Amor De Pai escrita por Little Flower


Capítulo 9
Se aproximando


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a todos os meus leitores, por seus reviews carinhosos e elogiosos. E por acompanhar a história. Sou muito grata mesmo...
E cheguei aos cem reviews, na verdade cento e um!Isso para mim é incrivel e especial!Obrigada de coração!
Boa leitura...

Capítulo atualizado em 02/03/21



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[Edward]

 

Bella e eu respirávamos com dificuldade quando nos separamos. Ela por uma necessidade humana e eu pelo momento intenso.

Fiz de seu coração veloz o eco do meu, conseguia sentir o martelar ruidoso contra meu próprio peito, tanto pela proximidade quanto pela emoção. Havia esperado aquele momento desde o instante em que fui embora pela segunda vez, e depois da notícia que ela tinha partido para sempre julguei jamais ser possível tê-la novamente em meus braços, sentir seu calor, beija-la.

Mas minha Bella estava viva! E estávamos juntos mais uma vez.

A tirei delicadamente de cima de mim e a depositei ao meu lado, evitando encará-la no processo. Não acreditava ser capaz de lidar com sua rejeição ou fúria — o que era totalmente justo. Tendo em vista sua falta de memória sobre mim.

Ao mesmo tempo em que queria gritar aos quatro cantos de felicidade, eu também queria me auto flagelar por aquele ímpeto irracional. Bella poderia mudar de ideia, embora seu discurso de pensar em nós como boas pessoas fosse sincero, talvez repensasse depois de sentir minha temperatura esquisita e ser praticamente atacada por mim, eu não a culparia em querer sair correndo para longe. Me considerando um insano.  

Em minha defesa, minha família não devia ter permitido que ficássemos a sós.  

— Bella — comecei num sussurro, temeroso, ainda sem olhá-la diretamente. — eu... eu, me desculpe por isso.

Ela fechou os olhos numa expressão indecifrável e meneou a cabeça. 

— Tudo... tudo bem, Edward. — gaguejou — Eu gostaria de ficar um instante sozinha, por favor... — pediu ela. E embora fosse esperado, aquilo me machucou, me levantei no mesmo instante e caminhei para fora do quarto sem olhar para trás. Desci as escadas lentamente, cabisbaixo. 

Viu o que você fez, idiota? É ela quem vai embora agora... Minha consciência acusou cruelmente. E ela estava certa. 

“Edward, você enlouqueceu?’ disparou Alice assim que pisei no primeiro andar, se materializando na minha frente. Os braços cruzados.

Sacudi a cabeça soltando um longo suspiro. 

Eu poderia ter estragado tudo. A assustado de vez. E a aflição de Alice apenas fazia piorar. Minha filha aguentaria ver a mãe dizendo adeus? 

Eu devia ter agido de forma diferente, controlado minhas vontades.    

— Tudo certo com Bella, filho? — perguntou Carlisle, preocupado. Embora ele estivesse ciente do que tinha acontecido, todos ali tinham ouvidos aguçados. 

Relanceei entre o olhar condescendente dele e o fulminante de Alice.

— Eu apenas espero não ter arruinado tudo.

Meu tom angustiado despertou o lado condescendente de minha filha, que prontamente sem dizer uma palavra, e sem fazer a mínima ideia do inferno dentro de mim, saltou do sofá que compartilhava com Rosalie e enlaçou seus bracinhos ao redor de minhas pernas, me confortando.

Como eu a amava minha pequena híbrida.

[...]

Após colocar Renesmee na cama e de Charlie e Bella se retirarem para uma conversa — cujo eu temia mais que qualquer outra coisa — fiz o mesmo com uma Alice ainda inconformada. Tive que lidar com os chiliques da baixinha. E depois de um tempo acabou se esquecendo do meu deslize, achou muito mais interessante tentar desvendar os mistérios que cercavam o retorno de Bella. 

— Eu ainda acho estranho não ter tido nenhuma visão antes de Bella “voltar”. Isso é tão esquisito, Edward!

— Você acha que eu não sei? Se eu fosse um humano, eu estaria resmungando de enxaqueca. 

— É como se ela realmente não existisse mais e do nada ‘retornado’ dos mortos. Isso não é possível. Não faz sentido.  

Concordei com a cabeça. 

— A única forma de você continuar “vivo” após a morte é se transformando em vampiro. Coisa que não aconteceu, obviamente.  

Soltei um suspiro.

— Exato, ela ainda é humana. E normal. 

— Sim, é verdade. — o tom sério deixou sua voz ao continuar — Mas me diz, você ainda fica louco com o cheiro dela? — Alice esboçou um sorriso insinuante. 

— Não é isso que está em questão no momento, Alice. — revirei os olhos, me esquivando da pergunta. Porém gritando em pensamento: “você não faz ideia em como ele deixa...”.

— É tão obvio! — desdenhou bufando, a expressão ainda provocadora. A baixinha ganhou outra revirada de olhos de minha parte.

Ela riu, divertida. 

— Podemos voltar ao assunto principal, por favor?

— Ok, ok. La Tua Cantante... — ela soltou mais outra sonora risada antes de trazer novamente ao assunto de antes — Deve existir uma explicação para que ela não se lembre de Nessie ou de nós.     

— Eu acredito em você, mas o problema é se um dia iremos descobrir tudo isso. 

