Um Presente De Natal escrita por Valentinnes


Capítulo 3
Capítulo 3




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Enxuguei as lágrimas com as costas da mão e pedi que Yesung se escondesse. Ele claramente não queria continuar naquele jogo de esconde-esconde, mas acho que ele temia que eu o chutasse novamente, por isso se escondeu no guarda-roupa. Tentando parecer melhor, mas nem tanto, abri a porta.

- Você venceu Duda, você vai ficar, mas com uma condição – disse ele erguendo o indicador direito.

Semicerrei meus olhos enquanto uma ruga de interrogação se formava na minha testa.

- E qual seria essa condição?

- Você vai dormir na casa da sua tia Laura.

- Por quê? – perguntei sem acreditar, mas que condição mais sem noção.

- Porque você é uma garotinha indefesa e não acho seguro que você durma aqui sozinha. Então se você quiser passar o dia todo aqui em casa jogando vídeo game e ouvindo música no seu notebook, fique a vontade, mas na hora do jantar você vai para a casa da sua tia e só pode sair de lá depois do café da manhã.

- Mas pai... – ele me interrompeu.

- Se você quiser chamar suas amigas – ele deu ênfase no ‘amigas’ – para assistir filme, também fique a vontade, mas nada de churrasco ou festas, sua tia mora aqui perto, então se fizer algo de errado ela vai saber e você vai ser despachada no mesmo instante para a praia.

- Mas eu não posso jantar aqui em casa não?

- Não, jantar e café da manhã na casa da sua tia e não se preocupe que já falei com ela e ela concordou com tudo, por ela você já ia com suas malas e ficava por lá o dia inteiro, mas eu sei como você curte a solidão e não gosta muito de seus primos, mas se quiser ficar lá o dia inteiro... – dessa vez, eu o interrompi.

- Tudo bem pai, eu entendi tudo.

- Se comporte.

- Ok pai, tchau – disse acenando.

Ele espreitou seus olhos para mim. Em resposta, soltei um sorriso amarelo e fechei a porta do meu quarto a trancando em seguida. Eu estava livre da minha família. Abri a porta do guarda-roupa e puxei Yesung para pular no centro do meu quarto comigo.

- Por que estamos pulando? – perguntou ele parando ofegante.

- Porque eu não vou viajar, então terei tempo de sobra para te ajudar a recuperar sua memória.

- Olha, isso é realmente bom – disse assentindo com cara de pensativo.

Depois que meus pais foram para o aeroporto, descemos para o térreo, era hora de almoço. Enquanto eu colocava a pizza no forno, aproveitei para contar um pouco sobre minha vida, mais especificamente sobre meus amigos.

- E você acha que algum deles pode me ajudar? – perguntou Yesung tirando o laço vermelho da cabeça.

- Não sei – foi tudo o que consegui responder imaginando meus amigos surtarem ao saberem que Yesung ou pelo menos o seu gêmeo perdido, estava na minha casa.

Fui até o telefone que ficava na parede ao lado da porta da cozinha e liguei para Amber, ela saberia o que fazer, mas para isso, ela teria que primeiro, acreditar na existência de Yesung. Assim que reconheci sua voz dizendo ‘alô’, desejei Feliz Natal.

- Para você também Duda – respondeu ela animada também reconhecendo minha voz – O bom velhinho foi bom com você?

- Bom até demais – disse fitando Yesung que batucava o balcão – Mas e a sua esteira? Chegou?

- O Papai Noel não quer perder a barriga – respondeu ela rindo.

- Papai Noel bandido, mas me responde uma coisa, tem como nos encontrarmos ainda hoje?

- Olha, hoje fica meio difícil para mim sabe? Programa em família e tenho que dar exemplo para o meu irmãozinho, então fica realmente difícil, não pode ser amanhã? Só vou viajar no ano que vem mesmo.

- Tudo bem, amanhã aqui em casa, oito da manhã, tudo bem para você? – perguntei apreensiva, eu tinha que mostrar Yesung para ela.

- Sim, então até amanhã Duda.

- Até – respondi em meio a um sorriso torto e desliguei o telefone.

Caminhei até Yesung fazendo bico. Ele perguntou se eu estava bem, mas o ignorei e apenas fiquei fitando o balcão de granito. Depois que tirei a pizza do forno, perguntei se havia algum problema em ele dormir na minha casa sozinho, sua reação foi engraçada.

- Você está louca? E se o bicho papão vir me pegar? Eu não vou dormir sozinho nem em pesadelo, ainda mais em uma casa desconhecida.

- Tudo bem – disse com um sorriso torto – O Baro vai surtar, mas ele é mais recomendável do que o Jonghyun.

Um dos fatores que me faziam gostar dos meus amigos era que eles eram mais desocupados que eu, então depois do almoço liguei para Baro e pedi que ele me encontrasse na praça perto de casa. Coloquei um óculos escuros gigante em Yesung para que ele não fosse facilmente reconhecido, como se tivesse muitos kpoppers no Brasil. Sentamos em um banco da praça embaixo de uma sombra e esperamos Baro. Dois minutinhos depois e ele surgia com um sorriso na entrada da praça. Seu sorriso se desfez quando ele viu Yesung vestindo sua camiseta.

- Essa camiseta é minha? – perguntou ele semicerrando os olhos para mim.

Soltei um sorriso torto.

- Ainda bem que você reparou na camiseta e não na pessoa que está a usando. Baro esse é o meu presente de natal, Yesung esse é o meu amigo Baro.

Yesung acenou todo animado. Baro fitou meu presente com os olhos regalados e depois me fitou semicerrando-os novamente. Ele abriu a boca para dizer algo, mas ao invés disso, ele tirou o óculos de Yesung, dando um salto para trás.

