Amor De Gato escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 13
Morrendo de cansaço




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Que soninho bom... e ela bem que estava precisando de um cochilo. Curar tantas pessoas em um único dia ainda deixava seu corpo cansado e moído. Ela estava tão sonolenta que tinha até se esquecido de onde estava.


O som de uma buzina fez com que ela quase caísse de susto. Céus, o mundo estava acabando? Será que ela tinha dormido no meio da rua e havia um carro quase passando por cima dela?


– Terra para Magali! Desça agora do mundo dos sonhos e volta para minha aula! – seus olhos abriram rapidamente e ela se deparou com o professor Licurgo bem na sua frente, segurando uma daquelas buzinas em spray. Credo, aquele homem era louco por acaso?

– O que? Heim?

– E eu não sou louco! Agora você vai me responder algumas perguntas...


Ela se esforçou para prestar atenção ao que o professor Licurgo falava, porém as palavras dele pareciam estar se embaralhando em sua mente.


– É... – droga, ela não tinha sequer entendido a pergunta, como dar uma resposta decente? Pior foi agüentar os murmúrios pela sala e algumas risadinhas. Só mesmo seus amigos ficaram com pena dela porque entendiam sua situação.

– Hum... interessante. É uma resposta concisa, porém errada! Essas coisas na sua cabeça não parecem estar ajudando muito, hã? – ele perguntou batendo em sua testa com os dois dedos no local onde estavam os olhos de gato e logo virou-se para o quadro, aparentemente esquecendo dela.


– Essa eu não entendi... você não disse que só os felinos conseguem ver essas coisas?

– Heim? Felinos? Tem gato aqui dentro?


“Pobre Magali...” ela pensou sentindo pena da amiga. O cansaço era tanto que ela nem parecia estar raciocinando direito. Estava na hora de eles fazerem alguma coisa.


***


– Ô Magali, você não vai comer nada?

– Eu não quero ração de gato hoje não, “brigada”. – ela falou ainda sonolenta e com os olhos semicerrados.

– Quem falou em ração de gato? Vixe! - Isa assustou-se. Aqueles bolinhos tinham sido feitos com os melhores ingredientes.

– Repara não, é que a Magá não tem andado muito bem ultimamente.


As outras moças resolveram ficar em silêncio. Pelo que sabiam, o namoro dela parecia estar indo mal. Não era a toa que a pobrezinha estava tão deprimida! Mais uma vez, Quim não lhe deu atenção naquele dia. Ele só a cumprimentou com um beijinho no rosto e não falou mais nada. Que grosso!


– Caraca! Se continuar desse jeito, ela vai é ficar doente!

– Você em razão. A gente precisa fazer alguma coisa. Vou falar com a Mônica para ver se dá pra a gente reunir na casa da Magali depois da aula. Ela falou que o Felicius tinha dado para ela algum texto falando sobre a tal da Wyn e eu vou querer dar uma olhada.

– Tomara que a gente consiga pensar em alguma coisa...


Os dois voltaram a olhar para Magali que continuava sonolenta e alheia ao que acontecia à sua volta. Ela mais parecia um zumbi e foi preciso que Mônica juntamente com a Cascuda a levasse até o banheiro para jogar água fria no rosto.


***


– A Magali não parece nada bem... você não vai falar com ela?

– Ela já tem os amigos e vai ficar bem. Eu estou ocupado agora. – ele voltou os olhos para o folheto. Aquele intercâmbio parecia tão promissor, tão incrível que ele se sentia capaz qualquer coisa para conseguir o dinheiro necessário. Aquilo ia fazer sua carreira decolar.

– Cara, larga isso aí um pouco e vai ver como ela está!

– Ô Xaveco, cuida da sua vida, valeu?

– Eu heim! – os outros rapazes ficaram surpresos com a grosseria do amigo. Ele nunca fora assim.

– Sujeito bobo... deixar aquela gatinha dando sopa por aí! – Titi sussurrou para o Jeremias tomando cuidado para que Quim não ouvisse. – Pena ela não se parecer muito com a Aninha...

– Sossega aí, rapaz! Em namorada de amigo a gente não mexe!

– E eu tenho culpa de ele estar deixando a menina largada por aí? – não era sua intenção tentar nada com Magali, mas aquele descaso o incomodava um pouco. Magali era uma garota legal e não merecia aquilo.


***


– Hum... isso é bem interessante. Uma pena não ter dado para você trazer o livro... isso aqui deve ter sido bem resumido.

– Ué, de que ia adiantar trazer o livro se estava numa língua que a gente não conhece?

– Isso é verdade.


Cebola continuou lendo os papeis que Magali tinha recebido de Felicius enquanto os outros esperavam em silêncio. Magali e Mônica estavam sentadas na cama e Cascão tinha se acomodado no chão mesmo e estava lendo alguns gibis que tinha visto ali perto. Coisa de menina... argh!


