Marlene McKinnon

Era definitivamente a coisa mais completamente ridícula do Universo aquilo tudo. Pelas Barbas de Merlin! Porque, porque eu? Porque justo a MINHA melhor amiga tinha de mudar de corpo com o ser energúmeno e completamente estúpido do Sirius Black?

Porque não podia ser a melhor amiga da Emmeline Vance? Ou da Narcisa da Sonserina?

Para falar a verdade eu adoraria ver Sirius Black no corpo de Bellatrix Lestrange, tendo que aturar o maldito pessoal da Sonserina e todo aquele bando de cobras nojentas. Ah, isso eu pagava para ver, ele ter que beijar Rodolfo Lestrange na frente de todos como a prima dele fazia em todos os cafés-da-manhã, ambos quase se engolindo.

Somente este pensamento me fez sorrir imaginando a cena e como seria completamente humilhante para ele. Ah, como era bom sonhar com o paraíso...

– Que sorriso estúpido é esse? – Lily, ou melhor, Sirius, perguntou, arrancando-me de meus pensamentos.

Foquei os olhos e ele entrou em minha visão. Ou melhor, ela.

Ah, pelo amor de Merlin, aquilo era completamente irritante.

Sirius estava sentado em cima da cama de Lily, usando uma de suas blusas largas amarela, calças jeans surradas (provavelmente uma das mais velhas que Lily possuía), os cabelos ruivos caindo em ondas pelas costas e a expressão de alguém que gostaria de me internar em algum hospício.

Realmente, pensar que era Sirius que estava ali, sentado em minha frente no corpo da minha melhor amiga, me fazia cogitar a hipótese de dar uma passadinha na área de Irrecuperáveis no St. Mungus.

– É o meu sorriso de vitória em te imaginar sofrendo nesse corpo – disse maldosamente e ele estreitou os olhos.

– Você não diria isso se estivesse em meu lugar – ele arqueou uma sobrancelha ruiva.

Dei de ombros.

– Mas como não estou eu digo – sorri sarcasticamente e suspirei. – A única parte ruim de te ver sofrer desse jeito é que eu sei que a Lily está em situação pior.

– ELA está em situação pior? EU PERDI MEU SIRIUSTICK! E como se não fosse ruim o suficiente, ainda estou esguichando sangue pelas partes baixas! – ele se exaltou e eu arregalei os olhos, logo em seguida começando a rir.

– Siriustick? Que diabos é Siriustick? – perguntei sem entender.

Então um sorriso maroto que definitivamente não era NADA característico da Lily apareceu em seus lábios e ele/ela (dane-se!) me encarou com os olhos estreitos.

– Um dia eu te mostro Lene, tenho certeza de que vai amar – disse e eu senti vontade de bater na cara dele ao entender sobre o que ele se referia.

– Você não passa mesmo de um tarado! – eu disse e, como não podia matá-lo, afinal ele estava no corpo de Lily, acabei atirando o travesseiro em sua cara.

Black revirou os olhos para mim e atirou o travesseiro de volta, fazendo com que ele batesse em meu rosto, atirando-me para fora da cama devido a força.

– Seu estúpido – berrei enquanto ele rolava de rir.

Antes que eu acabasse fazendo algo do qual me arrependesse depois – como, por exemplo, matar o Black – dei as costas para ele e sai do quarto, descendo para o Salão Comunal sentindo-me extremamente cansada.

Eu não merecia passar por aquilo.

– Lene! – a voz de Black, ou melhor, de Lily no momento, soou e eu ergui os olhos para encontrar a minha amiga (o) sentada em um dos sofás próximos da lareira.

A sala estava quase vazia aquele horário da tarde, todos aproveitando o sol que deveria ser um dos últimos daquele verão. Encaminhei-me então até onde ela estava e sentei em sua frente.

– Pelo amor de Merlin Lily, você pre-ci-sa voltar para o ser corpo URGENTEMENTE! – disse veemente para ela que ergueu uma sobrancelha.

– E você não acha que eu quero? – perguntou ela/ele enquanto suspirava. – Eu estou procurando em quase toda a biblioteca algo que me ajude, mas não estou conseguindo achar nada! Sem falar que com o negócio de estar “namorando” – e ela fez aspas ao dizer a palavra. – Eu fico meio sem tempo, porque tenho que parecer convincente.

Lene suspirou fortemente com isso.

Quando Lily queria era mais teimosa que uma mula empacada.

