Corpus Inversion escrita por Miller


Capítulo 27
Bem vindo de volta, Black - Capítulo Vinte e Cinco.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Sá Potter e à Dreba pelas recomendações maravidivas que mandaram para a fanfic. Sério, girls! Alegraram meus dias, viram?

Bem, vou deixá-los ler. Nos vemos lá embaixo com as explicações pelo meu "sumiço".

Enjoy!



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Lily Evans

— Bem, não podemos dizer que nossa vida é monótona — resmunguei assim que sentei em frente a Sirius numa das poltronas próximas à lareira da sala comunal. — A história oficialmente se espalhou e agora todos querem saber se somos hermafroditas ou transexuais.

Sirius ergueu os olhos para mim, o cenho franzido.

— Hermafroditas? As pessoas, por acaso, sabem o que isto significa? — indagou horrorizado. — Acho que preferiria ser transexual — resmungou, soltando um suspiro logo em seguida.

— É. Talvez. — dou de ombros sem muito interesse, puxando minha mochila, abrindo-a e pegando alguns livros de dentro, preparando-me para começar meus temas.

Nós dois ficamos em um silêncio inquieto, trocando respostas dos exercícios, comparando-os. Eu estava no meio de uma redação de poções, quando Sirius voltou a falar:

— Eu estou entediado. — Sirius disse, então, soltando a pena e pergaminho que segurava.

Larguei minha redação também, encarando-o.

— Eu também. — concordei.

A verdade era que, apesar de todos os últimos acontecimentos, a vida em Hogwarts estava bastante complicada.

Quero dizer, sabe-se lá como, alguém muito abençoado, descobrira o que acontecera entre Sirius e eu. O que causou o grande aumento de fofocas, principalmente sobre nossas opções sexuais.

E, claro, várias histórias infundadas.

— Você acredita que Mary Mcdonald está dizendo para quem quiser ouvir que você, Lily, é nada menos que um transexual que se finge de mulher para ficar com James? — Marlene então chegou, sentando-se no apoio da poltrona onde eu estava sentada.

Rolei os olhos enquanto ouvia Sirius soltar uma risadinha debochada.

— Ouvi alguma coisa assim. — resmunguei dando de ombros, sentindo-me mais cansada do que me lembrava de ter estado.

Fazia dois dias desde que Sirius e eu havíamos sido liberados da Ala Hospitalar. O que significava que fazia dois dias desde que James Potter estava sendo um completo imbecil com Sirius.

E, também, que eu não estava dormindo tão bem como antes por que eu não conseguira pegar as cobertas e travesseiros do dormitório masculino antes de voltar ao meu corpo.

E, bem, eu não iria mais mentir. Eu sentia falta de conversar com Remus. E, também, de Frank chegando ao meio da noite após os encontros com Alice, sua namorada da corvinal e fingindo que fora apenas mais uma das rondas de monitoria, quando, na verdade, todos sabiam que não era verdade.

Eu nem sequer convivera muito com ele, mas eu sentia falta.

E sentia falta até mesmo das roupas atiradas por todos os cantos, livros espalhados pelo chão e meias sujas. Bem, também não era para tanto.

Outra coisa da qual sentia falta era da vista. Por que é que a vista do dormitório masculino era tão mais linda do que a do feminino? Era injusto que eles pudessem ver o lago à noite, margeado pelas grandes árvores da Floresta Proibida, parecendo um espelho pontilhado de estrelas quando tudo o que podíamos ver do feminino eram as estufas.

Como se eles se preocupassem com a vista, quando passavam a maior parte do tempo falando sobre peitos. E quadribol. E peitos.

Francamente, eles gastavam boa parte do tempo falando sobre aquilo. Onde é que estava a produtividade, Morgana?

Isto para não falar na praticidade que era poder acordar e somente lavar o rosto e escovar os dentes, sem me preocupar se a roupa estava boa – por que estava–, sem me preocupar em ter de combinar tal coisa com outra coisa – por que tudo combinava–, sem precisar pentear o cabelo – por que Sirius Black tinha os cabelos naturalmente bonitos, ser odioso – e, claro, sem precisar me maquiar ou qualquer coisa do tipo.

Suspirei.

A quem eu estava tentando enganar, afinal de contas? O que eu mais sentia falta, sem sombra de dúvidas, era James.

Conversar com James até dormir, vê-lo falar sobre os mais variados assuntos. A preocupação dele com Remus quando estavam próximos da Lua Cheia. Seu olhar concentrado cada vez que se transformava em animago para ajudar o amigo. A forma como parecia saber tudo sobre Transfiguração – e outras matérias em geral -, sem nem mesmo estudar. O idiota.