– Pelo que eu entendi, parece que essa tal Wyn é uma espécie de divindade felina. Tipo aqueles deuses hindus, cada um responsável por alguma coisa. O papel dela é servir de intermediadora entre felinos e humanos. Parece que é uma relação muito especial, para precisar de uma divindade que cuide disso...

– Aí fala mais alguma coisa sobre ela?

– Fala que ela é uma divindade alegre, brincalhona, irreverente e também mimada, caprichosa e algumas vezes muito avoada. Aqui também fala que ela é muito rigorosa ao escolher os humanos que a representarão na terra e seus testes costumam ser muito difíceis porque colocam a pessoa em uma situação de medo, terror e muito stress.

– Legal. Agora que a gente já sabe quem é a Gatolina, o que aí fala sobre os poderes felinos da Magali?

– Não sei se é impressão minha, ou se é algum problema com a tradução... sei lá, estou achando isso aqui meio vago. Magali, será que o Felicius não andou omitindo nada?

– Claro que não! Ele pode ter resumido um pouco porque são muitas páginas, mas não acho que ele esteja escondendo nada.

– E você confia no Gatonildo?

– Confio, claro que confio.

– Aqui diz que seus poderes são relacionados a felinos. Qualquer coisa que tenha a ver com gatos, você pode fazer. É isso que eu não estou entendendo.


Cascão levantou os olhos do gibi que estava lendo e encarou os amigos.


– Acho que não tem mistério nenhum aê não!


Todos o olharam, surpresos.


– O problema é que vocês preocupam demais com regras, acham que tudo tem que ter fórmula, receita pronta, mapas traçados... só que na vida real nem sempre é assim. Muitas vezes a gente tem que agir de improviso mesmo e as soluções aparecem na hora.

– Do que você tá falando?

– Vocês querem uma listinha pronta de tudo o que a Magá pode fazer, só que esse assunto de gatos e felinos parece ser muito vasto, sei lá. Não deve ser algo que pode ser resumido em poucas regras, então com os poderes dela deve ser a mesma coisa. Não tem uma lista definida. Só possibilidades a serem exploradas.


Certo, aquilo foi meio assustador. Cascão falando coisas profundas e inteligentes? O que mais viria a seguir?


– O Cascão pode estar certo. – Mônica falou finalmente entendendo o que ele queria dizer. – acho que tem a ver com a personalidade dos gatos. Independentes e não se apegam a regras.

– Faz sentido, mas por que a Wyn não me falou isso?

– Porque ela quer que você aprenda por si própria. Gatos são independentes, esqueceu?

– Eu não sou gato, Cê!

– Mas é a responsável por ligar as duas espécies, então precisa aprender a ter o melhor dos dois lados.

– O melhor dos dois lados... – ela repetiu, pensativa. – faz sentido. Só que eu ainda não sei como ajudar o povo gato. Eu não estou conseguindo atender tanta gente e soube que muitos até já morreram durante esses dias. Ai, gente, o que eu faço?

– Eu acho que essa gatalhada tá colocando muita responsabilidade nas suas costas. Só falta eles te culparem por essas mortes!

– Isso não, mas eu não consigo deixar de me sentir culpada.

– Pois não devia. Nada disso é culpa sua.

– Cebola, você não consegue ter nenhuma idéia não? – planos infalíveis sempre fora o forte dele. Por que justo daquela vez ele não conseguia pensar em nada?

– A idéia que eu tive foi a de criar um remédio, algo que pudesse ser feito em grande quantidade... só que eu nem tenho idéia de como fazer isso.


Ela ficou cabisbaixa, sentindo pouco de desanimo. “Se tem a ver com gatos, tem a ver com você” ela lembrou-se das palavras de Melyn.


– Se tem a ver com gatos, tem a ver comigo...

– Heim?

– Lembram daquele sonho que eu tive com a Wyn? O gato amigo dela me falou isso. Nossa, nem tava lembrando mais. Pensa, gente: o remédio é para curar uma doença de gatos. Quer dizer, eles são meio gatos, né? Então, quem sabe eu não consigo criar um remédio para eles?

– E como você vai saber quais ingredientes colocar nesse remédio? – Cascão perguntou, curioso. – você entende de cozinhar, não de fazer poções.

– Nimbus... Por que não pensei nisso antes? Ô Magali, você falou que esses olhos de gato tem um lance com a magia felina, certo? Então se é magia, o Nimbus deve poder ajudar!


A idéia foi tão boa que Mônica acabou estalando um beijo na bochecha dele, deixando o rapaz com um grande sorriso no rosto. Queimar os neurônios tinha valido a pena.


– Cê, você é um gênio! Vamos logo procurar o Ninbus, ele deve saber o que fazer.

– Hoje não! Eu ainda tenho que ir ao reino dos gatos. Que tal no sábado? A gente pode marcar com ele amanhã, lá na escola. Ai, tomara que ele possa ajudar mesmo, viu? Tô tão aflita!

– Sossega, Magá. A gente acaba dando um jeito.


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