Possible love escrita por Sion Neblina


Capítulo 1
Doloroso recomeço


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores aventureiros,

Essa fic traz um par inusitado. Espero que gostem.

Boa leitura.



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Doloroso recomeço

Capítulo 1

Entrou no quarto e fechou a porta atrás de si. Um soluço ocupou sua garganta ao mirar a cama feita e o quarto vazio. Apoiou-se na porta e fechou os olhos. O cheiro dele ainda estava ali, então sair dali, deixar aquela casa, aquele quarto que tinha tanto dos dois... Era desesperador. Já havia chorado, aliás; fazia um mês exatamente naquele dia, um mês inteiro de lágrimas. Sua expressão estava cadavérica, sua pele ainda mais pálida e os olhos envoltos em olheiras; ele que sempre foi magro parecia, a quem o visse agora, que estava à beira da morte.

Deslizou as costas pela porta até se sentar no chão de madeira, não conseguindo se controlar e chorou novamente. Ouvia os murmúrios atrás da porta, mas não tinha vontade e nem condições de saber o que eles falavam; o que sentia era apenas dor.

— Ele não pode continuar assim, não pode! — grunhiu Ikki andando de um lado a outro — Se continuar assim vai ficar doente! Só o Shun pra ser estúpido o suficiente para morrer de amor!

— Ikki, tenha calma, não podemos forçá-lo a deixar a mansão. Temos que respeitar o tempo dele. — Falou Shiryu que estava ao lado de Seiya, apoiado numa das janelas.

— E o que espera que façamos, Shiryu? — ralhou fênix — Ele está acabado, destruído! Quer que cruzemos os braços?

— Eu concordo com o Ikki. — Volveu Seiya — Se o Shun continuar assim...

Pégasus não concluiu o raciocínio, não precisava. Saori suspirou e mirou o cavaleiro de fênix.

— Ainda assim é uma escolha dele.

— Qual escolha? Definhar até morrer por causa daquele pato desgraçado?

Saori calou-se por um tempo. Entendia as atitudes de Ikki e, de carta forma, também estava magoada com o comportamento do cavaleiro de cisne.

— Ikki, você precisa se acalmar, ficar desse jeito não ajudará o Shun. — Disse depois de um tempo, quando Seiya e Shiryu saíram, cansados de argumentar em vão com o mais velho.

— E como a senhorita gostaria que eu estivesse? — Irritou-se Fênix – É meu irmão quem está dentro desse quarto, sofrendo porque aquele pato maldito deu o fora nele...

Ikki se interrompeu, porque Shun abriu a porta do referido quarto. Ruborizou, encarando o rosto molhado e avermelhado do mais novo.

— Eu vou com você, Ikki. — Falou baixinho o mais jovem, passando por fênix e Athena — Vou fazer minhas malas.

Saori encarou seu cavaleiro e amigo de maneira condoída. Shun estava sofrendo profundamente, e ela nada podia fazer. Ikki também sofria muito com o estado lastimável em que o irmão se encontrava, era visível; e a deusa sabia que, em algum lugar da Sibéria, Hyoga também sofria.

Fênix estava partindo à Grécia onde iniciaria um rigoroso treinamento junto aos cavaleiros de ouro, mas especificamente, junto ao cavaleiro de ouro da sexta casa, e achava que deveria ter o irmão ao seu lado. Era inadmissível a ele partir para a Grécia com Saori e deixar Shun no estado em que se encontrava depois da partida repentina do cavaleiro de cisne.

Saori preferiu não se envolver naquele problema, somente seguir como intermediadora. Não queria se envolver e nem escolher lados, queria apenas que toda aquela dor fosse embora. Haviam derrotado Hades, pensara que depois disso, tudo estaria bem, mas as coisas só pareciam piorar a cada instante. Shiryu voltaria para Rozan à procura de Shunrei, Hyoga foi para a Sibéria sem nenhum motivo aparente. Não sabia até quando o grupo de amigos permaneceria realmente isso: um grupo de amigos.

“ Não, Saori, ele quis apenas se livrar de mim...”

A voz de Shun ecoou em seus pensamentos e a jovem deusa suspirou. Queria dizer ao rapaz que aquilo não era verdade, que o russo o amava e deveria ter tido um bom motivo para fazer o que fez, mas não conseguia; simplesmente porque, não entendia os motivos de Hyoga.

