Mediadora 7 escrita por Kyuubi Sama


Capítulo 7
Capítulo 7




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P.O.V. JESSE ( Ponto de Vista Jesse)

Eu nunca vou me perdoar.

Quando acordei, senhor e senhora O'Neill estavam parados na frente do quarto de Suzannah.

Ela não estava lá.

Ela havia sumido.

Se eu não tivesse deixado ela ir...

Corri até a porta do quarto. Esbarrei em senhor O'Neill. Olhei para a cama.

Estava bagunçada, e havia sangue no travesseiro.

Alguém havia tentado matar Suzannah.

–O que aconteceu? – perguntei a senhora O'Neill – Onde ela está?

–Eu não sei... – ela estava chocada. Não mais que eu.

Olhei para senhor O'Neill. Me lembrei de um detalhe importante.

Quando eu deitei, não ouvi nada. Estava cansado demais, já era bem tarde. Mas, Suzannah havia ido buscar umas roupas, e eu fui chamar senhor O'Neill para destrancar a porta á noite.

–Você trancou a porta ontem?

Senhor O'Neill estava fora de si.

–Não me lembro... Acho que não.

Dios. Haviam entrado ali e levado Suzannah de noite.

Quem poderia querer algo com Suzannah?

Maria.

Voltei para o meu quarto e vesti a primeira coisa que vi. Saí sem comer nada. Peguei a charrete e fui para a casa do meu pai.

Inútil. Eles não saberiam o que havia acontecido com Suzannah.

Mas meu pai deveria saber.

Entrei na casa sem dizer bom dia. Fui direto a sala do meu pai.

–Pai. O senhor sabe o que aconteceu com Suzannah?

Ele levantou os olhos de um livro.

–Hector. Você acha que eu realmente me importo com ela?

Eu daria um soco na cara dele.

–Não. Mas acho que deveria.

–Não sei. Vá embora.

Legal. Não queria ficar ali mais um minuto.

Saí e fui até a fazenda do pai de Maria. Bati na porta e minha tia abriu a porta.

–Hector! Que surpresa! Veio ver Maria?

–Sim, quero falar com ela.

–Ah, vou chamá-la. Gostaria de entrar?

–Claro.

Estava desesperado. Sentei no sofá da sala e vi Maria descer as escadas.

–Maria. – falei quando a vi. Fiquei de pé.

–Hector, querido... – falou no mais puro tom de falsidade que já tinha ouvido usar.

–Maria. – peguei o braço dela – O que pensa que fez com Suzannah?

Maria me olhou assustada. Sorriu falsamente.

–O quê? Não sei. O que houve com a pobre Suzannah?

Balancei o braço dela.

–Não estou com tempo para jogos, Maria. – falei com um tom de voz mais severo – Diga o que aconteceu com Suzannah.

–Não vou dizer. – olhou para a minha mão com desdém – Me largue, seu porco.

Ah. Ela tinha ido longe demais. Arrastei ela para fora da casa ignorando os berros.

–Me diga o que fez com ela. – olhei com raiva – Quem fez o serviço para você?

–Já disse para largar o meu braço. – falou se contorcendo.

–Não vou largar enquanto não me contar o que houve. – gritei. No mesmo momento, Maria parou de se contorcer e ficou olhando para o chão.

–Também já disse que não vou falar o que houve. – gritou.

Perdi a compostura. Eu não agüentava mais ouvir a voz esganiçada de Maria mentindo para mim. É claro que ela sabia. Dei um tapa no rosto de Maria que fiquei com a mão ardendo.

–Seu... – e gritou uma coisa horrível, que gerou outro tapa na cara.

–Não me chame assim. Diga onde está Suzannah e vou te deixar em paz.

–Não vou falar. Eu tenho motivos óbvios para não falar...

Meu sangue gelou. Fazia tempo que não sentia essa sensação. O que estava acontecendo comigo? Eu tinha acabado de dar dois tapas na cara de Maria.

–Que motivos? – falei com a voz baixa.

–Os motivos... – falou no mesmo tom que eu usei – Que vou me casar com você.

Dios. Agora eu matava ela.

Não consegui fazer nada. Fiquei olhando para ela em estado de choque. Ela riu.

–Seu pai é um amor, Hector.

Dios. Agora eu matava ela e o meu pai.

Entendi tudo. Meu pai havia contado tudo a ela. Ela havia planejado tudo com uma terceira pessoa. Seqüestrar Suzannah para casar comigo.

–Maria... – e senti a minha mão afrouxar em torno do braço de Maria. O que estava acontecendo ali?

