Amor De Pai escrita por Little Flower


Capítulo 7
Sonhos podem se realizar...Reencontro catastrófico


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me pela demora gente!
Aqui está o capítulo!
Boa leitura.
.
Capítulo atualizado em 02/03/21



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[Bella]

— Eu aceito voltar Liam... Mesmo sem saber o que esperar! — declarei convicta a ele e estiquei um leve sorriso.

— Sábia decisão minha querida, não se arrependerá eu tenho absoluta certeza disso. — Liam elogiou, maravilhado e satisfeito — Não se preocupe, sua memória retornará aos poucos. É um pequeno preço a pagar comparado a honra de retornar — enfatizou o grande acontecimento — Isabella, você merece essa segunda chance.

Ele sorriu sinceramente e continuou:

— Amanhã Ken a levará até o portal para o caminho de volta. — explicou e caminhou até mim segurando meus ombros — sua ausência será sentida por todos.

— E eu também sentirei falta daqui. — sorri novamente, embora a saudade imensa não me permitisse aproveitar o lugar, eu não era capaz de mencionar alguma coisa negativa de Dreamland — Mas não se compara à saudade que sinto deles!

— Eu sei minha cara. Tenha uma boa viagem de volta, desejo toda a sorte e que encontre tudo que precisa. — Liam se despediu, um sorriso ofuscante no rosto. Deu um leve aceno com a cabeça e de repente despareceu, antes que eu pudesse agradecê-lo e também tivesse a chance de bombardeá-lo com as perguntas que titubeavam incessantes em minha mente.

Meu corpo do caixão desapareceria? E eu o “tomaria” de volta? Iria ser como se eu nunca tivesse morrido? Nunca teriam chorado minha partida repentina? Não, não podia estar mais longe da verdade... As coisas ocorreriam de acordo com a linha atual dos acontecimentos? Se esse fosse o caso, se ainda pensassem que eu estava morta, como iria encontra-los? Encontrar minha Renesmee? Ou ainda pior, nunca poderia ver meus pais de novo?

Envolver mais pessoas nesse mundo sobrenatural não era uma alternativa, os Volturi, a realeza dos vampiros, presavam pelo segredo de sua espécie. E recorreriam todos os meios para continuar em anonimato. Eu tive sorte por ter a vida poupada, por uma única promessa em ser transformada, algo que jamais se tornou verdade. O que piorava ainda mais a situação.  

Então isso nos levava apenas a uma solução: não poderíamos arriscar suas vidas. Por mais que a ideia de nunca mais ver minha mãe ou meu pai fosse dolorosa demais, era essa a realidade que me aguardava. Uma vida sem meus pais para sempre. Parecia tão cruel e tão altruísta ao mesmo tempo. 

Eu não conseguia visualizar algo determinante. Sentia que aquele novo recomeço se tornara uma página em branco cuja seria escrita conforme o desenrolar do destino. Causava certo anseio, certo medo. Mas eu lutaria bravamente contra todos os obstáculos como sempre fiz.

— Fico feliz que tenha feito a escolha certa — murmurou Ken de costas para mim.

Juntei as sobrancelhas.

Segundos depois pude reparar sua figura fungar levemente, eu caminhei até ficar a sua frente e ele mantinha a cabeça baixa.

— Ken, o que foi?

Ele levantou os olhos para me encarar e vi estupefata rastros de lágrimas em suas bochechas.

— É você Isabella! Você vai embora!

Reprimi a vontade de soltar uma risada, que pioria a situação certamente. Era evidente que ele estava feliz por mim, mas a ideia absurda que Ken sentiria saudades era demasiado engraçado, tendo em vista o histórico de amor e raiva entre nós... Ou não, pois eu consegui enxergar um amigo naquele ser que me perseguia desde minha chegada ali.

— Eu não entendo, foi você mesmo quem me incentivou...

Deu de ombros.

— Sim, é que... você foi a única que eu reconheci como uma amiga por aqui... Um tanto irônico, eu sei.

Meus lábios se esticaram num sorriso torto.

— Gênios fortes, é compreensível. Mas saiba que o sentimento de amizade é totalmente reciproco.

Ele sorriu largamente, os olhos brilhando de emoção.

— Espero que me desculpe por ter sido tão... — ele hesitou.

E eu ri, sem conseguir me controlar.

— Vamos fale. Tão...?