— Não é justo... — o murmúrio de Ikki a despertou dos seus devaneios — Por que ele abandonou o Shun no momento que ele mais precisava? Justo depois de tudo que ele passou? — a voz do cavaleiro de fênix era profundamente dolorida e revoltada.

Havia somente alguns meses desde que Ikki descobrira sobre o relacionamento de Andrômeda e Cisne. Ao contrário do que todos pensaram, Fênix não pareceu surpreso e nem fez nenhum escândalo. Em vez disso, mostrou-se introspectivo como sempre, sem deixar que fosse lá o que pensasse escapasse dos seus olhos. Apenas chamou Shun a um tempo num canto e perguntou de maneira séria e preocupada:

— Ele te faz feliz?

Shun ruborizou e baixou o olhar para os pés, acenando positivamente com a cabeça. Estavam na pequena estufa da mansão Kido, e eles sabiam que todos esperavam aflitos pelo término da conversa.

Ao ver o aceno positivo do mais novo, Fênix apertou os lábios numa expressão de preocupação e angústia, mas nada falou que desanimasse o menor.

— Então tudo bem, Shun. Eu não faço objeções — falou seco.

Os grandes olhos verdes se voltaram para ele.

— Não mesmo?

— Não, Shun. Depois de tudo que você passou, o que mais desejo é que seja feliz.

— Obrigado, irmão! — Shun se atirou nos braços de Ikki que o abraçou e afagou-lhe os cabelos sedosos. Fênix cerrou os olhos, sentindo uma estranha angústia no peito. Algo lhe dizia que aquela história poderia não acabar bem para o menor e isso o preocupava. Sabia que Hyoga era uma pessoa terrivelmente emotiva e muitas vezes instável. Até aquele momento o temperamento do russo lhe parecia até interessante, era divertido vê-lo sair do sério, perdendo aquela pose que ele adorava demonstrar. Entretanto, agora seu irmão estava envolvido na história e não queria de forma alguma que Shun se magoasse.

Quando eles deixaram a estufa, os três cavaleiros de bronze e a deusa os esperavam na sala. Hyoga olhou para o rosto tranquilo de Shun e depois para Ikki, meio sem jeito e ruborizado. Sem saber que reação tomar naquele momento.

— Pato, vem comigo, agora é sua vez.

Ikki dissera e o loiro se submeteu a obedecer às ordens de fênix. Dando um leve beijou nos cabelos de Shun ao passar por ele. Era como se fosse uma obrigação. Shun era de certa forma responsabilidade do mais velhos dentre os cavaleiros de bronze e teria que escutá-lo mesmo correndo o risco de perder as estribeiras, como fênix sempre conseguia fazer consigo.

Saori se lembrava bem daquela cena, embora nenhum dos dois, nem Ikki e nem muito menos Hyoga, tenham comentado o conteúdo da conversa que tiveram, tudo pareceu se resolver em paz. Entretanto, ela percebia um clima tenso na mansão. Alguns dias depois, Ikki declarou que viajaria, como sempre, sem dar muito detalhes de como ou pra onde. Alguns meses depois a guerra santa começou.

A deusa se aproximou do cavaleiro de fênix que estava apoiado de costas para ela, de frente à janela onde se via o pôr-do-sol, e tocou-lhe o ombro com carinho.

— Eu sei o quanto está sendo difícil pra você, Ikki...

— Não, você não sabe. — respondeu ele num quase sussurro baixando a cabeça.

Saori sorriu de leve.

— Sei sim. Você confiou no Hyoga, lhe entregou seu bem mais precioso, ele não podia fazer o que fez...

— Eu só queria entender o porquê.

A deusa guardou silêncio. Ikki se afastou dela, respirou fundo consertando o semblante.

— Vou ajudar Shun com a bagagem, quero partir amanhã mesmo.

— Sim, faça isso. — volveu Saori — Eu vou pedir para o Tatsumi que faça os preparativos da viagem.

Fênix seguiu pelo corredor e Saori ficou mirando enquanto seus passos decididos se afastavam em direção ao quarto do irmão.

Quando Ikki chegou ao quarto, Shun havia terminado de fechar uma pequena mala de couro, enquanto enxugava incessantemente as lágrimas que continuavam a descer.

