Corpus Inversion escrita por Miller


Capítulo 15
Sentenciados - Capítulo Catorze.


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, gostaria de agradecer. Agradecer aos leitores mais fiéis que qualquer autora poderia ter. Agradecer por todos os comentários e puxões de orelha, todas as mensagens e carinho de vocês. Apesar de eu não ser a autora mais frequente do mundo, vocês continuam comigo. E isso não tem preço!
Corpus Inversion é, sem dúvidas, um dos meus maiores sucessos. E também um dos meus xodós, depois de MF e BA.
Escrevê-la é simplesmente a coisa mais divertida do mundo e saber que vocês gostam me deixa muito feliz!
Obrigada aos 602 leitores (mesmo que mais de 80% seja fantasma uahauuah), pelos 130 favoritos, pelas 5 recomendações e os 695 comentários: https://uploaddeimagens.com.br/images/000/429/433/full/ci.png?1421332784
Vocês são os melhores e mais divásticos leitores do universo, mesmo eu achando que minha dispersão e falta de assiduidade não mereça tudo isso. Como sempre observo, não tenho tempo em meio ao trabalho e a faculdade de responder a todos os reviews, mas eu os leio sempre e saibam que toda e qualquer ideia ou opinião, mesmo as criticas, são levadas em consideração, pois vocês que me motivam a escrever.
Obrigada por não deixarem meu amor pela escrita morrer.
Vocês são demais!
Depois dos agradecimentos, por fim, eis aqui, mais um capítulo de Corpus Inversion! Isso mesmo!
Eu estava morrendo de saudades de escrever por aqui.
Depois dos acontecimentos dos últimos capítulos terem sido um pouco mais sérios, decidi que iria pegar um pouco mais leve nesse.
E o quê de melhor do que o desespero dos nossos invertidos para nos divertir?
Eu simplesmente AMO demais entrar na cabeça deles e escrever seus pensamentos, e esse capítulo foi um dos mais fáceis de escrever dos últimos tempos, o que me deixou bastante feliz.
Minha imaginação tem aparecido bastante por aqui, e eu estou aproveitando para escrever o máximo antes que ela desapareça novamente. Acho que em meio ao desespero de escrever o TCC e as cadeiras aterradoras da faculdade, pude ver uma luz no fim do túnel uahauhauhuah

Espero que gostem e que se divirtam lendo, tanto quanto eu me diverti escrevendo.



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Meus instintos entraram em ação antes de minha mente. Ou melhor: meus instintos animais entraram em ação antes de minha mente.

Corri por entre as árvores espessas à nossa volta, a escuridão não me incomodando mais. O lobo e o cervo logo à minha frente, ambos correndo como se não houvesse amanhã. Como se não houvesse mais nada além de correr e correr até os músculos dizerem chega.

Não que meus músculos cansassem tão facilmente. Já havia se passado horas desde que começamos a nos engalfinhar pela floresta, rolando e pulando galhos, caindo sobre nós mesmos como animais. Mas também como amigos.

Eu nunca havia pensado, nunca teria sequer imaginado o nível de amizade daqueles três. Eu podia sentir, pela forma como seus corpos se moviam, até mesmo pelo cheiro de suor no ar (mesmo que isso seja meio eca, o olfato canino com certeza influenciava neste sentido). E eu estava entre eles.

Entendi porque Potter se desesperou, porque Sirius disse que Remus precisava de mim.

Uma parte da minha mente sempre desconfiou que os sumiços de Remus todo o mês não eram apenas doenças crônicas como ele costumava afirmar. Mas eu sempre deixei de lado, afinal não era da minha conta.

Mas não podia negar que agora, ali, nas entranhas obscuras da Floresta Proibida, sem nada nem ninguém para observar, eu me admirei. Era dificílimo se tornar um animado. Nos dias atuais haviam apenas 5 registrados no Ministério da Magia (descobri isso em uma das minhas várias leituras para Transfiguração). Mas é claro que os Marotos não seriam um deles. Desde quando eles seguiam alguma regra?