Ele revirou os olhos soltando entre dentes:

— Irritante.

Ri mais uma vez, e sendo surpreendida quando ele me acompanhou.

— Desculpas aceitas. — ponderei por um instante — Mas você definitivamente precisa se esforçar em ser um pouquinho melhor, pode fazer muito mais amigos aqui.

Ele suspirou escaneando a paisagem ao redor com ar pensativo e retornou o foco para mim. 

— Talvez... Vou me lembrar disso. Bem, nos vemos no monte esmeralda amanhã as sete e meia, certo?

Assenti nervosamente.  

— Mal posso esperar!

Trocamos sorrisos e ele partiu, sua figura se misturando com o breu da noite que agora se estendia no horizonte. Não pude evitar sentir uma fisgada em meu peito, naquele momento notei que também sentiria muito a falta de Ken.

Não precisávamos dormir, então me acomodei sobre a relva verde, sendo preenchida por pensamentos e suposições, abracei minhas pernas e encarei o céu. O brilho das estrelas me lembrava os olhos pidonhos de Alice. Minha amiga vampira.

Como se eu quisesse de alguma forma me prender ao fio de esperança de que eu era capaz de mantê-los em minha mente, me peguei recordando minha história com o amor da minha vida... Quando vi Edward pela primeira vez, quando ele disse que me amava, quando eu disse que o amava. Minha festa desastrosa de dezoito anos e por consequência Edward e os Cullen indo embora pela primeira vez para me manter em segurança, eu o salvando em Volterra quando ele pensava que tinha me perdido. Quando fizemos amor após vencermos o exército de Victoria e Riley. Edward indo embora pela segunda vez. Descobrindo-me grávida. Contando ao Jacob e ele tentando me persuadir a matar minha criança...

Tudo passava em questão de segundos em minha cabeça...

Meus possíveis planos para o futuro... As buscas fracassadas por Edward ou os Cullen... O nascimento sangrento de minha filha, eu vendo-a pela primeira e última vez, era ainda mais linda do que eu pensava, nenhuma imagem mental era comparada a aquele pequeníssimo ser que nasceu de mim... Eu a amei desde o momento que soube que a gerava em meu ventre. Renesmee foi a última pessoa que eu vi antes de fechar os olhos para “sempre”.

Foi difícil aceitar que tinha que partir e deixa-la, mas graças a Deus Lara cruzou meu caminho. A linda vampira bondosa, assim como a família Cullen ela valorizava a vida humana e não se alimentava da maneira tradicional. Me ajudou em toda a gestação e no que eu precisei. Renesmee levou quase dois meses para nascer. Embora eu quisesse me concentrar somente na parte boa em que uma vida crescia dentro de mim, junto a essa memória bonita lembrava também que meu corpo sofrera diversas lesões para acomodá-la em meu corpo frágil... E um ponto crucial: como ela era metade Edward, ou seja, vampira, eu tinha que ingerir sangue do canudinho, como um suco delicioso. Sem Lara para conseguir essa “vitamina” para mim, eu tinha certeza que não duraria mais que uma semana sozinha. 

Como último pedido, a fiz prometer que não medisse esforços para localizar Edward e entregar Renesmee a ele. E esperava com todo meu coração que isso tivesse sido feito.

De repente percebi que a aurora se erguia e me levantei num pulo. A ansiedade e o nervosismo em combustão por dentro era quase palpável. Corri pela ponte de cascalho e andei pelo caminho de pedrinhas preciosas que me conduziam até meu destino.

Cheguei ao monte esmeralda cansada de correr. Encontrei Ken de braços cruzados e batendo o pé. Caminhei até ele.

— Sete e meia em ponto. Você realmente quer se livrar de Dreamland, hein. 

— Não seja tão... Irritante!

Ele revirou os olhos, com o canto direito da boca esticado.

— Pronta?

Assenti.

Sem dizer mais nada, virou-se para o monte e fez gestos no ar que eu achei confuso. Andei alguns passos para ficar ao seu lado e ao encará-lo percebi que sua testa estava franzida e os olhos fechados em concentração. Decidi engolir qualquer questionamento e me mantive em silencio. Então, subitamente uma luz mágica surgiu a nossa frente e uma espécie de porta se manifestou também, como se ela flutuasse no ar ou como se fosse sustentada pelo brilho mágico. Ele se virou para mim e sorriu de repente o olhar cintilava, eu estava boquiaberta.