— Shun, não acha que já é hora de parar de chorar? Já faz um mês que aquele... — respirou fundo para não xingar o cavaleiro de cisne — Que ele foi embora.

Shun não respondeu; era sempre assim desde que o russo partiu. Ele preferia ignorar os comentários, porque simplesmente não conseguia parar de chorar. Sentia-se a pior pessoa sobre a terra, a mais vil, mais suja e não queria que Ikki soubesse o que pensava ou o irmão ficaria ainda mais angustiado do que já estava.

— Irmão, posso pedir um favor a você?

O mais velho apenas assentiu com a cabeça.

— Quando chegarmos à Grécia, você me promete que nunca mais vai falar do Hyoga? Nem bem e nem mal? Vamos esquecer esse nome, certo?

Fênix quase deixou transparecer um sorriso. Esforçou-se para não fazer isso, já que magoaria Shun, mas estava muito feliz naquele momento, aquilo era sinal de que o irmão tentaria tocar em frente sua vida. Havia um mês que assistia impotente o mais novo definhar de amor e sofrimento por alguém que não o merecia e Shun nunca pareceu querer sair daquele ciclo de autodestruição até aquele momento.

— Prometo irmão.

Andrômeda tentou esboçar um sorriso; saiu uma careta, mas Ikki entendeu.

— Vou tomar um banho e tentar dormir um pouco. — declarou o Amamiya mais jovem.

— Você tem que comer alguma coisa, Shun, está magro demais.

— Estou bem, mais tarde eu como sim, eu prometo.

Fênix se aproximou e afagou-lhe o cabelo com seu jeito rude, mas protetor. Shun viu o irmão sair e fechou a porta, logo tratando de pegar uma toalha e seguir para o banheiro.

Tomou um banho demorado, mergulhado em angústias e lembranças do passado. A água fria espantando as lágrimas quentes que insistiam em não abandoná-lo. Seus olhos já reclamavam por causa das lágrimas, ardiam e ficavam irritados o tempo todo; precisava terminar aquilo, precisava!

Cobriu o quadril com a tolha e voltou para o quarto. Vestiu-se com um pijama leve e se sentou na cama, pensativo. Há vários dias não tinha sono. Obrigou-se a se deitar na cama e fechar os olhos; queria que todas as lembranças sumissem! Queria ser novamente possuído por Hades para que nenhuma dor o assaltasse.

Arregalou os olhos verdes. Não, não queria! Lembra-se de Hades, da guerra e tudo que ela lhe trouxera era doloroso como poucas coisas foram em sua vida. Foi aquela maldita guerra que mudou tudo. Aquela maldita guerra tirou a pessoa que amava de si. Tinha certeza que foi ela e... Hades quem fez Hyoga deixar de amá-lo.

“ Não se engane, Shun, nada estava bem. A guerra santa só serviu para mostrar ao Hyoga que não era você quem ele queria em sua vida...”

Ouviu seus sábios pensamentos, impotente. Eles tinham razão. Sentou-se na cama, ajeitando os cabelos atrás das orelhas e depois se ergueu, abrindo a porta do quarto.

Ikki estava sentando no parapeito da janela e parecia mirar o nada. O mais velho dos Amamiya também estava abatido. Fênix carregava nas costas o peso do seu sofrimento, mas em silêncio.

— Ikki... — a voz de Shun sobressaltou o mais velho que se levantou, se aproximando rápido do irmão.

— Estou pronto pra ir, poderíamos ir hoje mesmo?

Fênix coçou os cabelos azulados em dúvida.

— Shun, a viagem é longa e a Saori já combinou que partiríamos amanhã.

Andrômeda suspirou pesadamente.

— Ikki... Eu preciso sair daqui agora, não suporto mais ficar aqui... — Implorou — Por favor...

O mais velho passou a mão nos cabelos do mais novo.

— Vamos para o meu apartamento. Encontramos a Saori amanhã logo cedo, o que acha?

— Vou pegar minhas coisas, você pega um dos carros da fundação, não há como levar a mala em sua moto.

Ikki acenou e se afastou em direção as escadas. Shun soluçou e respirou fundo. Não era justo com seu irmão e seus amigos, precisava reagir.