Quando Maria sentiu que eu tinha deixado o seu braço solto, me deu um tapa no meu rosto.

Eu ia acabar com ela.

–Volte aqui, Maria... – falei indo atrás dela. O meu rosto estava ardendo. Ela parou e olhou para mim.

–Talvez, antes de você morrer, eu te conto onde ela estava. – falou – Adeus, Hector. – e voltou a andar em direção a casa.

Não. Mas nem que fosse obrigação eu me casaria com ela.

Mas eu não poderia fugir sem Suzannah. Senão, que sentido a minha vida teria? Não poderia ficar ali. Por que não posso casar com aquilo.

"Onde Suzannah estaria?" fiquei pensando enquanto voltava para a estalagem.

P.O.V. SUZANNAH (Ponto de Vista Suzannah)

Acordei com muita dor na cabeça.

Olhei ao meu redor. Não se parecia nada com a estalagem da senhora O'Neill. Pus a mão na cabeça e vi que estava sangrando.

Legal. Tinha cortado a minha cabeça e estava em algum lugar desconhecido. Tentei não entrar em pânico mas não consegui. O lugar era sinistro. Todo de madeira velha com alguns barris. Olhei novamente ao meu redor e vi alguém sentado em cima de uma caixa, com uma capa, roupa, botas e chapéu pretos. Se parecia com o Batman. Só faltava a máscara!

–Quem é você? – falei me sentando. Aquele lugar fedia.

–Olá, moça. – falou o cara – Que bom que você acordou. Pensei que tivesse morrido ao invés de desmaiado...

Morrido? Desmaiado? Que diabos estavam acontecendo ali?

–Quem é você? – repeti a minha pergunta. O cara olhou para mim, revelando um rosto, bem... Atraente. Cabelos castanhos claros (o que pareciam com a luz que vinha de fora) olhos que pareciam ser verdes e pele clara. Não, não. Suzannah, não.

–Juanez. – falou se levantando e vindo na minha direção. Me arrepiei quando ouvi a sua voz – Fique tranqüila. Vou trazer alguma coisa para você comer. – e me olhou de cima a baixo, sorrindo sarcasticamente.

–O que você quer comigo, Juanez? – a única coisa que era capaz de fazer eram perguntas.

–Eu... Não quero nada ainda... – falou dando de ombros – Maria talvez possa te responder.

Maria. É claro. Ela queria se casar com Jesse.

–Maria? – gritei. Agora eu sabia com quem eu estava me metendo.

–É. – disse ele a mim como se fosse débil – Maria.

Juanez se levantou e foi em direção a uma porta. Pegou uma chave e me disse.

–A conversa está boa, mas acho que está com fome. Vou trazer alguma coisa para você comer. – olhou para mim e fez cara de nojo – E um pano também...

É, eu deveria estar bem suja com o sangue que estava vazando da minha cabeça.

Juanez saiu e trancou a porta. Legal. Comecei a chorar. Sei lá o que aconteceu comigo... Pensei em Jesse e comecei a chorar. Me levantei e comecei a vasculhar o quarto. Era espaçoso. Era feita de madeira, tinha uma janela totalmente suja com uma gradezinha, a porta que Juanez saiu e trancou bem. Umas caixas e alguns barris. Limpei a janela e reconheci a vista. Parecia com o pátio da Missão. Estava no sótão da igreja da Missão Junípero Serra. Mas ninguém poderia me ver ali. Era alto demais e as pessoas passavam muito longe. Vi uma cadeira no outro canto da sala. Na hora, pensei em me jogar por ali. Mas não dava por causa da maldita grade. Não sabia que eles já tinham projetos de grades em 1850. Sentei ao lado da janela e fiquei observando o movimento. Acho que com a pancada na cabeça, o meu cérebro estava funcionando pela metade.

Após uns minutos, Juanez voltou. Trazia uma sacola. Largou em cima de uma mesa – que eu também não havia percebido – e puxou a cadeira.

–Venha. Tem pão e leite de vaca.

Ele estava tentando ser legal? Que estranho. Será que a comida poderia estar envenenada? E o que é isso? Pão e leite? Não tem nada melhor não?

–Não estou com fome, obrigada. – falei olhando para a janela.

–Você precisa comer. – ele era o ladrão mais bonzinho ou era impressão minha? - Ah, venha cá. Vou fazer um curativo no seu corte.

Olhei para ele. Realmente. Ele deveria ser novo nesse negócio de "maldade".

–Ah. Venha. – pegou o meu braço – Eu não sou tão mau assim.

Ah, eu não ia cair nessa.

–Nossa! – disse Juanez quando viu o meu corte – Eu não queria fazer isso com você...

