Possible love escrita por Sion Neblina


Capítulo 17
Sombras


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores queridos, tudo bem?

Nossa! Como eu demorei! Me desculpem, mas estou atolada de trabalhos e projetos e o tempo para as fics, que já não era muito, ficou ainda menor!

Mas, enfim, aqui está um capítulo novo, e ele é a entrada do túnel que conduz a história para o final, espero que gostem!

DEDICO ESSE CAPÍTULO À LINDA LITHA YOUKO CHAN, ELA SABE OS MOTIVOS ♥

Beijos no coração de todos e boa leitura!

Sion



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Sombras

Capítulo 17

O dia começou com o tocar da trombeta que anunciava As Panateneias. Na grande arena, um palco gigantesco foi montado e nele estavam a deusa, seus ilustres convidados e o Grande mestre. Num palco mais abaixo, os cavaleiros de ouro, em outro, os cavaleiros de prata e no último, os cavaleiros de bronze, formando assim um palco em cascata, semelhante a uma grande escada, ornado por afrescos decorados com a imagem clássica da deusa em sua armadura, tendo Nike na palma da mão.

Todos cavaleiros deveriam estar presentes para reverenciar a deusa e demonstrar o poder bélico do Santuário perante o povo e os convidados, mas, estranhamente, a elite da tropa do santuário estava desfalcada; o cavaleiro de câncer havia desaparecido.

Shun não estranhou que Máscara da morte não estivesse na cama quando acordou, embora houvesse acordado muito cedo, pois os cavaleiros de ouro, todos eles, tiveram uma reunião antes da cerimônia, quando o dia mal havia despertado. Mas agora, não vê-lo entre seus iguais causou-lhe uma imensa preocupação. Todavia, naquele momento, ele não poderia tentar localizar Câncer, precisava participar da cerimônia como o cavaleiro que era.

A trombeta anunciou a cerimônia de abertura e logo o cortejo do navio ornado pelo Véu de Minerva, um rico manto bordado pelas mais hábeis fiandeiras, tecelãs e jovens das vilas nas imediações do santuário, chegava defronte ao grande palco como homenagem à deusa. As pessoas aplaudiam enquanto o símbolo da grande festa passava, o navio deveria percorrer as ruas das vilas próximas antes de terminar o cortejo.

Depois disso, seguia-se uma procissão, as mulheres carregavam cestos com utensílios para os sacrifícios; os rapazes, vasos com óleo e vinho; e os velhos, ramos de oliveira. Tentavam reproduzir com exatidão as festas do passado, o que agradava e maravilhava a todos.

A grande pira foi acesa, ficaria acesa durante os quatro dias de festa. Outras apresentações se seguiram e quando finalmente a cerimônia caminhava para o encerramento, Athena ergueu-se do seu trono para proferir seu discurso:

“Povo de Atenas, cavaleiros e convidados. Agradeço a presença de todos vocês e o cuidado para promover uma festa tão bonita. Desejo boa sorte aos competidores, que As Panateneias comecem”.

Um grupo de dança e malabarismo tomou o centro da grande arena. A deusa voltou ao seu trono e os cavaleiros deixaram seus postos, como já era de costume. Alguns ficariam pelas imediações, guardando o perímetro, caso dos cavaleiros de prata, os demais estariam liberados para cumprirem outras funções, como vigiar a ação de alguns convidados e garantir que tudo seguisse seu curso com tranquilidade.

Shun livrou-se da armadura de Andrômeda, assim que deixou o palanque. Estava aflito e imaginava o estrago que tudo aquilo seria. Shura e Aiolia deveriam estar revoltados com a ausência do canceriano e não iriam perdoar. Tal ato de rebeldia era digno da pior das punições dentro da disciplina militar do santuário. Era deserção, de certa forma, e Angelo seria punido, isso... se ele aparecesse.

Shun tinha certeza dos motivos para que o namorado houvesse sumido: o medo de ser novamente rejeitado pela armadura, já que todos os cavaleiros da elite do santuário deveriam trajar-se de acordo. Ele fugiu por medo... Por desespero. Andrômeda entendia bem, mas sabia que para todos os outros aquilo seria simplesmente covardia e isso apertava seu coração.

As competições durariam o dia inteiro com pequenos intervalos, o maior ao meio dia para o grande banquete dos deuses. Embora o clima fosse cordial, os cavaleiros estavam agitados com a presença de Hades e Poseidon e respectivamente seus espectros e marinas. Entretanto, até o momento, a aliança não parecia sofrer nenhum arranhão, embora Andrômeda achasse que com o passar das horas a manhã grega se tornasse estranhamente fria, devido ao cosmo do senhor do submundo.

Suspirou, com certeza não havia o que temer, Zeus estava atento ao que acontecia à sua filha favorita e seus irmãos.

Andou pelo santuário, tentando localizar o cosmo do cavaleiro de câncer, mas sem obter nenhuma resposta. Respirou fundo, deveria confiar no bom senso do namorado, logo ele apareceria, tinha certeza.