Seguiu com Ikki para o pequeno apartamento que ele possuía no centro da cidade. Dormiu na cama do mais velho com ele lhe velando o sono e rezando para que aquela dor um dia acabasse, ou ele mesmo se encarregaria de matar Hyoga.

No dia seguinte, bem cedo, deixaram o Japão. Chegaram ao santuário numa manhã nublada, depois do avião ter feito algumas paradas.

Assim que avistou as ruínas gregas, Shun sentiu algo estranho e uma espécie de nostalgia. Já havia algum tempo desde que tudo havia acabado e há muito não via nenhum dos cavaleiros de ouro, embora Ikki, de vez em quando, falasse neles, sobretudo, em Shaka.

O leonino estava passando por um período de treinamento com o loiro da sexta casa e aquilo parecia lhe fazer bem. Ele estava mais leve, menos taciturno e isolado e também conversava um pouco mais. Parecia que suas feridas internas começavam a cicatrizar, isso deveria ser causado pela disciplina e a meditação.

Quando o avião da fundação GRAAD chegou, dois cavaleiros os esperavam. O grande mestre Saga e o próprio Shaka de Virgem.

Shun observou espantado, quando Ikki cumprimentou o loiro respeitosamente e o chamou de mestre. Aquilo era mais que espantoso para qualquer um que o conhecesse. Percebia que o irmão estava mais amadurecido e menos hostil.

— Não pensei que viveria para ver algo assim. — sussurrou Shun para Saori que soltou um risinho divertido.

— Eu também não. — tornou num sussurro a deusa — Vejo que aceitei em pedir a Shaka que o treinasse. Acho que o Ikki está um pouco, bem pouco, mais sociável.

— Ele sempre respeitou muito a força do Shaka. — concluiu o menor e Saori sorriu.

Alguns servos pegaram as bagagens enquanto Athena seguia para o terceiro templo. Fênix avisou a Shun que caso ele quisesse poderia ficar com ele em sua casa na vila de Rodório.

Shun estranhou o motivo que levava o irmão a não querer ficar no santuário, mas depois pensou que aquilo se devia a personalidade esquiva e solitária dele e acabou aceitando. Seria bom não ficar o tempo todo com a sombra de uma nova guerra nas costas. Nunca mais queria participar de uma guerra.

Sua rotina diária foi um assunto tratado pessoalmente por Saori e Ikki e, como não se sentia animado para questionar nada, mesmo que isso não fosse mesmo do seu feitio passivo, deixou que eles resolvessem tudo.

No período da manhã e ajudaria nas aulas da criançada do jardim de infância, a tarde seguiria sua rotina de cavaleiro, treinando alguns aspirantes, ficando com a noite livre para fazer o que quisesse. Shun suspirou com esse pensamento; não queria a noite livre, não queria ter tempo nenhum livre em sua vida para ficar pensando bobagens, mas não tinha muita opção, então resolveu que aproveitaria a noite para estudar.

Chegaram à casa que era pequena e que, na verdade, ficava bem afastada da vila, bem mais próxima ao mar propriamente, já à noite. Comeu porque o irmão insistiu para que o fizesse, ainda assim, muito pouco. Percebeu que Ikki também mal tocara na comida. Como estava exausto, dormiu quase que automaticamente ao se deitar na cama e sonhou com Hyoga, com o dia em que ele resolveu ir embora.

“Você não tem culpa, Shun...”

“O que eu fiz? Por que está me deixando?”

“Você não fez nada, por Athena!”

“Então por que? Deve haver algum motivo...”

“Porque é preciso. Eu não quero magoar você...”

“Já está me magoando! Por Athena, Hyoga! Você tem que me dizer o que eu fiz!”

A essa altura Shun já estava às lagrimas e o russo se mostrava profundamente perturbado.

Hyoga, estava tudo tão bem...”

“Deus, Shun! Nunca esteve bem! Eu não mereço você...”

“Não fala isso! Gritou – Isso é a pior coisa que você poderia me dizer nesse momento!”

“ Shun, eu... perdoe-me, mas não posso ficar. Não há nada pra mim aqui.”

Acordou chorando novamente. Abraçou-se ao próprio corpo, soluçando. Ficou assim por um tempo e depois puxou um copo d’água que estava ao lado da cama em uma banqueta e tomou um gole tentando se acalmar. Tentou voltar a dormir.

