Um Presente De Natal escrita por Valentinnes


Capítulo 10
Capítulo 10




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/183636/chapter/10

– Confere isso de novo – respondi rapidamente caminhando até Jonghyun.

– Olhe aqui – disse ele me mostrando o aparelho – A torrezinha está sem bloquinhos, aqui é tão fim de mundo que não tem sinal.

– Senhor – falei para o homem que parecia o dono da lanchonete com uma voz mais amigável – O senhor tem um telefone que possa me emprestar? É só uma ligação para a minha casa.

– Olha moça – começou o homem com um pouco de receio – Eu até tenho um telefone aqui, só que com essa chuva, ele não pega.

Bufei colocando minha mão direita na cintura e levando a mão esquerda a testa. Ficar presa em um fim de mundo na companhia de Baro e Jonghyun era tudo que eu menos queria na vida, pelo menos eu tinha a companhia do meu presente Yesung.

– Tome Duda, você vai ficar resfriada se continuar com essa roupa molhada – disse Yesung me esticando sua blusa.

Meu coração acelerou no mesmo instante em que olhei para Yesung e notei que ele estava sem sua camiseta azul marinho. Ele me entregava à camiseta com sorriso meigo, ele não parecia preocupado com o fato de estar com seu peitoral e abdômen definidos amostra. Puxei o ar lentamente e com força para os pulmões encarando Yesung, mas notando que seu sorriso se transformava em um sorriso de constrangimento, peguei a camiseta sorrindo agradecida. Yesung sorriu de volta e colocou avental sob seu peitoral definido, me fazendo suspirar.

– Ok, estou traumatizado – disse Baro caminhando para uma mesa e puxando Jonghyun consigo.

Yesung sorriu confuso e voltou para o balcão, enquanto eu analisava suas belas costas. Voltando a realidade, corri até o banheiro e troquei de camiseta, mas ainda tínhamos um assunto para resolver. Sentei a mesa junto com meus dois amigos e semicerrei meus olhos em meio a uma careta para Jonghyun. Não me perguntem o porquê, mas ele também estava sem camiseta exibindo seus músculos e corpo definido. Preferi ignorar ao Jonghyun e chamei o dono da lanchonete, que se apresentou como Caleb. Havia algumas pessoas no local, mas Yesung estava atendendo a elas com muita atenção, o que fazia as mulheres babarem e eu as fuzilarem os com os olhos.

– O que vocês querem? – perguntou o homem com um sorriso simpático.

– Queremos saber como podemos sair daqui – disse Jonghyun apoiando seus cotovelos na mesa e forçando o corpo para parecer forte.

Eu e Baro nos entreolhamos rindo discretamente.

– Como eu disse, só tem ônibus amanhã – respondeu o homem calmamente.

– E onde fica o hotel desta cidade? – perguntou Jonghyun ainda tentando parecer super forte.

– Aqui não há hotéis – respondeu o homem nos fazendo engolir em seco.

– Aqui fica aberto até que horas? – perguntei franzindo o cenho.

– Até as onze da noite – disse o homem escutando um chamado da cozinha e disse que voltaria logo.

Apoiei meus cotovelos na mesa e afundei minha face em minhas mãos, eu não conseguia pensar em mais nada, a não ser na minha mãe brigando comigo. Baro soltou um tossido baixo, o que me fez fitá-lo por alguns segundos. Ele era o único que ainda vestia uma camiseta encharcada. Meus olhos então passaram por Jonghyun, que forçava os braços discretamente, fazendo charme para uma garota que estava na mesa ao lado. Ri baixo voltando meus olhos para a mesa e depois encarei Baro por longos segundos, até que ele me olhou de volta.

– O que foi? – perguntou ele calmamente.

– Nossas mães vão nos matar – disse cruzando os braços e apoiando a testa neles.

Parei de prestar atenção aos barulhos internos e me foquei no som da chuva que caia lá fora. Minha mente começou a voar longe, imaginando o quão maravilhoso se eu estivesse na praia com os meus pais e estivesse chovendo. Seria uma desculpa perfeita para ficar trancada dentro do quarto do hotel assistindo TV a cabo. Acordei escutando o barulho da chuva e sendo cutucada por Baro. Ele tinha aquele jeito todo especial de acordar as pessoas as cutucando ferozmente com seu dedo comprido e fino, mas nem pensei na dor que ele estava me causando, apenas levantei meu rosto e analisei a lanchonete.

– O que foi? – perguntei ainda deixando minhas pupilas se acostumarem com a claridade.

– Vão fechar a lanchonete, vamos ter que ir para outro lugar – explicou Baro calmamente ao meu lado.

– Vamos para o ponto de ônibus – sugeriu Jonghyun entediado.

Passei as mãos pelo meu cabelo úmido e me levantei. Encarei a chuva sem muita vontade e procurei Yesung com os olhos. Ele estava conversando com o dono da lanchonete e felizmente ou infelizmente, ele estava usando uma camiseta verde que não faço idéia de quem ele possa ter pegado. Para a sorte dos meus olhos, Jonghyun também estava de camiseta e os três pararam ao meu lado, apenas Yesung sorria.