O modo como conseguia ser divertido quando não estava dando em cima de mim. Ele parecia até mesmo maduro, francamente. Isto para não falar naquela sua bunda realmente interessante. Morgana, a troca de corpos teria valido a pena somente por aquela visão.

Oh, como eu fora estúpida por tanto tempo. Por que é que demorara tanto para perceber o quanto James havia mudado? Por que não notara antes?

E então ele não mais me olhava. Ele simplesmente me ignorava completamente. E isto nem seria assim tão ruim se não fosse o fato de que estava fazendo o mesmo com Sirius.

E, querendo ou não, ele era meu amigo! Afinal de contas existiam certas coisas que você não podia fazer com uma pessoa sem acabar se afeiçoando a ela.

Acordar todos os dias com uma barraca no meio das pernas, imaginando coisas broxantes para me acalmar, era uma dessas coisas.

Sirius estava sofrendo. E eu odiava James Potter por fazer aquilo com ele. Mesmo que ele estivesse, em partes, um pouco certo.

Mas também não era culpa de Sirius! Tenho certeza de que Potter não teria contado se fosse ele no lugar do garoto.

Ou, bem, talvez tivesse.

Mas foram tantas coisas que aconteceram que, simplesmente, nenhum de nós viu qualquer brecha para contar a alguém sobre o acontecido.

— Vocês parecem péssimos. — Marlene pontuou, arrancando-me de meus devaneios.

— Você também estaria assim após uma troca de corpos completamente catastrófica. — Sirius resmungou, passando as mãos pelos cabelos logo em seguida.

— Ora, nem foi assim tão ruim... — Marlene começou a dizer, mas calou-se diante de nossos olhares incrédulos.

Francamente!

— Ei. — Remus chegou então, aproximando-se enquanto sorria levemente para nós três. — Como estão?

— Péssimos. — respondemos Sirius e eu ao mesmo tempo. Trocamos um olhar rápido, rolamos os olhos e voltamos a encarar Remus.

— Oh, cara, isso é assustador. — Remus disse então, franzindo o cenho para nós dois. — Vocês parecem gêmeos siameses ou algo assim. Dá nos nervos.

— Troque de corpo e entenda o que uma relação profunda significa. — retruquei com ironia.

— Merlin, que humor sombrio, Evans. — Sirius brincou e eu dei com a língua para ele. — Mas tenho de concordar.

— Vocês são chatos. — Lene resmungou, ergueu-se de onde estava sentada e começou a caminhar de um lado para o outro.

Voltei meus olhos para Remus, olhando para os lados logo em seguida, tentando perceber alguém que estivesse ouvindo nossa conversa.

Ninguém nos olhava, ou, pelo menos, ninguém parecia estar ouvindo. Todos se ocupavam em apontar e, provavelmente, falar sobre o casal de hermafroditas da Grifinória.

Patético.

— Falou com... Falou com o Potter? — indaguei tentando não demonstrar muita curiosidade e falhando miseravelmente.

Sirius sentou-se ereto, observando o amigo com olhos interessados.

— Sim. — Remus disse e então soltou um longo suspiro. — Ele não quis nem mesmo me ouvir. Disse assim: “Sirius é um babaca se acha que vou perdoá-lo” e que “Evans é tão culpada quanto aquele cachorro”.

— Mas que infantil! — resmunguei sem humor, indignando-me com a falta de tato daquele completo imbecil. Desde quando trocar de corpos e não querer revelar a vergonha que isto era, havia se tornado algo infantil? Fala sério, Potter.

— Pelo amor de Merlin. — Sirius resmungou e voltou a se escorar de qualquer jeito na poltrona, parecendo mais mal humorado do que antes.

— Ora, vocês têm de entender o lado dele... — Remus começou a falar, mas Marlene fez um gesto de silêncio enquanto indicava a entrada com a cabeça.

Voltei-me para ver ao que ela se referia e senti um solavanco no estômago.

Era James.

E ele parecia sem humor como sempre.

Ora, francamente, que imbecil. Eu nem sequer deveria me importar com ele ou com o que ele pensava! Se ele me achava infantil por conta de algo que não pude controlar, era por que o infantil, na verdade era ele e não eu. Como é que eu poderia cogitar a hipótese de me interessar por alguém que nem mesmo parecia ser compreensivo?

Desviei meus olhos de forma resoluta, bufando logo em seguida.

Foi então que meus olhos encontraram com os de Sirius.

Ele estava mal e aquilo estava mais do que estampado em seu olhar desolado.

James Potter, por mais babaca que fosse, sempre fora melhor amigo de Sirius.

Para falar a verdade eu nem sequer me lembrava de uma única vez em que os dois tiveram algum tempo brigados.