— Vamos crer que sim... Afinal de contas... — ela se interrompeu e seu olhar ficou vidrado, o corpo paralisado. Acompanhei a sequência de cenas através de sua mente enquanto ela tinha a visão. 

— Ela mudou de ideia mais uma vez. 

Trocamos um olhar cumplice e sorri largamente.

— Como eu estava dizendo... Afinal de contas o que importa é que ela voltou para nós. — ela concluiu, radiante.

[...]

Após conversar com Bella, Charlie nos garantiu que ela não se lembrava de ter concluído o ensino médio, portanto seu ingresso na escola em que frequentávamos se tornou prioridade. Nossa história não podia conter furos. Indo contra o que havíamos arquitetado antes, esclarecemos que ela estava ali para nos visitar e estudar, pois queria passar uma temporada longe de Forks.

A explicação pareceu convencê-la totalmente e nem mesmo o “acontecido” entre ela e eu impediu que escolhesse ficar conosco. Eu tive que reprimir o suspiro de alivio quando ela declarou aquilo. Mas o sorriso satisfeito não deixou meu rosto ainda assim. O fictício incidente a deixou de fato desnorteada e ela contava com nosso auxilio quanto a esse problema. Um problema inventado.

Não podíamos simplesmente dizer-lhe: Bella, você morreu há dois anos depois de dar à luz uma criança metade humana metade vampira, e por alguma razão desconhecida por todos nós você retornou dos mortos com 50% de sua memória arrancada. E a propósito, minha família e eu somos vampiros, sou o pai de sua filha, você é o amor de minha existência e eu te amo.

Um resumo arrebatador e totalmente fora de cogitação.  

Um deslize que fosse nos colocaria em um fogo cruzado. Era nítido que seria desafiador possuir respostas para seus questionamentos. Como por exemplo, encontrar uma desculpa plausível para explicar porque não era possível entrar em contato com Renée. A resposta era sempre a mesma. Renée e Phill estavam viajando com o time de beisebol e era complicado encontrar um bom sinal. 

Seus olhos continham todo o brilho de tristeza enquanto se despedia de Charlie e o fazia prometer que se comunicariam todos os dias. Algo que detestei identificar. Queria fazê-la se sentir melhor, mas era necessário manter distância para evitar mais problemas. 

Embora eu tivesse alertado Nessie em ter cuidado, ela não deixava de ser uma criança, uma criança sedenta pela atenção da mãe. Ela parecia uma sombra de Bella a seguindo para todos os lugares. Ambas se davam superbem e apreciavam a companhia uma da outra, eu não podia estar mais feliz por isso.

Carlisle cuidou de todo o processo para que Bella fosse matriculada na escola. E no primeiro dia de aula ela se encontrava receosa por ser a novata e consequente o centro das atenções. Claro, aquela era Bella, sua aversão à atenção tampouco mudara... Ela pareceu mais segura quando novamente eu andei na corda bamba e disse que ficaríamos ao seu lado. E definitivamente decidimos ignorar o beijo.

Talvez fosse melhor assim. Eu iria enlouquecer ainda mais se aqueles olhos chocolates maravilhosos me desse algum tipo de incentivo. Eu não podia vacilar de novo. 

Estávamos nós seis sentados à mesa do refeitório. Bella estava o meu lado e Violet mandava olhares fulminantes para ela. Franzi o cenho. Não gostei nenhum pouco daquilo.

— Então, como foi seu primeiro dia, Bella? — perguntou Alice interessada.

— Hum, normal. Eu acho. — Bella respondeu sem nenhum entusiasmo. Pegou uma fatia de pizza e mordeu. Aquilo fez com que uma lembrança me assolasse, de quando estávamos em um de nossos momentos em Forks onde ela me desafiou a engolir um pedaço. Foi difícil expelir aquilo do meu corpo depois. 

Notei quando seus ombros se encolheram. 

— Bella. Há algo de errado? — perguntei hesitante, ela olhou para mim surpresa. Um vinco sutil entre as sobrancelhas. 

— Não estou me sentindo à vontade com todos me encarando a cada passo que eu dou… E tem o fato de não conseguir falar com minha mãe... — suspirou, alternando o olhar entre nós e a mesa — Vocês conhecem Jacob Black? Sabem algo sobre ele?

Me empertiguei no mesmo instante, o maxilar trincado. Foi demais para mim, ouvir o nome daquele cachorro desgraçado de sua boca deixou um rastro de cólera e ciúme por dentro. Ela se lembrava dele. Levantei-me abruptamente murmurando um: nos vemos depois para todos, e segui para fora do refeitório. Podia sentir seus olhos queimando minhas costas, mas não queria que ela visse o monstro que surgia à simples menção aquele cão sarnento que tentou ferir nossa filha.  

[Bella]

Estagnada, fiquei observando a figura de Edward Cullen sumir, perplexa por sua saída repentina. Meu olhar confuso caiu sobre Alice Cullen enquanto por dentro tentava fazer uma ligação entre a atitude estranha dele e minhas últimas palavras, se havia dito algo estupido. Quão tola eu era por pensar que eu podia afetá-lo?

Tola o suficiente para me recordar do beijo avassalador na noite anterior, o qual em seguida o dispensei sem mais explicações. Mas no momento em que meus lábios tocaram os dele, a familiaridade, a enxurrada de sentimentos me deixaram sem palavras. E assustada.

De qualquer forma, não restava dúvidas que eu tinha ficado corada com a lembrança. E pigarreei, me obrigando a me concentrar no presente e afastar as diversas emoções que queriam espaço para me desconcertar.