– Até quando você pensa em levar essa história? – eu perguntei para ela que me encarou indagativamente. – Você sabe que essa sua guerrinha com o Black só vai dar em furada Lil’ – disse e ela bufou. – Sério.

– Eu não vou parar com isso até ele desmarcar o encontro com o Potter – ela resmungou e foi minha vez de bufar.

– E o que tem de tão errado em sair com o Potter afinal? – eu disse e ela me encarou chocada (o que ficou muito engraçado no rosto do Black). – Sério, o garoto até que é bem legal Lily.

– Bem legal? – ela disse e riu ironicamente. – Bem legal é minha mãe de cueca Lene, o Potter é um insuportável, isso sim! – ela disse, mas seu tom de voz parecia um tanto... Hesitante.

Estreitei os olhos.

– Ah, qual é, você convive com ele quase todo o tempo agora, ele não pode ser tão ruim assim – falei.

– Mas é – ela disse rispidamente, indicando que tinha terminado o assunto.

Suspirei.

Mula empacada.

– Você quem sabe – disse. – Mas e quanto à Meadowes? Ela sabe que você é você?

– Ah sim, a Dorcas é bem legal para falar a verdade – ela disse e sorriu. – E ela sabe que eu sou a Lily. Debaixo de todo aquelas coisas estranhas ela é bem divertida até. Você vai gostar dela – disse. – Sem falar que é bom para o Black ficar com alguém legal de vez em quando. Ele sempre pegava vadias – e fez uma careta.

– Bom, você precisa me apresentar seu “novo amor” então – eu disse e nós duas rimos.

– Uau, isso sim é algo que não se vê todo o dia – uma voz masculina soou atrás de mim e eu virei para encontrar Potter nos encarando. – Mckinnon e Black conversando e rindo. Uau – repetiu e eu revirei os olhos sentindo meu rosto corar.

Normalmente não falava com Black. Realmente deveria parecer bem estranho a visão de nós dois conversando e ainda por cima rindo.

Era realmente irritante que Lily fosse mudar de corpo justamente com aquele energúmeno.

– Milagres acontecem – respondi e sorri ironicamente.

Potter estreitou os olhos parecendo não entender meu tom e então se virou para Sirius.

– Não está pronto? – perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

– Pronto? – Lily perguntou parecendo não entender e com um estranho tom corado em seu rosto.

– Você esqueceu cara? Hoje tem treino de Quadribol. O jogo contra a Lufa-lufa é daqui a duas semanas.

Lily/Sirius arregalou os olhos e me encarou completamente estupefata.

Eu sabia o que ela estava pensando: ela estava completamente ferrada.

Lily Evans

Okay, então, tudo bem eu trocar de corpo com um cara tremendamente retardado. Tudo bem eu ter que acordar todas as manhãs com um negócio duro no meio das pernas e TUDO BEM ter de conviver com o energúmeno que era James Potter todos os dias, mas ter que jogar Quadribol?

Sério Merlin? O senhor está de brincadeira comigo?

Tipo, eu simplesmente ODIAVA quadribol. E não sabia nada sobre o patético esporte.

E agora eu estava vestida com o uniforme de treino – que eu havia conseguido colocar depois de muito esforço. Sério, porque tanto botão? – e encaminhava-me para o campo com uma vassoura na mão.

Era só a coisa mais horripilante do século.

Okay, eu precisava respirar.

Puxei a respiração enquanto tentava fazer meu corpo, ou melhor, o corpo do Black, parar de tremer.

Porque ele precisava jogar Quadribol? Porque ele não fazia parte do clube de Xadrez ou algo assim?

– Prontos? – Potter olhou para o time com um sorriso confiante estampado no rosto. Ele ficava realmente bonito daquele jeito.

Sacudi minha cabeça tentando espantar aquele pensamento da mente. O medo de altura deveria estar afetando meu cérebro.

Sim, porque eu tinha MUITO medo de altura.

Então Potter apitou e todos deram impulso nas vassouras, voando 10, 12, 15 metros do chão.

Senti enjoo só de olhar.

– Sirius! – Potter berrou para mim e eu, com muita força de vontade, coloquei a vassoura entre as pernas e dei impulso.

– Seja homem Lily, seja homem – eu murmurei para mim mesma enquanto sentia o ar passar por mim, cortante.

– PEGA SIRIUS! – ouvi uma voz grossa gritar para mim e, ao erguer os olhos, percebi que já era tarde demais para impedir a goles que vinha em minha direção.

Apenas fechei os olhos esperando o impacto.

E desmaiei da forma mais absurdamente gay da vida de Sirius Black.