Arregalei os olhos e evitei fazer o mínimo barulho possível. Coloquei o copo na pia e recuei para trás. Quando estava quase perto da porta da cozinha, corri até a sala para contar as garotas sobre o que eu ouvi. Cheguei até elas com a respiração e o coração acelerados. Minhas amigas me olharam assustadas, eperando por uma explicação.

- T-tem alguma coisa na cozinha!!!! – Eu disse ofegante.

Todas elas me olharam levantando as sobrancelhas - pareciam estranhar minha reação. Tentei recuperar o fôlego, pois estava um tanto assustada. Não é de hoje que eu acho a casa da Magali um pouco, assim digamos... Assustadora. Lá dentro só tem comida. Lembra-me a história de João e Maria, onde havia uma casa feita de doces e a bruxa má tenta comer eles no final - nunca gostei desse conto.

- Como assim Mônica? – Marina foi a primeira a perguntar.

- E-eu ouvi batidas vindas d-da j-janela. – Tentei pronunciar as palavras perfeitamente, mas ainda estava nervosa.

Olhei através da janela da sala e vi que a chuva forte havia voltado. Era só o que me faltava! Dar um toró numa noite dessas tão... Tão medonha. Notei uma expressão maléfica estampada no rosto de Denise.

- Uhhh! São os espíritos, iguais no filme! – Ela disse fazendo movimentos tenebrosos com as mãos. – Cuidado para eles não te pegarem Mônica.

- Pára Denise! – Afugentei-a com as mãos, e revirei os olhos rapidamente.

Meu coração passou a bater aceleradamente. As garotas continuaram a me encarar. Tentei arranjar alguma desculpa ou algo para me tirar daquela situação constrangedora. Fitei cada uma das meninas com um olhar tenebroso estampado na minha face e ri brevemente.

- Tá bom. - Cruzei os braços - Agora me provem que são corajosas e vão até a cozinha! – Encarei-as, ainda sorrindo.

Quase todas hesitaram, menos Magali que saiu em disparada até a cozinha gritando para quem quisesse ouvir.

- NA COZINHA NÃO SEUS FANTASMAS DE UMA FIGA! AH SE EU PEGO VOCÊS! – Gritava enquanto batia os pés no chão.

Eu e as garotas rimos da reação da nossa amiga comilona, mas acabamos correndo até onde ela se encontrava, depois de escutarmos o grito assustador dela. Parecia que Magali tinha visto algo e...

- Ahhhhh! São os espíritos do filme! Acudam a Gulosa, quer dizer, a Magali! – Denise berrou.

Ao chegarmos na cozinha, nos deparamos com ela caída no chão, com os olhos cheios de lágrimas, quase chorando. Ela abraçava os joelhos contra o próprio peito e gaguejava ao tentar pronunciar alguma palavra, por qualquer que seja.

- O b-bolo... – Soluçou. – MINHA MÃE NÃO FEZ BOLO!

Não acreditávamos em que tínhamos acabado e ouvir, muito menos Denise que passou a  encarar Magali.

- Fofaaaa! A mesa da tua sala está farta de comida e você ainda quer bolo? – Segurou o queixo com as mãos. – Faça-me o favor né?

Magali enxugou as lágrimas que deslizavam de seu rosto, com as costas das mãos e se levantou. De repente ouvimos novamente o barulho vindo da janela, mas agora não era na cozinha, e sim, na sala.

- Eu disse, eu disse! Tem alguém lá fora! – Gritei.

- Cala a boca Mônica, assim você assusta os coitados dos fantasmas. – Denise tampou meus lábios com as suas mãos.

Vagarosamente, andamos até a sala, quietas. Notamos que o barulho havia parado de uma hora para outra. Não falamos nada, apenas seguimos o chamado de Cascuda, que nos pediu para subirmos até o segundo andar. Sim, agora Magali morava numa casa de dois andares. A cada passo que dávamos, ao subir os degraus da escada, hesitávamos, mas acabamos parando totalmente, quando todas as luzes da casa se apagaram.

Fim do 11º Capítulo.

Uhu xD
espero que tenham gostado, então mandem reviews comentando :)
kissu :*