A noite era sempre a pior parte do dia. Os pesadelos o acompanhavam desde o final da guerra santa e foi também a partir daí que o cavaleiro de cisne começou a ficar estranho, deprimido e a se isolar. Antes, eram muito companheiros um do outro, amigos antes de tudo; seu amor por ele era um amor de devoção e nunca pediu nada em troca. Então, quando ele se confessou e pediu para que ficasse com ele, achou que estava no céu; mas bem que Shaka dizia, segundo sua crença, que o céu era o lugar mais propício para uma queda no inferno.

A tentativa de dormir foi em vão, viu o dia clarear pela janela do quarto. Quando Ikki acordou, Shun já estava de pé, pronto para ir ao santuário em uma calça e túnica de algodão, que levava um cinto de couro na cintura.

— Bom dia, irmão. — Ikki cumprimentou e seguiu para o banheiro, enquanto Shun colocava a mesa do café.

— Bom dia. — ele sorriu.

Ikki voltou minutos depois já banhado e vestido.

— Dormiu bem? — indagou enquanto pegava a caneca de café fumegante sobre a mesa.

— Pouco. — confessou o menor — Acho que estou ansioso por causa da turma...

“Merda nenhuma...” pensou Fênix, mas nada disse, continuou tomando o café calado. Shun se sentou e resolveu comer nem que fosse um pouco só para satisfazer o irmão. Estava muito abatido, com olheiras e ainda mais magro, precisava se recuperar por Ikki, pois percebia que a cada dia o irmão se tornava mais abatido também.

Deixaram Rodório e resolveram andar pela costa do Egeu em direção ao santuário. Fazia uma bela manhã. Conversaram forçosamente sobre os treinamentos e chegaram rápido ao santuário, onde se separaram. Ikki foi para a casa de virgem e Shun seguiu para a escola infantil que Saori instalara há pouco tempo, além da ala de aspirante e que abrigava às crianças das vilas vizinhas.

Marin o recepcionou amigavelmente e lhe apresentou sua turminha. Crianças de no máximo 5 anos de idade. As crianças pareciam fascinadas com ele, e a amazona de águia informou que elas sabiam que Andrômeda era um dos cavaleiros que derrotaram Hades.

Shun sorriu, cumprimentou um a um, perguntando-lhe os nomes e começou a aula: História.

A manhã passou rápido como todos os momentos agradáveis. Shun adorou sua estréia como professor. Sorriu de verdade depois de muito tempo. As crianças eram doces e atenciosas, todas quiseram dividir o lanche com ele, que claro, recusou, educadamente. Suspirou pensando que mesmo ali naquele ambiente espartano, criança era sempre crianças: puras, inquietas, sinceras. Quem dera todos fossem assim.

Quando a aula chegou ao fim, ele recolheu as cartilhas e se despediu de cada um deles. Depois começou a empilhá-las para guardar no armário de metal da sala de aula. Tentava se equilibrar com as 15 cartilhas enquanto abria o armário; foi quando sentiu um cosmo poderoso se aproximar. Poderoso e agressivo.

Seu susto foi tão grande que ele se voltou rápido deixando as cartilhas caírem, mas elas não chegaram ao chão, pois alguém muito rapidamente as segurou... Todas.

Shun ergueu os olhos para o rosto do cavaleiro de ouro que resmungava.

— O assustei, bambino? A voz grave ecoou em seus ouvidos. Shun piscou confuso e sem jeito pela proximidade do cavaleiro de ouro.

— É mudo por um acaso? — insistiu o homem sem paciência.

— Eu... é que... — Andrômeda gaguejou sem conseguir formular nenhuma frase.

Cáspita! Perché gagueja tanto?! — reclamou o italiano — Não sou um monstro, um fantasma ou seja lá o que for! — continuou mal humorado abrindo o armário e jogando as cartilhas dentro dele.

— V-Você é o Máscara da Morte! — exclamou Shun trêmulo — Não sabia que... que você...

— Voltei do inferno? — riu alto — Voltei sim e Athena me aceitou, tem algo contra isso, piccoli?

Continua...


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Notas finais do capítulo

Piccoli é pequeno em italiano. Acho que a pronúncia é pícolli.
Obrigada a todos que leram e gostaram, mas Camila, essa é especialmente para você.
Beijos a todos.
Sion Neblina
Postado em 22/12/2011