Um Presente De Natal escrita por Valentinnes


Capítulo 8
Capítulo 8




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Depois que tomei um banho e escovei os dentes, vesti meu pijama lindo do Hamtaro e coloquei minhas pantufas de coelhinhos nos pés, o risco de eu descer as escadas rolando novamente, era grande, mas eu estava rogando aos céus para que aquelas garotas não estivesse lá. Bati levemente na porta com os nós dos dedos, apenas para anunciar minha entrada e girei a maçaneta. Meu coração batia acelerado enquanto eu tentava normalizar minha respiração. Observei o interior do quarto e encontrei apenas Sooyoung, que estava escutando música com o fone de ouvido, enquanto escrevi em seu diário rosa. Eu sei, pode parecer um pouco estranho que ela tenha um diário, ainda mais considerando que havíamos acabado de terminar o primeiro ano, mas ela tinha um, não posso fazer nada contra isso. Respirando aliviada por ela estar sozinha, notei seu olhar sério em minha direção, mas rapidamente ela voltou os olhos para o diário, ignorando minha existência, o que não era ruim.

O quarto de Sooyoung era bem simpático, suas paredes eram pintadas de três cores diferentes: Branco, rosa choque e rosa bebê. A parede da porta era branca e nela não havia nada, além de um mural de fotos magnético, que ficava na parede, a parede no fundo também era branca, mas havia um guarda-roupa enorme de madeira amarela que encobria quase que a parede inteira. As paredes da esquerda e da direita eram metades rosa choque e metades rosa bebê. Na parede da direita ficava uma grande janela branca com cortinas da mesma cor, a bicama de Sooyoung e o ar-condicionado, enquanto que na parede da direita, ficava uma escrivaninha com um computador de última geração e duas prateleiras fixas na parede. Como havia um espaço entre a cabeceira da cama de Sooyoung e o guarda-roupa, deixei minha mochila nesse lugar e puxei a parte debaixo de sua cama. O colchão estava forrado, então apenas me joguei na cama. Eu mal havia me acomodado e minha prima jogou um lençol e travesseiro na minha face. Ajeitei o travesseiro de fronha verde embaixo da minha cabeça, mas me levantei para ver o que ela tanto escrevia no diário. Como ela estava escutando música, acabou não notando minha presença, o que meu deu tempo de ler as primeiras linhas, porém não entendi nada do que estava escrito, pois era coreano. Embora as palavras estivessem romanizadas, eu não conseguia entender do mesmo jeito. Fiquei observando ela escrever aquelas palavras, com a esperança que ela fosse escrever algo no bom e bonito brasileiro, mas ela me notou antes que isso acontecesse. Tirando o fone de ouvido e fechando o diário rapidamente, ela disse que era feio espionar os outros.

- Eu não tinha intenção – disse me sentando com postura correta na minha cama – Mas eu estava reparando no que estava escrevendo... É coreano certo?

- Sim – respondeu ela secamente enquanto guardava o diário embaixo no travesseiro.

É óbvio que aquele não era seu esconderijo oficial, mas ela não o guardaria no lugar certo na minha frente, ela nunca faria isso.

- Não sabia que falava coreano – disse me empolgando.

- Eu não falo coreano, apenas decoro as músicas kpops que mais me interessam – respondeu ela se ajeitando em baixo do cobertor. O ar-condicionado estava ligado, o que deixa o clima levemente frio, e embora eu sentisse que com o passar das horas meu lençol não seria o suficiente para me proteger, eu também reclamaria.

- E qual é a música que escrevia? – perguntei curiosa, mesmo vendo que ela não queria conversa.

- One Fine Spring Day – respondeu ela sem dar muita importância.

- Super Junior... – comentei pensativa.

- Isso mesmo, agora apague a luz, certo? Estou com sono – disse minha prima ficando de costas para mim.

Soltando o ar pesadamente pela boca, coloquei meu relógio para despertar às seis horas da manhã e apaguei a luz. Na manhã seguinte, acordei morrendo de frio e com o apito agudo do meu relógio de pulso. Tentando não acordar minha prima, apertei o botãozinho para parar o despertador e me enrolei ainda mais no meu lençol tentando me esquentar. Lembrando-me das palavras de Baro quanto acordar cedo, peguei minha mochila preta que estava entre a cama de Sooyoung e o guarda-roupa e segui para o banheiro sem fazer barulho. Assim que terminei de escovar os dentes, tomei um banho rápido e penteei meus cabelos os deixando solto, mas eu levava um elástico na minha mochila. Desci as escadas alisando minha franja com as mãos e encontrei minha tia fazendo café, ela realmente acordava cedo todos os dias, independente de ser férias ou fim de semana, ela sempre estava de pé.

