Mediadora 7 escrita por Kyuubi Sama


Capítulo 8
Capítulo 8




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P.O.V. JESSE( Ponto de Vista Jesse)

Eu não podia acreditar no que eu estava vendo.

Eu simplesmente não digeri o que estava acontecendo.

Não consegui falar nada. Suzannah estava beijando um outro cara.

Depois de poucos segundos, Suzannah chutou o homem e falou desesperada para mim.

-Jesse... – Suzannah veio em minha direção. Havia mágoa nos olhos dela. Havia mágoa na voz dela. Mas isso não me emocionou – Eu posso explicar...

-Não há o que explicar, Suzannah. – falei com raiva – Eu entendi muito bem o que aconteceu aqui.

-Jesse... – ela insistiu. O homem se sentou. – Por favor, me escute...

-Não quero escutar. – respondi com mais mágoa que ela estava sentindo. Mas tentei não fazer transparecer.

-Deixe eu pelo menos tentar falar? – falou chorando. Não me comovi com a cena. Eu estava com raiva de Suzannah. Olhei para o lado. O homem se levantou. Não pensei duas vezes, e dei um soco na cara do homem.

-Jesse! – gritou Suzannah.

Claro que não vou bater no seu homem, Suzannah.

Pensei que você me amasse.

Mas não ama. Não de verdade.

Senão não teria me traído.

Era isso.

Suzannah havia me traído.

-Não foi nada do que você estava pensando, Jesse! – protestou. Ótimo. Eu não dava a mínima. Eu estava ocupado demais batendo naquele cara.

-Tente me explicar, Suzannah! – gritei e larguei o homem (que não havia feito nada enquanto eu batia nele). Andei até ela com passos largos – Não há como você se desculpar. Eu pensei que você me amasse.

Ela começou a chorar descontroladamente. As suas roupas (não eram roupas para estar vestida. Eram transparentes.) estavam sujas de sangue, e com um pano enrolado na cabeça. Eu fiquei imóvel. Não estava sentindo emoção nenhuma.

-Jesse... – ela me abraçou – M-me perdoe...

Me soltei bruscamente de Suzannah, que soluçava. Minha vontade era de que ela apodrecesse ali. Passei a mão nos meus cabelos. Sorte do homem que eu não tinha nenhuma arma.

-Jesse... – Suzannah caiu no chão e soluçou. Depois me olhou e pediu clemência – Por favor...

-Quem é esse? – falei rispidamente balançando a cabeça em direção ao cara.

-Juanez – falou o homem com uma voz nasal, passando a mão no nariz que sangrava.

Dei mais um soco no nariz dele.

Há. Bem feito.

O que é isso? Ela me traiu. Eu não posso bater no cara?

E não estou dando a mínima para o Juanez dela.

Quero que ele morra.

-O que você pensa que está fazendo? – perguntou Juanez.

-O que você estava fazendo com Suzannah? – perguntei com raiva.

Suzannah chorava deitada no chão. Eu estava com o coração totalmente despedaçado.

-Não te interessa. – falou.

Ótimo. Ele ia morrer.

Acertei Juanez na barriga e fomos rolando corredor a fora.

P.O.V. SUZANNAH (Ponto de Vista Suzannah)

Eles saíram rolando, numa luta corporal terrível. Estava com medo de Jesse se machucar. Na verdade, eu não dava a mínima para Juanez. Eu até queria bater nele também. Mas eu estava arruinada.

Não fui capaz nem de sair correndo dali. Fiquei lá. Chorando. Ouvindo os gritos de Jesse e Juanez, se xingando em espanhol. Eu não dava mais importância para nada.

Eu tinha perdido Jesse.

Para sempre.

Ele nunca iria me perdoar.

Ele iria se casar com Maria e ficaria aqui. Eu teria que voltar para o século XXI e viver sem ele.

Mas eu não viveria.

Ele achava que eu e Juanez estávamos fazendo alguma coisa. Mas não. Por que ele simplesmente não me ouve?

Ouvi um estrondo vindo do corredor. Jesse. Será que tinha se machucado? Ouvi alguns passos no corredor momentos mais tarde. Era Jesse. Juro que senti um alívio por ver que ele estava bem.

Ele me olhou com mágoa e falou.

-Não vai perguntar o que aconteceu com o seu Juanez?

Mágoa ou raiva? Os dois? Não sei. A verdade era que eu me sentia um lixo.

Isso.

Me senti um lixo.

-Ele não é meu. Eu odeio ele mais que você. – sabia que ele não iria acreditar, mas falei mesmo assim.

-Sei. – falou Jesse. Com o brilho do luar, pude jurar que vi uma lágrima correndo pelo rosto de Jesse – Estava beijando ele por que achava que era eu.

