Amar Você escrita por Marcela


Capítulo 4
Desencontro




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De longe vi que ele me acenava, me dando um tchau, um adeus, sei lá. Não queria pensar nisso, não agora. Eu estava muito triste e me sentia uma nojenta, por receber um beijo do loiro mais bobo de todos. Por mais que eu tentasse ou quisesse, não conseguia ficar brava com o Cê, afinal, aquele garoto que antigamente trocava letras, era meu amigo de infância. Abri a porta do meu quarto e me joguei na cama, fechando os olhos.

 


Recordei de cada momento que passei junto dele, nenhum muito romântico, ao contrário, eram muitas brigas. Peguei sansão e o apertei contra o peito; suspirei. Notei que sem querer, eu dava leves nós na orelha da pelúcia. Mirei-o contra a parede e o arremessei, fazendo um leve barulho.


 

Flashback


 

Pela rua florida do bairro do Limoeiro, eu saltitava alegre. De longe avistava meus amiguinhos, o de cinco fios e o sujinho. Ambos fofocavam algo. Percebi que eu estava sem meu coelhinho azul. Cheguei cada vez mais perto dos meus amigos, que soltavam gostosas gargalhadas enquanto davam nós na orelha do meu bichinho.


 

- Desgraçados! – Berrei. – Devolvam o sansão.


 

Sem dar tempo de piscar, vi Cascão correndo, já estava longe demais pra poder alcançá-lo, enquanto Cebolinha me olhava com seus olhos de um castanho profundo e, gaguejando, ele tentava me dizer algo.


 

- Desculpa Mô. Toma o encaldido, quer dizer, o seu coelhinho. – Disse ele entregando o que me pertencia.


 

Virava as costas e voltava pra casa. Meus olhos, que antes faiscavam, agora eram inundados por lágrimas. Desisti. Bater nele não seria uma boa idéia depois de sua atitude. Voltei pra casa também.


 

Fim do Flashback


 

Até hoje não entendi a reação dele. Dei um longo suspiro e logo entrei no mundo dos sonhos, onde tudo sempre acaba no dia seguinte. Há dias que eu não sonhava. Quando adormecia tudo sumia, se apagava, virava cinza.


 

Imagens de beijos apareciam em minha mente. Recordações daquela noite voltavam à tona. Estava tendo um pesadelo, onde eu enlouquecia, pois não podia ter o Cebola. Peguei um revólver e atirei na minha cabeça, perdendo rapidamente todos os sentidos.


 

Gritei. Cai da cama com pulo que dei, e amassei meu braço direito com o peso do meu corpo. Gemi de dor. Logo a porta do quarto era aberta por meus pais que entravam assustados.


 

- Mônica? O que aconteceu filha?

 

- Cai. – Disse enquanto massageava o lugar dolorido.


 

Expressões de risos se formavam no rosto dos adultos. Encarei-os. Era só o que me faltava, meus próprios pais, rindo de mim porque cai da cama, como se isso não fosse normal.


 

- Você vive caindo filha? Hahahaha! – Brincava meu pai.


 

Seu Souza era alegre, bobo, encantador. Eu tinha orgulho de ser sua filha. Era um paizão, que mesmo nas horas mais bestas ele fazia graça.


 

- Teve pesadelos querida? – Mamãe me acariciava.


 

Afirmei com a cabeça. Voltei pra cama quando meus pais saíram do quarto. Afundei a cabeça no travesseiro, tentando dormir. Meu braço ainda doía, minha mente era perturbada por uma única pessoa, o Cebolinha.


 

*** 

 

Acordei com a claridade que varava a janela. Lá fora fazia um dia bonito pra qualquer pessoa, menos pra mim. Levantei-me e troquei de roupa. Logo Magali aparecia na porta do quarto, com uma caixa de bombons nas mãos.


 

- Amiga ta tudo bem? Trouxe uma caixa de chocolate e...


 

Levantei as sobrancelhas e ri. Adorava quando minha amiga se preocupava comigo, mesmo quando eu não tinha nada. Sim, eu não tinha nada, a não ser gostar do meu melhor amigo que virou um perfeito galinha.


 

- Mas Má, eu não to doente!


 

Ela riu e torceu os lábios, parecia pensar.


 

- Posso ficar com os bombons então?

 


Rimos juntas, e sentadas em minha cama, nós conversávamos. Me encostei na cabeceira e cruzei as pernas. Magali me perguntava sobre o que havia acontecido na noite anterior, enquanto se empanturrava de doces.


 

- Assim não vai sobrar espaço pro café-da-manhã... – Caçoei.


 

Magali arregalou os olhos e fechou a caixa.


 

- Er... Vou guardar isso aqui então...


 

Ela era interrompida pelo garoto dos cabelos loiros e olhos azuis, que entrava no meu quarto. Ele emboçava um sorriso amarelo no rosto.


 

- O que você quer Fabinho? – Meus olhos faiscavam de raiva.


 

Magali, sem graça, saia, se despedindo.


 

- D-deixa o café-da-manhã pra outro dia amiga. Tchauzinho.


 

Trazia junto dele um buquê de lírios vermelhos, e suas desculpas. Fiz uma expressão de desentendimento. Ele mordeu os lábios inferiores e riu, sem graça. Entregando-me as flores, ele se sentava ao meu lado, me dando um abraço.


 

- Eu gosto de você, me desculpe.

 

- Não me toque. - Minha voz era seca.

 

Descolou seu corpo do meu, rapidamente. Logo uma voz familiar soava pelo quarto, me deixando encabulada.


 

- Se você gostasse mesmo dela, saberia que ela prefere rosas a lírios.


 

Fim do 4º Capítulo.

Ae gente! Um capítulo maior! :)
não dói mandar reviews né?
*------*
espero que tenham gostado! Beijos mil ;*


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