– Yesung – disse em um tom mais alto enquanto ele limpava o sangue que havia escorrido de suas narinas com dorso da mão – Você não se lembra de nada? – perguntei aflita e rezando aos céus que ele continuasse a ser a criança crescida que eu conhecia.

– Eu preciso ligar para o meu manager – disse ele para si mesmo tateando os bolsos, mas tudo que ele achou foi um cartãozinho vermelho – O que isso significa? – ele pensou alto abrindo calmamente o cartão.

Seus olhos escuros estavam focados no papel e ele parecia ignorar a todos a sua volta, mas assim que seus olhos bateram na mensagem, ele desmaiou. Aquilo era um péssimo momento para aquilo. Com a ajuda de alguns rapazes que estavam ali, o sentei na cadeira que ele estava antes e notei que em seu computador estava aberto uma notícia sobre ele mesmo, o que era estranho e engraçado. Minimizei aquela notícia, com medo de ela ter causado aquilo e fiquei o abanando com um panfleto até ele abrir os olhos. Sua expressão era perdida e antes que eu disse algo, ele me abraçou.

– Você está bem? – perguntei o abraçando de volta preocupada.

Calmamente ele separou-se de mim e segurou minha face com ambas as mãos.

– Duda, o que está acontecendo comigo? – seus olhos confusos e brolhosos estavam sob minha face.

Então ele se lembrava de algo o que era bom e ruim ao mesmo tempo. Ele dizia se lembrar da imagem e do nome do seu manager Kim Jung Hoon, dos membros do Super Junior e de sua família, mas tudo parecia tão surreal para ele, tão distante, que ele achava ser apenas uma ilusão. Enquanto eu o levava de volta para a pousada, eu ia explicando-lhe que tudo era real e tentava contar histórias e pequenos fatos para ver se ele lembrava de algo além de imagens e nomes, mas ele custava a acreditar em mim. Eu nunca havia o visto tão teimoso.

– Mas se eu sou mesmo um grande cantor da Coréia do Sul, como eu vim parar do outro lado do mundo? – ele perguntou confuso.

– Boa pergunta – pensei alto, fazendo sua atenção se voltar para mim. Eu tinha uma idéia sobre o que havia acontecido, mas se o Papai Noel existia, por que ele havia me trazido um cantor do outro lado do mundo? Por que ele se daria tanto trabalho? Eu movimentava os lábios tentando pensar em algo, quando escutei uma voz masculina chamar meu nome.

– Duda – disse Baro empolgado, mas então fez uma careta ao ver-me do lado do Yesung – Por que você está sempre na companhia dessa macumba? – ele perguntou franzindo o cenho indignado.

Ignorei sua expressão indignada e caminhei ao seu encontro. Ele não devia esperar por meu ato, porque ele recuou quando me viu ficar na ponta dos pés e me inclinar na direção de sua bochecha. Mesmo com ele tentando fugir, lhe dei um rápido beijo na face e soltei em seguida um ‘bom dia para você também’.

Jinyoung que estava na companhia de Baro, paralisou com meu ato, mas já que eu estava decidida a mudar e tecnicamente isso incluía tocar nas pessoas, fiquei na ponta dos pés ao lado de Jinyoung e por mais que isso fosse muito estranho, também lhe dei um rápido beijo na bochecha desejando um ‘bom dia’ e sorri constrangida, ao ver sua face corar.

– Por que você fez isso? – perguntou Yesung boquiaberto.

– Porque agora eu sou uma pessoa legal – respondi sorrindo e voltando a ficar ao lado dele.

– Mas você não me deu um beijo de bom dia – retrucou ele franzindo o cenho irritado.

– Mas é que você acordou primeiro que eu e foi tomar banho, então acabei me esquecendo, mas tudo bem, posso dar o beijo agora? – perguntei com uma calma incrível e um sorriso gentil. O suposto ciúme de Yesung era apenas engraçado, mas eu não acreditava que ele estava falando sério.

– Não – disse ele fazendo bico – Vá beijar eles – completou dando os ombros e saiu marchando em direção a pousada, mas que criança mais difícil essa hein? Pensei comigo franzindo o cenho.

– Espero que tenham um bom dia – disse para os dois irmãos que ainda estavam imóveis e sai correndo atrás de Yesung, que havia desaparecido no estacionamento.

Ele seguiu marchando para o nosso quarto, mas antes que chegasse a ele, ele encontrou com Sooyoung que saia do quarto dos meus pais, provavelmente depois do café da manhã. Sua face estava tensa, mas ao ver Yesung, ela pareceu relaxar.

– Onde vocês estavam? – perguntou franzindo o cenho para parecer irritada, mas visivelmente ela estava feliz.

– Bom dia – respondeu Yesung todo animado e dando um forte abraço na minha prima.

