Pov. Narcisa Malfoy

Já estava farta de toda aquela discursão a mesa, não foi assim que desejamos contar tudo alias não tínhamos a mínima intenção de contar nada nunca. Percebi o quanto Draco ficou magoado com a história e fez de tudo para ir até o fundo só para agradar Astória e ela o pisou como se fosse uma tapeçaria, mas isso não vai ficar assim mesmo, antes de ser o futuro marido dela ele é meu filho e tudo o que fizemos foi para o bem desses dois. Depois de todos calados Astória se levantou para ir embora não sem antes deixar bem claro para todos que o contrato seria cumprido, mas que a partir daquele momento a vida do meu filho seria um inferno com ela, se eu torcia pelos dois para que se acertassem e tinha vontade de conhecê-la agora queria ela bem longe de Draco, infelizmente isso já não era possível, portanto decidi ter uma conversa muito séria com essa garota e mostrar que na minha casa ela não fala alto, pelo menos por enquanto.

Chamei- a educadamente para que pudéssemos conversar, quem sabe se nós duas conversássemos eu poderia esclarecer todas as suas dúvidas e a faria enxergar com clareza toda essa história da melhor forma possível, queria me dar bem com Astória, eu queria que ela encontrasse em nós uma família que sempre a apoiaria, porém isso estava tomando minha paciência mais do que eu esperava. Dirigi-me em direção a biblioteca sabendo que estava sendo seguida por ela, em quanto caminhava repassava todas as coisas que queria dizer e nada me parecia adequado, pude ouvir Astória atrás bufando ao que me parecia de raiva e indignação enfim chegamos abri a porta e me coloquei atrás da mesa me sentando na poltrona.

– Sente-se Astória – apontei para a cadeira do outro lado da mesa – Nossa conversa será longa.

– Obrigada, mas prefiro ficar de pé – disse estreitando os olhos em minha direção – Sinto desaponta-la, mas eu realmente espero que nossa conversa não demore mais que cinco minutos.

– Sei que sua irritabilidade e sua atitude grosseira é apenas um mecanismo de defesa para não mostrar o quanto está magoada – disse cruzando os braços em cima da mesa a olhando de forma maternal.

– Acha que me conhece? – perguntou elevando a voz – não sabe nada sobre mim pode ser que esteja fazendo isso mesmo e com bastante razão não acha?

– Poderia colocar um abaffiato na porta, por favor? – pedi sem querer compartilhar nossa conversa com toda a casa, observei ela fazer o que pedi – Realmente eu não a conheço embora queira muito, mas você lembra muito minha irmã Andrômeda.

– Em que, por exemplo? – perguntou se sentando curiosa com o que eu falava.

– De nós três Andrômeda sempre foi diferente nunca quis se casar por contratos ou arranjos, nunca se importou com o sangue ela achava que deveríamos nos casar por amor e quando soube que nossos pais tinham arranjado um casamento para ela com um sangue puro ela simplesmente jogou tudo para o alto e admitiu que namorava um nascido trouxa e que iria casar com ele. – interrompi a história me levantando e olhando para o céu como se buscasse forças para lembrar-me de tudo – Claro que nossos pais nunca a perdoaram e queimaram sua imagem na tapeçaria dos Black, é por conta disso que a vejo em você.

– Pelo que eu entendi seus pais fizeram um contrato que envolvia apenas papéis e não vida deles como vocês fizeram – disse crispando os lábios – Sem ofensas, mas das três ela parecia a mais sensata.

– E realmente era – ri me lembrando de sua personalidade – Quanto aos meus pais eles sempre foram orgulhosos demais para jogarem a vida deles assim no lixo, não se importavam com os filhos e sim com papel deles na sociedade.

– Me desculpe perguntar mais a senhora a perdoou? – Astória tinha um tom de desculpa em sua voz.

– Não precisa me tratar com formalidades querida me chame apenas de Narcisa – desviei do assusto em quanto não tinha uma resposta – Acho que nunca vou perdoar plenamente ela por achar que ela me abandonou e a mim também por não tê-la apoiado como deveria.

– Dafne e eu somos e já fomos extremamente diferentes e nos odiamos como inimigas prestes a nos matar, hoje estamos muito amigas e irmãs como devem ser, mas eu não viveria a minha vida tranquila sem a presença dela nem que fosse para me atazanar – ela ria com vontade e lágrimas de alegria nos olhos – Ainda mais agora que vou ser tia esse bebe já é muito amado e para mim é como um filho, quanto a sua irmã acho que ela fez tudo que o coração dela mandou para ser feliz e tenho certeza que ela não teve a intenção de machuca –lá.

– Obrigada querida – estendi minha mão e sinal de agradecimento pelo conforto – O que me lembra de que estamos aqui para falar sobre Draco e tudo sobre o arranjo do casamento.

– Não quero falar sobre isso estou muito irritada para agir racionalmente – explodiu de raiva colocando a mão em sua cabeça como se ela fosse explodir.

– Astória adiantaria eu dizer que Draco não teve nenhuma participação nisso? – perguntei sendo direta.

– Definitivamente não – me encarou séria – Mas eu estaria disposta a escutar o que você tem a me dizer.

