Um Presente De Natal escrita por Valentinnes


Capítulo 17
Capítulo 17




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– Você tem certeza? – perguntou Jinyoung me observando pensativo.

– É isso ou ligar para a polícia – respondi olhando em volta, tentando pensar para onde o Baro iria – Venha Yesung, vamos a praia – chamei meu presente e pedi que os outros dois procurassem em lugares próximos que Baro pudesse ter ido, como uma praça ou uma sorveteria.

Sendo assim, segui com meu presente para a praia, perguntando se alguém havia visto um garoto de olhos puxados, mas alguns diziam que sim, outros não e acabou que chegamos à praia sem descobrir se ele estava ali ou não. Ainda havia um quiosque aberto naquela escuridão sem fim, mas Baro não estava ali. Vendo o mar em uma relativa calma, pedi que Yesung seguisse para esquerda, enquanto eu fui pelo caminho da direita, mas pedi que não demorasse e muito menos entrasse na água. Ele era uma criança crescida, mas eu estava esperançosa que duas pessoas perdidas no mesmo dia era muito castigo de Deus, então ele ficaria bem.

Não precisei andar muito tempo, refazendo o caminho em direção ao píer, e consegui ver uma silhueta sentada na areia. A pessoa usava uma camiseta branca, o que facilitava um pouco em sua visualização e ela estava imóvel observando o mar, o que me fez aproximar um pouco relutante. Notando que se tratava de Baro, tive vontade de estapeá-lo, por me fazer passar por aquele susto, mas acabei me contendo.

– O que está fazendo aqui? – perguntei arqueando a sobrancelha esquerda naquela escuridão, era bom que ele tivesse uma boa explicação para aquele sumiço repentino.

De primeiro momento, Baro quase correu pelo susto que levou, mas tirando a mão do coração, ele reassumiu uma pose fria e séria.

– Isso não é da sua conta.

– Eu estava preocupada com você Baro – retruquei franzindo o cenho indignada, mas mantendo uma postura séria, senão eu seria obrigada a dar uns tapas nele.

– E desde quando você se importa? – ele perguntou tão sério quanto eu.

– Você é mesmo um egocêntrico – soltei cruzando os braços e bufei observando o mar. Baro estava começando me irritar.

– Agora eu sou o egocêntrico? – ele perguntou indignado.

– Não sou eu que desapareço no meio na noite e deixo todo mundo preocupado apenas para ficar brisando na frente do mar – respondi franzindo o cenho irritada, mas observando a face desapontada de Baro, respirei fundo relaxando minha expressão e sentei ao seu lado naquela horrível areia.

A lua brilhava intensamente no céu refletindo no mar, que agora era apenas um monte de água turbulenta e inquieta que se movia de um lado para o outro. O mar deixava uma brisa gélida escapar-lhe e essa movia meus cabelos lentamente fazendo uma valsa no ar. Baro estava com seus olhos perdidos na vasta escuridão, mas eu conseguia ver que ele estava desapontado. Puxei o ar fortemente para os pulmões e soltei lentamente pensando nas minhas palavras.

– Olha Baro, eu não vou dizer que escutei tudo o que você disse, até porque você ficou falando demais, mas... – soltei um sorriso torto e fiz uma careta, era óbvio que eu havia escutado tudo o que ele havia dito, mas seria melhor se ele achasse que não – Eu posso até não ser a melhor amiga de todas, mas eu me preocupo com você, a Amber, o Jonghyun, até mesmo com o Key que vive implicando com o meu cabelo... – ele me interrompeu.

– Você se preocupa com alguém além de você? Isso é sério? – ele perguntou sendo o mais irônico possível.

Revirei os olhos e parei o encarando com a sobrancelha esquerda arqueada.

– Eu tenho sentimentos tudo bem? Se eu não me preocupasse com você eu não estaria aqui e tudo bem que eu não ligo muito para datas comemorativas, mas é que eu não acho importante, sabe? Para mim é apenas mais um dia comum, não vai mudar absolutamente nada na minha vida. E tenho que assumir que é um pouco difícil me apegar às pessoas, mas se eu tenho um melhor amigo, ele é você, e eu não gosto de vê-lo aqui sozinho e com essa cara de desapontado. Eu gosto de você Baro, mas é como amigo... – desviei meus olhos rapidamente para a areia, podendo respirar um pouco e voltei a fitar a face de Baro – Desculpe-me, mas eu ignoro suas demonstrações de afeto, é porque não quero que você ache que tem chances comigo e muito menos quero perder sua amizade por isso – essa última parte saiu com dificuldade, eu sentia até mesmo um nó se formar na minha garganta.

