Amor De Gato escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 14
Alquimia felina




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- Magia felina? Nunca ouvi falar. Você pode mesmo conversar com gatos?

- E curá-los também com o toque.

- Minha nossa...

Quando soube do assunto, ele logo tinha se interessado e não se importou em receber os amigos em sua casa, no sábado de manhã. Ele também tinha sido levado ao reino dos gatos e naquele dia ficou muito curioso sobre a mágica daquele povo.

Mesmo examinando a testa da Magali com cuidado, ele também não tinha visto os olhos de gato. Somente felinos podiam ver.

- Você me disse que precisa de uma poção, certo?

- É, acho que é mais ou menos isso. Alguma coisa para curar a doença do povo gato.

- Se é poção, então acho que conheço a pessoa certa para ajudar.

- Quem?

- Ramona. Lembra dela?

- É a filha daquela bruxa maluca que quase estragou a festa da Marina? – Mônica perguntou buscando em sua memória. A garota era gente fina, mas sua mãe era doida de pedra.

- Ela mesma. De vez em quando a gente se fala e ela parece conhecer muita coisa sobre criar poções e remédios. De repente...

- E será que ela vai querer receber a gente?

- Ela está nos esperando agora mesmo. Quando você me falou lá na escola sobre esse problema, tomei a iniciativa de pedir a ajuda dela. Vamos?

Ele abriu um bom portal que os levaria até a casa de Ramona. O visual dela não tinha mudado muito. Ela ainda era a moça com o cabelo meio desarrumado, que usava uma espécie de manta como capa e aqueles óculos redondos.

- Oi, gente! Sejam bem vindos e não precisam ter medo. Minha mãe não está em casa agora e vai demorar muito a chegar.

- Ainda bem! – todos suspiraram aliviados. A última coisa de que eles precisavam era de um confronto com a bruxa.

- O Ninbus falou que você precisa de uma poção para curar uma doença do povo gato, não é isso Magali?

- É sim. Eu posso usar o toque, mas são tantas pessoas e eu não consigo ajudar a todo mundo.

- Nossa, e como você consegue curar tantas pessoas num dia só? Deve ser muito cansativo! A magia para a cura gasta muita energia. Não é qualquer um que dá conta.

- Pois é. Todo dia, quando eu termino, fico um caco que só vendo. Por isso não consigo ajudar tanta gente quanto gostaria. Um remédio resolveria tudo em menos tempo.

As duas foram passear pelo jardim de Ramona, enquanto os outros esperavam do lado de fora da casa. Seria melhor que elas conversassem sozinhas.

- Por que não me fala um pouco dessa magia felina? Nunca ouvi falar. Só fiquei sabendo do povo gato porque o Ninbus contou. Eu nem os conhecia antes.

Em poucas palavras, ela falou sobre o sonho e tudo o que sabia sobre Wyn e os poderes dos olhos de gato.

- Eles falaram que meu poder tem tudo a ver com gatos. Se tem a ver com gatos, tem a ver comigo. Só que isso é tão vago, sei lá. Nem sei por onde começar.

- Talvez você devesse estudar um pouco mais os gatos. Isso ajudaria. Quanto a sua poção, eu imagino que se é para curar uma doença de gatos, você será capaz de criá-la sem problemas.

- Será? Eu não entendo nada de ervas para poções... só para chá.

- Olhe esse jardim. Não é uma beleza? Eu cuido dele com muito carinho (apesar dos chiliques da minha mãe). Tudo quanto é erva curativa está plantada aqui. São ervas, frutas, raízes, folhas, sementes... tudo o que você precisar, está aqui.

- Seu jardim é mesmo lindo, Ramona, mas eu nem sei qual dessas ervas escolher...

- Você não precisa “saber”. Precisa sentir. Dessa vez, tente usar sua intuição, ou instinto felino. Parte da sua alma é felina, não é?

- Isso é verdade, mas ainda não sei como usar minha intuição nesse caso.

- Ande pelo jardim, olhe as plantas e não pense em nada. Apenas olhe e sinta. Se sua intuição disser para usar determinada planta, então use.

- Não será perigoso? Sei lá, vai que eu pego alguma erva venenosa...

- Se confiar na sua intuição, não terá perigo. Vamos, você consegue.

Ela respirou fundo várias vezes e começou a passear pelo jardim, olhando as diversas plantas que tinha por lá. No inicio, ela ficou confusa já que olhava para as plantas e não sentia nada. Como saber se determinada planta servia ou não? Ela não conhecia nenhuma delas e muitas pareciam exatamente iguais, apesar de serem de espécies diferentes. Não, aquilo não ia dar certo.

