Um Presente De Natal escrita por Valentinnes


Capítulo 14
Capítulo 14




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Deixei com que uma ruga interrogação se formasse na minha testa, enquanto eu observava a garota. Ela realmente estava imóvel e respirava com certa dificuldade. Eu só esperava que ela não tivesse nenhum problema no coração. Aproximei-me sorrateiramente de Yesung e sussurrei próximo ao seu ouvido.

- Essa é uma boa hora para correr – e afastei-me lentamente assentindo com a cabeça.

- Não – protestou de imediato visivelmente indignado – Vamos tirá-la desse chão – disse ele se colocando de joelhos ao lado da garota, para achar uma boa posição para erguê-la nos braços.

Apenas revirei os olhos e olhei na direção oposta, fingindo não conhecer aqueles dois, mas então meus olhos captaram minha tia e toda sua família, caminhando em minha direção com malas. Até mesmo os gêmeos Min, que nem faziam parte da família, puxavam suas malas de rodinhas e acenavam felizes para mim. Fiz uma careta notando que ela se aproximava animada e caminhei desconfortavelmente em sua direção.

- Vamos fazer o check-in e rápido Duda – disse ela indo para o balcão.

- Por que essa viagem repentina? – perguntei a acompanhando.

- Nós estamos de férias Duda, então nada melhor que viajar – respondeu ela animada.

Não era possível que eles iam viajar comigo. Fitei meu primo e em seguida Sooyoung, que sorria com arrogância, aquilo só podia ser coisa dela, mas a mãe dos gêmeos não ficaria preocupada? Logo tratei de questionar minha tia quanto a isso, tentando fazê-la desistir daquela idéia sem cabimento, mas ela disse que já havia falado com ela e estava tudo resolvido, ao fim, ela despachou todas as malas e se encaminhou para a sala de embarque. Antes de acompanhá-la, fui até Yesung, que estava sentado em uma das cadeiras almofadadas azuis e fitei a garota que estava na cadeira ao lado. Ele a abanava com a mão direita como se ela estivesse tendo convulsões ou coisa do tipo, aquilo era muito estranho.

- Vamos Yesung, nosso avião vai decolar – disse calmamente ignorando o fato de a garota ainda estar desmaiada.

- Não podemos deixá-la aqui – protestou ele preocupado.

- Eu resolvo isso – falei me aproximando com confiança. Yesung apenas ficou imóvel me observando. Parei defronte com a garota respirando calmamente, aquilo ia doer mais em mim do que nela (nem tanto), mas era necessário. E não, não era por vingança. Erguendo a palma direita aberta, desferi um tapa na face da menina que quase caiu no colo de Yesung, mas ele a segurou antes que isso acontecesse – Era para ela acordar – murmurei observando a Danielli.

- Você é louca Duda? – perguntou Yesung indignado.

Semicerrei meus olhos para ele, mas antes que eu pudesse pensar em um xingamento, a garota moveu as pálpebras. Soltei um sorriso forçado e bati palminhas no ar, fazendo Yesung me espreitar com os olhos. Calmamente a garota se afastou de Yesung arrumando sua postura e aproveitei-me disso, para agarrar sua mão e o levantar.

- Espere Duda – pediu ele ainda preocupado com a garota.

- Vamos de uma vez, assim vamos perder o avião – falei o puxando para a sala de embarque.

Yesung gritou um ‘tchau’ para a garota enquanto acenava sorrindo e eu, apenas o puxava para a sala de embarque. Acabamos ficando em poltronas bem distantes, mas pelo menos, quem ia acompanhá-lo, era um casal de idosos, mas no meu caso, a companhia não era nada boa, quem me acompanhou foi minha prima e um perdido de cabelo grande que ficava cantando reggae sozinho. Nem preciso dizer que fui no meio não é mesmo? Uma hora e alguns minutos de viagem depois, eu já estava estalando os dedos e me balaçando junto com o perdido, isso sem contar as partes em que eu cantava o refrão com ele, mas infelizmente o avião pousou na cidade litorânea onde meus pais estavam. Acenei para o meu mais novo amigo e senti que Sooyoung me fuzilava com os olhos, mas tratei de esperar Yesung e descer sutilmente ao seu lado. Depois que pegamos nossas malas, seguimos para a saída e minha tia, deu a idéia de irmos de táxi até a pousada onde meus pais estavam, mas como eu faria com Yesung? Rapidamente fiz uma contagem mental e notei que o carro ia ficar super lotado com todos nele.

- Não vai caber todo mundo – comentei com uma voz triste – Eu vou de ônibus, nos vemos lá – disse mais animada tomando outro rumo acompanhada do meu presente, mas minha tia me impediu.

- Que isso Duda, é só os meninos irem no colo que cabe todo mundo – disse minha tia Laura calmamente, esperando o taxista e meu tio Chilhyun colocarem as malas no porta-malas do automóvel.