Passado aquele devaneio. Notei a atmosfera mudar um pouco, uma tensão ainda que leve, pairar sobre nossa mesa. Talvez fosse apenas impressão.

— Eu falei alguma coisa errada? — minha voz soou esganiçada e eu detestei aquilo.

— Não se preocupe, Bella. Edward provavelmente foi resolver algum assunto que esqueceu. Não tem nada a ver com você. — garantiu Alice, gentil.

Meneei a cabeça.

E incomodada me remexi na cadeira, tanto pela angustia que estava sentindo quanto por me importar demais se Edward se encontrava ali ou não.

Decidi abandonar minha pergunta sem resposta sobre Jacob e preferi terminar meu almoço em silencio. Os garotos Cullen conversavam trivialidades entre si enquanto eu ouvia atentamente Alice e Rosalie debatendo sobre uma possível ida ao shopping dali alguns dias.

[...]

Meu coração estava aos pulos enquanto me dirigia ao estacionamento, a respiração ofegante. Durante minha última aula de Língua Inglesa, me lembrei de uma coisa extremamente importante. E se fosse por esse motivo que Edward agira estranho? Ele sabia?

Consegui me controlar, voltando ao ritmo normal aos poucos à medida que chegava ao meu destino. Varri com olhos, mas não encontrei o conversível vermelho de Rosalie. Soltei um gemido quando vislumbrei apenas o Volvo reluzente de Edward no local.

Andei devagar e hesitante até ele, as palmas da minha mão começaram a ficar pegajosas. Eu poderia ser tão patética?

— Hey!

— Ah, oi Bella. — respondeu sem muita emoção na voz. Um tanto indiferente.

— Onde estão os outros? — fingi não me abalar.

— Meus irmãos foram na frente. Eu sei que veio com eles, mas infelizmente terá de voltar comigo... — esboçou um sorriso triste. Por que ele estava fazendo isso? Eu fiz o que para ele agir assim?

Indignada com aquela situação, somada com as recentes lembranças. Antes que pudesse me conter, resolvi me manifestar:

— Edward, eu te fiz alguma coisa? — talvez ele estivesse apenas ressentindo porque depois de nos beijarmos o “mandei ir embora”? Eu não sabia como agir.

Piscou surpreso.

— Como?

— Está agindo como se eu tivesse feito algo muito ruim contra você. — fui muito corajosa ao dizer aquilo, não sei como consegui.  

— Claro que não, Bella...

— É sério? Vai negar que está me tratando como um chiclete nojento que grudou na sola do seu sapato? Ou você é tão receptivo assim mesmo?

Ele levantou as sobrancelhas.

— Você não sabe o que está dizendo. — seu tom de voz soou irritadiço.

Suspirei cruzando os braços.

— Então me explique.

— É complicado.

Bufei.

— Se foi porque pedi para que saísse do quarto, olha, me desculpe... Mas...

— O que? Não! — se apressou em dizer e fechou os olhos brevemente antes de continuar — Realmente é complicado. Mas não se desculpe por isso, você está com a memória falha, não precisa se justificar. Eu é quem não devia... você sabe.

Assenti. Ignorando o gosto amargo em saber que Edward se arrependia por ter me beijado. Ele continuou:

— Agora sou eu quem peço desculpas se passei a impressão errada, não é com você...

— Certo. E por que então saiu daquele jeito no almoço?

Seus olhos antes fixos em mim se desviaram para qualquer lugar. Depois de respirar fundo, falou direto:

— Seu amigo, Jacob Black.

Minhas mãos começaram a suar mais uma vez e tinha certeza que a pouca cor no meu rosto havia desaparecido por completo.

— Jacob? Por quê?

— Quer que eu diga mesmo a verdade? — perguntou me encarando enquanto aguardava a resposta, acabei assentindo meio incerta — ele é a criatura mais repugnante e monstruosa que tive o desprazer de conhecer. Eu o odeio.

Encarei suas palavras com a boca aberta em choque.

— Apenas a menção no nome dele, me faz... me faz... — seu maxilar trincou e pude ver uma fagulha se acender em seus olhos. Era nítido que ele estava sofrendo alguma batalha interna.

Agora sua explicação sobre Jake merecer seu desafeto parecia menos clara para mim. Estava mais confusa do que antes. O que aconteceu entre eles dois?

— Você sabe sobre ele? — sussurrei, embora não houvesse ninguém por perto e sem precisar especificar do que eu estava me referindo.

— Sim. — seu esforço em responder minhas perguntas de forma sutil, me fez perceber que ele estava se controlando para não explodir. Então supus que o que quer que tivesse acontecido o impulsionava ao pior. E definitivamente não era da minha conta, porém a curiosidade borbulhava incessante.  

Eu conhecia Jacob, ele era temperamental e nenhum pouco amigável com inimigos, mas eu não me recordava de Edward, nem de suas qualidades e defeitos, nesse caso eu não iria conseguir chegar a nenhuma conclusão. Não podia também criar suposições precipitadas.  

Ver Edward travar aquele conflito, me deixou angustiada mais uma vez. Porém, me detive em dar qualquer passo em sua direção para tentar oferecer algum tipo de conforto. Ele e Renesmee despertavam esse sentimento tão estranho e certo em mim, era inexplicável. E também porque não me achava no direito de invadir seu espaço. Aguardei pacientemente até que suas expressões se suavizassem e tentei um sorriso.