Ao pensar nisso, também percebi o porquê de tudo aquilo: era para ajudar Remus. Lobisomens não atacavam outros animais, pelo menos não os que não se metiam em seu caminho. E, pelo que eu sabia, - e eu realmente sabia alguma coisa depois de reler pelo menos 9 vezes meu exemplar de Animais Fantásticos e Onde Habitam – o processo de transformação era algo bastante doloroso para o humano lupino.

Se eles eram animagos era porque poderiam estar perto de Remus, e isso significava que eles o impediriam de fazer alguma coisa da qual se arrependesse depois. E também de se machucar mais do que o necessário.

Era só a prova mais convicta de amizade que algum dia vi na vida. E eu estava presenciando aquilo.

O lobisomem parou ao entrar em uma clareira, uivando pela última vez no exato momento em que os primeiros raios de sol tocaram nas mais altas folhas das árvores, lançando uma cor rosada por toda a volta.

E eu soube, naquele momento, enquanto o corpo do lobo se convulsionava e diminuía até que não restasse nada além de um Remus em vestes esfarrapadas e um sorriso no rosto, que nunca mais veria aqueles garotos com os mesmos olhos.

X—X

Assim que voltei para o castelo, acompanhado de um Potter tagarela, parei ao perceber um movimento perto de uma das poltronas em frente à lareira no salão comunal da Grifinória.

– Po... James vai indo na frente, eu já vou – disse e ele me encarou e então deu de ombros, murmurando qualquer coisa sobre encontros e amassos àquela hora da manhã.

Esperei até que ele sumisse pela porta do dormitório masculino antes de me encaminhar para o sofá e sentar em frente a Sirius. Ou a mim mesma, tanto faz.

– Feche as pernas – resmunguei quando o vi sentado com as pernas escancaradas. Como estava de saia, eu podia ver a quilômetros de distância as calcinhas brancas que ele usava. Nossa isso nunca pararia de ser estranho. – E o que, por Merlin, você estava pensando ao usar justamente essa calcinha? – perguntei horrorizada.

– Pelo amor de Merlin, Evans, nunca mais use esse tom para falar de roupas íntimas novamente – ele disse, mas fechou as pernas, cruzando-as como uma menina. Achei que ele merecia uma estrelinha pelo bom comportamento. – Como foi? – ele perguntou, a urgência tingindo sua voz.

Eu sabia que ele estava falando de Remus.

– Tudo bem – eu disse e suspirei, sentindo finalmente a tensão sair de cima dos meus ombros. – Você é um animago – afirmei.

Ele deu de ombros.

– Não é da sua conta – ele disse e então foi a vez dele suspirar. – Pelo menos não era antes.

– É eu sei – respondi. – Mas poderia ter me avisado, sabe, depois de tudo...

Sirius ergueu meus olhos verdes para mim e bufou.

– Eu estava menstruando, Evans! Expelindo sangue pelas minhas partes baixas. Você acha que, em algum momento passou pela minha cabeça falar qualquer coisa para você? – ele passou a mão pelos cabelos em um gesto muito típico.

– Entendi – concordei. – Também não fico feliz em acordar todos os dias com uma cabana em minha cueca – resmunguei e ele arregalou os olhos e sorriu.

– Deve ser estranho para você, que nunca viu um...

– Cale a boca, Black – disse e me ergui, sentindo meu rosto esquentar. – E eu espero, para o seu próprio bem que não esteja se aproveitando de meu corpo.

– Não posso negar que seus peitos são realmente interessantes Evans...

Não percebi como, mas eu estava com as mãos na gola de sua camisa.

– Não ouse... – minha voz saiu ameaçadora e eu senti ele se encolher.

– Hey, tudo bem, amigo, amigo! – ele disse e eu o soltei com algum esforço. – Eu nem olho, se você quer saber. James me mataria. Apenas fecho os olhos e visto qualquer coisa.