— Legal, não é? Aprendi a fazer isso na semana passada.

Sacudi a cabeça.

— Sim, é o máximo. É tão normal quanto namorar um vampiro. Não consigo duvidar de mais nada.

Ken riu.

— Você está certa... Vamos lá.

Eu assenti e ele gesticulou para que eu me aproximasse da porta. Não era preciso ser um gênio para saber que aquele era o portal que Liam havia mencionado. Obriguei meus músculos a reagirem, eu não tinha mais nada o que temer. A não ser que eu não fazia ideia do que iria acontecer depois de atravessar a porta. Num momento de pânico, meus pés pararam onde estavam.

Ken notando minha atitude, indagou:

— Você está bem, Bella?

— Eu estou com medo... — sussurrei, sem me importar em parecer mais patética. Encarava a porta já aberta, hesitante. Toda aquela enxurrada de pensamentos negativos de mais cedo sibilavam em meus ouvidos.

Senti sua mão reconfortante em meu ombro.

 — E se eu nunca os encontrar? Se eu nunca mais ver minha filha novamente? E Edward? Voltar seria em vão.

Ele me virou delicadamente para me encarar, uma sombra de seriedade pintava seu rosto, eu nunca o tinha visto daquela forma, nem mesmo quando ele me repreendia.

— Bella, por favor. Não seja covarde, isso não parece em nada com você. Veja o que está acontecendo! Você vai voltar para casa, para sua filha... Tudo irá dar certo, só tenha fé. Apenas siga em frente e não olhe para trás.

Meus olhos arderam e permiti que algumas lágrimas tocassem minhas bochechas.

— Certo?

Balancei a cabeça.

— Obrigada.

Um sorriso largo iluminou seu rosto e era quase um insulto não retribuir. Antes de continuar o envolvi em meus braços com ternura.

— Vou sentir sua falta.

— Eu também, Bella. Eu também. Agora vá...

E voltei a caminhar em direção ao portal sem fraquejar enquanto Ken me passava as coordenadas.

— Escute com atenção... Você irá fechar seus olhos e só poderá abri-los quando terminar de repetir seu desejo na terceira vez. Entendeu?

— Entendi.

— Feche os olhos e repita seu desejo... — instigou ele suavemente.

Fiz o que ele pediu, deixei a felicidade correr por todo o meu ser.

Quero voltar para Edward e Renesmee ... Quero voltar para Edward e Renesmee... Quero voltar para Edward e Renesmee...  — entoei enquanto meus pés deslizavam sobre o gramado macio e meu corpo se colidia com a luz, podia ouvir o barulho do tintilar igual nos filmes infantis quando alguma mágica acontecia, meus cabelos voavam e uma brisa suave lambia meu rosto.

Abri os olhos no mesmo instante em que o brilho se intensificou e tudo escureceu...

[...]

Ouvi vozes ao longe e conforme voltava a consciência sentia minha mente e meu corpo cansados. Como se eu tivesse feito uma longa viagem. Pisquei os olhos várias vezes para me acostumar com a claridade.

A superfície dura sob mim era desconfortável. Sentei subitamente e olhei para os dois lados desnorteada. Desci meu olhar para onde estava deitada, um banco de praça? Varri o lugar com os olhos detalhadamente. Eu estava em um parque?

Nada fazia sentindo.

Levantei em um pulo como se eu tivesse levado um choque. As nuvens estavam carregadas, e o vento gelado chicoteava em minhas bochechas. Era a única coisa familiar para mim naquele momento. Não era apenas o fato de que o verde predominante não se alastrava em cada canto dali. A paisagem sofisticada que os prédios, as casas ou até mesmo os estabelecimentos que foram captadas pelos meus olhos me dizia que eu definitivamente não me encontrava em Forks.

Então onde diabos eu estava?

Cada vez que eu forçava minha mente a lembrar o nome do local ou qualquer coisa que me recordasse do motivo de não estar em Forks, sentia uma pontada excruciante em minha têmpora direita. O que me fez desistir. Comecei a hiperventilar apavorada. 

Respirei fundo para tentar me acalmar.

Respira, Bella. Respira.

Devia ter alguma explicação bizarra para isso.