— Se você não quiser falar, tudo bem. Você está pronto para ir?

Ele deu um aceno fraco.    

Entramos no Volvo e Edward deu a partida no carro, ambos sem falar mais nada. 

Minha mente era um embolo de pensamentos. Por um lado, estava tranquila por saber que eu não era a culpada por sua raiva, mas por outro eu queria saber o motivo de 1) Edward saber sobre lobisomens — sendo um segredo que jamais poderia ser revelado para qualquer pessoa —, 2) o ódio mortal que faiscava em seus olhos ao citar Jake.

Como eles se conheciam? Charlie havia mencionado que os Cullen moraram um tempo em Forks e por isso nossa amizade com eles. Talvez Edward e Jake tivessem criado essa rixa enquanto ele ainda estava na cidade. Mas por qual razão?

Um silêncio perturbador se instaurou no ar. Eu não queria falar nada que o aborrecesse e o levasse a gritar comigo, mas não me contive em perguntar:

— Você o odeia por ser o que é ou aconteceu alguma coisa horrível? — de repente me lembrei de Emily e da marca da cicatriz em seu rosto. Poderia ter sido um descontrole similar ao de Sam ou algo muito pior? Jacob teria machucado gravemente alguém de sua família?

— Bella, por favor, não... — a censura em sua voz me calou por completo, e me fez tremer por dentro.

Mordi o lábio inferior tanto para controlar que mais palavras saíssem quanto por hábito.   

Sem mais diálogo.

Chegamos à casa em menos de trinta minutos, quando estacionou na garagem eu saí do carro rapidamente sussurrando um “obrigada”, sentia um nó na garganta, não entendi o porquê me sentia tão mal. Irrompi pela porta saudando com um oi esganiçado os que estavam ali e Renesmee esticou um sorriso estonteante ao me ver, o qual retribuí.

Ao invés de ir ao seu encontro e abraçá-la, subi as escadas meio correndo até o quarto de hóspedes e fechei a porta mais forte que o necessário. Seria péssimo alguém me flagrar naquele estado. Me joguei em cima da cama e deixei as lágrimas caírem. Nunca tive crises desse jeito, afinal o que estava acontecendo comigo?

Nada fazia sentido. Eu não fazia sentido. Eu me sentia estranha.

Após me recuperar, fiquei a olhar através da janela de vidro a paisagem colorida de Los Angeles. Não era tão chuvoso quanto o planeta verde de Forks, porém algumas nuvens cinzentas insistiam em se estender no céu. Foi quando ouvi leves batidas na porta.

Toc, toc, toc.

— Pode entrar — eu disse e me sentei na cama.

Renesmee a filhinha adorável de Edward entrou, caminhou lentamente até mim e me encarava com admiração ao mesmo tempo em que me presentava com um daqueles seus sorrisos magníficos. Ela era total e completamente idêntica ao seu pai.

— Oi. Ma... Bella. — disse ela amavelmente e ignorei o erro que cometia dez vez em quando — você estava chorando? — seu rostinho ganhou uma expressão tristonha ao perguntar.

— Talvez um pouquinho, e por que essa carinha?

Bati no espaço ao meu lado e a ajudei a se sentar.

— Porque eu fico assim quando as pessoas que eu gosto estão tristes, como você.  — revelou ela e tocou meu rosto com sua mãozinha quente e gordinha. Meus olhos marejaram com aquilo.

— E você gosta tanto assim de mim? Por quê? — indaguei com a voz embargada.

— Porque vejo em você a mamãe que eu perdi. — cada silaba que ela disse mais o sorriso que ainda desenhava seu rostinho, me fez sentir estranhamente aquecida. Eu não sabia o que tinha acontecido a sua mãe, mas tinha plena consciência que não era fácil para Renesmee. Nos conhecíamos a menos de uma semana, mas parecia toda uma vida. Percebi uma lágrima deslizar pela minha bochecha e Renesmee a enxugar com seu dedinho indicador. — Não é para ficar triste. Não chore!

— Não é choro de tristeza, é de emoção, lindinha.  

— Ufa! Que bom então! — exclamou aliviada e eu ri.

Ela passou o bracinho em minha cintura me abraçando de lado, imitei seu gesto e ficamos assim um tempinho.

— Renesmee, você sabe quem é Jacob? — quando ouviu o nome, percebi seu corpinho estremecer. Ela me encarou de forma aflita, o que me fez arrepender por ter trazido aquele assunto à tona. O que eu pretendia com aquilo afinal?

— Você conhece o cachorro? — murmurou ela com medo. Cachorro? Ela também sabia sobre lobisomens?

— Cachorro? Você sabe que ele é um lobo?

Dizer que eu estava confusa era um eufemismo. Por que Renesmee, uma criança sabia sobre aquilo?

— Sei, sei sim. Os amigos dele também são... E... Eu... Não... Gosto de falar disso, eu não gosto de lobos. — suas últimas palavras não passaram de um sussurro.

Algo naquele olhar, na maneira em como ela soou tão vulnerável fez com que uma raiva intensa começasse a correr por minhas veias, eu não sabia o que estava acontecendo, não conseguia compreender porque estava me sentindo tão irada. Talvez fosse porque eu tinha o pressentimento de que não era uma história bonitinha. Ela estava apavorada! Respirei fundo algumas vezes tentando controlar aquela cólera dentro de mim.

Eu precisava saber um pouco mais.