–É. – respondi azeda – Mas fez...

–Nossa! – falou Juanez surpreso – Mas eu não fiz por mal...

Ignorei. Isso bastava.

–Pronto. – disse ele quando terminou o curativo – Vai melhorar certo, moça?

Assenti com a cabeça.

–Além do mais... Qual é o seu nome? – perguntou

–Suzannah.

–Suzannah... Belo nome. – Juanez passou a mão nos meus cabelos. Ah, mas que abuso! Quando eu contasse a Jesse, ele seria um homem morto.

–Obrigada. – disse tentando me desvencilhar de Juanez.

–Suzannah. Não fique braba comigo – disse fazendo uma cara triste - Eu fui pago para fazer isso. Se tiver que ficar brava com alguém, fique com Maria.

–Eu sei. Mas você foi quem me trouxe até aqui. – falei acusatoriamente.

–Desculpe. – levantou – Não quer o pão?

"Não. Quero um hambúrguer!" pensei. Mas ele não deve saber o que é.

–Mais tarde. –falei voltando para a janela – você vai ficar aqui?

–Vou. – falou sentando na cadeira ao lado da mesa – Se não se importa.

–Quero trocar de roupa. – falei instintivamente.

–Certo. Você trouxe?

Fiquei quieta. Tá, qual é? O cara me seqüestra e quer que eu prepare as malas

–Se você quiser, eu tenho que comprar. E você não pode sair daqui.

É claro. Ele é legal, mas não é bobo.

Ficamos em silêncio por muito tempo. Até que eu não resisti à fome e sai da janela.

–Vou comer o pão. Você quer?

–Obrigado. – falou pegando um dos pães.

–Obrigada por trazer comida para mim. – falei tentando me redimir. Mas... O quê estava acontecendo comigo?

–Por nada. – falou gentilmente – Daqui a pouco vou ter que sair de novo para pegar um almoço.

Que amável, Maria contratou o "melhor" pilantra para cuidar de mim.

–Almoço? – falei surpresa – Legal!

–Vou almoçar com você também, se não se importa.

–E eu tenho escolha? – falei grosseira.

Juanez riu.

–Bom. Eu não tenho casa. Nem família... – Juanez falou – Você tem. E faz tempo que eu não sei o que é isso.

Fiquei com pena. Ah, sim. O pão não estava resolvendo nada. Eu estava morta de fome.

–Hm... – pensei em contar a verdade. Juanez parecia ser legal. Mas mesmo sendo legal, ele não iria acreditar – Pois é.

–Não sei você, mas eu vou ter que buscar um almoço. Esse pão não está resolvendo nada.

–É verdade... – ri.

–Já volto. – e ele saiu de novo. Ele parecia ser um cara bom. Mas eu me lembrava de Jesse cada vez que constatava isso. Onde será que ele estaria àquela hora?

P.O.V. JESSE ( Ponto de Vista Jesse)

Cheguei à estalagem. O xerife estava lá para ver o que poderia fazer. Eu sabia que ele não poderia fazer nada. Simplesmente nada. Suzannah estava em algum lugar. Poderia estar morta.

Entrei e senhora O'Neill me recebeu.

–Oh, Hector! – falou correndo – O xerife está aqui. Ele disse que pode achar Suzannah pela trilha de respingos de sangue.

Olhei para onde o xerife estava e corri. Havia mesmo uma chance de encontrar Suzannah?

–Xerife. O senhor disse que há como encontrar Suzannah?

–Sim. Há. Mas vai ser um pouco difícil, senhor.

–Hector. Hector De Silva. – cumprimentei o xerife.

–Pelo que parece, ela foi levada ao centro. – ele apontou á porta – Deve haver algum esconderijo por lá.

Havia esperança. Eu sentia que Suzannah estava viva. De algum jeito, podia sentir o seu coração bater.

–Vamos ao centro. Vamos procurá-la por todos os cantos. Encontrem-na. – falei desesperando.

–Vamos. – ordenou o xerife.

Suzannah. Suzannah, mi hermosa. Vamos encontrar você. Você vai ficar bem, mi amor. Eu te amo.

P.O.V. SUZANNAH (Ponto de Vista Suzannah)

Juanez voltou. Almoçamos e ficamos conversando. Ele era um cara legal. Solitário, mas legal. Minha única companhia. Nos sentamos no chão e ficamos conversando por mais tempo. Já estava ficando tarde e Juanez ascendeu alguns lampiões. Mais uma vez, me lembrei de Jesse. Na noite anterior, quando me deu o lampião. Ah, se saudades matassem...