Suspirei aliviada. Eu podia ouvir em sua voz que ele estava falando sério.

– Graças a Merlin.

– Mas eu não vejo problema nenhum se você quiser observar meu lindo corpo e se aproveitar dele, é reconfortante saber que, mesmo eu estando em meu estado, tem alguém tirando uma casquinha de mim – e sorriu.

Revirei os olhos e dei as costas, cansada demais para retrucar.

– Você é um nojento, Black.

X---X

Quando o sétimo dia de lua cheia teve fim, eu estava um caco.

Levando em consideração as noites sem dormir e os treinos miseráveis de quadribol, eu precisaria de pelo menos um mês de descanso para me recuperar.

Potter, por outro lado, parecia com todas as suas energias renovadas.

– Bom dia, Pads! – ele exclamou em bom humor ao amanhecer daquela sexta-feira chuvosa.

– Vá a merda – disse, enquanto resmungava sob a respiração o quanto odiava Potter animado de manhã, ainda mais do que quando ele me pedia para sair.

Foi um sacrilégio sair da cama e fiquei feliz ao perceber que Remus também não estava muito animado.

– Vamos lá garotos, amanhã é sábado – Potter praticamente saltitou para fora do banheiro, já vestido e passando os dedos pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais que o natural.

Estranhei o fato de aquilo não me irritar. Para falar a verdade senti um rubor perpassar por meu rosto ao observar. Desviei os olhos, xingando-me internamente.

– E daí? – resmunguei enquanto procurava as roupas de Sirius dentro do seu malão.

– Como assim e daí? – Potter praticamente gritou.

Dei de ombros, pegando uma camisa e passando-a de qualquer jeito por minha cabeça.

– Pads, amanhã é o grande, grande dia de James – Remus comentou e soltou um bocejo.

– Meu encontro com a minha razão de viver! – Potter exclamou e eu virei rapidamente para ele, parando em meio ao processo de abotoar as calças.

– Não! – exclamei horrorizada.

– Sim! – exclamou maravilhado.

Ah meu Deus, o que eu iria fazer?

X---X

– Você precisa, urgentemente, cancelar meu encontro com Potter – eu disse assim que consegui me livrar dos garotos e enfiei Sirius para uma sala de aula vazia qualquer.

Marlene estava junto, e nos observava com curiosidade.

– Só se você terminar com a Dorcas – ele disse lançando-me um olhar penetrante.

Hey! Aquele olhar era meu!

– Não posso – falei, lembrando-me que Dorcas era legal demais e que eu ainda não a havia ajudado como queria.

– Então nada feito – Sirius disse, conclusivamente.

Olhei suplicante para Lene.

– Diga a ele para cancelar o encontro Lene, por favor!

Ela simplesmente deu de ombros.

– Me abstenho e dar opiniões – ela disse.

– Sua vaca – falei, com todo o ódio em meu coração. – Amiga da onça!

Sirius riu.

– Está mais para amiga da cadela – e riu ainda mais.

Eu poderia ter pulado em seu pescoço e apertado sua garganta até a morte, se aquele corpo não fosse meu.

Eu havia ficado tão absorta e tão envolvida com as transformações e as viagens pela floresta de noite que havia perdido o foco em conseguir o livro de Remus.

– Esperem aqui – eu disse e sai da sala, deixando os dois encarando-me curiosos.

Subi correndo até a sala da Grifinória, ofegando enquanto agradecia internamente o fato de tudo estar vazio.

Corri até o dormitório masculino e tranquei a porta atrás de mim, com um colloportus silencioso.

Remus e James ainda estavam tomando café da manhã, preparando-se para assistirem as aulas do turno da manhã, então o território estava limpo.

Corri até a cama de Remus, observando com atenção a disposição dos objetos antes de começar a procurar.

Rezava pelas meias furadas de Merlin enquanto vasculhava suas coisas, com cuidado, procurando o bendito livro.