Eu podia ir a qualquer um dos diversos estabelecimentos que me cercavam e pedir informações como uma pessoa normal faria. Girei meu corpo enquanto verificava as opções. Meus olhos focaram em uma sorveteria a alguns metros de distância, eu apenas precisaria atravessar a rua. No instante em que me decidi ir até lá, uma senhora passava por mim e eu a parei.

— Com licença senhora, pode me dizer onde estou? — perguntei educadamente de maneira casual.

Não era preciso que ela percebesse que eu estava desesperada por respostas. Ou perdida.

— Oh, em Los Angeles, minha jovem. — respondeu ela sorrindo e rugas notáveis surgiram em seu rosto marfim.

Los Angeles?

— Obrigada. — tentei soar o mais tranquila que eu pude. 

Sorri sem mostrar os dentes e ela retribuiu de forma gentil.

Caminhei de volta para o banco e sentei com as mãos no rosto. Como fui parar aqui? Onde estava meu pai? Minha mãe? Jacob! Uma queimação estranha borbulhou em meu intimo quando pensei em seu nome, até mesmo senti um gosto amargo na boca.

Sacudi a cabeça, confusa.

— Desculpe a intromissão minha jovem, mas está perdida? — perguntou a mesma senhora que me deu a informação, tocando-me o ombro.

Ergui o olhar para ela. Seus cabelos grisalhos estavam arrumados num coque chique, os olhos azuis ternos, ela parecia inofensiva. Trajava uma saia longa preta, blusa de botões cor creme e para finalizar seu look estiloso um agasalho de crochê marrom abraçava seus ombros.

Limpei a garganta.

— Sim. Eu não faço ideia de como vim para aqui, na verdade.

Sua expressão amigável de repente se transformou em clara preocupação. Relaxei os músculos que eu não sabia ter tencionado. Ela parecia genuinamente uma boa pessoa.

— Bem, quer ajuda para ligar para seus pais?

— Sim, por favor. Se não for incomodar.

Ela sacudiu a cabeça negativamente. Precisava ouvir a voz do meu pai no meio dessa confusão toda.

— Oh, não. — tornou a confirmar e pegou minha mão para me ajudar a levantar.

Uma onda de alivio me tomou ao mesmo tempo em que uma sensação esquisita que estava ignorando desde o momento que despertei se colidiram dentro de mim. A impressão era como se faltasse alguma coisa, o que eu classifiquei ser totalmente insano. Eu nunca tinha sentido algo assim antes.

Minha testa se franziu com o tom desordenado daquela sensação. Como se o dia não pudesse ser mais estranho.

Ao decorrer do trajeto até o telefone público a senhora puxou assunto, me salvando de indagar mais a respeito do tema que me corroía.

— Como você se chama, minha jovem?

— Isabella Swan, mas prefiro que me chamem de Bella e a senhora?

— Sou Josephine Walter. Prazer.

Chegamos ao nosso destino, antes que eu pudesse entrar na cabine ela me passou algumas moedas e eu sorri agradecendo. Fechei a porta encaixando uma no buraquinho e disquei o número do telefone da casa de Charlie. Que também era a minha.

Eu não conseguia entender a razão do martelar incessante em meu peito. 

Alô?! — perguntou uma voz grave e rouca. E era como se eu não a escutasse há tanto tempo...

— Pai? — ao escutar minha voz eu pude ouvir seu arquejo.

Ele gaguejava aturdido e o som saia abafado, como se sua mão estivesse sobre o telefone propositalmente: “Não, não pode ser... Parece com a voz de Bella!”. Como assim parece a voz da Bella? O que estava acontecendo? Por que meu pai parecia tão surpreso e assustado por receber uma ligação minha? Eu tinha ido embora? Fugido? Decidido voltar para os braços de Renée? Mas por que não me lembrava de nada?

Engoli o nó que se formava em minha garganta. Eu precisava de respostas!

— Pai, ainda está aí?

Silencio.

B-bella? — quando ele retornou a falar gaguejou novamente.  

— Quem mais seria pai?

Mais silêncio.

Que brincadeira de mau gosto hein? Vá procurar o que fazer sua desmiolada! — gritou exasperado e soluçou.

Meu pai realmente me chamou de desmiolada? Nada fazia sentido. Fiquei paralisada por alguns segundos, tentando entender o que raio estava acontecendo. O choque atravessou minha corrente sanguínea e deu lugar a confusão mais uma vez.

— O que está acontecendo pa...? — não tive chances de concluir a pergunta pois ele encerrou a ligação na minha cara sem pesar.