– Por que aqui chove tanto? – perguntou Jonghyun fazendo uma careta e saiu correndo na frente, sendo seguido por Baro.

Segurei a mão de Yesung, mas antes que saímos atrás do dois, Yesung soltou minha mão e tirou sua camiseta verde. Soltei um suspiro automático e notei que ele colocava a camiseta na minha cabeça. Franzi o cenho pensando em dizer algo, mas ele exigia um sorriso tão animado e meigo, que não disse nada, apenas sai correndo atrás dos outros com minha mochila preta nas costas. Enquanto caminhávamos na chuva de volta para a rodoviária, perguntei a Yesung o que ele estava fazendo na lanchonete.

– Eu estava sozinho, gostei da lanchonete e achei que você me procuraria naquele lugar – respondeu ele com um sorriso meigo.

Sorri em resposta, aquele sem dúvidas era o melhor presente que eu havia ganhado na minha vida inteira. Caminhamos até a rodoviária, que estava silenciosa e solitária e nos apertamos no único banco existente no local. Tive a sensação que a madeira ia ser partir com nós quatro sentados sob ela, mas ela aguentou bem. Na ponta da esquerda estava sentado Jonghyun, novamente sem camiseta, encolhido e esfregando os braços de frio. Ao lado dele estava Baro, com a camiseta molhada, mas na mesma situação que Jonghyun. Ao seu lado estava eu, encolhida na camiseta úmida de Yesung, que estava ao meu lado tentando me aquecer com seu corpo, mas ele estava mais gelado do que eu.

– Vamos morrer com hipotermia – comentou Baro com a voz ficando rouca.

– De quem foi a idéia de viajar? – perguntei espreitando meus olhos para o garoto que resmungou algo sobre a culpa ser toda de Yesung, mas foi tão baixo, que não tinha como ter certeza de suas palavras.

– Vamos trocar calor humano – sugeriu Jonghyun com sorriso divertido nos lábios.

– Fique a vontade para abraçar o Baro – respondi rapidamente, me acomodando no peitoral desnudo de Yesung.

Senti que Yesung tremia ao meu lado e perguntei se ele estava bem, mas ele apenas assentiu com a cabeça me apertando mais ainda em seus braços. Ele estava silencioso demais para mim, mas acabei adormecendo. Acordei com os primeiros raios de sol brigando com as minhas pálpebras e fiquei contente em saber que naquela cidadezinha fazia sol. Tive que piscar os olhos algumas vezes, para que ele se acostumasse com a claridade. Foi então que notei que Yesung ainda me confortava em seus braços. Ele estava gelado, mas apenas me acomodei melhor em corpo envolvendo seus braços nos meus, em uma vaga tentativa de aquecê-lo. Baro e Jonghyun estavam abraçados ao meu lado e o primeiro a acordar foi Baro. Ele respirava com dificuldade e me fitou um pouco confuso, mas deu um grito quando percebeu que estava abraçado a Jonghyun, fazendo este acordar no mesmo instante. Yesung também se moveu ao meu lado, acordando com o gritou de Baro e logo todos estávamos de pé. Yesung e Jonghyun vestiram suas camisetas, que agora estavam secas, e esperamos pacientemente até que às dez da manhã, que era o momento em que a bilheteria abria. Nossas barrigas estavam roncando alto quando a mulher do dia anterior chegou à bilheteria. Como eu estava com o dinheiro das passagens guardado em minha mochila, pois nela não penetrava água, fui até o balcão comprar as passagens, mas Baro me acompanhou junto de sua tosse insistente, ele não me parecia nada bem.

– Bom dia senhorita – comecei forçando um sorriso e tratei de não me encostar ao balcão – Eu gostaria de quatro passagens para a capital, por favor – pedi sendo a mais educada possível.

– Não – protestou Baro de imediato com sua voz rouca – Nós vamos para a cidade do Papai Noel.

– E como voltaremos? – perguntei séria, tirando o dinheiro da mochila, realmente não tínhamos condição de viajar para a cidade do Papai Noel.

– Nós daremos um jeito, o que importa é que precisamos falar com ele, temos que perguntar o que aconteceu... – ele foi interrompi por sua tosse. Franzi o cenho esperando ele parar de tossir – Você não pode ficar com essa macumba em casa – conclui Baro se recuperando.

– Ele não é uma macumba – respondi um tom mais alto e escutei um alto estrondo.

Olhei na direção de Jonghyun e Yesung, que era de onde o barulho vinha e congelei. Novamente Yesung estava deitado no chão em posição fetal e pressionando a testa com as mãos. Jonghyun se ajoelhou ao lado dele e eu fiz o mesmo enquanto Baro observava tudo atônito. Tentei acalmar Yesung, dizendo que ia ficar tudo bem, mas ele apenas pressionava sua testa com força, até que simplesmente parou. Fitei sua expressão de dor e confusão e juntamente com Jonghyun, o ajudei a sentá-lo no banco de madeira.