— Tudo bem, lindinha, está tudo bem... — a apertei um pouco mais contra mim ao mesmo tempo que a embalava sutilmente, queria que ela soubesse que estava segura.

— Eles são maus, Bella... — insistia em sussurrar, a voz levemente tremula — meu papai e minha família os impediram de me machucar... Esse tal de Jacob queria me matar! — terminou chorosa, e um soluço escapou de seus lábios.

Entrei em estado de choque. Meus braços petrificaram em volta de seu corpo minúsculo.

Meu Deus! Jacob? O que o levaria a tentar fazer mal a uma criança indefesa? De repente tudo fez sentido agora, a reação de Edward no refeitório quando eu pronunciei o nome de Jacob. Seu ódio mortal evidente por ele. Não! Devia ser um mal-entendido. Jake podia ser um idiota bruto, mas um assassino? Eu custava a acreditar.

Será que era por isso que eu havia ido de tão longe para lá? Eu havia descoberto que Jake havia tentando cometer algum mal contra a menininha de Edward e queria pedir desculpas por ele ter sido um idiota tremendo? Seria esse o motivo do sentimento de busca antes de encontra-los?

— Renesmee, eu... eu sinto muito. — minha voz estava tremula de tanta incredulidade. No que Jacob havia se tornado?

Raiva, raiva e raiva. Ela me queimava cada vez mais, era como se o meu corpo estivesse em brasa, estava quase me tornando a tocha humana do Quarteto Fantástico. Mas no fundo eu sentia como se fosse o certo. Se Jacob Black se materializasse na minha frente naquele momento, eu iria esquecer que éramos amigos, que ele era um lobisomem e provavelmente muito mais forte que eu, e o faria pagar por tentar contra a vida daquela garotinha.

A virei de frente para mim, e limpei os rastros de lágrimas em suas bochechas gordinhas.

— Certo, o que acha de você e eu fazermos uma promessa?

— Eu acho legal. Qual?

— A partir de hoje não vamos mais tocar nesse assunto. Tudo bem? — propus e ela assentiu. 

Ainda que nos conhecêssemos a menos de uma semana, parecia que éramos amigas há tempos. Nunca, em hipótese alguma eu perguntaria sobre sua mãe. Como Edward jamais havia comentando sobre, achei que era um campo delicado e extremamente proibido. E eu nunca tinha me dado tão bem com uma criança antes.

Conversamos por um bom tempo sobre tudo, onde ela me disse que seu aniversário se aproximava e que estavam planejando uma grande festa. Ao tocar no assunto, ela pediu para que eu desse uma ajudinha. E embora no momento eu não quisesse lidar com Edward e as infinidades de sensações que o acompanhavam, ainda mais depois do que Renesmee me falou, eu aceitei. Então descemos para nos juntar a Alice na sala lhe prestar auxílio a respeito do grande acontecimento.

Tinha a terrível impressão de que Rosalie Cullen — uma das mulheres mais lindas que já vi — não gostava de mim. Pois ela se retirou no mesmo instante em que me viu descer as escadas com Renesmee no colo. Talvez fosse apenas coisa da minha cabeça. Com Edward foi pelo menos...

Edward nos observava encostado na parede de vidro, interagindo conosco vez ou outra. Sempre levando em consideração os gostos da filha. Tentei ignorar o frio na boca do estomago sempre que seus olhos caiam sobre mim. Era desconcertante, mas ao mesmo tempo bom.

Alice era agitada e quase não consegui acompanhar sua fala rápida. Deixando claro sua empolgação. Gostava dela, sua personalidade era um pouco familiar para mim. De repente quis muito me lembrar de Alice, se éramos realmente muito amigas, quantas confidencias havíamos feito? O que costumávamos compartilhar?

— Bella, o que acha dessa aqui? — inqueriu ela mostrando uma mesa decorada com o tema da cinderela. Olhei para Renesmee, ela usava uma blusa de mangas cumpridas com estampa das princesas da Disney, saia de pregas rosa – bebê, meia-calça branca e sapatos de camurça da cor bege.

Ponderei.

— Hum... Essa está muito bonita, Alice. Mas acredito que Renesmee gostou mais daquela que tinha as cinco princesas, não é lindinha? — sugeri tocando de leve a cabeça da garotinha.

— Sim, sim, Bella. — ela sorriu para mim e olhou para Alice — essa está muito legal, tia Ali, mas eu gostei mais da outra que tem todas as princesas!

Assim que ouviu nossas opiniões relanceou entre o tablet, Renesmee e eu. Alguns segundos se passaram enquanto ela procurava a imagem que nos mostrara minutos antes.

— Qual? Essa? — quis se certificar e virou a tela para que Renesmee e eu verificássemos. Concordamos com um aceno e ela sorriu radiante — Vocês duas possuem bom gosto, são das minhas!

Ri enquanto Renesmee voltava a brincar com suas bonecas no chão da sala de estar.

 — Ainda estou em dúvida, sabe? Sobre o presente dela. Talvez você possa me ajudar a decidir.

— Claro.

Ela colocou a mão em concha na bochecha esquerda e sussurrou as sugestões para que Renesmee não escutasse.

— Tenho duas opções: encomendar uma boneca idêntica a ela de um cara da China que encontrei na internet ou uma casinha para ela brincar. 

— Uau, os dois são incríveis, Alice. Mas tipo construir uma casinha?

