Edward Cullen

Dois anos

- Edwaaaaard! - Berrou Alice, entrando no meu quarto. - Assim a Bella vai se atrasar!

- Alice, você tem certeza? E se ela se machucar? - perguntei, pela vigésima sétima vez naquele dia.

- Maninho, você é muito protetor. - disse ela, calmamente. - Agora para de reclamar e leva a Bella logo, droga! - gritou ela.

Essa garota é bipolar?

- Ok! Agora para de gritar! - disse. Ela rolou os olhos e começou a massagear as têmporas, como se sentisse dor.

Bella saiu correndo do quarto, entrando no meu.

- Estou bonita? - perguntou ela, rodopiando para que pudéssemos vê-la. Eu e Alice sorrimos.

- Está linda, Bellinha. - eu disse. Ela estava com o uniforme do ballet e uma saia super repolhada, toda de rosa. Eu ia perguntar que saia era aquela, mas Alice foi mais rápida, vendo a pergunta que eu iria fazer.

- É um tutu, Edward. - disse entediada, como se eu fosse obrigado a saber.

- Vamos, Edwad! Eu não quelo me atrasar! - disse, fazendo força para puxar minha mão. - Tchau, Lice!

- Eu não ganho nem um beijo de tchau? - disse Alice, fazendo um biquinho. Bella revirou os olhos e foi lhe dar um beijo na bochecha.

- Edward, essa criança está andando muito com você. Ela tem o mesmo jeito de revirar os olhos que você. - rolei os olhos e ignorei o comentário da baixinha. - Viu! É igual! - eu ri e me direcionei com Bella até a garagem.

- Edwad, eu posso ir na frente? - disse ela, cruzando as mão e fazendo carinha de cachorro que caiu da mudança. Exatamente como Alice.

- Eu acho que você está andando muito com a Alice. Está fazendo a mesma cara que ela.

- Posso? - perguntou ela, não desistindo.

- Não.

- Por quê?

- Porque você é muito pequena. Quando for do meu tamanho eu deixo.

- Eu nunca vou ser do seu tamanho!

- Eu sei! - disse brincando, a colocando na cadeirinha no bando detrás do carro. Ela me olhou brava e cruzou os braços. Direcionei-me ao banco do motorista e a olhei pelo espelho retrovisor.

- Estou brincando. Quando você for maior eu deixo, ok? - ela deu um sorriso enorme e assentiu.

Não demorou muito para que chegássemos ao lugar onde era o ballet. Bella não parou de falar um minuto.

Cheguei à recepção e uma senhora que aparentava ter uns quarenta e tantos anos nos atendeu.

- Olá, vim trazer minha irmã para o ballet. É a primeira aula dela.

- Qual o nome dela?

- Isabella Cullen. - disse. Bella estava agarrada na minha mão, olhando para as pessoas assustada. É claro, Ela quase nunca saia de casa, só podia ficar assustada com pessoas que ela não conhece.

- A aula começa em menos de cinco minutos. O senhor pode ficar ali na sala de espera. - disse a senhora, apontando para uma sala cheia de mães. - Quer que eu a leve lá para dentro?

- Não, pode deixar que eu faço isso. - disse, me afastando.

- Edwad. As pessoas são rosa. - disse ela, assustada.

Assustado fiquei eu! Nunca imaginei que com essa idade, Bella já pudesse reparar na diferença. Como eu iria explicar a ela? “Ah, Bella, é que essas pessoas são humanos, nós somos vampiros.” Impossível! Me abaixei para que pudesse ficar na mesma altura dela, olhando-a nos olhos.

- Você tem que ir pra aula agora. Outro dia eu explico bem direitinho, ok? - disse, e ela assentiu. Tomara que ela esqueça esse assunto e que esse dia nunca chegue. A levei para a sala e ela não queria soltar minha mão de jeito nenhum.

- Edwad, eu não quero ficar sozinha. To com medo.

- Eu não posso ficar aqui dentro. Eu vou ficar ali fora, qualquer coisa é só me chamar.

- Vai ficar ali mesmo?

- Vou.

- Não vai me deixar?

- Não.

- Nunca?

- Nunca.

- Promete?

Olhei nos olhos dela, tentando transpassar o quanto minha promessa era verdadeira.

- Prometo. - disse. Ela me deu um beijo na bochecha e entrou pra sala, a aula já iria começar. Entrei na sala de espera, que só tinha mulheres, e me sentei. Elas cochichavam, mas não sabiam que eu podia ouvir.

- Será que ela é pai da criança? Tão novo! - disse uma, falando com a amiga.

- Duvido! Deve ser irmão. - respondeu a outra.

Ele tem os mesmos olhos do Dr. Cullen. Esse pensamento chegou até mim, mas não soube de quem era.

Oh, meu Deus! Eu vou continuar trazendo minha irmã pro ballet todos os dias, só pra poder ter essa visão privilegiada desse deus grego... Levantei meus olhos e a garota que tinha esse pensamento me olhava, com um sorriso enorme no rosto. Reprimi a vontade de rolar os olhos e olhei para baixo de novo.

O tempo parecia não passar. Pensamentos constrangedores até pra mim chegavam de minuto em minuto. Olhei para o relógio e constatei que faltavam dois minutos para a aula acabar. Respirei aliviado e resolvi me levantar, não aguentava mais ficar naquele ambiente.

A porta da sala de aula foi aberta e uma Bella totalmente eufórica saltou para o meu colo.

- Você gostou, Bella?

- É muito legal! - disse, os olhos brilhando. - Mas eu to com fome. - disse, me fazendo gargalhar.

- Vamos para a casa então, mocinha. Já está quase na hora do jantar.