- Bom dia tia – disse animada com minha mochila nas costas.

- Bom dia Duda – cumprimentou ela sorrindo – Vai ficar para o café?

- Infelizmente não – falei fazendo drama – É que sabe como é né? Ontem a Amber foi tomar café da manhã comigo, então hoje eu vou para a casa dela – fiz uma pausa enquanto via minha tia assentir com a cabeça. Achei que aquele seria um momento oportuno para fazer um comentário que poderia me levar à liberdade – É claro que seria melhor se eu dormisse na casa dela não é mesmo? Mas tudo bem – completei soltando um suspiro triste.

- E porque não a trás para dormir aqui? – perguntou minha tia coando o café na pia.

- Não quero atrapalhar – respondi e completei rapidamente sem dar chances da minha tia argumentar que ela não atrapalharia – Mas agora eu vou indo, abre o portão para mim?

- Abro sim – disse minha tia deixando panela de lado – E pode trazer a Amber para dormir aqui sem problema algum ouviu? – avisou minha tia com um sorriso e jogou a chave da porta para mim.

Antes de ir para a rodoviária, passei em casa para arrumar minha mochila. Tirei o que não seria necessário, como meu pijama lindo, pantufa e toalha e coloquei coisas importantes, como meu cartão de passe, dois pacotes de fandangos sabor queijo, um bolacha de chocolate, uma garrafa de água e o dinheiro para as passagens de ida e volta para mim e Yesung. Só por precaução, peguei mais vinte reais e parti para a rodoviária vestindo um jeans azul e uma blusa regata na cor verde claro. Cheguei a gigante e bela rodoviária por volta das sete e meia e ainda tive que ficar esperando os meninos. O que me assustou naquilo tudo, foi ver a quantidade de pessoas no local, havia realmente uma grande multidão ali e achando uma empresa que vendia passagens de ônibus para a cidade para onde queríamos ir, entrei na fila quilométrica. Alguns minutos depois e os três surgiram. Os três vestiam jeans e camisetas de cores diferentes, o único que se destaca entre os três, era Yesung que usava um boné preto que deixava seus olhos na sombra, sendo assim, ele não seria facilmente reconhecido. Eles me localizaram na fila e caminharam até onde eu estava, considerando o tempo que eu esperava, só tinha mais três pessoas na minha frente.

- Bom dia Duda – disse Yesung me dando um leve abraço.

Retribui seu abraço e acenei para os garotos que apenas acenaram de volta. Nossa viagem seria em quarenta minutos, então ficamos na plataforma de embarque esperando. Eu era a única que havia levado uma mochila. Yesung estava parado ao meu lado observando o forte movimento e acenando para as crianças com um sorriso fofo, aquilo era meigo e um pouco estranho, mas eu estava de olho para que ele não desaparecesse. Cada um de nós estava com sua passagem.

- Você está com medo do que o Papai Noel vai dizer? – perguntou Baro, me fazendo desviar os olhos para ele.

- Não sei, é difícil dizer o que estou sentindo – falei voltando meus olhos para o chão, eu realmente estava confusa diante de tudo aquilo, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu queria o Yesung, sendo falsificado ou não, sobre minha inteira proteção.

- Imagina se os caras da SM descobrem que ele está aqui no Brasil? Nós íamos ser chamados de país de terceiro mundo, de pretos, pobres e sequestradores, nenhum grupo k-pop ia querer fazer show aqui – comentou Jonghyun entrando animado na conversa.

- Eu sinto que eles já nos chamam de país de terceiro mundo – disse Baro em meio a uma careta.

- Também sinto isso – concordei assentindo – Mas o que importa é que o Yesung... – olhei em volta tentando achá-lo - Cadê o Yesung? – perguntei um tom mais alto, lembrando-me do episódio no shopping, como alguém podia sumir tão rápido como ele?

– Pensei que tinha o amarrado – falou Baro visivelmente contrariado.