Desviei meus olhos para o mar, enquanto Baro molhava os lábios também voltando seus olhos para a escuridão. Aquilo era incrivelmente constrangedor e desconfortável e aproveitando que meus braços estavam sob meus joelhos, abracei minhas pernas me encolhendo.

– É, acabo de levar um fora e você continua sendo egocêntrica e fechada – comentou Baro passando os olhos rapidamente por minha face.

– Eu posso melhorar – retruquei passando meus olhos por ele, que riu baixo – Sério mesmo – disse soltando minhas pernas – Isso porque, eu não gosto do MinHo, eu apenas acho ele bonito, mas você dá de dez a zero nele, ou não – disse rapidamente fazendo uma careta – O que importa é que eu só digo aquilo de brincadeira, eu não ligo dele se encontrar com minha prima amanhã, se bem que ele teria que ter um gosto horrível para encontrá-la, mas vai entender né? E tudo bem que eu tenho medo que o Yesung vá embora se eu lhe contar a verdade, mas não se preocupe, eu vou contar para ele hoje mesmo... Mas voltando, amanhã nós podemos ligar para Amber só para saber como ela está – por segundos, não acreditei que eu estava dizendo aquilo e fiz uma careta.

– Sua sinceridade me comove – disse Baro franzindo o cenho, mas acabou soltando um sorriso torto - Hoje eu falei com a Amber e ela perguntou de você.

– Sério? – perguntei com uma súbita animação incomum.

– Sério, ela perguntou de você e me mandou te xingar por não ter celular.

Não tive como conter o riso.

– Ela é legal – soltei por fim voltando a ficar séria.

Baro apenas assentiu com a cabeça e nossas vozes desapareceram entre as ondas. Talvez até tivesse algo de interessante no mar, mas depois de já ter me afogado nele duas vez, ainda não tinha como eu achá-lo uma maravilha. Baro agora exibia um sorriso bobo e infantil. Sorrindo para aquele sorriso, aproximei meu braço direito do meu corpo e muito calmamente abri minha mão. Aquilo era extremante estranho e embaraçoso, mas muito relutante, estiquei meu braço direito o passando por trás das costas de Baro e lhe dei alguns tapinhas no ombro direito, o fazendo rir de imediato.

– Grande evolução Duda – disse ele ainda rindo enquanto eu puxava minha mão de volta para mim.

Aquilo seria difícil.

Jinyoung e Sooyoung chegaram logo depois e seu irmão quase lhe deu uns tapas por ele ter desaparecido. Eu nunca havia visto Jinyoung tão bravo e preocupado. Chegava a ser fofo o modo como ele tratava o irmão mais novo e tivemos que ir atrás de Yesung que ainda procurava por Baro na direção que eu havia indicado. Durante a volta, quis perguntar a Baro sobre Sooyoung, mas ele estava na companhia de Jinyoung, então não quis atrapalhar aquele momento. Chegando a pousada, eu ainda tinha que resolver onde Yesung dormiria, mas os gêmeos Min não queriam nem que ele dormisse no nosso quarto, o que complicava as coisas.

– Por favor, por favor, por favor! – eu implorava para os pirralhos.

– Não – responderam os gêmeos em coro.

– Então vamos fazer assim – disse Sooyoung subitamente, me assustando – O Yesung dorme comigo na minha cama e fim de papo.

Semicerrei meus olhos imediatamente para ela, como ela tinha a indecência de sugerir aquilo?

– Então as duas dormem juntas e o Yesung dorme sozinho – sugeriu MinWoo entediado.

Semicerrei meus olhos imediatamente para o pirralho, como ele tinha a indecência de sugerir aquilo? Se bem, que não era má idéia, mas Sooyoung e os gêmeos Min protestaram e continuamos nessa discussão, até que ficou realmente resolvido pela idéia de MinWoo. Aquilo seria muito estranho, mas era melhor que dormir no chão gelado, tudo bem, talvez nem tanto.

– Vem Yesung, vou contar a história que me pediu – o chamei com um sorriso torto empurrando o travesseiro para que eu pudesse me sentar no seu lugar.

O cartãozinho vermelho mantinha-se intacto sob o travesseiro, então o peguei e entreguei a Yesung assim que ele deitou no meu colo. Esperei que ele se embrulhasse até a altura do peito, para tomar fôlego e começar.

– Era uma vez um garotinho muito bonito e feliz chamado Yesung. E a propósito, ele continua a gostar de tartarugas – disse apenas para reforçar minha antiga narração o fazendo sorrir.

– E do que mais ele gosta? – ele perguntou com seu sorriso infantil e olhos brilhantes.