— Isso mesmo!  — balançou a cabeça freneticamente o que me fez rir. No pouco que a conhecia pude notar seu “pequeno” exagero e talvez ela mesma fosse capaz de caber lá dentro. Levando em consideração sua altura não seria tão trabalhoso.

— E um quarto de brinquedos? Você já pensou nisso? —  os olhos de Alice brilharam.

Suas mãos agarraram meus ombros enquanto ela me chacoalhava de leve.

— É uma ótima ideia, Bella! Você é um gênio. Assim ela poderá ter as duas coisas. E mais uma passarela onde ela poderá ser minha modelo! — a cada palavra seus olhos se arregalavam de empolgação e comecei a me perguntar se ela estava bem. — Obrigada!

— Hã, por nada, Alice. O que acha de irmos passear um pouco lá fora, lindinha? — eu perguntei puxando Renesmee pela mão. Edward ficou rindo da situação e nos seguiu até o jardim dos fundos. Foi quando me lembrei que ele estava lá o tempo todo.

E magicamente comecei a ficar nervosa. Renesmee apertou minha mão e olhou para cima sorrindo.

Ma... Bella, você poderia ficar com a gente para sempre! — exclamou empolgada.

Achei graça daquilo e ri.

— Será que você iria me aguentar por todo esse tempo?

— Aposto que consigo, sim! — o sorriso cresceu ainda mais.

Edward escutava nossa pequena conversa em silencio. Não sei o que achava daquilo, de Renesmee se apegar tanto a mim daquela forma, pois um dia eu voltaria para Forks. Embora fosse uma alternativa futura. Eu gostaria muito de saber o que me levou a até L.A. O que eu pretendia buscar ali?

Meu coração deu saltos quando ele nos alcançou e se colocou ao meu lado esquerdo, já que o direito era ocupado por Renesmee, minha mão ainda entrelaçada com a dela.

— Nossa, olha que linda!

Renesmee apontou para a flor um tanto distante de onde estávamos, nem mesmo eu consegui enxergar direito e uma criança de três anos conseguia? Achei um pouco esquisito, mas ignorei aquele pensamento. Talvez eu precisasse de óculos? Renesmee soltou minha mão e correu em direção a delicada florzinha vermelha sangue.

— Então, gostou da maneira de Alice planejar festas? — pediu Edward com sarcasmo. 

Não consegui evitar rir, me lembrando de toda a empolgação da figura.

— Você deve estar acostumado não é mesmo?

— O que quer dizer? — àquela altura já havíamos dado uma pausa na caminhada e ficamos um de frente para outro, o que não foi realmente uma escolha sensata.

— Com tanta gente morando aqui, deve ser normal ter muitas celebrações.  — expliquei.

— Na verdade, não.

— Sério?

— Sim. Não somos muito de comemorar datas. As que planejamos no geral nunca ocorrem bem.

Juntei as sobrancelhas, confusa com suas palavras.

— Então Alice não vai medir esforços para fazer dessa a festa do...

Eu e minha leve inclinação a desastres. Acabei dando um passo para trás, totalmente intimidada com nossa proximidade física e acabei topando em alguma pedra no chão. Edward me amparou prontamente, colando nossos corpos. Aí meu Deus! Agradeci aos céus por possuir um coração forte, senão eu teria sofrido uma taquicardia abrupta sem dúvidas.

Eu o encarei nervosa, sem saber como agir. Fui levada para o nosso beijo no dia em que nos conhecemos — ou revemos — por um momento. Minha mente ficou em branco quando encarei seus olhos cor de âmbar. Mas eles não eram castanhos da última vez que eu os vi? Uma voz petulante observou, mas decidi ignorar. E lá estavam elas, as milhares de sensações.

Abraçar Edward era esquisitamente familiar. Bom, éramos amigos. Algumas vezes acredito que isso tenha acontecido. Mas era definitivamente bom. Ele tinha um porte único, sólido e frio. Uma temperatura anormal para um humano. Quase franzi a testa.

Eu senti alguém puxar minha calça jeans, porém não estava disposta a quebrar aquela conexão. Minha atenção recaiu em seus lábios estranhamente frios, mas doces, eles tão perto...

— PAPAI! — uma vozinha esbravejou um tanto impaciente.  

Pisquei os olhos freneticamente tentando processar direito os fatos.

Ele era algum tipo de hipnotizador profissional? Sacudi a cabeça e encarei a garotinha com as mãos na cintura, minhas bochechas automaticamente queimaram de constrangimento. Como se tivesse se dado conta de que havia aprontado alguma coisa, ela nos olhou envergonhada e suas bochechas coradas naturalmente, enrubesceram ainda mais.

— Me... me desculpem por atrapalhar! — falou de olhos arregalados e correu em disparada de volta para dentro.

Reprimi a vontade de rir daquela situação toda. A expressão dela fora tão engraçada! Não consegui prender por muito tempo e uma gargalhada sem controle saltou, e para minha surpresa Edward me acompanhou. Era evidente que passado o “momento”, o clima tornou um tanto constrangedor para ambos. E como se nos comunicássemos por telepatia nos encaramos decidindo ir atrás de Renesmee.

— Eu posso falar com ela? Não quero que ela me odeie! — fiz um pequeno clamor para Edward. Naquele instante quis poder mudar o curso das coisas, pois eu não fazia ideia de quem era a mãe de Renesmee, nem como era sua relação com ela, se ela passou a me detestar pelo o que estava prestes a acontecer alguns minutos atrás. A possibilidade me deixou muito preocupada.