Até mesmo ela surpreendeu-se e automaticamente semicerrei os olhos para ele, como ele era mal, mas preferi ignorar. Pouco depois seguimos para a praia. Meu pai queria passar em um quiosque que fazia um maravilhoso bolinho de camarão, então no fim das contas acabei ficando sozinha com minha prima e meu presente.

– Você devia ligar para os seus amigos do Super Junior – falou Sooyoung para Yesung andando na areia ao seu lado.

Por que ela estava sugerindo aquilo? Pensei alto enquanto entrava em desespero.

– Eu não sei o número deles – respondeu Yesung fazendo uma careta engraçada e buscou algo no bolso de sua bermuda, tirando o cartãozinho vermelho – Eu acho que isso é importante – comentou ele passando os olhos por mim que estava ao seu lado direito.

– Eles devem estar preocupados – disse Sooyoung ainda insistindo no assunto da ligação.

– Eu não quero ligar para eles – retrucou Yesung voltando a ficar sério enquanto eu tirava o cartão de suas mãos.

– Pois devia – falou Sooyoung dando de ombros.

– Por que você é tão insistente? – perguntei me alterando subitamente.

– Porque você não o merece – respondeu Sooyung semicerrando os olhos para mim.

– Eu vou te mostrar quem merece – disse devolvendo o cartão a Yesung e partindo para cima da minha prima.

Primeiramente devo reconhecer que brigar é muito feio, então não façam isso crianças. Segundo devo dizer que pular em cima de uma pessoa estando na praia não é algo legal, pois seu cabelo vai acabar cheio de areia e terceiro e último, não sei porquê parti para cima dela, mas quando vi, eu já esta agarrada ao seu cabelo e rolando na areia. E era areia e cabelo voltando para todos os lados. Eu estava me engasgando com o meu próximo cabelo quando Sooyoung se jogou em cima de mim e começou a me estapear, mas em um ato impensado, usei a areia ao meu favor, jogando um pouco em seus olhos. Automaticamente minha prima recuou e eu pulei em cima dela, caindo novamente na areia. Ela ainda estava vulnerável por causa da areia, então me aproveitei disso para subir no seu tórax e começar a estapeá-la. Por sorte ou por azar, quando ela voltou a abrir os olhos que agora estavam vermelhos, alguém me tirou de cima.

– Me solta! Me solta! Me solta! Me solta! – eu disse esperneando sem ver quem me segurava.

Sooyoung se levantou como um animal feroz e tentou pular em minha direção, mas santo MinHo a segurou pelos braços a impedindo de avançar.

– Parem com isso! – berrou MinHo que havia surgido sabesse lá da onde.

Fui a primeira a me acalmar, até porque as chances de eu apanhar da Sooyoung eram realmente grandes, para eu ficar dando uma de nervosinha e aos poucos e sob os apelos de Minho, Sooyoung também se acalmou, mas ainda expressava irritação.

– Por que estavam brigando? – perguntou Minho soltando Sooyoung com muita calma.

Só então eu conseguia visualizar quem havia me segurado. Era um belo moreno alto e forte de encantadores olhos verdes. Seus cabelos negros caiam em cachos sob a testa e suas feições eram realmente belas. Comecei até a tirar rapidamente a areia do meu cabelo o observando encanta, mas a voz irritante de Sooyoung me tirou de minha admiração.

– Ela me atacou por causa do Yesung... – acusou minha prima e olhou em volta em busca do meu presente, mas então, momentaneamente ela empalideceu e me fitou engolindo em seco – Onde está o Yesung?

Olhei em volta no mesmo instante e revirei os olhos.

– Essa deve ser a quinta vezes que eu o perco – comentei alto e voltei-me para Sooyoung – Ele não deve ter ido muito longe.

– Não mesmo – respondeu Sooyoung e saímos correndo em busca do meu presente.

Realmente ele não estava muito longe, mas incrivelmente ele estava acompanhado e chupando um picolé amarelo, que provavelmente era de abacaxi ou quem sabe milho, mas provavelmente era abacaxi. A garota que estava na sua companhia me era muito familiar e tudo que carregava era um protetor solar. Ela devia estar tentando comprar minha criança. Sai correndo na companhia de Sooyoung – que nesse instante havia se tornado minha best – e paramos a garota com olhares mortais.

– O que você está fazendo com o Yesung? – perguntou Sooyoung do modo mais ameaçador possível.

Yesung inocentemente acenou para nós duas com um grande sorriso.

– Ei! – disse analisando aquela face melhor – Você é a menina do aeroporto – completei fazendo uma careta, mas não era que a menina havia ressurgido das sombras apenas para sequestrar o Yesung?

– Sou eu mesma – disse ela com arrogância – E fiquem longe, porque eu tenho um protetor solar e não tenho medo de usá-lo – dramaticamente ela erguia o protetor solar na mão direita, fazendo até mesmo Yesung, que era a cara da bondade, arquear a sobrancelha esquerda e fazer uma careta de desacreditado.