– Ele gosta de muitas coisas, tipo cantar – disse com uma empolgação a mais, mas sentindo meu coração se apertar, eu não estava acreditando que ia contar toda a verdade para ele, mas tomando fôlego, continuei minha narrativa até que ele adormeceu.

Ele parecia um anjinho rebelde enquanto dormia. No dia seguinte ele pediu a maquiagem de Sooyoung emprestado. Tudo bem que ele ficava lindo de lápis de olho e tudo mais, tanto que ele chegou a minha casa cheio de maquiagem, mas eu havia me acostumado a ver seu rosto ao natural e agora tão repentinamente, ele tentava voltar ao Yesung que ele era. Enquanto ele estava no banheiro se arrumando, corri para a minha cama e deitei com os braços abertos. Sooyoung havia me chutado a noite inteira e eu estava feliz de estar sozinha novamente. Os pirralhos ainda dormiam tranquilamente e neste instante bateram na porta. Corri para ver quem era e encontrei meu pai com um sorriso animado, ele chamava a todos para ir comer pão no seu quarto, mas além de Yesung, ninguém estava com empolgação para sair do quarto e disse a ele que iriamos assim que os meninos acordassem.

Yesung saiu do banheiro pouco tempo depois. Ele estava de banho tomado e seus olhos estavam realçados por uma perfeita e bem feita maquiagem preta. Eu começava a desconfiar que não tivesse sido uma boa idéia contá-lo a verdade, mas agora já havia sido feito. Eu tentava voltar a dormir na minha cama, quando ele começou a cutucar minhas costas com o indicador, pedindo que eu acordasse. Ele queria que eu o levasse em uma lan house para que ele pesquisasse um pouco sobre si e lá fomos nós. Antes o arrastei para uma padaria, para que fizéssemos o desjejum e depois seguimos para uma lan house próxima, só não me perguntem onde arrumei dinheiro.

Na padaria eu havia comprado um cartão telefônico, então depois de deixar o Yesung bonitinho sentado na frente de um dos computadores, fui atrás de um orelhão. Toda aquela bondade não combinava muito bem comigo, mas saber que Amber havia perguntando de mim, me dava motivos para ligar para ela. O telefone tocou insistentemente até que uma voz fina e sonolenta o atendeu.

– JeongMin, passe para sua irmã – pedi assim que reconheci sua voz.

Ainda desorientado pelo sono, ele grunhiu algo incompreensivo e deixou o telefone de lado. As unidades do meu cartão acabavam rapidamente, mas se eu falasse um ‘oi’ para a Amber já seria uma grande evolução.

– Duda? – perguntou Amber tão desorientada quanto o irmão mais novo.

– Bom dia Amber, como você está? – perguntei fazendo uma voz animada e feliz, mas eu me sentiria melhor se estivesse dormindo.

– As pessoas estão loucas atrás do Yesung – disse ela acabando com a minha animação forçada – Até os membros do Super Junior estão postando mensagens do twitter e em todos os lugares possíveis dizendo que estão preocupados com o Yesung, que querem ele de volta. Você tem que entrar em contato com eles.

– Eita, espera ai, ficou decidido que o Yesung vai virar purpurina a meia-noite do dia trinta e um, não vamos apressar as coisas, a não ser que ele queira – a última parte me fazia sentir medo – E sim, eu já contei a ele que ele faz parte do Super Junior – completei apenas para ressaltar a parte do ‘a não ser que ele queira’.

– Desde quando ele vai virar purpurina? – perguntou Amber confusa.

Expliquei a ela sobre a história da Cinderela e ela quase teve um ataque, dizendo que precisava se despedir do Yesung antes que ele fosse embora e tudo mais, mas eu não podia simplesmente levá-lo de volta, então acabou que voltei para a lan house, mas a cena que eu vi não foi nada animadora. Yesung estava no chão em posição fetal, enquanto apertava a testa com ambas as mãos e sangue escorriam de suas narinas. Empurrei as poucas pessoas que se aglomeravam em volta dele e fiquei de joelhos ao seu lado, lhe dizendo que tudo ficaria bem, mas quando ele parou, ele olhou tudo em volta assustado.

– Onde eu estou? – ele perguntou em perfeito português e depois de uma curta pausa, ele completou - Quem são vocês? – sua pergunta não havia sido feita apenas para as pessoas desconhecidas a nossa volta, ela também se referia a mim.

Aquilo foi um choque terrível.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Fiquem a vontade para mandar reviews com opinião, ameaças, críticas, dicas, elogios e sugestões -q. Não percam o próximo capítulo ;D
by: Mc =]