— Bella. Uma das pessoas nesse mundo que não conseguiria odiar você é Nessie.

Eu não entendi quando lágrimas se acumularam em meus olhos. Mas ainda assim eu queria ter certeza. 

 Nós a avistamos no cantinho da sala, abraçando os joelhos com o queixo encostado ali, o olhar distraído através da janela de vidro. Andando até ela, a abracei por trás e plantei um beijo em seus cachos perfumados.

— Oi, lindinha.

— Oi, Bella... — respondeu ainda encarando a paisagem lá fora.

Franzi o cenho. Um frio insano na boca do estomago. Meu Deus! Não queria perde-la. 

— Renesmee, o que houve? Está zangada comigo?

Não percebi que havia prendido a respiração até que ela explicou, me deixando totalmente aliviada.  

— Zangada com você? — finalmente ela me encarou, a expressão surpresa. — Não, não. Eu estou zangada é comigo mesma.

— Como assim?

— Eu atrapalhei você e o papai! — esclareceu.

Bufei.

— Bobagem, lindinha. Não estava acontecendo nada de qualquer forma. — tentei disfarçar, odiando meu rosto ficar em brasa mais uma vez e dei uma risadinha para disfarçar.

Edward se encontrava encostado no batente da porta, sua forma serena enquanto eu estava uma bagunça por dentro. O que era pior, parecia que ele estava se divertindo. Desviei os olhos assim que ele me encarou de volta. Uma sobrancelha de Renesmee se ergueu. E eu fiquei me perguntando o quanto ela compreendia daquela situação embaraçosa.

— Tá bom, Bella. Mas se você quer saber, pode beijar o papai se quiser.

Engasguei numa risada nervosa no mesmo instante em que Edward soltava uma gargalhada descaradamente.

— O-obrigada. Eu acho.

— Renesmee, meu anjo. Está na hora do seu banho!  — disse Edward com carinho, mas ainda com humor.

Semicerrei os olhos para ele.

... Bella você quer ir com a gente? — perguntou a pequena em expectativa.

— Claro. — respondi sorrindo e Renesmee voltou até mim pegando minha mão, depois a de Edward e subimos os três para o seu quarto.

Um desenho lindo que estranhamente trazia paz ao meu coração.

 

[Edward]

Tudo em que eu conseguia pensar enquanto pisávamos em cada degrau era em como estive mais uma vez prestes a sentir o toque dos lábios de minha Bella nos meus. O que eu mais queria era poder controlar minhas vontades, agir o mais indiferente possível ao amor por ela que me corroía por dentro, mas quando estávamos tão próximos... Não tinha forças e, sinceramente não queria lutar.

Tenha cautela, Edward. As coisas não podiam mais fugir do controle.

Bella sabia que Jacob e eu não nos dávamos bem, pior, que eu tinha conhecimento sobre seu lado sobrenatural. E que agindo como um monstro que era decidiu que seria perfeito atacar a minha filha, nossa filha. Bem, ela não lidou tão compreensiva como achei que faria. Era incrível que mesmo que ela não lembrasse que Nessie saiu de suas entranhas, sentia uma forte conexão entres as duas.

E não fazia ideia em como nossa filha se sentia feliz com aquilo. O que automaticamente me deixava feliz. As duas eram tudo para mim.

A foto! Enquanto Nessie deu uma pausa para mostrar para Bella seu closet detalhadamente aproveitei a oportunidade e guardei a fotografia que ela ganhara de Charlie dentro da gaveta. Peguei a toalha dela e continuamos a procissão até o banheiro, Bella parecia confortável. Eu tirei a roupa de Nessie e depois a coloquei debaixo do chuveiro.

— Meu anjo, você quer entrar na banheira?

— Sim, sim!  

— Tudo bem. Bella pode abrir a torneira da banheira para mim, por favor? — perguntei e ela assentiu.

Enquanto a banheira enchia, passei o sabonete de morango pelo corpinho de Nessie, depois apliquei o shampoo e condicionador infantil em seus cachinhos e a enxaguei. Antes de colocá-la na banheira espalhei seus brinquedos na água e só então a pus, onde ela sorriu agradecida.

Vi que Bella sentada num banquinho nos assistia com um olhar luminoso, admirado.

— É tão incrível. — ela comentou assim que cheguei mais perto.

— O que exatamente? — indaguei e puxei outro banquinho para sentar ao seu lado.

— Você é tão dedicado. Age tão natural quanto aos cuidados da sua pequena. É admirável.

Eu sorri com suas palavras.

Receber um elogio sobre meus instintos paternos e ainda mais vindo de Bella soara tão especial. Um orgulho de mim mesmo — sem capricho — apenas por saber que eu estava fazendo o certo com minha filha, fez meu coração arder com aquele sentimento inexplicável pela minha pequena hibrida.

— Bom, Renesmee é tudo para mim. Não vou dizer que eu não me desesperei um pouco com a ideia, achei nunca ser possível...

— Por que não?

Um vinco surgiu entre suas sobrancelhas. Eu estava complicando as coisas novamente... Por tudo que é sagrado!

— Hum, modo de falar. — expliquei e ela pareceu acreditar meneando a cabeça — foi bem natural para mim como você mesma vê. Com o tempo também aprende muito... E bem, Renesmee veio numa hora que eu mais precisava sabe? E eu quero sempre o melhor para ela...