Semicerrei meus olhos para Baro, mas antes que ele se rendesse, Jonghyun pediu que nos separássemos. Saímos correndo em direções opostas rezando para que Sully e suas amigas não tivessem nada haver com o desaparecimento do meu presente. Comecei a rodar a plataforma atrás do coreano quando olhei de relance para os ônibus, havia uma figura de boné batendo com as duas mãos no vidro e falando algumas coisas que pela distância, não dava para ouvir. Franzi o cenho tentando imaginar como ele havia chegado ali tão rápido e corri em direção as catracas. Entre a plataforma de embarque e os ônibus, havia uma alta grade que os separavam, para que não ocorresse acidentes, então os passageiros só poderiam passar para o outro lado, quando seus ônibus chegassem. Quando tentei passar pela catraca, o fiscal me barrou pedindo minha passagem.

- Eu só quero buscar um amigo que entrou no ônibus errado – disse ofegante e fitei de relance Yesung, que agora sorria e me acenava.

- Sem passagem você não passa – disse o homem alto e moreno me fazendo encolher.

No mesmo instante, lembrei da minha passagem no bolso da minha calça e entreguei a ele. Ele a analisou e disse que meu ônibus não estava na plataforma ainda, então eu não podia passar. Tentei argumentar com ele mais uma vez a respeito do meu amigo ter pegado o ônibus errado, mas se negava a olhar para trás.

- Para onde vai aquele ônibus? - perguntei apontando o indicador para o veículo.

- Clarilândia – respondeu o homem secamente.

Franzi meu cenho tentando identificar onde ficava essa cidade, mas nada veio em mente... Essa cidade por acaso existia? Sai correndo procurando por Baro e Jonghyun, eu precisava urgente de auxilio. O primeiro que encontrei foi Jonghyun. Baro veio correndo ao nosso encontro ao perceber que estávamos reunidos. Expliquei para eles e a reação não podia ser diferente.

- Existe Clarilândia? – perguntou Baro franzindo o cenho.

- Pelo jeito sim, mas não podemos deixar o Yesung ir para esse fim de mundo, temos que tirá-lo daquele ônibus.

- Vamos trocar nossas passagens – sugeriu Jonghyun.

Observei a fila quilométrica semicerrando os olhos.

- Não vai ser fácil – comentei ainda observando a fila.

- Nós damos um jeito, você troca as passagens – disse Jonghyun me entregando a sua enquanto Baro fazia o mesmo – Vamos lá Baro – ele saiu correndo na companhia do garoto.

Embora eu estivesse com um pouco de medo, segui-os a certa distância para ver o que fariam, e o que eles fizeram, realmente me deu um pouco de medo. Eles chegaram à fila se empurrando e quando se menos esperava, Jonghyun esmurrou a face do homem que estava em segundo na fila. O homem pendeu para o lado e os garotos continuaram brigando empurrando as pessoas da fila, arrumando briga com o terceiro e o quarto da fila. As pessoas agora estavam vidradas na situação. O homem que estava em segundo na fila, limpou o bigode que estava um pouco sujo de sangue e partiu para cima de Jonghyun. Eu ficaria assistindo se a mulher que comprava suas passagens não tivesse liberado a bilheteria. Corria até o balcão e me encostei-me nele como se nada estivesse acontecendo.

- Por favor senhorita, eu gostaria de trocar essas passagens para Clarilândia, o ônibus que parte agora – pedi educadamente.

A mulher que queria mais ver a briga do que qualquer coisa, se assustou com minha presença repentina, mas pegou minhas passagens as analisando e anunciou que não seria possível.

- Por quê? – perguntei ainda com a briga nas minhas costas.

Era uma gritaria sem fim, mas quando os guardas da rodoviária chegaram, Baro e Jonghyun saíram correndo sendo seguido por eles.

- As passagens para esse ônibus acabaram, só para daqui cinco horas – respondeu a mulher entediada.

- Pode ser – disse rapidamente vendo que o homem que atacará Jonghyun se recompunha e vinha em minha direção para comprar sua passagem.

A mulher, que ainda se mostrava entediada pela briga ter acabado, me entregou as passagens e eu saí correndo na direção onde meus amigos haviam ido, havia sido mais fácil do que eu imaginava ou não. Jonghyun que era mais atlético que Baro, havia desaparecido na multidão, mas Baro era arrastado pelo guarda em direção a saída.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? E sobre a cidade fim de mundo, ela não existe (não que eu saiba), é uma cidade em homenagem a minha irmã ( por isso mesmo que é um fim de mundo) õ/ | Não percam o próximo capítulo ;D
by: Mc =]