A preocupação se alastrou por meu corpo, quanto eu tinha magoado meu pai para ele me tratar daquela forma? Peguei mais uma moeda sem hesitar e novamente ela foi engolida pela máquina, embora estivesse firme em retornar a chamada, meus dedos não pararam de tremer quando disquei mais uma vez o número mais que conhecido. E aguardei ansiosa.

Alô?

— Pai? Não desligue na minha cara de novo, por favor.

Ele arfou novamente e soltou: “Meu Deus do céu! Não estou ficando louco!”.

B-bella? — engasgou.

— Sou eu, pai. E preciso saber por que está agindo assim? Eu fugi de casa é isso? — indaguei, querendo tirar qualquer resposta que me fizesse compreender o porquê eu estava em Los Angeles e não em Forks com ele. — Não consigo me lembrar de nada!

Bella... bem, er...

— Me desculpe, pai. — falei sem esperar que ele completasse sua frase entre cortada — Eu vou voltar para casa, mas não faço ideia onde estão minhas coisas ou meu passaporte...

NÃO! — ele gritou, aflito.

— Por que não?

Ele suspirou profundamente.

Bella, eu queria poder explicar tudo, mas é complicado demais para termos essa conversa por telefone. Você pode esperar só um pouco mais?

Um frio estranho atingiu a boca do meu estomago. Eu tive um pressentimento ruim. Mas me obriguei a permanecer passiva.     

— Posso. Eu só queria entender melhor.

Eu prometo que irei responder a todas às questões. Mas agora, onde exatamente você está?

— Em Los Angeles.

Certo, hum... Vou dá um jeito de ir até aí, tudo bem?

— Tudo bem, pai.

Preciso saber se você tem onde ficar? Está segura?  

Sorri com a preocupação de Charlie. Ele não me odiava. Tudo ainda era bastante confuso, opaco, mas meu pai viria me encontrar e me levar para casa.

— Eu estou bem, pai. Conheci Josephine, uma senhora confiável, irei perguntar se eu posso ficar com ela até você chegar.   

Uma senhora? Então presumo que ainda não os...

Os o que?

Charlie pigarreou antes de continuar.

Nada, nada, Bells. — limpou a garganta mais vez, como se estivesse medindo todas as palavras que saiam de sua boca. — Certo, fique com Josephine. Mas entre em contato comigo, por favor, pois vou precisar das coordenadas certas para localizar você.  

Tentei deixar passar o que quer que meu pai estivesse ocultando de mim. Quanto eu tinha perdido? Eu me sentia totalmente frustrada por ficar de fora do que assunto ‘complicado’.

— Tudo bem, pai. Eu irei.

É tão bom ouvir sua voz novamente, Bells. — ele fungou, entregando que ele estava chorando.

— Eu estou feliz por falar com o senhor também.

Nos despedimos com Charlie me fazendo prometer que não esqueceria de mantê-lo a par dos meus próximos passos e saí da cabine, aliviada e calma — o máximo que eu conseguia ficar.  

Antes que eu pudesse mover qualquer membro do meu corpo ou informar a Josephine que meu pai estava a caminho e tivemos uma conversa inusitada. Meu olhar se direcionou para frente, como se alguma coisa me impulsionasse para fazê-lo.  

Vi estupefata uma garotinha correndo em minha direção com um largo sorriso iluminando seu rosto. Resisti ao ímpeto de olhar para os lados e me certificar se ela realmente vinha para mim. Simplesmente não era capaz de desviar minha atenção da pequena.

Ainda que distante consegui ter uma noção de sua figura, o vestido de algodão de borboletas coloridas contrastava sua pele clara, seus cachos de um cobre incomum balançavam como molas, as bochechas salientes e coradas faziam com que eu quisesse apertá-las.... E os olhos, à medida que ela se aproximava eu consegui uma visão melhor. Não sabia o porquê, mas congelei. Eram dar cor dos meus. Chocolates.

O mais estranho de tudo não fora isso e sim a forma como meu coração agiu ao vê-la. Ele encheu-se de um sentimento desconhecido, mas de alguma forma, tão familiar. Essa sensação me fez ansiar por abraça-la, inalar seu cheiro. Parecia esquisito, mas certo, e era o que eu desejava ardentemente. Consegui sentir o pulsar em meus ouvidos de tão rápido que as batidas do meu coração martelavam.