–O que foi, Suzannah? – perguntou Juanez, interrompendo o meu momento de reflexão.

–Hã... Nada.

–Fale. – Juanez agora estava agachado na minha frente. Vi o resto dele mais de perto. Realmente, era um cara bem bonito. Deveria ser uns dois anos mais velhos que eu.

–Nada. – falei olhando para o lado. Lembrei de Jesse. Senti uma angústia no peito.

–Como nada? Claro que houve alguma coisa para você estar assim. – falou pondo a mão no meu rosto. Senti o meu coração bater mais forte. Os nossos rostos estavam a centímetros. Mas eu não podia...

–Estava só me lembrando... Nada, Juanez. – falei qualquer besteira e virei o rosto. Queria que ele me soltasse. Jesse me mataria se soubesse.

–Estava lembrando... – repetiu Juanez. Ele sabia mesmo como encher a paciência.

–Nada! Me deixe. – falei jogando a mão dele. Juanez me olhou chateado.

–Desculpe. – falou grosseiro. Ignorei. Eu deveria evitar o mínimo de contato com Juanez. Eu sabia o que eu estava sentindo: abstinência de Jesse, e ele vicia. Quando será que eu iria vê-lo novamente?

Juanez pôs a comida em cima da mesa. Sentou e fez sinal para eu me sentar com ele ali. Olhei para a janela. A lua estava linda, como ontem. Mas ontem, era bem melhor, pois eu estava com Jesse.

–Estou sem fome. – falei.

–Então. Eu vou jantar.

Na verdade, eu estava com fome sim. Mas eu não queria jantar com Juanez. Esperei ele terminar a janta para me servir.

Depois de jantar, Juanez se sentou no meu lugar ao lado da janela. Terminei a minha janta e me sentei ao lado de uma coluna no meio da sala.

–O que eu fiz de errado, Suzannah? – perguntou Juanez em uma voz delicada.

–Você... Você não fez nada, Juanez. – falei sentindo culpa – O problema sou eu. Eu sou uma molenga...

–Molenga? – falou em uma voz confusa e começou a rir.

–É. Molenga. – falei e deixei Juanez rindo mais ainda.

–Que raio da palavra é essa?

–Ah. Deixa... Eu sou abobada. Coração de... – eu não podia falar isso. Poderia deixar Juanez com falsas esperanças.

–Manteiga. – completou.

–... É...

Fiquei em silêncio. Juanez ficou olhando para mim. Desceu do meu lugar da janela e foi em minha direção. Senti que o meu coração começou a bater mais forte involuntariamente. Olhei aflita para Juanez, ele pôs a mão no meu ombro.

–Suzannah... – ele estava me olhando sério, mas senti que ele estava emocionado pelo seu tom de voz – Eu...

Ele estava perto demais para o meu gosto. Me virei sem graça, tipo, eu não queria ser indelicada, mas ele estava forçando a barra. Que ficasse contente que eu estivesse aceitando a presença dele "numa boa". Mais nada. Eu já tinha namorado e ele tinha que entender isso.

Ele ficou me olhando como se fosse bizarra. Ok, eu sei que parecia estranho. Mas mais estranho ainda era: um cara de 1850 beijando uma garota, sendo que ele tinha a conhecido há menos de 12 horas.

–Ei... Tudo bem? – falou se fazendo de desentendido.

–Hm... Não. – falei estupefata – Tá legal, você me seqüestrou (eu odiei isso), mas isso não quer dizer que você tem direito de fazer tudo o que você quer comigo.

Ele me olhou com uma expressão ininteligível. Levantou uma sobrancelha e começou a rir.

–O que há? – falei.

–Nada... – falou tentando se recuperar. Cara, o que tem de errado com ele?

–Nada. – ecoei – Você só tentou me beijar e quando eu te proíbo de fazer isso, você ri. Claro! É a coisa mais normal de todas.

Ele parou de rir. Me olhou com as duas sobrancelhas levantadas e falou.

Eu? Tentei te beijar?

Meu Deus. Esse cara ia morrer. Não estava muito boa do meu humor ainda. Além do mais, eu estava longe do meu Jesse.

–Ah, não... – fiz a minha melhor cara de descrente.

–Suzannah. Você é realmente bonita. – falou pondo as mãos ao redor do meu rosto. Legal, ele ia me beijar a força – Mas não faz o meu tipo.

Ah, legal avacalha comigo, me esculacha. Você também não faz o "meu tipo". Sou muito mais o meu Jesse.

–Ah, então, se não se importa... – falei tirando as mãos gigantes dele do meu rosto.

–Ok. – Juanez se levantou estupefato e ficou sentado na cadeira ao lado da mesa.