— Shun...

O japonês prendeu a respiração ao escutar aquela voz que lhe causava calafrios, mas tentou manter o semblante tranquilo.

— Não posso conversar agora, Hyoga, estou...

— Mas precisamos conversar — o russo o encarou, sem dar chances de fuga ao outro cavaleiro. — Não voltei apenas para As panateneias. Voltei porque achei que já era tempo de termos uma conversa. Eu preciso te explicar minhas razões. Finalmente me sinto forte para isso.

Shun mordeu os lábios, mudo. Por que Hyoga ainda mexia tanto consigo? Um vórtice de sentimentos tomava conta dele sempre que escutava a voz do cavaleiro de cisne; raiva, ciúmes, amargura, revolta... Não queria aqueles sentimentos dentro de si e não conseguia, ao mesmo tempo, fugir deles. Talvez a conversa franca, uma conversa franca finalmente, fosse a única forma de se livrar de tudo aquilo.

— Tudo bem, Hyoga, mas não agora — determinou com a voz firme, embora ainda tremesse por dentro. — Há uma taverna na saída do santuário na vila menor. Hoje, depois que as competições terminarem, eu o encontro lá e conversamos, tudo bem?

— Vou esperar por você — o loiro declarou e se afastou com seu jeito imponente.

Andrômeda suspirou e passou as mãos nos cabelos desalinhados. Precisaria voltar em pouco tempo para as apresentações. Deixaria para pensar em Hyoga depois. Bem depois. Agora precisava encontrar Angelo. Onde será que ele havia ido?

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O intervalo para o banquete dos deuses serviu para que os cavaleiros relaxassem um pouco, livrando-se dos trajes militares e ficando apenas de uniforme, um uniforme militar que raramente era usado pela tropa de Athena, mas que em cerimônias como aquelas era sempre importante. Para os cavaleiros de ouro o traje era branco com detalhes dourados como o cinto e os emblemas iluminados pela imagem de Athena. Os cavaleiros de prata usavam um cinzento-claro com o mesmo tipo de emblema em prata, e os cavaleiros de bronze um azul-claro e com emblemas em cobre. Eles seriam obrigados a vestirem as armaduras na próxima ocasião em que a deusa estivesse na arena. Agora, após o banquete, a jovem Athena iria descansar em seus aposentos, ficando guardada pelo líder da Kripteia e da tropa, enquanto o Grande Mestre permaneceria na cerimônia.

Ikki de Fênix detestava aquele traje. Sentia-se esquisito, pois nunca gostou de fazer parte de algo. Nunca. Era extremamente individualista e solitário. Era o que era, era o que gostava de ser, e isso não mudaria porque estava no Santuário, porque estava...

Afastou-se do salão do longo banquete e abriu os botões da camisa, sentia-se sufocado dentro daquele tecido que mesmo fino e macio era uma afronta a tudo que acreditava. Que se fodesse o santuário e suas regras, ele não fazia parte da tropa, nunca faria.

Aproximou-se de uma das balaustradas que cercavam as janelas do grande salão do templo e mirou a tarde que avançava bonita, mesmo que uma brisa fria pairasse sobre o santuário. Uma brisa estranha na verdade, mas ninguém além dele parecia reparar nisso. Foi quando sentiu aquele cosmo conhecido vindo da escadaria em direção ao salão. Sabia que ele estava de volta e achava que já era hora de acertarem as contas. Afinal, havia contas a acertar, mesmo que não quisesse.

Quase alcançou a velocidade da luz ao deixar o local e seguir pela escadaria para interceptar o cavaleiro antes que ele alcançasse seu intento.

— Fênix...

Um soco atingiu Hyoga antes que ele conseguisse completar o que quer que fosse dizer e ele sentiu o corpo bater dolorido contra um dos muros.

— Pensei que fosse esperto o suficiente para não aparecer na minha frente, Hyoga. Shun pode ter esquecido, eu não!

Cisne cuspiu sangue e se ergueu devagar. Ele também usava um dos trajes do dia e mesmo depois do golpe, manteve o semblante indiferente.

— Só Shun tem algum direito de questionar meus motivos, não você. — ele disse com seu tom frio de sempre — Agora me deixe passar.

— Não — Ikki replicou com sua voz imperiosa e cruel. Aquele timbre que Hyoga muitas vezes ouviu no campo de batalha. — Não antes de me explicar o porquê. Não achei que teria coragem de vir aqui depois de tudo que fez, depois da sua covardia e canalhice! Se meu irmão não é capaz de te dar a lição que você merece, eu mesmo faço!

— Covardia? O que sabe de mim, Fênix? Nada! — Hyoga riu, irônico. — Não perderei meu tempo brigando com você.

— O que sei?Sei que você partiu o coração do meu irmão, depois de me jurar que não faria isso, que cuidaria dele! Eu confiei em você! Por quê?!