- De qualquer forma, vai ficar muito apertado – retruquei contando os segundos para sair correndo com Yesung.

- Nem pensar que eu vou perdê-la de vista Maria Eduarda – falou minha tia de forma levemente hostil, era tudo culpa do Baro.

Fiz uma careta, mas notei com o canto dos olhos que Sooyoung parou ao meu lado. Pensei que ela ia me lançar um sorriso maldoso, mas em invés disso, ela pediu a minha tia que nos deixasse ir de ônibus, ela ficaria de olho em mim. Engoli em seco totalmente pasma e olhei para a minha tia esperando uma resposta, mas ela parecia mais pasma do que eu.

- Ahn... Se você quer acompanhar a Duda, tudo bem – disse minha tia procurando alguma coisa no bolso. Rapidamente ela pegou sua bolsa que estava com MinWoo e tirou sua carteira. Em questão de segundos, ela havia anotado o endereço da pousada em um pedaço de papel e o entregou, junto de uma nota de dez reais, para minha prima – Não demorem – pediu ela e entrou no táxi.

Acenamos para os que iam de táxi até que o carro desse a partida. Só então desmanchei meu sorriso e questionei Sooyoung, o porquê de tanta bondade, mas sua resposta não foi bem uma resposta.

- Aonde ele vai ficar senhorita Duda? – perguntou Sooyoung com desdém.

- Comigo oras essas – disse espreitando os olhos para a minha prima.

- E como você acha que os seus pais vão lidar com isso? – ela perguntou arqueando a sobrancelha esquerda ainda mantendo seu tom de desdém.

- O que você sugere? – perguntei suavizando minha expressão, mas ainda desconfiada de suas intenções.

- Vamos, na pousada eu te falo – disse Sooyoung dando as costas. Rapidamente agarrei seu braço esquerdo e a puxei de volta para mim. Ela era de fato mais alta e mais atlética do que eu, mas eu não estava dando à mínima.

- O que você sugere? – perguntei bem lentamente e de modo ameaçador.

Ela semicerrou os olhos para mim de modo mais ameaçador ainda, mas antes que nós duas saíssemos no tapa, Yesung interveio, me segurando pelos braços e me puxando delicadamente para trás.

- Vamos para a pousada e pronto Duda, depois nós vemos isso – disse ele calmamente me soltando.

Bufei para Sooyoung e sai na frente em direção ao ponto de ônibus, mas então me lembrei de Yesung e voltei para buscá-lo, era muito perigoso deixá-lo perto da minha prima. Segurando sua mão, voltei a marchar em direção ao ponto. Sooyoung apenas nos acompanhou. Pedindo informações para as pessoas da região, acabamos pegando um ônibus que parava bem próximo da pousada e seguimos o resto do percurso a pé. A pousada que ficava a duas ruas da praia, era bem grande e simpática. Era um enorme sobrado em forma de ‘L’ e repleto de portas e janelas. Suas paredes eram todas na cor verde-água e eram divididas ao meio por uma faixa branca de mais ou menos dez centímetros. O grande portão que dava para um estacionamento maior ainda, estava aberto e entramos um pouco receosos, mas Minwoo surgiu na porta do último quarto do primeiro andar, sendo seguido pelos gêmeos Min, então seguimos em sua direção. A enorme e velha escada feita de madeira, ficava bem na junção dos dois sobrados, então tivemos que andar bastante para chegar onde meu primo estava. Sooyoung que estava indo por último, nos ultrapassou indo falar com seu irmão.

- Onde está a mamãe? – ela perguntou calmamente.

- Quem é ele? – perguntou um dos gêmeos passando por Minwoo e Sooyoung, ele fazia um referência clara a Yesung.

- Ahn... É meu amigo – disse um pouco nervosa e soltando a mão do meu presente, era bom que nenhum dos dois falasse nada.

- Vocês vão ficar no mesmo quarto que a gente – disse Minwoo para minha prima, me fazendo saltar.

- O que? – soltei desesperada.

- Os tios acharam melhor que ficássemos todos em um só quarto – disse o outro gêmeo para ao lado de Sooyoung no estreito corredor.

- Eu não contava com isso – murmurou Sooyoung pensativa.

- O que importa é que o Yesung está cansado da viagem e por enquanto ele vai ficar conosco – disse com um sorriso super animado, mas bem falso, o levando sutilmente para o quarto de onde os garotos haviam saído.

- Mas... mas... – Minwoo tentou protestar, mas Sooyoung lhe deu um tapa na cabeça e mandou ele ficar quieto.

