Um Presente De Natal escrita por Valentinnes


Capítulo 5
Capítulo 5




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– Olá seres de outro planeta – disse enquanto espreitava os dois descendentes de coreanos com os olhos.

Os gêmeos eram idênticos, usavam o mesmo corte de cabelo e as mesmas roupas, eles eram idênticos até no modo de me irritar, então como eu nunca sabia quem era quem, só os chamava de gêmeos Min, mas um se chamava KwangMin e outro YoungMin. Eles exibiam seus sorrisos brancos para mim com encanto, tendo tantas pessoas no mundo e aquelas duas coisinhas pequenas tinham que ficar logo no meu pé. Que ficassem no pé de Sooyoung, que era a irmã do amigo deles, mas não, eles tinham que ter uma queda por ocidentais. Antes que eles dissessem algo a respeito dos meus ‘olhos redondos’ que tanto os encantavam, o pirralho do meu primo comemorou alto, dizendo ter ganhado o jogo de vídeo game que ele e um dos gêmeos estavam jogando.

– Mas isso não é justo – protestou o que havia perdido.

– Me dê o controle – pediu o outro que esperava o jogo terminar.

– Não dou não – respondeu o outro.

Minha tia pediu que eu ficasse a vontade, avisando que o jantar estava na cozinha, para só então subir para o seu quarto. Fui para a cozinha antes que os gêmeos saíssem no tapa, embora assistir um bom barraco fosse sempre engraçado, eu queria me manter no anonimato, quanto menos contato eu tivesse com a família e os amigos da família da minha tia, melhor. De jantar havia yakisoba e uma variedade de comidas orientais, mas preferi ficar só com o yakisoba mesmo. Eu estava terminando de comer o conteúdo da minha tigela, quando Sooyoung desceu as escadas vestida um pijama rosa claro e me fitou com desprezo.

– Ah! Você chegou – murmurou ela.

Ela estava com uma bolsa de gelo em mãos e após enchê-la com mais um pouco da água em estado sólido, ela voltou a subir as escadas. Era uma pena não ter um quarto de visitas ali, seria incrivelmente maçante dormir no quarto do Sooyoung, mas eu simplesmente deitaria no meu colchão no chão e dormiria, sem trocar uma palavra com ela. Depois que finalmente terminei meu jantar, lavei a tigela e o par de hashis e segui para o banheiro. Minha tia e meu tio estavam desaparecidos fazia um tempo, mas preferi não pensar no que eles faziam. O pirralho e os gêmeos Min continuavam jogando vídeo game, pelo o que eu havia ouvido falar, assim muito por alto, os gêmeos ficariam na casa de MinWoo até dia dois de janeiro, que era quando seus pais voltariam de viagem. Me imaginei aguentando aqueles seres todas as noites, mas pensando melhor, cheguei a conclusão que se eu me comportasse bem, minha tia poderia me deixar dormir na minha casa com minhas amigas, então, era só fazer tudo o que ela mandava e me comportar como o anjo que eu sempre fui, já que era incrivelmente raro eu arrumar brigas ou falar palavras de baixo calão na frente de adultos. Eu sim era um exemplo para as criançinhas.

Depois que tomei um banho e escovei os dentes, segui para o quarto de Sooyoung vestindo meu pijama, que se resumia a um short cinza até os joelhos de tecido bem leve e uma blusa negra quando alguns detalhes em cinza e o desenho do lindo Hamtaro com aqueles grandes olhos brilhantes bem no centro da blusa, aquele era sem dúvidas meu pijama favorito. Com minhas pantufas de coelhinhos nos pés, olhei em volta e notando que não havia ninguém, caminhei de um jeito desajeitado e divertido até o quarto da minha prima nojentinha. Nas minhas costas, estava minha mochila. Bati levemente na porta, usando os nós dos dedos, apenas para anunciar minha chegada e abri porta escutando algumas vozes femininas abafadas. Assim que consegui abrir a porta o suficiente para enxergar o interior do quarto, fechei a porta e desci as escadas correndo, tropeçando no quarto degrau de baixo para cima e descendo os últimos degraus rolando. Os garotos rapidamente olharam por cima do sofá querendo achar a causa do barulho enquanto eu me levantava toda dolorida e pulava em cima deles. No quarto de Sooyoung, estava a garota super fofa, acompanhada de suas duas amigas.

Cai por cima de um dos gêmeos que gritou de dor, mas o outro me pareceu irritado por eu estar caindo em cima de seu irmão, não em cima dele. Enquanto eu me esgueirava com uma salamandra para debaixo da mesa de centro, Sooyoung descia as escadas perguntando por mim. Fiz sinal negativo para os garotos, mas MinWoo não ia muito com a minha cara o que complicava para o meu lado.

– Ela está... – MinWoo foi interrompido por um discreto soco na costela que recebeu do gêmeo que eu não havia esmagado.