Ela era deslumbrante. Na verdade, a única coisa que faltava para completar sua forma angelical era a aréola sobre a cabeça.  

Quando não faltava mais nenhuma distância entre nós, ela pulou em meus braços, que por reflexo abrira no momento exato em que ela pulou. A garotinha se aconchegou a mim enlaçando meu pescoço com seus bracinhos, um aperto muito forte para uma criança de seu tamanho. Talvez tivesse dois ou três anos.

Estranhamente eu me senti realizada, e certa de que ali era seu lugar. Em meus braços. Quem era aquela garotinha que eu desconhecia, mas ao mesmo tempo sabia quem era? Seu rosto era tão assustadoramente familiar...

Então uma simples palavra sua tocou meus ouvidos carregada de emoção e foi capaz de me fazer prender o folego.

Mamãe! — murmurou ela e se afastou um pouco para me fitar, os olhos chocolates brilhavam com lágrimas, esticou um sorriso luminoso revelando seus dentes branquinhos e quadrados. Embora soasse encantador, não consegui reprimir um arfar de surpresa e sem ter controle de mim mesma naquele momento entrei em estado de choque.


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[Edward]

Renesmee insistiu em irmos ao parque hoje novamente, eu não havia imposto algum obstáculo já que queria ocupar minha mente o máximo possível longe da escola e aproveitar para termos mais um momento de pai e filha. Não era esforço nenhum estar com minha Nessie.

Rapidamente a notícia de que o novato Edward Cullen tinha uma filha e era pai solteiro se alastrou como fogo pelo local e meus irmãos e eu sabíamos perfeitamente quem fora a pessoa responsável por trás do relato: Violet. Ao contrário do que esperava — que todas as garotas passassem a me ignorar — fez com que amolecesse o coração de todo o corpo estudantil feminino para minha completa lastima.

O fato de eu cuidar de uma criança e sozinho me fez uma figura ‘rara’. Os olhares encantados e os sorrisinhos maliciosos me aborreciam. Não estava em meus planos terem conhecimento de Renesmee, eu me sentia cauteloso, temia que qualquer passo em falso a poria em risco.

E eu tampouco admitiria.

Sacudi a cabeça quando meus olhos focaram numa garotinha saltitante adentrando meu quarto. Alice e sua forte influência sobre minha filha. 

— Papai! Vamos!

Sua animação era contagiante e eu sorri.

— Claro, meu anjo, pronta?

Ela balançou a cabeça freneticamente.

Me agachei em frente a ela e puxei delicadamente a barra do vestido de borboletas coloridas —estava para cima devido a corrida — que Alice havia posto em seu corpo minutos antes de sair para caçar com Emm e Jasper. Depois de nossa ‘conversa’ a deixei mais livre para combinar os looks mais maravilhosos, segundo ela, e arrumar sua sobrinha. Alice conseguia persuadir qualquer um com aquela expressão pidona.

— Obrigada, papai.

— Por nada, meu amor. Você está tão linda, sabia disso?

Suas bochechas ganharam um tom mais rosado do que o habitual e eu toquei seu nariz. Tão parecida com a mãe. Bella também corava ao receber elogios, especialmente de mim. Conseguia enxerga-la em nossa menina todos os dias, de fato ela teria orgulho de Nessie. Aquela simples menção causou uma fisgada certeira em minha ferida.

“Obrigada”. Renesmee finalmente pensou ainda envergonhada. Dei uma piscadela e enquanto me levantava depositei um beijo em sua testa. Peguei sua mão e rumamos em direção as escadas animadamente, para espantar o que me corria por dentro a segurei no colo e deslizamos pelos degraus em alta velocidade. Nessie gargalhou em êxtase.

— Tchau tia Rose. Tchau vovó.

Eu a levei ainda em meu colo até elas para se despedirem entres beijos. Era notável a satisfação no rosto pálido de Rosalie em como a relação com Renesmee havia mudado para melhor. Elas faziam muitas coisas juntas.

O rádio engoliu o CD do Barney e mais uma vez o ambiente do carro foi preenchido pela voz doce de criança enquanto ela entoava ‘Brilha, Brilha, Estrelinha” de sua cadeirinha, dei a partida para mais um passeio divertido, não demorando muito para chegarmos aos arredores.  

— Nessie, quer lanchar primeiro? — questionei e a encarei através do espelho retrovisor.