Hyoga ficou sem resposta. Suspirou e coçou os cabelos, antes de limpar o sangue dos lábios novamente.

— Se você aceitar, podemos conversar como seres civilizados, mas não use esse tom comigo, eu não sou o Shun — advertiu e aproximou-se do outro, sem nenhum receio, encostando-se à balaustrada ao lado da escadaria. — Há muito mais em tudo isso do que pensa e temo que nem você e nem ninguém possa entender.

O mais velho dos cavaleiros de bronze permaneceu no mesmo lugar. Não se incomodou em mirar o outro, apenas lhe repetiu o gesto, controlando a vontade insana de espancá-lo até que ele perdesse os sentidos. Não o olhou, o Cisne não merecia um mínimo olhar seu,depois de tudo que fez. Ele não quis olhá-lo quando partiu como um covarde, esmagando o coração do seu irmão, ele não merecia nenhuma importância. Contudo, seu sangue fervia ao recordar-se do que o outro cavaleiro fez a Shun. Ikki sabia que novamente o irmão se arriscava a ter seus sentimentos pisoteados, notara a ausência do cavaleiro de câncer e talvez fosse isso que o deixasse ainda mais apreensivo e nervoso naquele dia, isso sem contar seus próprios problemas.

— Eu sabia que seria convocado, mas pensei que seria esperto o suficiente para pedir despensa. Sabe que corre um risco muito grande de ter sua cara quebrada, Hyoga — sua voz era tranquila, fria, enquanto fazia a ameaça. — É muita cara de pau! Deveria se envergonhar, e o que você faz? Vem aqui, como se nada tivesse acontecido depois de tudo?!

Hyoga suspirou. Se havia algo que nunca suportou foi aquele gênio de Ikki. Não devia satisfações a ele e sim a Shun. Por que perdia tempo? No passado, chegara a pensar que poderiam ser amigos, mas agora... Onde estava com a cabeça quando...?

— Bem, acho que você teria relativo trabalho para fazer isso — Hyoga disse, interrompendo o rumo dos próprios pensamentos. — Mas não estou aqui para brigar com você. Vim falar com Shun...Apenas ele me importa.

— Shun está muito bem ou estava até você resolver voltar de Yakutsk. — Ikki o interrompeu. — Suma e deixe meu irmão em paz, estou avisando.

— Então sabia onde eu estava esse tempo todo? — Hyoga voltou a sorrir com o canto dos lábios, mas não era um sorriso satisfeito, era amargo.

— Sei tudo que me disponho a saber, Hyoga. Eu sou Ikki de Fênix, esqueceu?

— E não disse a Shun? Por quê?

Fênix riu, irônico.

— Ao contrário do que você pensa, Shun não correria atrás de você como um cão mendigando afeto. Ele é meu irmão, afinal. Ele sofreu demais, entrou numa depressão severa, mas aceitou sua vontade. É..., ele ficou no fundo do poço, mas não iria atrás de você. Você escolheu ficar sem ele, e ele aceitou. O que nunca entendi foi... por quê? Por que fez o que fez?

Hyoga soltou um suspiro profundo e desolado.

— Eu não suportei, Ikki. — confessou, desviando o olhar para o vale que se estendia à sua frente — Talvez para você seja fácil lidar com tudo que aconteceu, com o que nos tornamos, mas pra mim... — outro suspiro — Eu tinha pesadelos todas as noites. Eu via minha mãe e meu mestre afundando em um mar de lama, e eu... eu me sentia sujo pelo que fiz a Camus, por não ter cumprido minha promessa...

— Tivemos uma nova chance, Hyoga! Camus está aqui, está bem...

— Mas não foi só isso! Eu sei que você não vai entender, eu sei! Mas... Eu me sentia um mentiroso também...

— Idiota! — Ikki resmungou entre dentes — Você não estava mentindo! Você me disse que o amava! Mentiu nisso também?! — Ikki rangia os dentes de raiva naquele momento. Não, não deixaria Hyoga virar aquele jogo. De jeito nenhum!

— Claro que o amava! Mas ocultar também não é uma forma de mentir? — Hyoga virou o rosto para encará-lo; Ikki, no entanto, continuava mirando a paisagem. — Diga-me, como consegue continuar mentindo até hoje?

— Foi o combinado. Foi para o bem dele — Fênix resmungou entre dentes.

— Eu nunca achei que fosse um combinado justo, Fênix. Eu amava Shun, mas me sentia um traidor todas as vezes que estava com ele. Nunca me achei merecedor do amor de alguém como ele.

Eles mantiveram silêncio por um longo tempo antes de Ikki se manifestar novamente.

— Naquela nossa conversa, combinamos que era melhor...

— Eu sei o que combinamos, mas você achou que seria fácil? — o loiro riu.— Em meio à lama, a mentira, a dissimulação.

