Amar Você escrita por Marcela


Capítulo 26
Escuridão


Notas iniciais do capítulo

A música que acompanhará esse capítulo é:
For You I Will - Teddy Geiger
Pra quem quiser escuta-la no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=7OVZWXK-nmY



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/18474/chapter/26

Seus braços estavam cruzados em um laço perfeito e seu corpo repousava encostado da parede gelada. O raio me possibilitou apenas de ver rapidamente a cor de seus olhos carentes. Enxugando as lágrimas quentes com as costas das mãos, fui me levantando vagarosamente até ficar sentada no sofá. Fitei o negro de meus olhos nele, notando o mesmo estremecer de leve. Nossos olhares se encontravam em uma reação fria e séria. Seu rosto delicado, estava lúgubre e pedia por carinho. Coloquei os pés no lugar onde eu estava apoiada e segurei os joelhos, apertando-os contra o peito, assim que ele veio caminhando em minha direção, com passos lentos e tranqüilos.

 

Wondering the streets and a world underneath it all
But nothing seems to be
Nothing tastes as sweet as what I can't have
Like you and the way that you're twisting your hair round your finger
But tonight I'm not afraid to tell you
What I feel about you
Andando pela rua, num mundo além de tudo,
Nada parece ser, nada é tão doce
Quanto aquilo que eu não posso ter,
Como você e o jeito que você mexe o cabelo
Em torno do seu dedo.
Hoje à noite eu não tenho medo de te falar
O que eu sinto por você.

 

O moreno sentou-se na poltrona que se encontrava em minha frente e pegou minhas mãos. Não demorou muito para eu começar a tremer, não de frio e sim de medo. Nossos dedos se entrelaçaram perfeitamente e ele acariciou minhas mãos fazendo movimentos circulares. Coloquei os pés no chão novamente, quando sua testa colou na minha. Nossas respirações se misturavam assim que saiam aceleradas de ambas as narinas. Meu coração parecia que ia pular para fora de tanto que batia sem compasso e super rápido. Aquela boca foi se aproximando da minha de uma forma tão calma, que me permitia descansar as pálpebras.

 

- E-eu sei que... Que não é isso que... Que você quer. - Disse gaguejando, impedindo-o de selar ambas as bocas, com meu dedo indicador.

 

- Shiiiiiiu. - Ele me ignorou fazendo o mesmo com seu dedo em minha boca.

 

Engoli seco. Eu sabia que era aquilo que eu queria, mas sabia também que não seria verdadeiro - ele queria me acalmar, me fazer feliz de uma forma que não seria perfeita e nem de coração. Recuei para trás assim que o moreno encostou os seus lábios vermelhos nos meus, levemente. Meus olhos permaneceram arregalados por um momento - o bastante para ele envolver minhas costas com suas mãos macias. Descansei minha cabeça em seu ombro largo e ele beijou meu cabelo chanel. Uma descarga de adrenalina percorreu meu corpo, dos pés à cabeça, de modo que eu me estremecesse inteira. Ele percebeu e riu abafadamente. Revirei os olhos, aninhando-me em seu peitoral coberto com pijama.

 


oh, I'm gonna muster every ounce of confidence I have
And cannon ball into the water
I'm gonna muster every ounce of confidence I have
For you I will
For you I will
Vou juntar cada pouco de confiança que tiver
E cair na água.
Vou juntar cada pouco de confiança que tiver
Por você, eu vou
Por você, eu vou

 

- Já está de pijama? - Tentei não rir.

 

- Mais algum comentário útil? - Sua respiração fria fez cócegas em meu ouvido esquerdo.

 

Neguei com a cabeça e voltei a me apertar contra seu corpo. Nós dois tremíamos, não mais de medo, e sim de frio. Chovia, e a noite estava tão gelada que hoje eu poderia dormir com um cobertor bem mais quente do que o normal. Já não se ouvia mais nenhum som de músicas lá fora, apenas o batimento de nossos corações ecoavam na sala. Corri com os olhos até o relógio de parede e notei já serem mais de duas da manhã. O moreno deixou nosso abraço cada vez mais apertado e quente. Suas mãos me puxaram para me sentar em seu colo e assim eu o fiz.

 

- Me perdoe. - Sua voz era monótona - Eu... Não posso... Perder... A sua... Amizade. - Disse juntando as palavras.

 

Desenhei um breve sorriso em minha face assim que ouvi aquilo que ele pronunciava. Era tudo o que eu precisava, tudo o que eu queria - que ele me amasse, ao menos como amiga. Aqueles braços envolveram minha cintura e eu voltei a aninhar-me em seu corpo, agora mais trêmulo do que antes. Sua respiração ofegante acompanhava o ritmo da minha em uma velocidade acelerada demais. A poltrona estava um tanto apertada para nós dois permanecermos juntos e abraços ali. Me arrumei em seu colo e ele sugeriu algo em meu ouvido.

 

Forgive me if I still stutter
From all of the clutter in my head
Cause I could fall asleep in those eyes
Like a waterbed
Do I seem familiar
I've crossed you in hallways a thousand times
No more camouflage
I want to be exposed
And not be afraid to fall
Me perdoe se eu ga-gaguejar
Por toda a confusão em minha cabeça
Porque eu poderia dormir nestes olhos
Como uma cama d'água.
Eu pareço familiar? cruzei com você em corredores
Milhares de vezes, nada de camuflagem,
Quero estar exposto e não ter medo de cair.