Sirius estava sofrendo. E vê-lo daquele jeito me doeu o coração.

Senti minha resolução espatifar-se. Se havia algo que eu pudesse fazer para tentar concertar as coisas por conta daquele meu feitiço idiota, então eu deveria fazer.

E, afinal, quem melhor para explicar a delicada situação de Sirius a James, do que alguém que fora Sirius por algum tempo?

Bem, somente o próprio Sirius. Mas como sabia que ele não o faria, deveria ser eu a fazer.

Reunindo toda a coragem que havia dentro de mim, ergui-me da poltrona, voltando-me para a porta na direção por aonde Potter vinha.

— Potter. — chamei-o. O garoto ergueu os olhos para mim em surpresa, mas então logo parecia irritado.

— Que foi, Evans? — indagou de forma brusca.

Tentei não demonstrar o quanto aquilo me atingiu, mascarando minhas feições.

— Quero falar com você. — disse e podia sentir a atenção de toda a sala sobre mim.

Pela primeira vez na vida consegui controlar minhas bochechas para que elas não corassem.

Potter pareceu avaliar-me, sua expressão sem nunca mudar, porém.

— Ótimo. — resmungou e deu as costas novamente, caminhando na direção pela qual havia acabado de entrar.

Eu o segui, sentindo-me completamente nervosa.

— O que você pensa que está fazendo? — ouvi Sirius perguntar, mas não o respondi. Eu precisava resolver aquilo.

E logo.

Sirius Black

— Que merda Lily está fazendo? — indaguei assim que ela sumiu pelo quadro logo atrás de James. Fiz menção de erguer-me da poltrona em que estava sentado, mas Remus me impediu com um gesto.

— Deixe-os. Eles precisam conversar. — concluiu, encarando-me profundamente antes de soltar um suspiro e puxar sua mochila para mais perto. — Vou subir, tenho que fazer um tema de Poções e o barulho daqui não irá me deixar concentrar.

— Ótimo, vai lá — disse-lhe, suspirando também, baixando meus olhos para meu tema pela metade. — Eu também preciso concluir o meu. Mas farei isto mais tarde.

Remus assentiu, rolando os olhos para minha preguiça.

— Até mais, Lene. — disse-lhe.

— Até, Remus. — Lene assentiu e atirou-se na poltrona em que Lily estivera sentada alguns minutos atrás. — Mandarei seus votos de carinho à Dorcas, pode deixar. — e sorriu para o garoto, fazendo-o corar até as orelhas.

Remus abriu e fechou a boca diversas vezes, mas, sem saber o que dizer, deu as costas e subiu as escadas para o dormitório.

Mais um suspiro involuntário escapou de minha boca enquanto esticava-me novamente até o pergaminho e a pena.

— Pare com isto. — Marlene disse de repente fazendo-me erguer os olhos para encará-la sem entender.

— Quê?

— Pare de parecer como um velho caquético, pelo amor de Merlin. — resmungou enquanto apontava um dedo para mim. — Você é Sirius Black, deveria estar feliz em estar no seu corpo novamente.

Dei de ombros, soltando os materiais mais uma vez.

— É, eu sei. Mas depois de tudo...

— Sim, eu entendo. — ela disse, sem, porém, parecer compreensiva. — Mas você não pode continuar com isso a vida inteira. Ficar aí, sentado, sem fazer nada. Isso não é você!

Franzi meu cenho e a encarei por um tempo, sem saber como lhe responder.

Afinal de contas desde quando Marlene McKinnon sabia quem era eu?

— Desde que você ficou dormindo quase um mês na cama ao lado. — ela disse de repente, arqueando uma sobrancelha para minha indagação.

— Eu falei isso alto?

Marlene então riu, rolando os olhos.

— Não, mas, como disse, te conheço — e sorriu um pouco mais.

— Então, você quer que eu volte a ser eu? — indaguei, aprumando-me na poltrona, inclinando-me em sua direção. Estreitei os olhos.

— Exatamente. — Lene, sem parecer perceber minha mudança de humor, assentiu. — Você tem que parar de ficar aí sofrendo e começar a agir como Sirius Black.

— E ir atrás de garotas e beijá-las? — acrescentei. — Por que, isso é ser Sirius Black.

Marlene pareceu ficar sem fala, encarando-me sem parecer acreditar.

— Você á um babaca. É isso que você é.

— Francamente, Lene. Estava apenas te perguntando o que você queria que eu fizesse. — dei de ombros, sorrindo marotamente.

Marlene rolou os olhos, bufando logo em seguida.