Comecei a pensar que eu ia morrer aqui. Tipo, não havia nenhum sinal de Jesse ainda. Será que ele estava se casando com Maria? Não, eu teria ouvido o barulho vindo da rua. Mas se ele estivesse atravessando a fronteira inconsciente para se casar com Maria? Senti uma aflição. Mas, de algum jeito, sabia que Jesse estava vivo. Às vezes, eu podia jurar que ouvia ele falar aquele hermosa...

P.O.V. JESSE ( Ponto de Vista Jesse)

Hermosa, mi hermosa...

Já estava escurecendo e não tínhamos encontrado Suzannah. Estava aflito. Cada hora que passava era uma chance maior de Suzannah estar morta.

–Vamos parar por hoje, senhor De Silva. – disse o xerife.

–Parar? Desistir?

–Não. Vamos continuar a busca amanhã. – tranqüilizou o xerife.

Não sabia como eu faria quando chegasse na estalagem. Eu com certeza não iria dormir, não enquanto não encontrasse Suzannah.

Quando estava voltando à estalagem, me lembrei de um detalhe importante.

Não procuramos na igreja. Ela poderia estar na igreja.

Não ia agüentar até a manhã.

Voltei a charrete e direcionei para o centro.

P.O.V. SUZANNAH (Ponto de Vista Suzannah)

Ah. Eu não conseguiria dormir tranqüila sabendo que Juanez estava ali. Se eu conseguisse dormir. E se ele tentasse me "beijar" de novo?

–Suzannah. – falou Juanez com sono – Você não está bem.

Jura? Eu não sabia...

–Não. Eu estou bem sim. – menti.

Ele me olhou com os seus olhos verdes – mais verdes que os meus – e sorriu.

–Você mentiu. – disse confiante.

Tentei esconder a minha surpresa.

–Não. Não menti não. – menti mais uma vez.

–Está mentindo agora. Suzannah, é inútil. Eu sei quando você mente.

–Como? – falei surpresa.

–Eu estou com você aqui a mais de 12 horas. – falou meio irritante.

–Mas por causa disso? – respondi com raiva, mas eu continuava surpresa.

–Ah, deixa. – ele tirou as botas e a capa. Ficou com a camisa e a calça. Ambas pretas. Quase não dava para ver na escuridão – Você não entendeu. Era brincadeira.

Fiquei abobada. O cara é mágico!

Juanez realmente não tinha desistido da idéia de me "beijar". Ele tinha se deitado ao meu lado. Eu, já não tinha certeza de que sairia dali. Mas Juanez tinha ficado um pouco abusado. Ele já tinha tentado me beijar duas vezes antes. Mas ele, tipo, não admitiu. E percebi alguns olhares pervertidos de Juanez. Quando ele se sentou e falou para mim.

–Você deve estar com saudades de Hector, não é?

Hector? Como ele sabia de Jesse?

Ah, sim. Maria... Olhei para a janela, fazendo desdém de seu ultra conhecimento sobre a minha pessoa.

–Sinto. – falei triste – Ele é um homem muito legal.

Juanez me olhou com o seu jeito pervertido novamente.

–Eu posso te ajudar. Com Hector, quero dizer.

Olhei surpresa para Juanez.

–Como? – pensei que ele iria me libertar – Como você vai me ajudar?

–Assim. – Juanez se inclinou até mim e fez o que eu menos imaginava que ele faria naquele momento.

Ele foi longe demais.

P.O.V. JESSE ( Ponto de Vista Jesse)

Cheguei à igreja. Estava tudo silencioso. Eu sabia de algum modo, que Suzannah estava ali.

Subi as escadas da igreja e fui em direção ao sótão. Ouvi vozes vindas de uma porta. Girei a maçaneta, mas a porta estava trancada.

Arrombar a porta seria o único jeito de tirar Suzannah dali. Eu sabia. Consegui ouvir a voz dela. Ela estava ali. Atrás da porta. Mas tinha mais alguém com ela.

P.O.V. SUZANNAH (Ponto de Vista Suzannah)

Ouvi um barulho na porta. Era Jesse. Só poderia ser ele. Ele tinha vindo me buscar. Mas Juanez não ouviu. E eu não consegui me mover, por causa de Juanez em cima de mim. Ele estava deitado em cima de mim. Ele estava me beijando. E Jesse estava do outro lado da porta. E, para completar, Juanez sequer havia escutado o barulho vindo da porta.

Ouvi um estouro e a voz de Jesse.

–Suzannah! Suzannah! Você está aí? – de repente, um silêncio maçante instalou-se na sala.



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