Aterrorizar com o irmão mais novo devia ser a única graça de ter um irmão, mas de qualquer forma, eu era filha única e provavelmente continuaria sendo, então apenas segui para o quarto. Como o quarto era o último, sua janela não ficava na mesma parede da porta como nos outros, ela ficava na parede da esquerda e havia quatro camas no total. Uma de casal bem no centro, outra de solteiro encostada a parede da porta e outra bem próxima a janela. Na parede da direita ficava uma porta, que provavelmente era do banheiro e uma pia de cozinha. Na mesma parede da porta, havia uma televisão suspensa, tipo de hospital e era só. Notando que não havia nada perto da cama da janela, caminhei até ela e deixei minha mochila sobre a mesma.

- Vocês três vão ficar na cama de casal? – escutei Sooyoung perguntar.

- Esse é o maior quarto que eles têm, então sim, ficaremos na cama de casal – respondeu meu primo sem vontade.

- Ele não pode ficar aqui, o quarto está muito cheio – disse um dos gêmeos entrando no quarto.

- Alguém aqui está pedindo sua opinião... – parei por leves segundos pensando em seu nome, mas o problema de verdade, estava em reconhecê-lo, então acabei desistindo - ...menino? – soltei séria e malvada, era bom que eles não ficassem achando que agora tínhamos alguma intimidade.

- Mas... – ele foi interrompido por uma voz feminina e aguda que eu reconhecia bem.

- Duda, que história foi aquela de fugir de casa? – perguntou minha mãe brava da porta do quarto.

Soltei um olhar nervoso para Sooyoung e sai correndo em direção a porta, empurrando-a sutilmente para o corredor. Não seria bom ela ver o Yesung logo agora que estava preste a me dar um sermão. Antes de dizer qualquer coisa, notei que a pele alva da minha mãe, estava mais vermelha do que camarão, ela tinha essa louca mania de querer se bronzear, mas ao invés de pegar um corzinha, ela ficava super vermelha. E como eu havia herdado uma pele bem clara como a dela, eu detestava o sol.

- Eu estava com saudades da senhora – disse a abraçando com falsa animação.

- Duda! – resmungou ela – Você não é disso filha, você é comportada, não pode ficar simplesmente fugindo assim, eu pensei que tinha sido sequestrada – falou ela em um tom mais calmo e segurando minha face com ambas as mãos – Não faça mais isso ouviu bem? – ela realmente me parecia preocupada, o que achei um pouco estranho, mas assenti com a cabeça e segurei delicadamente suas mãos as atirando da minha face.

- Ouvi muito bem mãe, e seu bronze está ótimo hein? – a elogiei apenas para acabar com a tensão e evitar um sermão. Meu pai chegou logo em seguida me dando um forte abraço, dizendo que também ficou preocupado e tudo mais. Mas antes da minha mãe sair, ela fez questão de dizer – Você está de castigo mocinha.

Fitei meu pai com o cenho franzindo, mas me adiantei a perguntar:

- Têm como o senhor me dar ou me emprestar cem reais?

Tudo bem que eu estava de castigo, mas depois de explicar ao meu pai que eu estava devendo aos gêmeos, ele me deu o dinheiro e pediu para que eu não contasse nada a minha mãe. Sim, meu pai era o legal e minha mãe era o carrasco. Voltei para o quarto e paguei aos gêmeos, era bom saber que eu estava livre de uma dívida, embora isso implicasse em lavar o carro do meu pai por dois meses, era melhor do que ficar devendo os gêmeos Min. Depois de ter pagado aos gêmeos, fui ao encontro de Yesung, que estava sentado na minha cama e conversava com Sooyoung que estava sentada na sua.

- Você pensa em voltar para o lugar de onde veio? – consegui escutar a pergunta curiosa de Sooyoung, pelo menos ela não havia colocado um ‘Coréia do Sul’ no meio do seu questionamento.

- Primeiro eu preciso descobrir quem eu sou – respondeu ele em meio a um sorriso torto e voltou seus olhos para mim – Duda, você não ia me contar a verdade? – ele perguntou parecendo uma criança crescida.

- Ahn... – soltei me engasgando com as palavras e contornando Yesung para que pudesse sentar ao seu lado ao pé da cama e defronte com Sooyoung – Claro que... – mas fui interrompida por alguém abrindo a porta.

Como estava no horário do almoço, era óbvio que alguém ia nos chamar para fazer uma refeição, mas eu não estava contando com isso. Até os meninos que estavam jogando no notebook de Minwoo, desviaram a atenção para a porta. Minha tia Laura estava sorrindo e pretendia dizer algo, mas então seus olhos captaram Yesung e ela congelou com os lábios entreabertos.

- Quem é esse rapaz? – ela perguntou pasma passando seus olhos por mim e Sooyoung que estávamos quase tendo um ataque cardíaco.

- Oi – disse Yesung com um sorriso largo e acenou levemente para a minha tia, como se nada de tenso estivesse acontecendo.


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Notas finais do capítulo

Família reunida õ/ SHUAHSUHAUHSUAHUSH . Críticas, xingamentos, dúvidas, elogios ou sugestões review está ai para isso -qn ~corre~ . Não percam o próximo capítulo ;D
by: Mc =]