Uma facada. No meu peito. Foi exatamente o que eu senti.

-Jesse. – sequei as minhas lágrimas e fiquei de pé – Ele não estava me beijando...

-Não tenho tempo para as suas mentiras, Suzannah. – me interrompeu com a voz embargada. Eu não pude acreditar. Ele achava que eu estava mentindo?

-Jesse, - falei totalmente surpresa. Nunca esperava uma atitude dessas vindas de Jesse. Mas aposto que ele também não esperava isso de mim - você acha que eu sou capaz de mentir para você?

Ele me olhou sério. Parecia um psicopata. Sem sentimentos. E certamente, a resposta que passava pela sua cabeça era sim. Dava pêra ler nos olhos escuros e profundos de Jesse.

-Depois do que vi aqui... – apontou para a sala – Não duvido de nada.

Queria morrer.

-Jesse. – falei me entregando a ele – Faça o que quiser comigo. Não me importo. Eu sei que eu fui uma vaca deixando Juanez me beijar. Mas sabe o que é? – fiz sinal para Jesse não me interromper, solucei – Achei que fosse morrer aqui. Eu... Eu estou confusa demais... Não é desculpa, eu sei. Eu sou bizarra. Um animal. Não sei o que houve, mas ele me beijou e eu... – comecei a chorar novamente – Eu quero morrer, Jesse. Se eu não posso ter você, não posso ter ninguém. Eu sou uma estúpida. – estiquei os meus pulsos para ele. Queria que ele tivesse uma faca.

Ele me olhou. Por um momento, pensei que Jesse iria me desculpar.

Me senti, outra vez, um lixo.

P.O.V. JESSE( Ponto de Vista Jesse)

-Volte para o seu presente, Suzannah.

A única besteira que consegui falar. Estava com raiva. Mas as palavras de Suzannah tinham me tocado. Eu sabia, no fundo, que ela estava falando a verdade. Mas eu fui idiota. As palavras simplesmente pularam da minha boca.

-O... O quê, Jesse? – falou Suzannah incrédula.

-Volte. – virei de costas – Me deixe aqui e esqueça que eu existi.

Ah, Dios! Quero morrer. Por que eu sou tão estúpido?

-Jesse... Espere! – disse Suzannah soluçando.

Parei e me virei. Ela veio e fez a coisa que eu nunca imaginaria que ela faria.

Me beijou. Ela não estava com raiva de mim. Pelo menos não parecia.

Sinceramente, eu gostei. Amei que ela tivesse me beijado. Foi o nosso beijo mais longo, com certeza. Sem mentir, uns dez minutos. Aproveitei cada instante. Os nossos corpos estavam tão próximos, que podia sentir cada curva do corpo de Suzannah. O calor que irradiava dos nossos corpos. Os seus braços delicados ao redor dos meus ombros largos. O jeito que passava a mão nos meus cabelos, enquanto nos beijávamos. Queria que aquele momento durasse para sempre.

-Jesse... – falou pondo as mãos no meu rosto quando paramos. Estávamos sentindo falta de ar – Não faça nenhuma besteira.

Ah, sim. Eu estava prestes a fazer uma besteira naquele exato momento. E essa besteira envolvia Suzannah. Mas não era nenhuma "besteira do mal".

Olhei nos olhos seus olhos, aqueles verdes apavorantes. Eu estava desnorteado. Queria ficar com Suzannah, mas meu ego falava mais alto.

-Volte. – falei – Faça isso. Volte e se esqueça de mim.

Eu queria não ter dito a última frase. Eu não queria ter parado nunca de beijar Suzannah.

Era a melhor idéia. Beijá-la.

Assim, talvez, ela me perdoasse...

Dios, como eu sou estúpido. Eu sempre faço Suzannah sofrer.

Resolvi beijá-la novamente.

Um beijo de despedida.

P.O.V. SUZANNAH (Ponto de Vista Suzannah)

E ele me beijou. Será que ele queria se desculpar? Ou era um beijo de adeus?

Não sei. Mas eu adorei o beijo.

-Jesse, - falei depois – Não vou a lugar algum sem você.

Ele me olhou com uma expressão que nunca tinha o visto usar. Passou a mão nos cabelos.

-Suzannah. – falou com a voz, novamente, em um tom que eu desconhecia – Eu realmente não quero casar com Maria. Mas eu devo fazer isso. Se você for, eu poderia voltar mais tarde...

Não fazia sentido o que ele estava falando. Não fazia!

-Jesse! – reivindiquei – Não sou burra de ir. E se você não conseguir voltar. Nós temos que voltar juntos.