— Foi apenas sexo, Hyoga... — Ikki disse entre dentes — Pra que mexer em algo que não teve nenhuma importância? Foi antes dele, antes de vocês dois, foi um momento. Porra, eu pensei que fosse maduro o suficiente para entender isso!

Hyoga respirou fundo novamente.

— Não foi só isso, Ikki. Não foi só você. Ninguém percebia, mas eu estava no fundo do poço. Aquela maldita guerra acabou comigo, será que não percebeu? Você não era a metade dos meus problemas, mas eu estava confuso!

— Confuso? Não pareceu confuso quando pediu Shun em namoro — riu, sarcástico. — Aquilo então foi uma forma de chamar minha atenção?

— Não seja leviano — o loiro riu de leve. Não acreditava naquela conversa. — Você sempre soube que eu amava Shun. O que aconteceu entre nós dois foi um lapso, mas um lapso com consequências.

— Você quis complicar algo que era simples.

— Você quis simplificar algo que era complicado.

— Então por que, porra? — Ikki irritou-se e encarou o cavaleiro de cisne. — Por que correspondeu aos anseios deles, aos sentimentos dele, para depois abandoná-lo? Você foi um canalha, será que não percebe? Shun confiou em você, amou você, ele daria a vida por você!

O russo baixou a cabeça com suspiro triste. Como explicar que estava perdido e precisava se achar? Como dizer que não se sentia digno de Shun depois de tudo que fez? Depois de ter sido obrigado a matar seu mestre, depois de ter visto a podridão do Hades, depois de ter sentido a dor de todos de forma tão profunda? Não suportou. E foi ainda mais difícil ver como Shun continuava bem depois de tudo, como ele, visto como tão frágil, era o mais forte de todos. Como para ele foi fácil, ao menos parecia fácil, continuar a vida com um sorriso meigo nos lábios. O casinho com Fênix, que não passou de dois ou três encontros furtivos, antes de pedir Andrômeda em namoro, só foi mais uma mancha. Hyoga não achava justo esconder aquilo... Mas também não entendia por que simplesmente aceitou ocultar como Ikki queria. Agora, depois de passado tanto tempo, ele conseguia entender que foi apenas mais uma desculpa para esconder sua covardia e sua inveja; inveja de todos que continuavam enquanto ele ainda estava preso naquele esquife de gelo. Inveja, inclusive, da pessoa que amava, de sua força, de sua boa vontade, de seu coração puro que não foi contaminado por Hades. Amava Shun, sempre amou. Ter sucumbido a uma atração furtiva por Ikki foi somente mais um dos seus incontáveis erros.

Surtou, fugiu, não suportou a pressão. Arrependeu-se todos os dias durante todo aquele tempo, mas não teve coragem de voltar, apenas agora, depois que soube que Shun estava no santuário, que aparentemente já estava bem, recuperado de sua vileza, resolveu voltar, até porque não iria contra uma ordem de Athena. Mas ainda não sabia se aquilo foi certo. Seria certo desenterrar aquele cadáver apodrecido depois de tanto tempo?

— Não dá pra explicar — disse baixo. — Eu só não queria viver com mais uma mentira. Eu não suportava mais. Eu parti para me encontrar, Ikki, e isso não teve a ver com você ou com Shun, teve a ver apenas comigo.

— E veio aqui agora pra quê? Pra estragar tudo novamente?

— Não. Ao contrário, quero libertá-lo dessa mágoa e me libertar também. Pensei muito durante todo esse tempo e cheguei à conclusão de que Shun merece uma explicação. Mesmo que ele venha a me odiar ainda mais depois disso.

— Shun seria incapaz de odiar qualquer pessoa – Ikki replicou num suspiro. – Não estrague tudo, Hyoga.

— Para quem, Ikki? — o russo sorriu de lado. — Depois de tanto tempo, você ainda guarda esse segredo? Pensei que já tinha conversado com ele, contado a ele. Você mesmo disse, não foi nada importante, por que não dizer então?

— Por que eu faria isso? Depois de tanto tempo seria só mais uma ferida.

Cisne encarou Fênix, que cruzou os braços e revidou o olhar.

— É o certo, apenas isso. — ele disse e se afastou, parando ao perceber que já não estavam sozinhos. — Shaka — Hyoga fez um cumprimento de cabeça.

— Cisne — o cavaleiro de Virgem retribuiu o cumprimento. Estava de olhos fechados como de costume, mas vê-lo com aquelas roupas era um tanto estranho para Hyoga. Era estranho constatar também que ele não havia mudado nada desde a última vez que o viu e ao mesmo tempo estivesse tão diferente.

Ikki pigarreou, sem jeito.

— Temos que voltar? — ele indagou ao virginiano, que assentiu com a cabeça.

— Todos nós temos que voltar, às vezes — Shaka respondeu, fazendo os dois cavaleiros de bronze franzirem as testas, sem entender muito bem ao que ele se referia e ao mesmo tempo compreendendo exatamente o que ele dizia.

