Amar Você escrita por Marcela


Capítulo 32
Vendaval


Notas iniciais do capítulo

A música que acompanhará esse capítulo será:
Come In With The Rain - Taylor Swift
pra quem quiser escutá-la no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=jTAD-teMql0



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Um vento gelado, típico de inverno, bateu contra meu corpo após eu ter aberto a porta da frente. A seqüência de árvores ao lado da calçada ia até o final da rua sem luz e oscilava junto com os meus cabelos. Dei alguns passos e alcancei a calçada, contemplando o pouco que conseguia ver da rua sem luz. Era difícil caminhar com o frio, o vento e a escuridão, mas eu tinha que ir, minha amiga precisava de mim e eu não podia deixar que a esfera sombria daquele lugar me intimidasse.

 

Fui avançando pela calçada, encolhendo os ombros para escapar - ou pelo menos tentar escapar - do frio e não sabia quando conseguiria chegar até onde eu queria e deveria chegar. Continuei caminhando, entregue a pensamento algum e incomodada com as condições do ambiente...

 

I could go back to every laugh
But i don't want to go there anymore
And i know all the steps up to your door
But i don't wanna go there anymore
Eu poderia voltar para todas as risadas
Mas eu não quero mais voltar lá
E eu sei todos os passos até a sua porta
Mas eu não quero mais voltar lá

 

Para completar, na metade do caminho algo me assustou ainda mais. No pouco de luz que chegava na calçada, à alguns metros a minha frente, me deixava ver um grupo de homens vindo em minha direção. Eles eram mal-encarados e aparentavam ter bebido, por um momento cogitei a hipótese de sair correndo dali, mas de nada adiantaria. Eu estava sozinha, naquela rua escura, deserta e sombria e mesmo que eu gritasse até ficar rouca, ninguém jamais me escutaria. Sozinha não havia nada que eu pudesse fazer.

 

Meus joelhos fraquejaram algumas vezes e minha respiração começou a ofegar em um ritmo acelerado assim que o grupo foi se aproximando de mim. Agora eu já podia sentir o hálito amargo de cerveja que eles tinham em suas bocas. De repente notei ter perdido minha coragem e minha força havia sumido. Meu coração implorou pelo meu coelhinho azul e minha alma se despedia lentamente do meu corpo, como se fosse partir para nunca mais voltar.

 

Talk to the wind
Talk to the sky
Talk to the man with the reasons why
And let me know what you find
Fale com o vento
Fale com o céu
Fale com o homem com os porques
E me avise sobre o que você descobriu

 

Vozes não cessavam em ecoar em minha mente de um modo irritante, onde se misturavam com as falar grosseiras dos homens parados perante à mim.

 

“Aonde vai sozinha uma hora dessas, minha doçura?”

 

“Venha comigo, eu te ajudo à voltar pra casa...”

 

“Moreninha dos olhos aflitos, não tenha medo, vamos ser rápidos.”

 

As falas eram roucas e seus corpos enrijeceram assim que ameacei andar para trás, me afastando, mas não hesitei em sair correndo dali no mesmo instante. Meus pés pareciam ter ganhado mais velocidade de uma hora para outra, assim como a rua parecia ter ficado mais longa. Não olhei para trás, pois sentia medo, medo de perder minha vida nas mãos de homens inúteis. Não estava muito longe de casa, quando virei a esquina e trombei com algo ou alguém, mais especificamente. O ato fez com que eu cambaleasse e tombasse o corpo para trás, perdendo a direção. Fiquei meio atordoada e meus olhos não enxergavam muita coisa.

 

I'll leave my window open
Cuz I'm too tired not to call your name
Just know I'm right here hoping
That you'll come in with the rain
Eu deixarei minha janela aberta
Porque eu estou muito cansada de não chamar o seu nome
Apenas saiba que eu estou aqui esperando
Que você venha com a chuva

 

- Mô... Mônica? - a voz me era familiar.

 

Tentei me reanimar rapidamente e tratei de visualizar melhor a pessoa que chamava pelo meu nome. Seus cabelos também oscilavam com o vento e os olhos brilhavam com a luz que era refletida pela lua. As mãos fortes seguravam meus ombros para eu não cair e aos poucos meus olhos estavam inundados por lágrimas. Pisquei para que elas se soltassem e rolassem pela face amedrontada. Então eu chorei. Chorei para que minha alma se libertasse de todo medo que a corroia lentamente. Chorei na tentativa de aliviar minha tensão. Chorei por perceber que estava protegida por alguém a qual eu amava muito.

 

- Não deixe que me peguem. - sussurrei discreto, agora com o rosto em seu peito, envolvida em seus braços - Não deixem que estraguem minha vida.

 

- Não vou deixar, Mô. Você agora está aqui, comigo.