Dirigi até em casa e Bella novamente não parou de falar um minuto. Ela contava como foi sua aula de ballet, que sua professora era super legal, que conheceu uma amiguinha chamada Mel e que aprendeu o plié.

Chegamos em casa e eu a peguei no colo, levando-a para dentro.

- Papai! - gritou, assim que viu Carlisle. A larguei no chão e ela correu para os braços de Carlisle.

- Oi minha princesa! Como foi o ballet?

- Foi muito legal! A minha profess... - E começou o relato todo novamente, me fazendo sorrir com a alegria da nossa pequena.

...

Três anos

Era um fim de semana de sol, portanto todos nós estávamos em casa, cada um no seu canto. Eu estava no meu quarto, ouvindo Chopin. A música me acalmava e me trazia paz. Emmett e Bella estavam na sala, assistindo Barbie. Estava totalmente em devaneios quando...

- Memet, da onde vem os bebês? - perguntou Bella, do nada. Emmett se engasgou com a pergunta (como se isso fosse possível e normal). Eu comecei a rir histericamente e é óbvio que o grandão ouviu. Pude ouvir Alice e Jasper rindo também.

Edward, o que eu falo? Pensou Emmett, totalmente desesperado.

- Te vira, mano! - disse. Essa eu precisava ouvir. Até desliguei meu som para prestar mais atenção.

- Bem, Bellinha. Ér... Hum... Eles vem da cegon...

- Não me venha com esse papo de cegonha! - disse, brava. Não foi possível segurar a risada.

Cara, como ela já sabia da cegonha? Pensou Emmett, se desesperando cada vez mais. O que eu falo?

- Inventa alguma coisa, Emmett. Só não vai falar a verdade, por favor. - disse. Meu irmão era tão burro que eu não duvidava.

- Bem, primeiro a mamãe e o papai se apaixonam, e depois eles se casam, e...

Como eu vou falar isso? Pensou ele, encurralado.

- E o que? - perguntou Bella, impaciente.

Ele tinha vários pensamentos na cabeça, mas um em particular me assustou.

- Emmett, se você fizer isso...

- Bella, porque você não pergunta pro Edward? - disse ele.

- Tudo bem! - disse Bella, correndo ao meu encontro.

- ... Eu vou te arrancar os braços! - finalizei. Poxa, qual é a dele?

Eu fico sem braços, mas vou escutar a resposta do ano. Pensou ele, rindo da minha cara. Bella já adentrava meu quarto nessa hora.

- Edwad, Edwad! - disse ela, correndo. - De onde vêm os bebês? - perguntou, seus olhos chocolate me fitando com curiosidade.

- Bem, eles... Vem da barriga da mãe. - comecei pelo mais simples.

- Da barriga? - perguntou assustada. Eu concordei. - E como eles vão parar lá dentro? - pude escutar as gargalhadas de todos na casa.

Se ferrou, hein, Edward! Pensou Rosalie, rindo da minha cara.

- É que quando duas pessoas se amam, elas têm bebês... - disse, enrolando o máximo possível.

- Então os bebês vão pra dentro da barriga da mãe, quando o pai e a mãe se beijam? - perguntou. Até eu já estava ficando confuso com aquele papo de barriga, mãe, pai... Emmett rolava de rir na sala. Ah, mas ele ia me pagar, e muito caro!

- Não...

- Então, como eles vão parar lá dentro? Você está me enrolando? - perguntou, brava.

 É possível que vampiros suem de nervosismo? Pois eu podia jurar que estava suando.

Te vira, mano! Zombou Emmett, pensando exatamente a mesma coisa que eu falei pra ele.

- O pai os coloca lá.

- Como?

- Com uma... Varinha mágica. - falei, sem muitas opções. Emmett deu uma risada que eu poderia jurar que fez a casa tremer. Bella também escutou a risada dele e, infelizmente, não tirou a atenção na nossa conversa.

- Varinha mágica? - perguntou, fazendo uma careta. Eu assenti. - Tipo uma fada? - reprimi o riso.

- Sim, como uma fada.

- Ahhh...

Carlisle vai matar você! Pensou Alice, rindo.

- E como eles saem de lá? - perguntou ela. Eu estava a ponto de chorar.

- Pelo mesmo lugar que eles entraram.

- Ah, então é tipo uma passagem?

- Sim, é a passagem da felicidade. - disse Emmett lá em baixo. Todos riram e eu não me aguentei, rindo também. Bella me olhou confusa.

- Porque você está rindo? - perguntou.

- Eu me lembrei de uma coisa que a Alice me contou ontem. - menti. Pensei que a conversa tinha terminado quando...

- Essa passagem é grande?

- Como? - perguntei, não entendendo.

- Esses dias eu vi na televisão uma moça que tinha três bebês dentro dela.

- E o quê que tem?

- Essa passagem deve ser grande, enorme! - disse, gesticulando com os braços para dar mais ênfase na sua afirmação. - Para conseguir sair três bebês por ela. É grande?

Quando que as perguntas vão acabar?

- Hum... Depende.

- Depende do quê?

- Ela é diferente. Cada mulher tem uma.

- Eu sou mulher?

- Você não é mulher, é uma menina. Vai ser mulher quando for grande. - disse, tendo a leve impressão que não devia ter dito isso.

- Então eu tenho essa passagem?

- Tem. - disse, não podendo voltar atrás.

- E onde fica?

- Bella, o que você acha de irmos correr lá fora, hein? - falei, sabendo que aquilo iria lhe chamar a atenção. Ela adorava correr.

- Eba! - disse, pulando e esquecendo totalmente do assunto.

Graças a Deus!