Eu pensei que fosse ser mais difícil, admito. Mas a edição estava empilhada ao lado de sua mesa de cabeceira, logo ao lado de algumas penas e tinteiros.

Fácil demais.

Dei de ombros, guardando o livro dentro das vestes. Não iria reclamar.

Desci as escadas novamente, sem encontrar nenhuma vivalma até a sala de aula onde havia deixado Sirius e Lene.

Quando entrei na sala, ainda incomodada com o fato de não ter encontrado nada de errado no caminho, dei de cara com uma discussão bastante acirrada.

– Eu ouvi! – Sirius dizia apontando o dedo para Lene. – Você estava sonhando comigo!

– Não estava NÃO! – Lene disse e virou-se para mim, uma expressão de gratidão estampando seu rosto. – O que você foi fazer? – perguntou rispidamente, claramente colocando fim ao assunto.

Percebi que Sirius iria continuar, então balancei o livro em sua frente, fazendo-o ficar espantado.

– Encontrei! – disse e ele correu até onde eu estava, arrancando o livro de minhas mãos.

Ele folheou, procurando pela página desesperadamente, enquanto eu e Lene nos aproximávamos.

– Qual foi o encantamento, Evans? – ele perguntou, encarando-me entre uma folheada e outra.

– Corpus Inversion – eu disse, lembrando-me do que estava lendo naquela maldita festa.

Ele assentiu e balançou os meus cabelos ruivos para longe de seus olhos enquanto voltava a procurar.

Se ele encontrasse... Se realmente encontrássemos a cura, isso significaria que eu poderia me livrar do encontro do Potter, dizendo que eu estava bêbada ou qualquer outra desculpa do tipo. Quem se importava?

Eu me livraria do incômodo amiguinho lá de baixo, das garotas correndo atrás e do maldito quadribol.

Quase podia sentir a libertação saindo daquelas páginas...

– Aqui – Sirius disse e limpou a garganta. – Corpus Inversion, por ser um feitiço de bastante dificuldade e relativamente novo, ainda encontra-se sob testes. O contrafeitiço ainda não havia sido encontrado até a publicação deste livro, porém, após várias tentativas e meses de observação, percebeu-se que a inversão não é eterna, durando cerca de quatro semanas para ser desfeito...

QUATRO SEMANAS. UM MÊS!

Sirius deixou o livro cair no chão, encarando-me horrorizado.

Eu também deveria estar com aquela expressão.

Agora eu entendia o porque de ter sido tão fácil de achar o livro. Não era porque Merlin era um bom menino, mas sim porque não havia contrafeitiço. Não havia cura. Nada além de esperar.

O que significava que ainda me restavam...

– DUAS SEMANAS? – berrei, sentindo meus punhos cerrarem, o horror tomando conta.

– COMO ASSIM DUAS SEMANAS – Sirius também estava berrando, seus olhos arregalados. – NESSE MEIO TEMPO VÃO PENSAR QUE EU SOU GAY!

Marlene balançou a cabeça, como se estivesse tão horrorizada quanto nós dois. Supus que a ideia de ter de aturar Sirius por mais duas semanas não era muito agradável.

– Ahn, Sirius, acredito que todos já pensam – ela disse de forma desestimulante.

Sirius olhou para ela como se ela o houvesse esfaqueado.

– Nossa, McKinnon, você conseguiu terminar com os meus sonhos – resmungou.

Coloquei as duas mãos na cabeça.

Nada de me livrar do amiguinho lá de baixo, nada de me livrar das garotas, nada de me livrar do quadribol.

E o pior: nada de me livrar do encontro com Potter. E faltava apenas um dia para aquele desastre acontecer.

Eu queria morrer.


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Notas finais do capítulo

E ai amorecos, gostaram? Odiaram? Que tal deixar um comentáriozinho lindo aqui dizendo o que está pensando pra tia Miller ficar feliz, hum?
Fiquem com os Deuses e beijocas no coração :*


AAAH, e um FELIZ 2015 meio atrasadinho pra vocês :3