Hyoga pediu licença e terminou o percurso que fora interrompido por Fênix, deixando os dois sozinhos. Ikki voltou a encarar o indiano. Mesmo que ele mantivesse os olhos fechados, a expressão fácil de Shaka dizia que ele ouviu muito mais do que Fênix acharia conveniente e que talvez tenha entendido errado alguma coisa.

— Shaka...

— Não é a mim que você deve explicações, Ikki — o loiro não o deixou continuar, mas o tom permaneceu plácido. — Um filósofo alemão disse uma vez que aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não se tornar também um monstro...

— O que quer dizer?

— Não entende? — Shaka soltou um risinho irônico — Durante todo esse tempo você condenou a covardia de Cisne, quando estava sendo tão covarde quanto ele... Ou mais covarde... E mais cruel. Um mentiroso.

— Não sabe do que está falando, não me julgue como se soubesse o que é a culpa! — irritou-se, fechando os punhos.

— Culpa? Sua única culpa é a ignorância, Fênix, sempre foi. Durante todo esse tempo, eu quis livrá-lo dela, mostrar que se fechar na própria dor era uma doença que o mataria. Para isso foi todo nosso treinamento, treinamento que você teima em ignorar, sempre preso no abismo do arrependimento, da mágoa, do remorso. Mergulha nesse rio de sangue todos os dias por vontade própria e nunca irá desenvolver todo seu potencial assim. Você vive na ignorância porque deseja essa punição.

— Não é verdade! O que faço, o que fiz foi pensando no melhor para todos!

— Um velho ditado diz que o caminho para o inferno está pavimentado de boas intenções, Ikki, mas eu discordo. Acho que o caminho para o inferno está pavimentado com intenções que são descuidadas, cobiçosas ou más. As suas são puramente descuidadas e egoístas. Mentir, fingir, guardar. Este é seu inferno e agora você envolveu seu irmão nele e terá que resolver isso, queira ou não.

— Shun não tem nada a ver com isso!

— Shun tem tudo a ver com isso! Acha que não enxergo sua mágoa?

— Isso é loucura! Você é louco! — Ikki sentia-se cada vez mais aflito com aquela conversa. Não entendia aonde Shaka queria chegar, não entendia porque ele o estava torturando.

Shaka se aproximou dele. Ikki não recuou quando ele tocou-lhe a testa e abriu os olhos, envolvendo-os numa luz densa e momentânea que logo se dissipou. Ele se encontrou então em outro ambiente. Era o orfanato. Ali, via ele e Shun pequenos, correndo entre os outros garotos. O irmão caindo, apanhando, chorando, sendo defendido o tempo inteiro por ele.

“Ikki, Shun caiu! Ikki, Shun precisa de cuidados, Ikki, Shun não consegue dormir! Ikki, Shun, Shun, Shun!”

— Pare com isso! — Fênix gritou, tentando se libertar daquela ilusão, mas ela se tornava mais densa a cada minuto. Contudo, ele sabia que era uma ilusão, apenas uma ilusão.

O ambiente mudou e agora ele estava naquela sala de frente aos outros garotos enquanto Tatsumi dizia para onde cada um deles iria. Ikki resolveu tomar o lugar de Shun... Ikki estava novamente na Ilha da morte. No inferno. A culpa era de Shun, a culpa de todos seus problemas, a culpa de tudo que aconteceu... Não, não era! Sim, era! Ele também era culpado! Não, não era!

E havia Hyoga... O beijo, o riso, a noite, e mais culpa, porque ele sabia que Shun gostava do amigo, ele sabia desde sempre... Não deveria ter feito, o que seria aquilo? vingança? Vingança pela mágoa, pelo remorso, pelos sentimentos, que eram tão profundos, negados e escondidos, que ele não conseguia enxergar? E Hyoga tornou-se uma chaga negra, uma lama escorrendo de suas mãos quando tentou tocá-lo. “Ikki?” Shun o observava; aqueles olhos decepcionados que ele tentou evitar o observavam agora, observavam a lama em suas mãos, e o sorriso de Hyoga... Talvez eles tivessem uma chance se não fosse Shun... É, talvez, se não houvesse tudo... Mas a culpa, a dor, a lama... Não. Hyoga sempre amou Shun, foi o certo deixar que eles ficassem juntos. Foi correto. Shun, Shun, Shun!

— Não! É mentira! Pare! Pare agora!!!

Foi muito rápido. Preso dentro da ilusão e sendo bombardeado por sentimentos que havia aprisionado, Ikki disparou a lutar desesperadamente contra um inimigo que nem ele mesmo sabia quem era. Não com golpes de um cavaleiro, mas como um homem que se debate enquanto é atacado, encurralado e ferido. Quando deu por si, estava novamente na escadaria do santuário, as mãos no pescoço do cavaleiro de Virgem, sendo observado por um grupo de cavaleiros que foi atraído por seu cosmo agitado. Shaka estava imóvel, os olhos abertos, de onde se percebia lágrimas causadas pelo aperto em seu pescoço, o rosto muito vermelho, os lábios abertos como quem procura por ar.