 

- Aposto que sua cama está mais aconchegante. - Não notei nenhuma malicia no tom da sua voz.

 

- É... Acho que não posso discordar de você. - Entreguei-lhe um sorriso amarelo.

 

Ele me devolveu, mas convidativamente. Nos levantamos e fomos caminhando pelo corredor vazio. Sua mão permanecia entrelaçada com a minha e o ato me deixava totalmente arrepiada. O moreno ria baixinho enquanto andava - ri também, mas sem saber o motivo. A porta do quarto estava fechada e o cômodo se encontrava vazio - nenhuma das garotas estavam dormindo. Pensei em que elas poderiam estar fazendo agora, mas pensamentos maliciosos vieram à tona em minha mente. Chacoalhei a cabeça, na tentativa de apagar todas as imagens que estavam lá. Ri comigo mesma, ao entrar no meu aposento. Deitei rapidamente na cama e me cobri com o cobertor, quase inteira, deixando apenas meus olhos para fora. Ele se sentou ao meu lado, mas não deitou, apenas me olhava com um sorriso torto no canto de sua face corada.

 

- Deita... Aqui... Comigo. - Disse com os lábios trêmulos.

 

Ele nada respondeu, apenas deitou-se, envolvendo minhas costas com suas mãos, mais uma vez. Sem hesitar, levei minhas mãos para seu corpo também, dedilhando sua pele gélida pelo frio. Tudo aquilo era tão perfeito e romântico que eu não queria que aquela noite nunca mais acabasse. Não tinha idéia, mas acho que tudo aqui durou, não mais que cinco minutos, pois as gargalhadas das meninas ecoaram pelo corredor - provavelmente estariam voltando lá de fora. O moreno pulou para fora da cama rapidamente e selou os lábios em minha testa, correndo para fora do quarto, antes que as garotas entrassem e o pegassem aqui dentro.

 

Oh, I'm gonna muster every ounce of confidence I have
And cannon ball into the water
I'm gonna muster every ounce of confidence I have
For you I will
You always want what you can't have
But I've got to try
I'll muster every ounce of confidence I have
For you I will,
For you I will,
For you I will
Vou juntar cada pouco de confiança que tiver
E cair na água.
Vou juntar cada pouco de confiança que tiver
Por você, eu vou.
Sempre queremos o que não podemos ter,
Mas tenho que tentar,
Vou juntar cada pouco de confiança que tiver
Por você, eu vou.
Por você, eu vou.
Por você, eu vou,
Por você...

 

- Obrigada. – Sussurrei para mim mesma, com a esperança de que ele ainda pudesse me ouvir – Obrigada por ser meu amigo. Eu... Te... Amo.

 

Eu não tinha certeza de nada. Aquilo poderia ter sido uma perfeita ilusão ou um simples realismo, mas o Cebolinha esteve aqui comigo, tanto em carne e osso, quanto dentro da minha mente e do meu coração.

 

***

 

 

É claro que eu não podia querer tudo de bom na minha vida, inclusive um dia ensolarado - mas desta vez foi diferente. Fazia frio e o sol tentava sair entre as nuvens, embora garoasse. Levantei-me calmamente da cama, assim como as outras meninas que naquele quarto se encontravam. Notei estar de vestido, assim como na noite anterior, pois não troquei de roupa para dormir. Ri comigo mesma e disse bom dia à todas, inclusive para a Irene - eu sabia que a noite dela não fora tão boa quanto a minha, pois ela não teve um melhor amigo deitado em sua cama, esperando-a dormir. Há muito tempo eu não me sentia tão tranqüila e feliz. Feliz por saber que o Cebolinha me amava, não como eu queria, mas sim como sua melhor amiga. Amor de amigo nunca acaba, nós dois sabíamos muito bem disso. Trajei uma calça jeans e uma blusa, vestindo meu agasalho, não tanto quente, por cima. Os tênis esquentaram meus pés, a partir do momento em que eu os calcei.

 

If I could dim the lights in the mall
And create a mood, I would
Shout out your name so it echoes in every room I would
Se eu pudesse escurecer as luzes no shopping.
E criar um clima, sim, eu faria
E gritaria seu nome para que ecoasse em todos os quartos.
Eu faria

 

O café da manhã fora delicioso - a mesa estava farta de comidas. Não demorou muito para o Chico nos avisar sobre a trilha que faríamos naquele dia. Ele disse que o caminho era um tanto extenso e que teríamos que tomar muito cuidado para não nos perdermos na mata. Estremeci, pensando na possibilidade disso acontecer. Do jeito que eu sempre me meto em algum problema quando está chovendo, seria bem provável de eu me perder fazendo a grande trilha. Logo estavam todos lá fora, dentro de capas de chuva e equipados, inclusive eu.

 

Fim do 26º Capítulo.

 

Desculpem pela demora amores : Espero que tenham gostado desse capítulo *o* Comentem o que acharam, ok? :) Beijos :*


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!