Amor De Gato escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 30
O desafio de Felicius




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Magali tinha voltado ao seu lugar bem a tempo das trombetas soarem anunciando o terceiro desafio. Ela e Fidélius esperavam ansiosamente por Felicius, que entrou na arena junto com seu concorrente. O terceiro desafio era uma espécie de caçada e captura.

- E eles vão caçar o que?
- Um animal conhecido aqui como gato-das-planícies. É o animal mais rápido e ágil de todo o reino. É praticamente impossível capturá-lo e é preciso habilidade extrema para ter algum sucesso.

A arena foi reformulada novamente para o terceiro desafio. Havia várias pedras, rochas, buracos e outros locais onde o pequeno gato podia esconder. Também havia uma área aberta, que ao invés de facilitar dificultava ainda mais já que o gato era muito veloz e apanhá-lo em terreno aberto era quase impossível por causa da sua agilidade e velocidade. Somente os gatos mais ágeis e velozes podiam encarar aquele tipo de desafio e Felicius era um deles.

Dois homens levaram uma jaula para dentro da arena ela pode ver o pequeno animal que tinha lá dentro.

- Oin, que fofo! Eu também vou querer pegar!

Ele era do tamanho de um gato doméstico, mas com grandes orelhas que tinham tufos de cabelo no final, uma espécie de cabeleira macia ao redor do pescoço e uma longa cauda que terminava em um pompom. Seus olhos eram grandes e brilhantes e ele tinha um aspecto fofo e amigável. Parecia até aqueles gatinhos de anime.

- Podem soltar o animal! – Fidélius ordenou e o gato foi solto em seguida.
- Ah, eles não vão matar o coitadinho não, né?
- Infelizmente não. Que coisa mai sem graça! – Teigr falou, com pouco caso. Aquilo era só um saco de pulgas que podia ser encontrado facilmente por aí.
- Ai, seu desalmado! Aposto que você nem deve ter namorada de tão insensível que é!
- O que foi que você disse?

Fidélius teve que virar a cabeça de lado para esconder o riso. Aquela moça tinha tocado no ponto fraco do seu irmão. Era realmente difícil ele conseguir alguma gata por causa do seu gênio terrível. Era raro seus namoros passarem de um mês.

- Silêncio vocês dois, o desafio vai começar!

Ele voltou a sentar, emburrado. “Humpt! Como ela ousa falar comigo desse jeito? Quando eu for rei, ela vai ver só uma coisa! Irei arranjar a rainha mais perfeita de todo o reino e também sete... não! Oito concubinas só para a minha diversão. Aí eu vou querer ver essa impertinente falar que eu não arrumo ninguém!”

- Escuta, melhor você sentar mais perto de mim... – ele falou ao ver o irmão rindo freneticamente sem motivo nenhum. Teigr podia ser meio maluco às vezes...

***

Depois que o animal foi solto, os dois concorrentes tiveram que esperar por um tempo até que ele pudesse se esconder e só então começaram a caçada.

Felicius pulava e saltava entre as pedras, procurando pelo gato-das-planícies. Aquele animal era realmente rápido e se escondia muito bem! Seu oponente também procurava pela presa e o rapaz viu que ele era um caçador experiente, com muitos anos de treinamento. Bem, ele também não era nenhum amador.

“Aí está você!” ele pensou ao avistar o pequeno gato andando entre as pedras e correu para tentar pegá-lo. Seu oponente também o viu e acabou lhe dando uma trombada, passando a sua frente. Para sua sorte, o gato escapou e conseguiu se esconder.

Fidelius assistia a tudo sentindo vontade de esganar o irmão. Pelo visto ele estava disposto a jogar sujo!

“Droga, será que eu vou ter que enfrentar esse cara também? Que assim seja!” ele também tinha alguns truques na manga, aprendidos com o Cascão em suas aulas de parkour.

Quando seu oponente tentou lhe dar uma rasteira, ele desviou agilmente, para orgulho do pai e continuou a caçada.