– A noona Duda? – perguntou ele fazendo uma voz fofa – Ela passou correndo para a porta, acho que foi para a casa dela.

Não tinha como não acreditar naquela coisa fofa, se eu não tivesse embaixo da minúscula mesa, eu ninaria aquela criança até ela dormir.

– Humm... – soltou minha prima desconfiada – Minha mãe saberá disso.

Ela voltou para o seu quarto acompanhada das suas três amigas. Sai de baixo da mesa e quase abracei os gêmeos, já que eu não sabia mais quem havia me ajudado e quem eu havia esmagado, mas me segurei, se eu fosse ficar dando moral para crianças de nove anos, era mais fácil eu abrir uma creche.

– Obrigada gêmeos Min – agradeci fazendo uma reverência.

– E o meu beijo? – perguntou um dos gêmeos fazendo bico.

– Ta, não é pra tanto – disse séria - Até porque se minha tia achar que eu não dormi aqui, eu vou para a praia encontrar meus pais e eu também não posso entrar no quarto de Sooyoung.

– Mas isso é fácil – disse o outro gêmeo – É só você dormir com a gente e tirarmos umas fotos maneiras no meio da noite, depois nos mostramos para a tia Laura e pronto.

– Como você é esperto criança – comentei assentindo com a cabeça.

– Eu mereço um beijo? – perguntou ele fazendo bico.

– Não – respondi bem rapidamente, cortando a idéia daquela criança.

Já que dormiríamos todos juntos, os garotos me ajudaram a tirar a mesa do centro, buscaram os dois colchões de solteiro que havia no quarto de MinWoo e jogaram todas as almofadas dos sofás sobre os dois colchões já forrados. Considerando que no outro dia eu teria que acordar cedo, tirei algumas fotos com os meninos, fingindo estar jogando vídeo game, só para provar que estava ali durante a noite inteira e depois uma foto com os três nos colchões no chão e eu deitada no sofá, também para provar que eu havia feito companhia a eles. Como eles ligaram dois ventiladores no máximo, rapidamente comecei a sentir frio e me embrulhei com um lençol fino. Eles ainda jogavam vídeo game animados. Colocando meu relógio de pulso para despertar às cinco e meia da manhã, foi me deixando ser envolvida pelos braços de Morfeu.

Na manhã seguinte acordei com o apito insistente do meu relógio e pisquei meus olhos várias vezes para que eles se acostumassem com a claridade. Os três garotos estavam dormindo como pequenos anjinhos no colchão no chão, quem não conhecesse aqueles três pirralhos, com certeza sentiria vontade de apertar aquelas bochechas fofas. Pegando minha mochila preta que estava ao lado do sofá, fui para o banheiro do andar superior tomar um banho e escovar os dentes. Assim que terminei de pentear meus cabelos, os prendi em um alto rabo de cavalo e deixei o banheiro em direção a cozinha. Agora eu vestia uma bermuda jeans e uma blusa vermelha, minha mochila preta estava nas minhas costas. Do meio das escadas, consegui ver minha tia na cozinha, ela estava fazendo café.

– Bom dia – desejei com um sorriso assim que sai das escadas, já que não havia uma parede de verdade delimitando a cozinha, tudo que havia era um enorme balcão de granito e um pouco acima do balcão, era uma parede de mais ou menos meio metro, que não chegava nem perto de se encontrar com o balcão.

– Bom dia Duda, por que acordada tão cedo? – ela perguntou me fitando com um sorriso, mas rapidamente desviou seus olhos para o café.

– Ahn... É que eu marquei de tomar café da manhã com a Amber – disse me apoiando em uma das cadeiras, pois no centro daquela pequena cozinha, havia uma mesa redonda com quatro cadeiras de aço e estofado lilás.

Foi então que ouvi um barulho vindo do interior da casa. Rapidamente meus olhos buscaram a sala, mas o barulho não vinha de lá, o barulho vinha do quarto de Sooyoung. Quando olhei na direção da escadaria, senti minhas pernas ficarem bambas, quem descia as escadas enquanto bocejava era minha prima e a garota repleta de fofura. No mesmo instante busquei uma forma de sair dali sem ser vista. A enorme janela de vidro que ficava na mesma parede da porta de entrada, estava entreaberta, então não pensei duas vezes e me joguei por ela. Cai com tudo na grama verde da minha tia e ela veio correndo na janela perguntar se estava tudo bem.

– Estou ótima tia – disse fazendo uma careta de dor – Tem como à senhora abrir o portão para mim?

Mesmo um pouco surpresa por eu ter simplesmente me jogada pela janela ao invés de sair pela porta, ela abriu o portão eletrônico e corri de sua casa até a minha. Yesung ainda dormia tranquilamente e preferi não acordá-lo. Deixando minha mochila no chão do meu quarto, desci as escadas em direção a cozinha, a fome apertava. Eu pegava a sacola com pão integral, que a propósito, estava acabando, quando o interfone tocou, era Amber.

