixou lá, encarando minha tia, que agora era uma vampira. E seria sacrificada. Meu Deus.

Vi quando ele se aproximou de uma das bruxas e ela começou a falar numa língua desconhecida. No mínimo, os espíritos estavam furiosos, porque o tempo estava terrível. Não chovia, mas sem dúvida uma tempestade se aproximava. Ventava bastante e, como o fogo não se apagava imaginei que ele fosse enfeitiçado.

Havia guardas de Klaus por toda parte, de todas as espécies. Pensei em quantos mais partidários dele havia no mundo. Aquele que eu amava era realmente poderoso. Voltei minha atenção para os guardas. Dois deles, tão parecidos que só podiam ser gêmeos, me eram familiares. Quando um deles voltou sua atenção para o céu, procurando saber se a lua cheia já era visível, lembrei-me quem eram. Drake e Erik, os primos de Tyler. Eles possuíam Lockwood no nome, então eram lobisomens. Senti um arrepio ao pensar que, aqueles com quem eu brincava quando crianças, nas suas visitas à cidade, já mataram pessoas.

Klaus caminhou até minha direção, dirigindo-me um olhar estranho. Era uma mistura de raiva, ânsia, preocupação e, se não o conhecesse bem, diria até medo. Mas devia estar enganada. Talvez ele só estivesse ansioso.

Foi aí que eu percebi quem estava no segundo círculo. Era a amiga de Mason Lockwood, cujo nome eu não me lembrava mais, que mordera Rose. Klaus foi até ela, sussurrou algo em seu ouvido e arrancou seu coração. Ela não teve tempo nem de gritar. Seu corpo se arqueou e depois voltou a se abaixar, já sem vida, enquanto o sangue se espalhava pelo chão. Recuei, ainda sentada no chão, quando o sangue se aproximou do meu círculo.

Ele levou o coração dela até a bruxa, e esta o depositou numa pequena coluna de pedra, que parecia estar funcionando como recipiente. Ele voltou até nós, mas dessa vez se dirigiu a minha tia. Não, por favor, não!, pensei, quando ele acariciou seu rosto.

Eu me encontrava numa confusão de sentimentos. Verdade, eu o amava. Mas aquilo que ele estava fazendo era praticamente imperdoável. Respirei fundo, desejando que aquilo não passasse de um pesadelo. De certa forma era mesmo um pesadelo; era a minha vida.

Reuni todas as minhas forças para continuar onde estava e não atacá-lo – não que eu fosse sequer capaz – quando ele trouxe Jenna para mais perto de si. A raiva me consumia, mas não era só raiva dele, era raiva do meu destino. Do quanto eu era infeliz.

Ele fez o mesmo que havia feito com a amiga de Mason. Sussurrou algo em seu ouvido e arrancou seu coração. Não usou estaca. Dessa vez eu gritei, porque eu realmente senti dor. Saber da morte de alguém que você goste é uma coisa, agora presenciá-la é algo totalmente diferente. É horrível, é perverso.

Como se tudo o que eu sentia por ele fosse apagado, eu tentei me levantar e causar a Klaus um pouco da dor que eu estava sentindo. Mas a bruxa captou meu movimento e as chamas aumentaram de tamanho, tornando para mim impossível passar.

Raiva, medo, ódio. Raiva, medo, ódio. Meu coração martelava nesse ritmo.

E então, é claro, chegou a minha vez. Talvez eu não tivesse sentido tanta raiva se ele não estivesse com um sorrisinho imbecil na cara. Mas por que não estaria? Conseguira tudo o que desejava. Klaus caminhou até mim. Mas antes, algo pulou em cima dele. Algo não, Stefan. Eu suspirei, agradecida. E então me dei conta do quanto era perigoso aquilo que ele fizera.


– Stefan, não! Klaus, por favor, não o mate! – pedi desesperada.


Stefan ergueu, involuntariamente, uma sobrancelha ao ouvir o modo como eu tratava Klaus. E então este pulou sobre meu namorado. Deixo-o no chão, com um pé em suas costas, puxando seu braço, pronto para quebrá-lo.


– Por enquanto, tenho outros planos para ele – disse, com desprezo, quando puxou Stefan e quebrou seu pescoço. – Agora, pequena Elena, é sua vez.


As chamas ao meu redor se extinguiram; ele foi até mim e estendeu a mão e eu juro que queria ignorá-la, mas a atração entre nós era forte demais para meu cérebro comandá-la. Peguei sua mão e ele me levantou como se eu fosse uma pluma.

Enquanto caminhávamos, eu me perguntei onde estariam os outros. Será... Será que haviam me abandonado? Será que Stefan fora o único? O único que realmente me amava? Não. Não. Se eu aprendera alguma coisa com a história de Katherine, é que não podia duvidar do amor dos irmãos Salvatore. De nenhum dos dois. Damon provavelmente só esperava o momento certo.


– Agora – disse a bruxa.


Klaus acariciou meu rosto. Havia uma expressão que eu nunca vira em seu rosto antes. Pesar.


– Perdão – disse ele, então se posicionou atrás de mim e me segurou pela cintura. Gemi quando senti a familiar sensação de suas presas em mim, rasgando-me. Aquele prazer estranho – o êxtase por estar alimentando Klaus com a minha essência – voltara e meus gemidos se misturavam com os de Klaus. Não havia dor. O êxtase era maior. Um presente. Dessa vez, durou mais do que qualquer outra.

Então senti meu coração se desacelerar até um ritmo lento de mais para ser normal. Quase parando.

Klaus olhou pra mim novamente enquanto me pegava no colo. Coloquei a mão em seu rosto e sorri como podia. Ainda não havia dor. Então, antes de me colocar no chão, ele meio que me abraçou e disse:


– Eu a amo e a salvarei. Sempre salvarei.


Apertei sua mão antes de tudo ficar escuro. Mas acho que consegui dizer mais alguma coisa.


– Eu salvei-o também. – disse com a voz falha – Porque eu amo você.


Não via mais nada além da escuridão. Não havia som nenhum. Apenas uma última sensação: estar nos braços de Klaus. Se essa era a morte, era perfeitamente adorável.


Bobinha, pensei comigo mesma, porque a temeu tanto?






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