Jesse parou com a expressão desconhecida. Eu não me atreveria a perguntar o que era.

-Suzannah. Meu pai sabe que você ainda está viva. Mas minha mãe e minhas irmãs acham que você morreu.

Era impressão minha ou ele estava me enrolando?

Ele não parecia o mesmo cara, por quem eu estava apaixonada, e que tinha combinado comigo noite passada que fugiríamos.

Era isso! Fugir.

-Jesse! – falei em um tom de esperança – É isso. Vamos voltar ao século XXI! Você não vai precisar se casar com Maria! É isso, Jesse!

Jesse balançou a cabeça.

-Não. – falou triste – Dei a palavra para o meu pai.

E a palavra que ele tinha dado a mim?

-Não, Jesse. Não...

E comecei a chorar. Ele me abraçou confortante, tipo aqueles abraços paternais, quando agente cai de bicicleta e se machuca. Só que o de Jesse era mais, bem... Excitante.

-Mi hermosa... – o quê? Ele estava me chamando de "mi hermosa"? Quero dizer, então ele não estava mais brabo comigo? – Vá e faça o que eu pedi.

-Não! – protestei – Eu não vou sem você. Não há como! Eu não vou saber viver sem ter você!

Jesse estava com o olhar perdido em algum lugar da sala. Ficamos abraçados assim por alguns minutos. Quando ouvimos uns barulhos no corredor.

-Seu... – Juanez estava louco da vida. Devo dizer que eu quase ri quando o vi. Ele estava cheio de palha nos cabelos, com o nariz sangrando (tá, essa parte não é exatamente engraçada), mancando e com o braço molengo.

Mas antes de eu começar a rir, Jesse pulou em cima de Juanez e o fez voltar para onde ele estava vindo. Enquanto isso acontecia, eu me lembrava de algumas situações que Jesse já lutou por mim. Tipo com Paul, ele nunca deixou um comentário de Paul terminar quando ele estava junto. Principalmente aquele dia na festa do Brad, que os dois saíram rolando pela casa e quase se mataram. Jesse voltou do corredor. Dessa vez, eu ouvi os berros de Juanez vindos da rua.

-Meu Deus! – falei me segurando para não rir – Quanta violência.

Jesse olhou para mim. Ele não estava achando aquilo engraçado.

-Ele bem que merece. – Jesse limpou as mãos nas calças – Agora, Suzannah. – ele estava sério – Se não quiser voltar para o século XXI, tudo bem. – ele passou a mão pelos cabelos – Mas, eu vou ter que me casar com Maria...

Fiz cara de desgosto e virei de costas para Jesse.

-"Vai ter...". – ecoei - Como se fosse um sacrifício, não é, Jesse?

Ele estava confuso. E eu também estava. Afinal, o que estava acontecendo comigo? Eu estava com raiva de Jesse?

-Suzannah. – Jesse falou severo. Ele nunca usa esse tom comigo, ao menos que eu vá fazer alguma besteira. Mas eu não estava fazendo nenhuma besteira ali. Quem iria fazer a besteira aqui era ele – Quantas vezes terei que falar que eu dei a minha palavra para o meu pai?

-E a palavra que você deu para mim, Jesse? Não vale nada? – falei frustrada. Ele pôs a mão no meu ombro.

-Suzannah, você não é mais criança. Eu devo respeito ao meu pai. Sinto muito, mas eu devo dar preferência a ele. Mesmo não sendo isso que eu queira fazer...

O quê? Jesse não queria mesmo se casar com Maria?

-Jesse! – resolvi insistir na idéia – Vamos voltar agora! – mas ele só reprovou com a cabeça.

-Não posso. Infelizmente, mas... – Jesse olhou para a janela. A lua estava brilhantemente assustadora, o que fazia os traços de Jesse parecerem mais sombrios – Você me mostrou ser uma pessoa totalmente diferente a qual eu imaginava conhecer. Outra Suzannah. Não a qual estive apaixonado. Uma que foi baixa com os meus sentimentos...

Balancei a cabeça. Como ele poderia estar falando alguma coisa assim? Ele não tinha pensado na possibilidade de ser tudo uma grande armação de Maria e Juanez? Porque, aqueles dois se merecem totalmente.

-Jesse... – e chorei. Chorei, ele me largou e foi em direção à porta – Não vá...

-Perdão, Suzannah. Não posso me relacionar com pessoas desse tipo. – E fechou a porta. Bom, eu não queria mesmo sair dali. Para quê? Para sofrer mais ainda por não ter Jesse? Tudo havia acabado para mim. Nada fazia sentido. Eu não tinha motivos para viver. Tudo que fiz foi sentar ao lado da janela e ver Jesse, o cara que eu sempre amarei, saindo na sua charrete-Mercedes grafite.