- De onde você o tirou? – perguntou Baro pausadamente.

Levantei-me calmamente e puxei Baro para longe de Yesung sorrindo, para que ele não percebesse nada ou fosse atrás de nós.

- Ele apareceu embaixo da minha árvore de natal, sem memória e com um laço na cabeça. Não creio que seja o Yesung verdadeiro porque ele fala português fluente, mas de qualquer forma, não posso largá-lo na rua, a mercê de bandidos. E por favor, não cite nada sobre o Super Junior.

- Ahn... Para que então, você me trouxe até aqui? – perguntou Baro com a sobrancelha esquerda arqueada.

- É que vou dormir na casa da minha tia e ele não quer dormir sozinho na minha casa, ele tem medo.

- Mas o que?

Expliquei para ele que realmente havia conseguido ficar em casa, sem meus pais, mas se ele não quisesse ter Yesung como colega de quarto, sem problema algum.

- O problema não é isso, o problema é você levar esse ser para sua casa sem nem saber de qual macumba ele veio. Nós temos que ir falar com o Papai Noel do shopping, agora.

Não tive tempo de contestar, nós três pegamos um ônibus e seguimos direto para o shopping. Com Baro nos apressando, chegamos ao corredor onde o Papai Noel estava e entramos na fila. Quando chegou nossa vez, eu recuei.

- Não é o mesmo Papai Noel de ontem.

- O que? – perguntou Baro ao meu lado.

- A fala sério, você não sentou no colo dele, você o reconheceria se tivesse sentando.

Ele franziu o cenho sem acreditar. Se aproximando do bom velhinho visivelmente desconfortável, ele perguntou:

- Você estava aqui ontem?

- Não – respondeu o bom velhinho – Você quer tirar foto comigo? – perguntou ele semicerrando os olhos visivelmente com medo.

- Claro que não – respondeu Baro rapidamente – Eu só quero saber onde está o Papai Noel de ontem.

- Ele viajou – respondeu uma das jovens que ficavam para auxiliar o bom velhinho – E se for apenas isso, queriam se retirar.

Baro deu de ombros e eu o segui para fora da fila.

- Você acha mesmo que o Papai Noel de ontem pode ter alguma relação com o Yesung brotar na minha casa?

- Tem explicação melhor?

Parecia bem razoável.

- O que importa é que ele não está aqui e enquanto ele não voltar, o Yesung... – olhei em volta procurando o meu presente – Cadê o Yesung? – perguntei um tom mais alto, visivelmente brava.

- Por que você não o amarrou?

Fitei Baro com uma ruga de interrogação na testa.

- Ok, eu te ajudo a procurá-lo.

Saímos correndo em direções opostas desejando do fundo do coração que não houvesse kpoppers no shopping e se houvesse que Yesung não tirasse seus óculos por nada nesse mundo. Desci atropelando geral pela escadaria e corri feito louca pelos corredores até que encontrei Yesung sentado em um banco e cercado por três garotas. Ele estava sem o óculos escuro. Parei ofegante na sua frente e me apoiando nos meus próprios joelhos enquanto recuperava o fôlego.

- Eu estava te procurando – foi tudo o que consegui dizer.

- Essa é a Duda, a garota de quem eu falava.

- Então foi você que o sequestrou é?  - disse uma delas se levantando de forma ameaçadora.

Reparei que ela tinha traços fofos e coreanos, talvez fosse fã do Super Junior, não sei bem, mas parecia ser uma kpopper. Suas roupas eram coloridas e seus cabelos negros e compridos. Eu ia acabar com toda aquela fofura se ela continuasse se achando a superior.

- Venha comigo menino do laço vermelho – disse para Yesung de modo sério.

Ele fez menção de se levantar, muito obediente por sinal, mas a garota de traços fofos se pôs entre eu e ele, eu ainda tinha a intenção de acabar com toda aquela fofura.

- Você não vai levar o Yesung para lugar algum, nós vamos cuidar dele, ajudá-lo a recuperar sua memória.

Agora elas estavam brincando com minha poker face.

- Mas não vão mesmo – disse de modo decidido e semicerrei os olhos para garota.

Nossa troca de olhares foi extremamente mortal, faltava apenas a música de faroeste e a bola de feno passando atrás de nós. Essa observação me fez lembrar o Super Show 2, mais voltando. Já que eu não tinha uma arma, nem que fosse de comida, continuei a encarando esperando uma reação da sua parte, mas ela também parecia esperar uma reação minha. Baro estragou nosso mágico momento.

- Ai está você – disse ele para mim com um pouco de animação – E você – completou sério fitando Yesung.

- Ele também faz parte de sua quadrilha de sequestradores? – perguntou a garota fofa se sentindo a última gota de coca-cola do deserto.

- Perdi alguma coisa? – perguntou Baro sem entender.

- Saia da minha frente – disse brava com a garota e a empurrei de lado, a fazendo desequilibrar e cair no chão – Vamos Yesung – disse enquanto o ajudava a se levantar do banco.

- Vocês não vão a lugar algum com o Yesung – falou a garota fofa se levantando, suas amiguinhas também não pareciam nada amigáveis.

- Não vamos é? – perguntei também me sentindo a última gota de coca-cola do deserto – Então veja isso.

Fazendo uma pose de heroína, fitei Baro e em seguida Yesung. Agora era o momento perfeito para...

- Corre Yesung! Corre Baro! Corre! – berrei agarrando a mão de Yesung e sai correndo feito local pelo shopping.

O trio bufou de raiva e saiu correndo atrás de nós três.


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Notas finais do capítulo

Não me perguntem de onde tirei inspiração para escrever esse capítulo, porque até agora não sei. Não percam o próximo capítulo ;D
by: Mc =]