Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 12
Tão Perdidos, Tão Destruídos


Notas iniciais do capítulo

Ok, eu amo esse capítulo. A Elena finalmente perde a pose de "submissa". Enfim, espero que goste.



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Há um dia atrás, eu me encontrava exatamente nesse mesmo lugar com o mesmo homem. E estava igualmente apavorada. Nós não dissemos uma palavra desde que entráramos no carro, e agora não era diferente. Mas havia certas coisas que eu queria dizer a ele.


– Você me deve uma coisa.


Ele me olhou surpreso.


– E o que seria?

– Minha memória.

– Eu não apaguei sua memória. – contestou.

– Parte dela, sim. Ela não era sua para você tomá-la. Me deve ela de volta.

– Não.

– Não?

– Não.

– Ok. Mas eu vou cobrar. Do outro lado. E se antes os espíritos já não gostavam de você – e eu posso entendê-los – agora vão o odiar.

– Está me ameaçando, pequena Elena? – ele perguntou, incrédulo.

– É mesmo necessário legendar o óbvio? – falei, recitando uma frase de um dos personagens de uma série de TV – E você sabe onde enfiar o “pequena Elena”.


Ele riu. Aquele som, ah...

Ah, coração, vá pro Inferno!

Espera... Não!

Não, não, não, não e não!

Meu Deus, eu estava apaixonada por ele? Era isso que Klaus havia apagado de mim? Sendo assim, por que aquilo estava tão presente?

Eu encarava o chão, vidrada.

Ele virou em uma curva, no início da mata, e parou o carro. Respirava ruidosamente.


– Elena, não! – disse ele, tentando se acalmar.

– Como...? Como pode ser?! Você é ruim, é odiável.

– Agora entende porque eu apaguei sua memória? Você vai ser mais feliz sem certas lembranças.


Klaus provavelmente tinha razão, mas eu só queria entender como acontecera. Será que eu era tão burra a esse ponto? Ou era Klaus que havia demonstrado um outro lado dele, um lado que alguém poderia gostar – até mesmo amar. Eu tinha que acreditar na primeira linha de raciocínio, porque se a segunda estivesse correta eu estaria perdida.

Ele olhava para mim com uma expressão curiosa. Era um misto de dor, piedade e aquilo – eu não me permitira nomear. Não precisava me destruir por dentro também. Ah, então entendi a expressão. Ele dissera que eu seria mais feliz sem algumas lembranças. Ora, mas eu não podia ser feliz, não restava tempo. Talvez só o suficiente para descobrir a verdade.

Porque eu, sinceramente, não acreditava que a poção de Elijah iria funcionar. Seria fácil demais e Klaus não era descuidado. Eu não precisava de falsas esperanças agora. Tudo estava se encaminhando como tinha que ser. Não haveria milagres.


– Talvez... talvez você possa se lembrar de algumas coisas. Não é bem lembrar, só esclarecer. Lembra do nosso primeiro dia juntos? – ele perguntou e eu odiei a forma com meu coração bateu mais rápido ao ouvir o plural na voz dele.

– Com clareza.

– Aquilo que você pensou ser ilusão, era verdade. Eu a observo desde o dia que nasceu. O sangue Petrova nunca havia produzido uma criatura tão perfeita... – dizendo isso, ele acariciou meu rosto. – Você é especial pra mim. Eu realmente preciso de você. E não estou me referindo ao feitiço.


Talvez, só talvez, eu pudesse dizer aquilo que rondava meu pensamento há algum tempo. Não haveria amanhã, não haveria decepções. Não haveria lágrimas.


– Eu sinto algo por você – falei, desprovida de medo ou qualquer lucidez – Você não pode apagar isso, Klaus. A coisa que eu sinto é forte demais. Nem mesmo você pode mudar isso.

– Se o nome do que você sente é o mesmo do que eu sinto, nós estamos definitivamente com um problema – disse, rindo. Mas não era o riso que eu gostava; esse estava carregado de tristeza.

– Por quê? Por que eu? Você deve ter mais de mil anos de idade e já viu tanto... Por que sou eu?

– Porque, se existem anjos, você é um deles. Eu nunca vi alguém como você, Elena. É tão boa, tão cheia de esperança. Trouxe um lado de mim que nem eu sabia que existia. Trouxe felicidade. Nada que possa ser dito ou feito irá mudar isso. Amor é a maior fraqueza de um vampiro e você se tornou a minha. Mas, pela primeira vez, fraqueza não é algo ruim.