Ouvi um barulho vindo do corredor. Deveria ser Juanez. Ele entrou na sala e com a maior cara de dor que eu já havia visto, pronunciou alguns palavrões em espanhol.

-Tudo bem com você? - falei por educação.

Juanez riu sarcástico.

-Claro que está tudo bem, moça. Seu querido acabou de quebrar a minha perna e o meu braço, acho.

Comecei a rir. Claro que não era certo, mas de repente, uma força tomou conta de mim e comecei a rir. Acho que a melhor frase para descrever isso é: "Rir para não chorar".

-Seu braço e sua perna? – falei rindo – Bom, se tivesse quebrado as duas pernas e os dois braços, poderia dizer que você seria um Joseph Climber em potencial.

Juanez olhou para mim atônito.

-Um quem em potencial?

Ah, sim. Ainda não tinham inventado Joseph Climber. Eles não sabem o que estão perdendo.

-Nada. – falei rindo mais ainda – Um peso para papéis humano.

-Um o quê? – a voz de Juanez subiu umas três oitavas no final.

-Ah, esquece, cara! - falei esquecendo de que estava rindo como uma idiota minutos antes.

Juanez ignorou. Ele não ia entender mesmo.

-Vamos ter que mudar de esconderijo. – falou depois de uma longa reflexão. Seria sobre Joseph Climber?

-Por quê? – falei com uma voz totalmente estrangulada. Juanez só me olhou com uma cara de dor igual a anterior.

-Porque – falou rosnando – são ordens da senhorita De Silva.

Ah, sim. Maria. Ela estava por trás de isso tudo. Tinha esquecido.

-Aonde vamos, então? – falei com uma voz de falsa empolgação.

-Vou esperar a senhorita De silva me passar as ordens. Ela que deve escolher o local. Eu só cuido de você.

Ah, que legal saber disso.

-Hm. Então tá. – desci do banco da janela e me deitei onde tinha arrumado uma "cama". Não era confortável nem aconchegante, mas dava para o gasto.

Assim que deitei, morri de sono. Na verdade, gostaria de ter morrido. A minha vida não tinha sentido sem Jesse.

P.O.V. JESSE( Ponto de Vista Jesse)

Saí daquele quarto morrendo de raiva. Sofri silenciosamente.

Vi o tal Juanez deitado em cima da pilha de feno, se contorcendo de dor.

-Bem onde eu deixei. – falei satisfeito, com um sorriso sarcástico nos lábios.

Entrei na charrete e fui para a estalagem. Duvido que eu iria conseguir dormir. Não só essa noite como a partir de hoje.

Quando cheguei à estalagem, o senhor O'Neill veio me recepcionar.

-Encontraram a moça? Quero dizer, a tal Suzannah? - falou preocupado.

Fuzilei-os sem querer com os olhos.

-Não vão mais procurá-la. – falei deixando a raiva tomar conta da minha voz – Ela está feliz com alguém melhor que eu.

Dios! Será que eu tenho que falar tudo?

-Quem? – indagou senhora O'Neill.

-Ninguém. – não era da conta deles.

Atravessei a sala e fui ao meu quarto. Quando cheguei ao corredor, vi o antigo quarto de Suzannah, que ficava na frente do meu. Senti um aperto no coração. As coisas dela.

Depois, entrei no quarto e deitei.

-Nombre de Dios! Como eu deixei ela me enganar? - falei sozinho.

O silêncio não me ajudou a encontrar a resposta.

-Foi ela mesma? Será que não foi uma armação? – continuei a falar com as trevas do quarto.

Mais silêncio. Estava eu ficando louco?

Mágoa. Ciúmes. Medo. Tristeza. Raiva. Era tudo o que eu sentia.

Fiquei pensando em tudo que havia acontecido. Mas mesmo assim, não conseguia assimilar o que estava se passando por aquele momento.

Silêncio. Diga o meu nome e deixarei de existir.

Seria o meu melhor amigo agora?

Seria o meu único amigo agora?

O que estava acontecendo? Onde eu tinha deixado as coisas pararem?

Eu sou tão idiota. Eu ajo como se fosse cego. Era uma armação. Só poderia ser.

Suzannah faria isso? Comigo?

E se ela tivesse feito mesmo? E se não fosse um plano de Maria?

Mágoa. Havia tomado conta do meu peito.

Adormeci com lágrimas no meu rosto.

Suzannah não precisava de minha ajuda.

Ela sabe se virar muito bem sozinha.

E não era plano de Maria. Ela não teria uma idéia tão boa sozinha.

Magoou, hermosa. Magoou mesmo.


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