Ele não reagia. Ele poderia reagir, atirá-lo longe, destruí-lo em sua própria loucura, mas ele continuava estático, os braços flácidos, a postura retraída... Apenas buscava o ar que o forte agarre em seu pescoço o privava. Parecia manter-se quieto para ver até aonde iria a loucura do discípulo.

— Ikki, solta ele — a voz de Aiolia chegou fraca a seus ouvidos e só então Fênix percebeu que ainda apertava o pescoço do cavaleiro de virgem de uma forma que teria matado um ser humano comum. Imediatamente o soltou, assombrado com o que fazia, e viu Shaka tombar contra o muro e respirar fundo.

Todos pareciam chocados demais naquele momento, e mais pessoas se aglomeravam a cada segundo. Depois de algum tempo, Shaka aprumou o corpo, levando a mão ao pescoço.

— Eu estou bem — ele disse, fechando os olhos. — Voltem para seus afazeres, as Panateneias continuam.

— Eu... — Ikki não sabia o que dizer, apertava e abria os punhos como se tentasse acreditar no que havia acabado de fazer. Não entendia como conseguiu romper a ilusão e atacar Shaka de uma forma que obviamente havia pegado o cavaleiro de ouro desprevenido.

Shaka afastou-se. Os cavaleiros e guardas começaram a deixar o local, cochichando entre si, afinal, briga entre cavaleiros de alta patente não era algo recorrente no santuário de Athena. Aiolia ainda mirou Shaka por um tempo, mas achou melhor não segui-lo, ele merecia um momento de recolhimento, até porque não sabia o que havia acontecido entre os dois e não tinha tempo para pensar no amigo agora.

O cavaleiro de fênix seguiu o caminho oposto. Ainda estavam na metade do dia, mas para ele, aquele dia havia acabado.

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As competições recomeçaram. Combatentes ocupavam a arena, vindo de todos os cantos da Grécia. Os guardas prestavam atenção em tudo e os cavaleiros acompanhavam com mais discrição. A preocupação da tropa naquele momento era a ausência do cavaleiro de câncer. Aquilo era uma ofensa muito grande à deusa, um ato de rebeldia sem procedentes e ele seria punido. Deserção era um crime muito grave, segundo as leis do Santuário.

Athena repousava, mas voltaria à grande arena para o encerramento das competições do dia e abertura das festividades da noite. Era um dia quente, e Shun agradeceu por ter se livrado da armadura. Estava ansioso, procurava ao redor do santuário e foi até aquela caverna, pensando que talvez Angelo lá estivesse. Não estava. Não conseguia sentir o cosmo dele em lugar algum e começava a ficar preocupado.

“Para aonde você foi?” Indagava-se aflito, o coração pesado. Ouviu a trombeta que anunciava o reinício dos jogos e a volta de Saori e dos deuses convidados à grande arena. Precisava retornar, não tinha tempo para procurar Angelo. Desceu a encosta rapidamente, os pensamentos nebulosos e fragmentados. O que havia feito de errado? Por que ele partiu sem falar nada?

— Shun...

“Ah, essa agora...” Resmungou para si, mirando o cavaleiro que ia ao seu encontro.

— Hyoga, ficamos de conversar mais tarde, não foi? Não tenho tempo agora — disse com o tom de voz suave de sempre. — Athena está voltando para a arena, precisamos...

— Não vai demorar muito... —Hyoga impediu que ele continuasse.

— O que quer?

— Uma nova chance.

Shun pensou que deveria ter feito uma expressão muito estranha, pois Hyoga pigarreou constrangido antes de encará-lo nos olhos.

— Parece loucura, não é?

— Sim, depois de tanto tempo. Por quê?

Cisne pensou em dizer que o amava, mas não achou que fosse um argumento muito justo, então apenas sorriu e levou a mão ao ombro de Andrômeda.

— Porque percebi que ainda temos uma chance. Não me julgue leviano, Shun. Eu não viria aqui se realmente não houvesse pensando muito em tudo isso. Eu ainda te amo.

— Hyoga... — Shun começaria a dizer, mas sentiu uma vibração estranha que seguia em direção à grande arena. Eram... cosmos? Parecia. Cosmos sutis, disfarçados, quase sombras, mas ele foi capaz de perceber. — Espera... Está percebendo isso?

— A temperatura caiu — o russo disse, estreitando os olhos. Para ele, era muito fácil perceber as variações climáticas. — Isso só acontece...

— Espectros?

— Não pode ser... — Hyoga murmurou. Todos estavam concentrados demais na deusa e nos jogos para perceber oscilações tão sutis de cosmo. Talvez ele e Shun percebessem por estar fora da grande arena, mas ali, no meio ao emaranhado de cosmo energia e a energia natural proveniente das batalhas, seria praticamente impossíveis que os outros cavaleiros percebessem. — Precisamos ir, Shun! Saori corre perigo!