- Haha! Fui eu quem ensinou aquilo para ele! – Cascão falou orgulhoso ao ver Felicius colocando em pratica suas lições de parkour.

Eles tentaram encurralar o animal e ele acabou escapando para a parte aberta. Felicius corria atrás dele o mais rápido que podia, mas o gato era muito ágil e veloz. Nenhum os dois teve sucesso no terreno aberto e o pequeno gato acabou voltando a se esconder entre as pedras.

Aquilo prometia durar horas e o desafio só acabava quando um dos dois capturava o animal ou quando ambos caiam de cansaço. O que viesse primeiro.

***

- Nossa, parece que o príncipe gatz tá com dificuldade! Aquele bicho é mais escorregadio que leitão ensaboado!

Cebola tentou pensar em algum plano. Talvez construir alguma armadilha? Sem chances, não havia nada na arena que pudesse ser usado e Felicius não podia bobear com o seu oponente.

- Hum... aqui tem a informação sobre o gato-das-planícies... fala que ele é um animal muito dócil e amigável, mas também muito ágil e difícil de capturar. – Franja foi lendo um livro que tinha na sala, repleto de informações sobre aquele pequeno animal.
- Curioso... por que eles colocaram um animal tão dócil e amigável como caça?
- Boa pergunta, DC...

Ele ficou coçando o queixo, pensativo. Aquele desafio não era o que parecia ser e só alguém como ele podia ver isso. Aquele animal não era para ser capturado como uma caça. Aliás, as regras deixavam bem claro que o animal deveria ser capturado vivo e sem ferimentos. Apesar do nome, aquilo não era uma caçada de verdade. 

Os instrutores gatos tentavam pensar em alguma coisa. Uns sugeriam saltar entre as pedras, outros falavam para ele cavar buracos para tentar pegar o gato. Todos os conselhos falhavam e ele fugia rapidamente.

DC voltou a olhar as regras rapidamente, tentando tirar uma dúvida. “Hum... isso é interessante! Tive uma idéia!” ele chegou perto de um criado que estava ali para atender as necessidades de todos e sussurrou algo em seu ouvido.

- Sim, eu posso arranjar facilmente.
- Beleza. Então traz aí uma tigela bem cheia. Não economiza não, viu?

O criado saiu rapidamente para cumprir a ordem, deixando todos curiosos. O que ele estaria tramando?

- Dá para chamar o Felicius até aqui?
- Sim podemos fazer isso, mas somente uma vez! Tem certeza de que essa idéia vai funcionar?
- Claro! As regras dizem que podemos usar qualquer tipo de isca, não dizem?
- Sim, mas...
- Então tá. Já temos nossa isca.
- Nunca ninguém tentou isso antes! – outro assistente falou, espantado.
- É por isso que vamos tentar isso agora!

Seus amigos deram um sorriso. Aquela idéia era maluca, mas podia dar certo. E era bem a cara do DC. Quando O criado trouxe a tigela com o item que ele havia pedido, Felicius foi chamado e uma pausa foi declarada, já que o desafio só valia quando os dois desafiantes estavam caçando.

- O que foi? Vocês pensaram em algo?
- Pensamos sim. Chega mais! – ele pegou o conteúdo da tigela e começou a espalhar no corpo de Felicius, apesar das suas reclamações.
- O que você está fazendo? Esse cheiro vai ficar no meu corpo durante dias!
- Reclama não, rapaz. Agora volta lá e chame pelo gatinho.
- Chamar?
- É, pare de correr atrás dele como se fosse devorá-lo e tente ser mais gentil. Ele virá até você.
- Não sou eu quem deveria ir até ele?
- Quem disse que tem de ser assim? As regras falam que você deve pegar o gato, mas não falam que você é obrigado a ir até ele.
- E tome muito cuidado com o seu adversário – Cebola avisou – quando o gato chegar perto de você, ele pode tentar passar na sua frente e pegá-lo. Fique com os dois olhos bem abertos!