 

I could stand up and sing you a song
But I don't want to have to go that far
And I, I got to tell
I know you by heart
And you don't even know where I start
Eu poderia ficar em pé e cantar a você uma música
Mas eu não quero ter que ir tão longe
E eu, eu tenho que dizer
Eu te conheço pelo coração
E você nao sabe nem aonde eu começo

 

Ao contrário do que pensei, ele não me fez perguntas constrangedoras afim de saber sobre o que tinha ocorrido e isso me fez bem. Sorri de canto, brevemente e ele me guiou para algum lugar mais tranqüilo. Quando dei por mim notei estar sentada em frente à porta da minha casa, com a cabeça repousando em um dos ombros do Cebolinha. Ele permanecia calado e afagava meu braço com sua mão, na tentativa de me esquentar do vento gélido que nos abraçava em seu toque cortante. Ele estava tão quieto que eu achei melhor dar algumas explicações sobre o que havia ocorrido, mas, quando comecei a falar, ele me interrompeu, pousando seus dedos em minha boca.

 

- Não precisa falar sobre isso se não quiser. - O murmúrio de suas palavras logo fizeram sentido para mim.

 

Não hesitei em sorrir e isso era bom. Sorrir me fazia feliz, me trazia de volta a tranqüilidade que faltava naquele momento. Fechei os olhos quando seus dedos caminharam pelo contorno dos meus lábios trêmulos. Suspirei aliviada. E então pude sentir sua boca colar na minha mais uma vez. Algumas lágrimas salgaram nosso beijo e os corações palpitavam normalmente. O sabor adocicado de seus lábios agora estava colado nos meus. Explorei seus fios pretos com meus dedos e suas mãos seguravam meu rosto carinhosamente. Logo a chuva começou a cair. Caía como uma garoa que não nos molhava, mas nos deixava com mais frio ainda e isso não foi motivo para o Cebolinha nos levar para dentro de casa. Ele continuou a me beijar e a sua boca experiente pedia pela minha com urgência cada vez mais.

 

Talk to yourself
Talk to the tears
Talk to the man who put you here
And don't wait for the sky to clear
Fale com você mesmo
Fale com as lágrimas
Fale com o homem que te pôs aqui
E não espere o céu limpar

 

- A propósito, feliz aniversário! - o moreno sorriu de canto e voltou a me beijar.

 

E então eu apenas podia escutar o som do meu coração se misturar com o suave ritmo da chuva.

 

- Meu Deus, Cê! - eu quase gritei quando me lembrei de algo - Estava esquecendo da Magali, coitada, ela está me esperando em sua casa, porque o Joaquim terminou com ela!

 

- Vá se trocar, enquanto eu pego um guarda-chuva para nós. - Ele sorriu, apressando-me.

 

- Nós? - Franzi o cenho.

 

- Sim, nós. Ou você quer andar sozinha até a casa dela, novamente? - o moreno fez uma careta com poucos movimentos e riu - Eu te amo, agora vá e fique bem bonita.

 

I'll leave my window open
Cuz I'm too tired not to call your name
Just know I'm right here hoping
You'll come in with the rain
Eu deixarei minha janela aberta
Porque eu estou muito cansada de não chamar o seu nome
Apenas saiba que eu estou aqui esperando
Que você venha com a chuva

 

Ri também, indo em direção ao meu quarto. Me vesti mais adequadamente, agora com mais tempo, mas ainda com pressa. Ajeitei meus cabelos negros e sorri, me fitando no espelho. O que mais faltava acontecer? Tudo agora estava tão bom. Eu tinha um namorado que me amava e muitas surpresas estavam se revelando com o tempo. Acho que o tempo é a única coisa que resolve os problemas, a única coisa que sara as feridas abertas, que remove o constrangimento e que me deixa mais feliz.

 

I've watched you so long
Scream your name
I dont' know where else I can see
Eu te assisti por tanto tempo
Gritei seu nome
Eu não sei mais aonde eu possa ver

 

Caminhamos rapidamente sob um guarda-chuva. Estávamos abraçados ainda quando chegamos na casa da Magali e, parando perante a porta, o Cebola sorriu.

 

- Pronta?

 

- Pra que?

 

I could go back to every laugh
But I don't wanna go there anymore
Eu poderia voltar para todas as risadas
Mas eu não quero mais voltar lá...

 

Fim do 32º Capítulo.

N.A/ Oi gente! Espero mesmo que tenham gostado desse capítulo! Embora não tenha ficado muito grande, fiz ele de coração. Estou com alguns problemas pessoais e espero que entendam o porquê da demora de eu postar novos capítulos... Ficaria feliz se comentassem e dessem as estrelinhas! hihihi. Beijos

N.A/ Ah, queria dar alguns créditos à 'Lady Myh Lee' ok?


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