— Sim! — Shun concordou e os dois correram em direção à arena.

Athena ao lado do grande mestre aplaudia a luta em carros de corrida que acontecia naquele momento. Era uma apresentação simbólica do passado das Panateneias, mas muito bonita, vigorosa e envolvente. Tão envolvente que poucos perceberam a movimentação das sombras. O santuário estava aberto, exposto, mas era época de paz e ninguém pensou que algo pudesse acontecer. Quando a tropa se deu conta da invasão, era tarde!

— Athena! — foi o que cada um dos cavaleiros exclamou ao perceber os cosmos negros e rapidamente correram para defender a deusa do golpe mortal de um sabre místico, mas o golpe foi evitado no último momento. O sabre partiu-se e caiu aos pés da deusa.

As pessoas estavam assombradas, pois não viam nada além da arma mortal disparada contra a deusa. Logo uma histeria tomou conta da arena, as mulheres corriam, levando as crianças, os guardas se posicionavam e o grande mestre retirava a deusa do camarote, enquanto cavaleiros de ouro e prata se agrupavam para defender o santuário e miravam a arma que o cavaleiro de câncer agora segurava, o sabre quebrado de onde emanava uma áurea sombria.

— Máscara da morte! — Aiolia exclamou surpreso, vendo o companheiro de batalha trajando sua armadura dourada. Foi ele quem evitou que o golpe chegasse à deusa. O leonino o encarou com seu semblante severo, mas quando falou, suas palavras foram cordiais: — Bom, tê-lo de volta.

O canceriano assentiu com a cabeça e mirou o cavaleiro de virgem que chegava à arena com seu passo imponente, despertando os olhares de todos.

— Revele-se. Rendição divina! — o golpe de Shaka foi o suficiente para que as sombras caíssem na arena como insetos apanhados por uma tempestade.

E eram muitos. Sombras de guerreiros de eras ancestrais fortalecidas pelo ódio e o desejo de vingança. Os espectros eram horrendos. Seres deformados fugitivos das profundezas do Hades.

— São espectros? — Aiolia indagou, agrupando-se com os demais cavaleiros.

— Não. São prisioneiros do Tártaro. O Tártaro é a personificação do Mundo Inferior. Nele estão as cavernas e grutas mais profundas e os cantos mais terríveis do reino de Hades, o mundo dos mortos, para onde todos os inimigos do Olimpo são enviados e onde são castigados por seus crimes por toda a eternidade — disse Shaka. — O portal temporário que trouxe Hades e seus espectros até o santuário deve ter aberto uma brecha para que esses seres inferiores os seguissem até aqui.

— Ótimo! — Câncer disse com um risinho de deboche — Então eu mandarei esses vermes de volta ao lodo de onde eles saíram! Ondas do inferno! —te atirou os espectros perdidos de volta ao yomotsu e os acompanhou até a colina da entrada do mundo dos mortos.

Não foi difícil aniquilar aquelas sombras maléficas. Com a ajuda das almas que ele mesmo havia enviado para a colina do Yomotsu Hirasaka, arrastou as sombras fugitivas de volta ao reino mais profundo do Hades.

A deusa estava salva. Salva pelo cavaleiro de câncer. A tropa se reagrupou e ficou alerta, fazendo rondas no santuário para se certificar de que não havia mais nenhum inimigo. Athena foi direcionada ao seu templo onde deveria permanecer até que houvesse a certeza de que o santuário estava em segurança. Os deuses visitantes foram encaminhados ao templo do grande mestre, e Hades precisou se explicar sobre o ocorrido, sob a revolta dos seus subordinados.

— Até mesmo eu tenho inimigos no Tártaro — disse o deus dos infernos. — Essas sombras são almas de antigos inimigos tanto meus quanto de Athena: são servos dos titãs.

— Que isso sirva para reforçarmos a vigilância nas prisões, meu imperador — Pandora disse. — Creio que já ficamos tempo demais aqui, devemos voltar ao seu castelo imediatamente.

— Concordo — Hades disse com seu tom frio e polido de sempre. — Minhas felicitações à Athena pelo festejo. — Ele disse e saiu de braços dados a irmã. Fora do santuário havia um caminho por uma gruta, portal entre os dois mundo, por onde seguiria Hades e sua comitiva de volta ao seu reino.

O grande mestre mirou o líder da tropa e deixou escapar um sorriso discreto.

— Sinceramente, fico aliviado.

— Todos nós, Mestre — Aiolia disse. — Bem, acho melhor o senhor permanecer no templo até que saibamos se a vila está segura.

— Sim. Farei companhia a Athena. Peça que as competições continuem mesmo em nossa ausência e... Aiolia, retire-se mais cedo e prepare-se para amanhã.