Sorri em resposta era agora ou nunca iria colocar as cartas na mesa, contar a ela toda a verdade e tentar fazer com que eles sejam felizes. Pelo pouco que tinha conhecido e conversado até agora com Astória pude perceber que não existe esposa melhor para Draco.

– Bem você sabe que a família Malfoy era uma fiel seguidora do Lord das Trevas e nos orgulhávamos disso, achávamos que expurgar os nascidos trouxas do mundo bruxo era a melhor maneira para impedir a mistura do sangue, uma grande bobagem eu diria. Eu nunca liguei para essas coisas claro que concordava com aquilo que parecia ser o melhor para nós sangues puros apenas por não querer ocupar meu tempo com isso e também era uma forma de não desagradar Lucio, mas quando Draco nasceu eu passei a me preocupar com o futuro dele e mesmo tentando não pensar eu sabia que um dia ele iria ser como o pai e servir ao Lord. Com a queda dele eu pensei que meu filho estivesse há salvo, mais anos mais tarde ele retornou então nós tomamos uma decisão como forma de proteger nosso filho caso Harry Potter ganhasse a guerra, faríamos um casamento arranjado com uma família de grande nome no mundo bruxo e que não estivesse envolvida com comensais da morte cogitamos escolher a família de Katherine uma ex-namorada dele só que por acaso seu pai apareceu com a ideia de casar uma das suas filhas e nos pareceu a ocasião perfeita e foi assim que tudo aconteceu – terminei apreensiva com medo de que talvez não tenha dito as coisas de maneira correta.

– A onde Draco entra nisso tudo? – perguntou magoada.

– Ele tinha 14 anos era uma criança ainda não entendia toda a gravidade que estava se aproximando de nós, um menino mimado que tinha tudo o que queria e que não se importava com nada. Nas férias de natal logo após o jantar Lucio entregou a ele um bolo de contratos para ele assinar dizendo que se tratava do futuro dele, uma forma dele ficar protegido pelo resto da vida, eu percebi o quanto ele confiou em nós acreditando talvez que se tratava de uma herança. Ele nunca leu o que estava escrito Astória – disse soltando algumas lágrimas de libertação enfim contei tudo o que precisava – E hoje quando ele ficou sabendo de tudo eu assisti nos olhos do meu filho o quão decepcionado ele estava conosco por termos o enganado dessa forma pra ele.

– Foi apenas pela ocasião que me escolheram? Poderiam ter escolhido a tal Katherine já que a conheciam – disse com um tom de ciúmes segurando as lágrimas.

– Não foi só por isso, é claro que se fosse por seu pai e Lucio já estaria fechado no mesmo instante, mas eu fui cautelosa no começo e disse que precisava pensar quando na verdade o que queria era te vigiar – percebi o olhar de surpresa vindo de Astória, mas não me importei – precisava saber se você daria uma boa esposa, precisava saber como você era claro que com 12 anos eu só podia ter uma vaga ideia foi aí que eu a vi no beco diagonal com sua mãe e irmã e as segui, e só posso dizer que em nenhum momento eu me senti decepcionada por ser você a futura senhora Malfoy eu sabia que quando chegasse a hora da marca negra estar no braço de Draco e continuar ali pelo resto da vida você andaria de cabeça erguida ao lado do meu filho e não sentiria nenhuma vergonha de ser da nossa família, agora me diga querida estou errada?

– Astória meneou a cabeça em negação e disse – Obrigada por olhar pra mim e não apenas para meu nome em geral não fazem muito isso – e dizendo isso se levantou me dando um abraço.

– A querida você sabe que fizemos tudo muito torto mais a única coisa que queríamos era proteger vocês – nos afastei limpando suas lágrimas – Quando tiver um filho vai entender o que estou falando.

– Não eu nunca farei nem metade do que estão fazendo com a gente, não criarei meus filhos da maneira que fui criada cheia de preconceitos e regras – se afastou bruscamente respirando fundo buscando uma maneira de retomar sua frieza.

– Você vai ser a mãe que puder ser a ocasião é que vai definir como você irá jogar – sorri para confortá-la – E quanto a Draco e o casamento o que pensa em fazer?

– Sobre o casamento não há nada que possa fazer, iremos nos casar ou se não vocês morrem e a pesar de tudo não queremos isso – ela sorriu tímida e a retribui – quanto a Draco mesmo agora sabendo que ele não teve culpa ainda preciso me acostumar com toda a história e em viver a vida ao lado de um Malfoy e também sobre ser uma, por isso preciso de espaço quando estiver pronta vai ser para cair de cabeça nessa loucura para sempre.

– Como queira, que tal voltarmos para a sala de jantar, aposto que todos estão ansiosos achando que nos matamos – ri me dirigindo a porta quando ouvi algo que parou meu coração.

– Narcisa eu acho que de todas elas você foi e é a mais corajosa espero que saiba e não se esqueça disso, darei um jeito para que Draco não fique magoado com vocês pelo menos por muito tempo – ela disse passando por mim dando um afago em minha mão e me deixando emocionada por ser reconhecida, de todas eu parecia ser sempre a única que se conformava com tudo eu me diziam aparentemente a mais sem graça em personalidade, mas ouvi ela dizer isso me fez ver que tudo valeu a pena.