— Eu sei... Você está fazendo um ótimo trabalho... — suas expressões tomaram um tom sério depois disso e foi quando ela continuou — Edward, talvez você me odeie por ter tocado no assunto com Renesmee, mas...

Me empertiguei no mesmo instante, adivinhando do rumo da conversa.

— Eu sinto muito que Jacob tenha tentado machucar sua filha, eu... Realmente não consigo entender... — ela sussurrava para que Nessie não pudesse nos ouvir direito, embora tivesse a audição mais que perfeita, tão concentrada como estava em se divertir com seus brinquedos de borracha, duvidava querer prestar atenção em nós naquele momento.

— Você não precisa se desculpar, Bella. Ele não foi obrigado, ele queria aquilo.

— Mas, por quê? Por que machucá-la? Ela é... — seu olhar caiu na garotinha gargalhando na banheira e voltou para mim — doce, um anjo. Eu, eu... Não... — ela perdeu o ar e seus olhos cintilaram. Estava beira de chorar.  

Antes de qualquer ação minha um jato de água nos atingiu em cheio e quando virei meu rosto para Nessie, esta sorria de lado. Neguei com a cabeça para o que ela pretendia fazer, mas continuou. Ela afundou na água e quando emergiu com as duas mãos em concha nos atingiu com mais um janto de água.

Bella começou a rir e o tom melancólico de nossa conversa se dissipou totalmente. Nessie continuou jogando água nela enquanto eu somente me divertia com aquele cenário.

— Ah não, você ainda está muito seco, marujo! — disse Bella entre gargalhadas, foi até a banheira de Nessie e jogou uma grande quantidade de água em mim.

— Ah, você não devia ter feito isso! — falei para provocar.

— Eu não tenho medo de você! — ela rebateu entre risos.  

Andei lentamente até ela e num movimento imperceptível eu a peguei pela cintura e a joguei dentro da banheira! Ela voltou a superfície e disse um “Ah!”.

— Pronta Renesmee? — disse depois de trocar um olhar cumplice com nossa filha.

A pequena assentiu, divertida.

— Três... Dois... Um. 

As duas saíram da banheira e me rebocaram para dentro da banheira também e embora fosse forte o suficiente para impedi-las, permiti aquilo. Emergi as acompanhando entre risos. A guerra de água continuou até que Nessie e Bella se renderam.

Assim que Bella se retirou para tomar um banho rápido. Sequei Nessie e coloquei um vestidinho de tecido leve em seu corpo, seus pensamentos agitados pelo momento divertido e pela presença de sua mãe. Ela estava realmente radiante. Pedi para que secasse seu cabelo enquanto fui me trocar, antes que minha roupa ensopada encharcasse o piso do seu quarto. Vesti uma calça jeans de lavagem clara, uma blusa azul claro e penteei meu de forma habitual. Também me sentia completamente com aquele momento entre nós três.

 Bella já se encontrava quando retornei ao quarto de minha filha, com a escova em mãos pronta para pentear o cabelo dela, mas me devolveu um olhar acanhado.

— Oh, espero que não tenha problema, Renesmee me pediu...

— Imagina, não há problema nenhum, fique à vontade. Vou aproveitar e preparar um lanche para vocês...

— Não é necessário para mim, mas obrigada.

Assenti e dei meia volta em direção as escadas guardando a lembrança do sorriso reluzente de Nessie antes de sair. “Obrigada, papai”. Minha família resolveu caçar durante nossa brincadeira então estávamos apenas nós três em casa. Preparei leite e um queijo quente para Nessie comer antes de sua soneca da tarde. Dei tempo o suficiente para que ambas interagissem mais um pouco e decidi subir na forma vampiresca.

De volta para o quarto de minha filha. Bella acabava de colocar a escova em cima da penteadeira ao passo que Nessie andava sutilmente até sua cama. Trocamos um sorriso e deixei o lanche ao seu lado para que ela alcançasse.

— Eu tenho mesmo que dormir às quatro horas da tarde? — Nessie indagou com uma careta antes da ultima mordida no queijo.

— Nessie, era para você ter dormido antes, então sofra com as consequências! — coloquei a bandeja com o prato e copo, vazios. E fiz cócegas em sua barriguinha arrancando uma sonora gargalhada. — Hora de nana!

Dei um beijo em sua testa e a cobri ao mesmo tempo em que ela soltava um bocejo. Bella, ao meu lado, inclinou-se e plantou um beijo terno no cabelo de Nessie também.

— Até mais tarde, lindinha. — disse ela docemente. Renesmee bocejou mais uma vez, suas pálpebras tremeram, mas antes que derivasse para o mundo dos sonhos, nos surpreender dizendo:

— Até papai e mamãe.

Bella arregalou os olhos e seu coração se acelerou drasticamente. Fiquei um tanto tenso esperando alguma reação. Um minuto se passou enquanto velávamos o sono de Nessie, quando ela decidiu se pronunciar.

— Edward... Preciso falar com você lá embaixo, por favor.  — disse ela passivamente. O que eu julguei soar esquisito demais.  

Não consegui frear meus pensamentos com relação àquilo. Será que ela se lembrou de algo? Ou as palavras de Nessie a assustaram?

 Tudo e nada passava por minha mente. Se eu tivesse um coração pulsante, certamente estaria beira de um colapso ou de uma morte iminente. 


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Notas finais do capítulo

Gostaram?Onde estam os leitores fastasmas?Comentem, por favor!
Milhões de beijos.