O cavaleiro de leão pigarreou, sem jeito, mas assentiu com a cabeça, antes de deixar o templo.

Lentamente, as coisas foram organizadas e os ânimos serenaram. As competições foram reiniciadas, mas as rondas continuaram, todos estavam atentos a qualquer oscilação de cosmo, a qualquer vibração estranha. Sabiam que as sombras só conseguiram se aproximar tanto devido à confusão que o cosmo dos espectros e de Hades causavam no campo vibratório do santuário. Ainda assim, era uma falta injustificável e vergonhosa para a tropa.

Assim que retornou do yomotsu, Câncer procurou por Shun e o encontrou ao lado de Hyoga, para seu desgosto. Ele sabia que o cavaleiro de cisne voltaria em algum momento, e qual momento melhor que durante as Panateneias quando todas as 88 armaduras viriam reverenciar a deusa? Contudo, ele não esperava depois de um dia de ausência, encontrar Shun ao lado dele. Sentira o cosmo dos dois antes mesmo das sombras. Eles estavam juntos, sozinhos, e fora do santuário. Por que, Shun? Indagou-se mentalmente. Lançou um olhar ao cavaleiro de cisne, um olhar nada amistoso e viu Hyoga franzir o cenho, confuso com aquela animosidade do cavaleiro de câncer, mas isso não evitou o olhar inflamado do outro que o avaliava por inteiro dentro da armadura de cisne. Era mesmo um rapaz bonito, e Máscara da morte precisava admitir que ele estava ainda mais bonito desde a última vez em que o viu. Obviamente não era mais o garotinho choroso obrigado a lutar com o próprio mestre. Hyoga de Cisne era um homem agora, um homem que demonstrava por sua postura que possuía um objetivo: recuperar o tempo perdido junto a Andrômeda.

Por alguns instantes, Shun ficou olhando de um para o outro sem saber o que dizer. Estava aliviado por ver Angelo de volta; estava feliz por vê-lo vestido na armadura de ouro. Contudo, percebia o clima tenso e a forma como ele encarava Hyoga. O que o namorado estaria pensando?

Deixou o lado do Cisne e caminhou até ele com um sorriso nervoso nos lábios. Era natural que ele sentisse ciúmes, tentava ponderar, e não alimentaria esse sentimento.

— Que bom que voltou. Você salvou a deusa — parabenizou com a sua voz meiga de sempre. — Onde esteve durante todo o dia?

— Esperava que eu não voltasse? — Máscara da morte indagou, brusco, e riu — Fui apenas dar uma volta, piccoli. Não sou do tipo que foge. — sorriu, encarando Hyoga novamente. — Mas parece que você não teve tempo para sentir minha falta...

— Quê? — Shun lançou um olhar a Hyoga e voltou a encarar o namorado — Não é nada do que está pensando... — murmurou, surpreso.

— E o que seria então?

O cavaleiro de Andrômeda mordeu os lábios e depois suspirou.

— Podemos conversar em outro lugar?

Io prefiro conversar aqui mesmo! Tem alguma coisa a esconder, Piccoli? — irritou-se, câncer.

— Angelo... — Shun murmurou, encarando-o no fundo dos olhos, magoado. — Por favor, podemos conversar sozinhos?

Máscara da morte lançou um novo olhar a Hyoga por cima do ombro de Shun. Depois puxou o mais novo pela cintura, para que ele o acompanhasse, fosse lá para onde ele quisesse. Era melhor sair dali antes que enfiasse um soco naquele rostinho pedante do russo.

— Vamos — disse somente, e saiu arrastando Shun, a mão possessivamente em sua cintura.

Hyoga ficou observando a cena confuso. Estava vendo realmente aquilo? Shun e Máscara da morte? O que aconteceu a Andrômeda na sua ausência? Será que a dor foi tão forte que ele foi capaz de se unir àquele psicopata? Balançou a cabeça. Não importava, estava ali para resolver finalmente o passado e talvez ter uma nova chance no presente. Não desistiria. Estaria esperando a oportunidade que a vida lhe desse e resolvendo finalmente todas as suas questões do passado.

Continua...

 

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Leitores do meu coração,

Acabei de publicar meu primeiro conto no Amazon.com e gostaria de divulgá-lo entre vocês, para os interessados ;)

 

 

[SINOPSE]Numa época de trevas e depravação em que as forças mais poderosas eram a superstição e o medo, a pureza deveria ser não apenas combatida, mas... convertida. Luxúria, traição e morte numa história tão erótica quanto profana. Sebastian é um demônio com uma missão: tentar, enlouquecer e perverter um jovem monge.

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Obrigada desde já a todos aqueles que incentivarem.

Beijos no coração!

Sion


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Notas finais do capítulo

OBRIGADA A TODOS QUE LERAM EM ESPECIAL AOS QUE DEIXAM UM COMENTÁRIO QUE ALEGRA A VIDA DA AUTORA!

SION NEBLINA