Little Red Riding Hood escrita por Susan Salvatore


Capítulo 1
Primeiro Passo Até o Inferno




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Eu esta caminhando direto para a morte, sim. Mas não havia nada que eu pudesse fazer quanto a isso. Era eu ou eles. E não podia deixar que eles se ferissem por minha causa. Caminhando agora, ao lado de Klaus, eu entendia. Era assim que devia ter acontecido, desde o início.

Eu não havia me despedido de quase ninguém. Só Stefan. Mas eu o devia isso mesmo. Era como colocar um ponto final em tudo o que havíamos vivido. Como tinha que ser, eu iria embora com Klaus.

Nós caminhávamos em silêncio. Ele estava empolgado demais pra falar, imagino. Eu, bem, estava sim assustada; quem não estaria? Mal posso descrever o medo que sentia naquele momento, fazia minha respiração ficar pesada, meu corpo tremer e meus pés cambalearem. Continuei andando. Quando se sente que é o certo a fazer, mesmo o medo não é empecilho.


– Se você soubesse... – começou ele, mas parou.

– Se eu soubesse o quê? – perguntei, desafiando-o. Não que fosse algo muito inteligente de se fazer. Nós entramos no carro dele. Klaus trancou as portas antes de responder. Claro.

– O quanto esperei por você. – terminou, desviando o olhar.

– Por uma doppelganger, quer dizer.

– Katerina não era como você.

– Ela era inteligente demais pra você conseguir mata-la. Eu queria ser assim – disse, exasperada.

– Eu... – começou ele, mas não terminou. Ele estava bancando o nostálgico? Que vá pro Inferno. O cara vai me matar e quer bater papo!


Eu esperava bancar a durona, mas apenas com duas horas de viagem eu estava morrendo de sono. E fraca demais pra andar. Que ótimo.

Ele saiu do carro, veio até minha porta e... Pegou-me no colo. Espera... O quê?


– O que está fazendo? – falei, tentando inutilmente descer.

– Você está cansada. E ainda falta passarmos por duas cidades. Vá descansar.

– Por que está bancando o cavalheiro? Você realmente não se importa com meu estado.


Ele riu. Era uma risada bonita, melodial, daquelas que te fazem rir junto, caso você não esteja à beira da morte.


– Elena, você realmente tem em mente que eu sou um monstro?

– Adivinha.

– Não no sentido literal. Ok, sou um vampiro, e daqui uns dias, híbrido, mas não é isso que quero dizer. Eu posso muito bem ser gentil com você. E eu quero. Porque eu não sou de todo sem coração. Eu sei que você está fazendo um sacrifício. Eu mesmo já fiz muitos. Só não sei por que temos que tornar tudo isso pior do que já é. Eu posso até ser o bandido, mas não preciso ser tão cruel, assim?


Eu nunca o ouvira falar tanto. E, na verdade, ele tinha razão. Eu pensava que ele era mesmo um monstro. Não era bom, isso de jeito nenhum, mas também não era a pior criatura do mundo. Na verdade, ele era como a versão mais velha e mais malvada do Damon.

Nós chegamos ao hotel. Não era pouca coisa. Ele pediu um quarto de casal. Meu Deus. Ah, claro, deve ser pra ficar de olho em mim. Se o hotel era lindo por fora, os quartos eram ainda mais. Klaus certamente conseguira muito dinheiro nos seus séculos de vida. De repente, senti uma pequena dor no pescoço, mas desapareceu logo. Como se aquele momento tivesse sido apagado. Um branco. O que eu sentira mesmo?


– Se você quiser tomar banho e trocar suas roupas, fique à vontade. Já providenciei tudo.

– Você planejou minha morte nos mínimos detalhes. – sussurrei, apavorada,

– Não fale assim – disse ele, me colocando na cama.

– É a verdade! – gritei. Não sabia o que tinha me assustado tanto, de repente. Devia ser o fato de ele lidar com a minha morte com tanto calculismo e frieza. Merda, eu estava com os olhos lacrimejando.

– Shh, por favor, não entre em pânico.

– Não entre em pânico? Você vai me matar! – eu comecei a chorar. Estava emotiva demais pra me importar com isso.

– Você não entende! – gritou ele, de repente – O quanto esperei por isso. Você não tem nem duas décadas de vida. Eu tenho séculos. É jovem demais pra entender. Isso é meu destino, faz parte da minha natureza. Eu tenho que me transformar!

– Não tenho nem duas décadas de vida, e graças a você, não vou passar disso. – falei.


Algo nas minhas palavras o fez se calar. E vir até a mim e me beijar. Ele me beijou. Klaus me beijou.


– Eu tenho observado você, sabia? Desde que tem um ano de idade. Você parecia tanto Katerina, mas era diferente. Era dócil, delicada. Deve ser o karma, por causa de tantas mortes. A pessoa que eu mais gosto é a que eu tenho que matar.


Ele falava com tanta sinceridade que eu quase pude acreditar. Mas havia uma parte de mim que me dizia pra tomar cuidado, afinal, era do Klaus eu estava falando. O vilão de tudo. Era o que me diziam. Mas será que era mesmo? De acordo com Elijah, ele queria vingança. Talvez alguém tivesse feito tão mal a ele que precisasse gastar séculos de vida procurando por uma forma de se vingar. Seria sem motivo? Ele deve ter visto a dúvida nos meus olhos, porque me beijou novamente.

Horas depois, e ele ainda estava deitado ao meu lado. Acho que eu adormecera, com ele sussurrando meu nome como uma canção de ninar. Aquilo não estava certo. Ele até podia gostar de mim, mas iria me matar. Além do mais, eu o odiava. Não é? Ou não? Sem dúvida aquele sorriso torto e o sotaque fofo me faziam sentir uma palpitação por dentro.

Eu tinha sentimentos pelo grande vilão! Preciso mesmo de ajuda.

Ouvi uma gargalhada, daquelas que te fazem arrepiar os cabelos.

Acordei.


– Sonhando conosco, pequena Elena? – perguntou ele, com sangue nos lábios. Passei a mão pelo pescoço. A lembrança voltou. Ele me mordera. E me fizera sonhar com ele.

O desespero me subiu à cabeça.

– Me deixe em paz! – gritei, tentando correr. Ele me agarrou e me jogou contra a parede. Prendeu meus pulsos com suas mãos.

– Eu posso não ser cruel, Elena. Posso ser gentil. A questão é: eu não quero. – sussurrou Klaus – Enquanto você viver, e garanto que não vai ser muito, eu vou fazer você sofrer. Mentalmente, fisicamente e emocionalmente. É o que acontece quando se tenta enganar um original.

– Você pode até controlar a minha mente, pode me deixar à beira da morte, mas eu vou resistir, Niklaus. Não sou tão diferente de Katerina assim.

– Veremos, pequena Elena. Você não devia ter feito isso. Ativou o velho instinto do caçador. Eu vou fazer disso tudo um jogo, e quando você não aguentar mais, aí eu vou prolongar mais ainda, até você ficar louca. Esse é só o primeiro dia.

Achei que ele fosse sair batendo a porta, sendo tão dramático quanto os vampiros costumam ser. Mas, devia saber, ele é diferente. Sentou-se em frente à porta e me observou com um sorriso e um olhar psicóticos no rosto.


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