– Eita, chegou cedo hein mulher? – falei brincando enquanto abria a porta para ela.

Ela me deu um soco no estômago sem mais nem menos e respondeu sorrindo.

– Você disse de manhã.

Concordei enquanto massageava minha barriga e fechei a porta. Ela estava com uma mochila preta nas costas, mas não disse o que havia dentro, embora eu já imaginasse do que se tratava. Seguimos para a cozinha e ela retirou seu notebook da mochila e o deixou sobre o balcão de granito.

– Vai ver se tem notícias do Yesung? – perguntei enquanto colocava o pão na torradeira.

– Isso mesmo – respondeu ela sem tirar os olhos do notebook.

Como na minha casa a internet era sem fio, rapidamente Amber estava com o site brasileiro de notícias do Super Junior aberto. Ela moveu os olhos pela página sem dizer nada, o que só me deixava aflita. Fazendo um suspense que me matava, ela me fitou séria.

– Eae? Alguma notícia do Yesung? – perguntei me segurando para não demonstrar toda a minha aflição.

– Nada, absolutamente nada.

– Nem falando sobre um futuro projeto que ele pretende fazer?

– Nadinha – respondeu Amber sem nada expressar.

Bufei por não ter notícias do verdadeiro Yesung e peguei as torradas que saltavam rapidamente com a ponta dos dedos colocando em um prato. Como eu não havia sido rápida o suficiente para que não me queimasse, levei o dedo indicador da mão direta a boca, enquanto Amber ria.

– Você é muito esperta Duda – disse ela pegando um garfo em uma gaveta e colocando mais dois pães na torradeira.

– Me desculpe gênio supremo.

Amber fez uma careta para mim. Então Yesung entrou com toda a sua beleza radiante na cozinha e sorriu para nós duas. Quase caímos uma ao lado da outra. Nesse instante o telefone tocou.

– Opa, olha o telefone tocando – disse Yesung com bom-humor e o atendeu – Alô?

Espera, o Yesung estava atendendo ao telefone?

– Maria Eduarda? – perguntou ele ao telefone – Não, não tem ninguém com esse nome – ele fez um breve silêncio – Não precisa se desculpar, tenha um bom dia senhora – e finalmente ele colocou o telefone no gancho.

Eu e Amber nos entreolhamos sem acreditar.

– Ele não sabe o seu nome – comentou Amber negando com a cabeça, ela fazia uma falsa careta de tristeza, mas visivelmente estava se segurando para não rir.

– Mas... mas... – antes que eu conseguisse dizer algo, o telefone tocou novamente.

Yesung prontamente esticou a mão para pegar o aparelho, mas sai correndo e o empurrei de lado com meu ombro esquerdo o fazendo cair. Atendi ao telefone ofegante.

– Alô?

– Filha? – perguntou uma voz feminina familiar do outro lado da linha, era a minha mãe.

– Eu mãe – disse nervosa – Como estão sendo suas férias?

– Que estranho, agora pouco liguei e caiu na casa errada, devo ter discado o número errado, mas estão sendo divertidas e me responda sinceramente, você dormiu na casa da Laura?

– Claro mãe, e a propósito, como está o papai? – perguntei enquanto observava com o canto dos olhos Yesung se levantar.

– Está se divertindo horrores, ele só sente falta de fazer competição de quem come mais com você – ela soltou uma risada baixa, embora eu fosse magrinha, eu era um verdadeiro saco sem fundo e aquilo era a minha diversão preferida com o meu pai - Eu só liguei para saber se você estava bem, mas vejo que está, então continue obedecendo a sua tia, voltamos em janeiro.

– Certo mãe, até janeiro – disse muito rapidamente e desliguei o telefone.

– Por que você vive me machucando? – berrou Yesung ao meu lado enquanto segurava o braço esquerdo.

Cutuquei meu ouvido direito um pouco surda pelo grito, mas então escutei o interfone, que a propósito ficava ao lado do telefone, tocar. Atendi com animação pensando que era o Baro.

– Baro! Até que enfim você chegou, já estou indo abrir a porta.

– É esse nome! É esse nome! – exclamou uma voz feminina do outro lado da linha – Esse é o nome do garoto que sequestramos ontem.

Desliguei o interfone no mesmo instante e corri até o quarto dos meus pais. Amber e Yesung me acompanharam curiosos, mas no meio do quarto dos meus pais fiz sinal para que eles parassem e fizessem silêncio. Passo a passo, cheguei a varanda do quarto e observei lá embaixo. Sooyoung, a garota e fofa e suas outras duas amigas estavam todas ali embaixo.


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Notas finais do capítulo

Eu ia tentar manter a ordem de postagem, mas então fiquei sem nada para fazer e acabei escrevendo esse capítulo (bem grandinho por sinal). Espero que gostem :D | Não percam o próximo capítulo ;D
by: Mc =]