– Você conseguiu se lembrar de algo? – perguntei aflita alisando seus cabelos.

– A mesma coisa de antes – respondeu ele em um fôlego só, sendo obrigado a fazer uma curta pausa antes de continuar – Muitas imagens, sons, mas dessa vez eu consegui ver algo de diferente. Eu escutei uma gritaria incomum, uma gritaria vibrante e em coro e havia uma cor, ela não parava de se mexer, tomando forma e rapidamente se transformando em um borrão, mas eu lembro qual é a cor, era a cor azul, vários pontos azuis.

Jonghyun, Baro e eu nos entreolhamos. Então ele estava se lembrando de algo e esse algo, era dos shows, não tinha explicação melhor. Senti meu coração se apertar e voltei a analisar as expressões de Yesung, mas então, Baro agarrou meu braço de forma gentil e me puxou para próximo da bilheteria.

– E se isso piorar? - ele perguntou em um sussurro com sua voz rouca, o que fazia parecer apenas um grunhido baixo.

Embora relutante, comprei passagens para a cidade do Papai Noel. Nossa viagem seria ao meio-dia em ponto e minha barriga estava roncando de fome. Nosso ônibus foi praticamente vazio, então cada um aproveitou para ir sentado sozinho em duas poltronas. Yesung foi o único que ficou na fileira da esquerda, enquanto eu fui nas duas poltronas ao seu lado. Baro ia no banco de trás e Jonghyun no banco depois de Baro. Fitei meu presente com um sorriso bobo e perguntei a ele, o que ele desejava ser quando crescesse. De primeiro instante ele riu baixo, mas então parou pensativo.

– Não sei – confessou Yesung – Mas eu quero fazer as pessoas felizes, eu quero dar o meu melhor.

Sorri em resposta e ele começou a me encher de perguntas ao seu respeito. Uma da tarde chegamos a cidade do Papai Noel, e aquilo sim podia se chamar de cidade. Apenas Jonghyun acordou quando o ônibus parou, então tivemos que acordar Baro e Yesung. Eu agitava Yesung calmamente quando Jonghyun chamou minha atenção.

– Duda – chamou ele em tom normal – O Baro está quente – disse pegando nos braços de Baro, que estava encolhido nas poltronas.

Caminhei até Baro e toquei sua testa com as costas da mão direita. Ele realmente estava quente e pálido, mas agora estávamos na cidade do Papai Noel e não iríamos embora enquanto não falássemos com ele, até porque não tinha como irmos embora. Acordei Baro suavemente enquanto Jonghyun acordava Yesung e descemos para a rodoviária que era maior, mais bela e confortável que a outra. Baro parecia cansado e reclamava da fome e considerando que ele estava com febre, acabamos seguindo para uma pastelaria que havia ali perto.

– Você sabe o endereço do Papai Noel? – perguntei ao Baro terminando o meu pastel de carne.

– Para ser sincero eu não sei – respondeu ele com sua voz rouca e fez uma curta pausa para tossir – Mas vamos perguntar as pessoas, o nome dele é Vinícius Souza, é pai da Laura e... – ele ficou em silêncio enquanto pensava – Ahh! Aqui é cidade pequena, todo mundo se conhece – concluiu ele apoiando os cotovelos na mesa e colocando o último pedaço de pastel na boca.

Assim que terminamos nossa curta refeição que custou aproximadamente dez reais, saímos nas ruas perguntando sobre o tal Papai Noel. Algumas pessoas nunca haviam ouvido falar deste nome, mas outras reconheciam o sobrenome, então acabamos com dois endereços em mãos. Como não era uma boa opção nós nos separarmos, paramos todos defronte com uma casa simples, mas confortável. Havia uma área de pisos verdes na frente da casa e as paredes eram pintadas de um azul bebê, mas da minha perspectiva a casa parecia bem grande. Jonghyun bateu palmas esperando alguém vir nos atender quando escutei seu celular tocar no fundo a minha mochila. Assim que a música Super Girl do Super Junior chegou aos meus ouvidos, entrei em um mini desespero. Se Yesung a ouvisse, quais seriam as chances de ele se lembrar de algo? Rapidamente me afastei deles e atendi ao celular já sabendo de quem se tratava, já que eu havia colocado aquele toque para a Amber, apenas pelo fato de eu brincar constantemente que os dois formavam um lindo casal, sendo assim, Amber era a super girl do Jonghyun.

- Oi Amber – disse afobada recebendo os olhares dos três.

– Duda? – ela perguntou do outro lado da linha – Onde vocês estão?

– Na cidade do Papai Noel – respondi calmamente.

– Pode ir acabando com essa calma, porque eu tenho ao meu lado duas mães bravas e uma tia desesperada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpem-me a demora, mas é que eu estava enrolada aqui. Espero que tenham gostado desse capítulo. Fiquem a vontade para opinarem e darem suas idéias, serão sempre bem-vindas ^-^ . Não percam o próximo capítulo ;D
by: Mc =]