— Apenas... Apenas seja o idiota que você é. Isso ainda seria melhor que ficar aí com essa cara de bunda. — hesitou por um instante e então deu de ombros, erguendo-se do sofá. — Se for se sentir melhor dando em cima de uma garota, então vá em frente. — seu tom de voz era falsamente calmo, mas eu percebi o quanto suas palavras eram mordazes. Aquilo somente aumentou meu sorriso.

— É exatamente o que vou fazer. — disse e ergui-me também, espreguiçando-me.

McKinnon abriu e fechou a boca, tal como Remus fizera, mas então voltou a fechá-la.

Assentiu e deu as costas.

— McKinnon. — a chamei. Marlene voltou-se para mim com uma sobrancelha arqueada. — Tá bonita hoje, heim. — disse-lhe, sorrindo ainda mais.

Marlene pareceu totalmente desconcertada.

— É... O quê?

Aproximei-me, arrumando uma mexa de seus cabelos para trás de sua orelha.

— Bem, como eu não tenho absolutamente nada para fazer e o dia está bonito, estava pensando se você não gostaria de ir até o jardim comigo?

McKinnon piscou algumas vezes, sem nunca parecer compreender.

— O... Que merda é essa, Black? — indagou, as bochechas coradas em irritação.

Estava realmente linda.

— Uma amiga disse que era para dar em cima de garotas, caso fosse me sentir melhor. — dei de ombros. — Então...

Marlene ficou boquiaberta.

— Você é um babaca.

— Achei que já havíamos passado por isto. — rolei os olhos.

Ela suspirou.

— Pelo amor de Merlin, cale a boca!

— Só se me acompanhar até os jardins. — pisquei-lhe.

Ela encarou-me por alguns instantes, parecendo me avaliar.

— Bem, eu passei quase um mês dormindo ao seu lado. Ir até os jardins não deve ser assim tão difícil. — e então se encaminhou na direção da saída, comigo logo atrás.

— Mas agora eu tenho meu siriustick. — murmurei para eu mesmo. Infelizmente, Marlene ouviu.

— O que... Ah, deixa quieto. Não quero saber. - rolou os olhos novamente. - Bem vindo de volta, Black.

Bem, talvez Marlene estivesse mesmo certa. Afinal de contas voltar a ser Sirius Black, até que tinha suas vantagens.

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CircunstânciasFrancamente


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Notas finais do capítulo

Helllouuuuuuuuuuuuuu, amores!

Me perdoem pela demora de quase um mês em vir postar aqui.
Sim, eu seeei que não foi legal, sei que devem estar irritados, mas eu não fiz por mal. Juro.

Apenas que, com o final da fanfic tão próximo, acabei ficando meio triste e sem inspiração para escrever coisas divertidas.

Mas, graças a Deus essa fase passou e cá estou eu com mais um capítulo. Não ficou tão grande nem foi dos melhores, mas serve para lhes avisar QUE VEM MUITA COISA POR AÍ.

E, também, QUE FALTAM APENAS DOIS CAPÍTULOS PARA O FINAL DA FANFIC.

Quê? Como assim? Bem, gente, andei pensando muito e achei que o melhor a fazer seria concluir a fanfic assim que tudo se ajeitasse.
Entendam o foco da fanfic sempre foi a troca de corpos, após isto terminar não vejo muito sentido em continuar a escrever sobre o relacionamento deles, afinal de contas isso é o que mais tem por aí.

O que eu farei é escrever um epílogo, talvez. Contar um pouco do que aconteceu em seguida.... Mas, bem, ainda não decidi.

De qualquer maneira estamos em vésperas de concluir a fanfic e eu vou tentar, juro que vou, não demorar muito.

Espero que tenham gostado do capítulo, amores. Os próximos serão BEM GRANDES e cheios de emoções, com Jily e Blackinnon e Doremus como sei que gostam ahhaha

Bem, o próximo creio que virá até Sábado.

Obrigada A TODOS OS COMENTÁRIOS MARAVILHOSOS QUE RECEBI NO CAPÍTULO ANTERIOR.
Saibam que minha maior realização é saber o que estão achando da fanfic, quando os vejo por aqui.
Queria deixar todo meu agradecimento e gratidão à vocês, por que se a fanfic chegou onde chegou, com tantos acompanhamentos, comentários e recomendações, é tudo por causa de vocês que são os leitores MAIS LINDOS DO UNIVERSO!

OBRIGADA, POR TUDO!

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Dúvidas, sugestões, etc, estou sempre no ask.fm/millwinchester e no twitter.com/millwinchester, ou, ainda, aqui no Nyah via MP :D

Não esqueçam de comentar e me dizerem o que estão achando! Os reviews do anterior já foram devidamente respondidos!

PS: os links acima são de outras fanfics minhas! Se acabar se interessando, não esqueça de me contar o que achou!

Beijinhos e até breve ♥