Por que tanta responsabilidade sobre seus ombros? No reino dos gatos, ela teve que se desdobrar para salvar seus amigos e agora ela tinha que tomar decisões certas para salvar o povo gato. Por que foram escolher justamente ela?

“Eu confio plenamente em sua capacidade” aquela frase lhe veio à cabeça e ela lembrou-se de Felicius. Ele tinha lhe dito aquilo logo no primeiro desafio. Ele sempre confiou nela desde o inicio, tanto que nem teve receio de obedecer às ordens do pai e lhe sabotar durante os desafios porque sabia que aquilo não ia impedi-la de vencer.

“Você é mesmo como uma gatinha! Pode parecer pequena e frágil, mas tem muita garra aí dentro.” Aquilo realmente mexeu com ela. Como ele pôde confiar nela assim tão facilmente, mesmo sem conhecê-la? Nem mesmo Mônica tinha acreditado que ela era capaz. Só mesmo no ultimo desafio. Ele, por outro lado, confiou o tempo inteiro.

- Felicius confia em mim... sempre confiou... está na hora de eu confiar também!

Sentindo-se mais forte, ela voltou a andar pelo jardim com a mente limpa e concentrada. Pensar atrapalhava muito, então o melhor foi sossegar a mente e apenas seguir sua intuição. Bastava focar somente no seu objetivo: uma poção para curar a gripe felina. O resto viria naturalmente.

Uma planta lhe chamou a atenção. Ela parecia mais verde, viçosa e brilhante do que as outras e sem hesitar Magali pediu que Ramona pegasse um ramo daquela planta. O mesmo foi feito com outras plantas e raízes até ela sentir que aquilo bastava.

- E aí, o que conseguiram? – Mônica perguntou ao ver as duas voltando com um pequeno cesto cheio de ervas.

- A Magali já conseguiu selecionar as ervas. Agora vamos preparar a poção. Ou melhor, ela vai preparar a poção.

- Eeeeuuu?

- Sim, você. Para fazer uma poção não basta só jogar tudo num caldeirão e ferver. Cada tipo tem um jeito certo de preparar. Essa poção é para curar uma doença do povo gato, então só você vai saber como prepará-la corretamente. Calma, você consegue. – ela incentivou ao ver que Magali estava perto de entrar em pânico. – você sabe cozinhar, não sabe? É quase a mesma coisa.

Ramona cedeu seu laboratório para que ela pudesse trabalhar e a moça acabou se atrapalhando um pouco diante de tantos utensílios. Será que ela ia conseguir preparar alguma coisa?

- Escuta, como eu vou saber se a poção ficou boa? Eu não posso sair fazendo os gatos de cobaia.

- Experimente você mesma. Quando achar que ficou bom, a poção estará pronta.

Aquilo era mais fácil de falar do que dizer e foi preciso mais de uma dúzia de tentativas até que ela finalmente conseguisse descobrir o jeito certo de preparar o remédio. Em todas as tentativas, ela provava o remédio e acabava cuspindo por causa do gosto ruim. Não era somente algo físico, era algo que lhe desagradava de alguma forma que ela não sabia explicar.

Só depois de muito tempo ela conseguiu o ponto certo.

- Hum... esse aqui ficou gostoso! Só acho que falta alguma coisa... mel! Você tem mel aí, Ramona?

- Claro! Seria uma vergonha se eu não tivesse. Aqui, experimente.

O mel era o ingrediente que faltava e o remédio estava pronto.

- E aí, agora deu? – seus amigos perguntaram já cansados de tanto esperar. A qualquer momento a bruxa poderia aparecer e todos estariam fritos.

- Não sei... quer dizer, ficou gostoso, mas eu não sei se funciona.

- Você acha que funciona?

- Acho... o gosto ficou bom, agrada e me sinto bem...

- Então é isso. Você conseguiu. Agora vou anotar os ingredientes e a maneira de preparar para que você possa fazer esse remédio outras vezes.

- Boa idéia! Será que eu vou achar todas as ervas?

- Vai sim, nem é muita coisa e nenhuma delas é rara ou difícil de achar. Aposto que lá no Reino dos Gatos deve ter dessas ervas. Se não tiver, podem comprar baratinho em lojas de produtos naturais. Não tem problema se estiverem desidratadas, o efeito será o mesmo.

- Ai, nossa, nem sei como agradecer!

- Na verdade, sou eu quem agradeço. – graças aquela visita, ela pode ver um pouco o fofo do Nimbus e ajudar seus amigos lhe deu alguns pontos com ele.


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