Eu o beijei. Com todo o amor que eu sentia por ele. Não havia problema em dizer o nome daquilo. Se não me restava muito, não iria desperdiçar aquilo que, no fundo, eu mais prezava: Klaus. Ele retribuiu ao beijo e ficamos assim por algum tempo.

E então lembrei daquilo que Damon dissera. Eles pretendiam matá-lo. No fundo, era o certo a se fazer, pois, por mais que eu estivesse apaixonada por ele, Klaus era ruim. De qualquer forma, eu estaria morta mesmo... Essa mentira pareceu tão óbvia pra você quando é pra mim?


– Klaus – chamei

– Sim?

– Talvez você queira adiantar o feitiço. Há gente atrás de você e eles têm um plano.


Uma frase. Isso bastou para estragar tudo e salvar a vida daquele que eu agora amava.

Ele abriu a porta do carro e saiu. Logo depois me puxou.


– Manipuladora você, não é? Estava indo até a minha morte. Ah, Elena, aquilo que eu disse era a verdade. Mas você vai descobrir que um milênio de vida traz a você múltiplas personalidades. Realmente sinto algo por você, mas isso não vai atrapalhar meus planos.


Ele me prensava contra uma árvore e gritava comigo, bem próximo do meu rosto. Aquela cena me parecia estranhamente familiar.


– Toda vez é assim. Qualquer amostra de carinho que dou a você só mostra o quanto estou errado! Você pertence a eles não é? Os Salvatore. Pois bem, eu espero que você morra hoje. Aí eu quero ver a cara deles.

– Não fui eu, Klaus! Eu não planejei nada! Só quero salvar você.

– Pare de mentir! Eu vi você com o mais velho lá. Vocês estavam tramando tudo não é? Sabia que eu estava apaixonado por você e ia usar isso pra me matar!


Ele mudara agora; seus caninos estavam de fora e seus olhos escurecidos. Rosnava também.


– Como eu poderia ajudar a matar você – disse, com a voz baixa – se te amo? Você pode confiar em mim. Eu só estou tentando te salvar. Acredito no que disse e quero que saiba que o que eu sinto também é real, embora não mude nada.


Ele se afastou. E me encarou. Mas eu não eu estava satisfeita.


– É sempre a mesma coisa! Toda vez que demonstra ter algum sentimento, você age como um idiota depois. Não precisa ser assim. VOCÊ NÃO TEM QUE SER UM MONSTRO! – berrei as últimas palavras. – Será que não entende que nada do que faça vai fazer passar?

– Passar o quê? – gritou ele de volta

– O que eu sinto por você! Já está feito, Klaus. Então para de agir como se não se importasse porque eu sei que você me ama também. SERÁ QUE NÃO VÊ? EU NÃO LIGO SE VOCÊ MATAR METADE DO PLANETA! ISSO NÃO MUDA O FATO DE QUE EU AMO VOCÊ.


Eu fui até ele e o empurrei com toda a força que eu tinha – que não era muita.


– A única coisa que consegue é me destruir por dentro! Será que não vê? Eu já estou tão perdida... só me resta você. Já é tarde demais pra mudar alguma coisa. Você é quem eu amo e por isso não posso deixá-lo morrer.


Ele estava chocado. E eu acho que eu estava bem deplorável também, porque Klaus foi até mim e me abraçou. Pronto, foi o que bastou para que eu desabasse. As lágrimas simplesmente não paravam mais. Como eu podia, meu Deus? Como podia amá-lo? E por que dói tanto?


– Você sente isso? Por mim? – perguntou ele, chocado, ainda me abraçando. Não havia melhor lugar no mundo.

– Como não poderia? Você agora é tudo. Mesmo eu não me lembrando de nada. Eu só sei que não posso continuar sem você.


Ele ergueu meu queixo.


– Elena, é claro que eu amo você. Mas é tão perigoso. A única coisa que posso prometer é que a manterei viva. Pelo seu bem e pelo meu.


As palavras têm um poder engraçado de curar e ferir instantaneamente... Ele era um manipulador, mas será que eu podia confiar dessa vez?




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