Amar Você escrita por Marcela


Capítulo 2
Desilusão




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Cebolinha estava mesmo beijando a Carmem. Era um beijo intenso, eu pude ver, aliás, todo mundo podia ver. As mãos dele escorregavam pelas costas dela e a loira parecia não estar muito à vontade com a situação - eu sabia que ela não gostava do Cê. Meus olhinhos não acreditavam no que viam, minha cabeça não aceitava aquilo - chacoalhei a mesma, tentando jogar para fora todas as minhas horríveis visões.

 


- Terra chamando Mônica! Aloooou! – Magali passava a mão em frente a minha cara tentando me acordar do transe.


 

Apenas a puxei para irmos pegar um refrigerante, ou algo do tipo. Olhei a mesa farta de comida. Não sentia fome, só queria me distrair. Aquela cena que eu vira segundos atrás era... ERA HORRÍVEL! Eu precisava, eu TINHA que esquecer aquilo a todo custo.

 

- Ah, oi. - Disse monotonamente.

 

- Hum. Torrada com patê de cebolinha? – Magali comia tudo com os olhos e estava quase babando em cima das comidas.


 

Hesitei. Aquela palavra me tocava profundamente, fazendo lágrimas de um choro dolorido, tentarem pular dos meus olhos, mas lutei para que as mesmas voltassem do lugar de onde tinham vindo. Comecei a pegar tudo o que via pela frente e dava para Magali carregar - logo a coitada não agüentava segurar mais nada.


 

- M-mô... PARA! Eu não to com tanta fome assim! - Com esforço, ela tentava segurar o que eu colocava em seus braços.

 

- Cala a boca Magali! Sou eu quem vai comer. - Berrei, enjoada.


 

Os olhos dela se arregalaram. Dei de ombros e continuei a pegar as guloseimas. Pude sentir que minha amiga me observava de um modo estranho. Sempre que estava brava, eu gritava com ela daquele jeito, mas não demorou muito para a comilona deixar um comentário besta escapar.

 

- Depois que te chamam de gorda você não gosta... - A comilona fitou o chão, sem graça.

 

- Ah! Qual é Magali! Você come mais que eu! – Retruquei, já estressada.


 

Simplesmente não queria brigar com ela. Coloquei toda comida de volta a mesa e segui em direção ao banheiro. Joguei água em meu rosto para me acalmar e fitei o espelho, observando meu estado; eu estava acabada. Ver meu melhor amigo com uma outra menina não me fez bem. Suspirei e andei até a saída do toalete, indo ao encontro da minha amiga que estava apoiada de costas para a parede, ao lado da porta.

 

- Outra? – Magali se perguntava, colocando as mãos no queixo.

 

- Hã? - Franzi as sobrancelhas.


 

Ela apontava na direção do Cebola. Mas aquilo só podia ser uma brincadeira! Agora ele estava beijando Denise, que aos poucos estava com o Xaveco. Não pude acreditar e, sem conseguir me controlar, corri até ele batendo os calcanhares no chão. Não liguei para os que se encontravam dançando na pista, e os empurrei para chegar mais rápido até o moreno.


 

- Cebolinha! Você não tem vergonha menino? – Gritei.

 

- Do que você está falando? - Ele franziu a testa.


 

Calei-me. Pude sentir o salgado gosto das lágrimas que tocavam meus lábios. Não iria sair correndo dali, isso não era coisa do meu tipo. Apenas dei as costas ao meu amigo e, com as mãos, enxuguei as gotas quentes sobre meu rosto. Senti todos os olhares penetrarem em mim, atingindo-me como lanças. Cebola cruzou os braços e passou a me encarar - aliás, todos que estavam ali me encaravam.


 

- O que é que deu em você, Mônica? – Cebolinha me perguntava, agora de braços cruzados.


 

Ouvi os comentários dos convidados. Todos estranhavam minha reação. E eu, sem falar absolutamente nada, me dirigi à porta de saída da casa de Carmem, ainda chorando. Não sabia se era ciúme de ver meu amigo de infância com alguém a não ser eu, ou eu estava... É... Apaixonada por ele. Claro que não! Não podia gostar dele, porque não iria dar certo. O Cebolinha era galinha e nunca olharia para mim.

 


- Amiga? Está tudo bem com você? O que foi aquilo e... - Magali corria na minha direção.

 

- Nada Magali.


 

Ela notou meu desapontamento e me abraçou. Detonei sua roupa com as gotas de lágrimas que escorriam de meus olhos castanhos. Senti uma dor no coração, uma angustia me consumiu aos poucos, fazendo-me desabar nos ombros da minha amiga comilona que sempre estava, nas piores e melhores horas, do meu lado.

 

- Quer que eu ligue para os seus pais amiga? - Disse ela, já pegando o seu celular.

 

Neguei. Disse a ela que precisava pensar e ficar um pouco sozinha. Segui até a piscina e me agachei. Mexi na água gelada com as mãos. Notei que ainda chorava. O reflexo da lua estava desenhado ali, junto com a minha imagem lamentável. Logo senti que alguém tocava um dos meus ombros.

 

- Você ta bem?

 

Seus olhos azuis brilhavam com o reflexo da piscina. Seu cabelo estava mais loiro do que o normal. Aquele seu cheiro entrava em minhas narinas, me fazendo suspirar. Seu nome era Fabinho Boa Pinta, mas agora ele preferia ser chamado de Fábio Cheio da Grana.

 


- Estou. - Minha voz era seca e monótona.

 


Ele sorriu, deixando a mostra seus dentes brancos e brilhantes. Na infância eu era gamada nele, mas depois que cresceu virou um mané. Achava-se o tal, só porque era do tipo da Carmem: bonito e rico.


 

- Ta uma linda noite, não? – Ele tentava puxar assunto.


 

- É... – Falta de assunto era uma tristeza.

 

Poucas estrelas enfeitavam o céu escuro. Um vento gelado batia em meus cabelos curtos, fazendo os mesmos cambalearem. Eu sabia, por algum motivo, que o Fabinho não estava ali pra me fazer ficar melhor - ele queria uma única coisa. Esperando eu ficar distraída, o garoto selava seus lábios aos meus. Roubara-me um beijo, entrelaçava seus dedos em meus cabelos, enquanto eu apoiava minhas mãos em seu peito. Puxou-me para mais perto dele. Deixou o beijo se tornar cada vez mais quente e intenso. Empurrei-o para trás, fazendo perder o equilíbrio e quase cair na piscina. Arregalei meus olhos e tapei a boca com as mãos. Ainda podia sentir o gosto amargo do beijo dele. Definitivamente, aquele não era meu dia.


 

Fim do 2º Capítulo.

Oi povo *O* Estão gostando? Se sim, mandem review! Se não, mandem também! rere *__* Beijos Mil ;*


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