Felicius voltou para a arena, ainda incomodado com o cheiro daquela coisa no seu corpo. Foi como se tivessem derramado um vidro inteiro de perfume em cima dele. Pelo menos estava mantendo o oponente a distancia, já que ele também tinha ficado irritado com o cheiro.

O gato estava bem escondido em uma toca quando sentiu um cheiro muito agradável no ar. Era um cheiro tão bom, tão convidativo que ele não resistiu e arriscou dar uma olhada. Ele vinha de um daqueles sujeitos que o caçavam.

Quando Felicius viu o gato, tentou chamá-lo procurando ser amigável.

- Venha aqui, amigo, pode vir! Está tudo bem, venha!

O bichinho hesitou um pouco, inclinando a cabeça para os lados enquanto pensava se devia ou não arriscar. Mas aquele cheiro estava tão bom!

- O que seu filho pensa que está fazendo? Que idiota! Ele acha mesmo que o animal irá até ele sendo chamado?
- Cale a boca! Meu filho sabe muito bem o que está fazendo!

Eles voltaram a olhar para a arena e Magali torcia com todas as forças para que o pequeno gato atendesse ao chamado de Felicius. O que seus amigos tinham planejado? Aquilo só podia ter o dedo deles, já que os gatos jamais teriam pensado em algo tão inusitado assim.

Finalmente o animalzinho se decidiu e resolveu correr até ele.

- Ei, seu estúpido! Trate de pegar esse bicho agora! – Teigr gritou para seu campeão ao ver que o gato estava correndo na direção de Felicius.

O homem gato pulou na frente de Felicius e tentou cercar o gato-das-planícies. Felizmente o animal foi mais esperto e saltou agilmente sobre o homem, apoiando as patas em sua cabeça e em seguida pulando no colo de Felicius. Com aquilo, o desafio estava acabado. Fidélius faltou pouco pular de alegria. Seu filho tinha vencido!

Magali também gritava e comemorava enquanto Teigr tinha um acesso de fúria arrancando um dos assentos do chão e jogando para longe. O público também aplaudia, feliz com a vitória do príncipe.

Quando foi anunciado o intervalo, Fidélius Fez questão de ir até a sala dos seus campeões para cumprimentar o filho e Magali foi logo atrás. Ela não ia querer ficar sozinha com aquele Lorg Teigr de jeito nenhum!

- Felicius, meu filho, você conseguiu! Meus parabéns... argh! Que cheiro é esse? Isso é... é...
- Erva de gato, meu pai. Foi idéia do DC.
- Sério? Precisava exagerar? Que horror!

A erva de gato não tinha no povo gato o mesmo efeito que tinha nos felinos domésticos. Era apenas algo aromático, que eles usavam para perfumar o ambiente. A quantidade que DC jogou em Felicius, porém, foi realmente um exagero e só Magali pode chegar perto dele para abraçá-lo, já que os humanos não sentiam o cheiro daquela erva. Fidélius e os outros gatos resolveram manter distância.

- Por que você resolveu usar erva de gato, rapaz? Nunca ninguém tentou isso.
- Exato!
- Como é?
- Majestade, digamos que DC é especialista para pensar em coisas que ninguém mais pensa, é isso. Ele sempre encontra soluções inusitadas para tudo! – Magali explicou ao ver a cara de confusão do rei. Os humanos eram mesmo criaturas fora de série!

O terceiro desafio estava ganho e os campeões de Fidélius tinham uma vantagem de dois a um. A arena foi novamente alterada para o quarto desafio e o desafiante gato estava se preparando.

- Vamos lá, Gatz, dá uma entrevista aí! Qual vai ser o seu desafio? Você tá preparado? Dá um sorrisão de gato pra câmera!

Ele não estava com muita paciência para tolerar aquela humana espalhafatosa e tagarela. Por que ele deveria lhe falar alguma coisa? Como não podia ser grosseiro com ela, ele apenas se limitou a esquivar e a sair da sala alegando qualquer pretexto que não a convenceu nem um pouco. Havia algo de errado com aquele cara.

- Tem gato nessa tumba ou eu não me chamo Denise!


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