Balançou a cabeça positivamente, empolgada.

— Sim! Quero milk-shake com batatas fritas! — respondeu, com os olhos brilhando. Aquela era uma das poucas exceções em que a deixava comer besteiras. 

Assenti.

Estacionei próximo ao parque — já que voltaríamos para lá após o lanche — e caminhamos em direção a lanchonete ao lado oposto da sorveteria, aproveitando para respirar o ar puro. Sentamos em uma mesa mais distante e logo uma moça loira de uniforme se aproximou para nos atender. Não aparentava ter mais que dezoito anos.

— Boa tarde, já sabem o que vão pedir? — perguntou educada e de forma profissional.

Esperei para sentir seu olhar me analisar ou algum sorrisinho torto, mas não houve nada. Pela primeira vez em toda minha existência uma mulher não jogara seu charme para cima de mim. E eu fiquei mais que grato por aquilo. Realmente me vi em paz.

Encarei minha filha.

— Nessie, querida, somente milk-shake e batatas?

— Hum... — ponderou por um instante, o dedinho batucando o queixo — um hambúrguer também, por favor?

— Certo.

— Muito bem, senhor, anotado. Mais alguma coisa?

— Para mim apenas água mineral, por favor.

— Correto, irei trazer daqui uns instantes.

A mulher sorriu para nós e se afastou com o bloquinho dos pedidos em mãos.

— Ela é simpática. — comentou Nessie. “E não jogou charme!” pensou ela. Sacudi a cabeça rindo. Porém rapidamente o humor que circulava ao nosso redor se dissipou e o que aconteceu realmente partiu meu coração.

Consegui encarar a cena de dois pontos diferentes, porém o mais avassalador foi pelos olhos de minha filha. Um momento totalmente comum, porém, drasticamente arrancado dela por uma fatalidade.

Uma mulher adentrava a lanchonete com sua filha nos braços, ambas riam enquanto a mãe plantava beijinhos no rosto da criança. Renesmee acompanhou tudo atentamente, seus pensamentos sofríveis. Mais do que nunca ela queria sua mãe. Seus olhos marejaram e pequenas gotas caíram de seus olhos, como estava ao seu lado apenas a puxei para meu próprio colo para tentar acalentá-la.

Passei os dedos sob seus olhos para limpar as lágrimas, mas outras teimavam em rolar. A apertei contra o peito, afagando seu cabelo, aquilo me sufocou vendo o quanto minha pequena sofria. Tentei ser o mais forte possível para conforta-la de alguma maneira... Eu gostaria de ser capaz de retirar toda dor daquele pequeno ser, desejei ter Jazz por perto para apelar que manipulasse os sentimentos de Nessie... Eu escolheria sentir por ela, sem pensar duas vezes, eu lidaria com as dores de nós dois.

— Meu amor, vai ficar tudo bem... — eu murmurei, porém não estava ajudando o bastante.

A garçonete que nos atendeu voltou com o pedido e no meio de tudo isso pedi para que embalasse para viagem. O tempo de espera não se estendeu por muito tempo e depois de pagar me retirei com Nessie ainda inconsolável num choro silencioso. Estava agarrada ao meu pescoço.

Como podia conter tantas lágrimas naquela pequenina? Eu não tinha ideia do que fazer para aplacar seus sentimentos ruins ou seu principal desejo naquele momento... Ela queria a única coisa que eu não era capaz de oferecer. Sua mãe de volta. E aquilo era tão terrível para ela quanto para mim.

Sentei no banco do parque enquanto as pessoas ao nosso redor olhavam para nós com certa curiosidade e compaixão. Depositei o embrulho ao lado.

— Renesmee, por favor, meu amor, pare de chorar. Por favor. — eu supliquei, a angustia se espalhando pelo peito.

Ela me encarou intensamente e foi se acalmando aos poucos. Enxuguei os vestígios de lágrimas e ela repousou a cabecinha em meu ombro, um último soluço escapou de seus lábios. Voltei a acariciar seu cabelo e pele macia do seu rostinho.

— Vai ficar tudo bem... — sussurrei, esperando que aquelas palavras também surtissem efeito sobre mim. Ela acenou com a cabeça minimamente.

— Nessie! — uma voz infantil e alegre chamou-a. E no mesmo instante ela se empertigou para se deparar com uma Gina sorridente, muito diferente da garotinha de olhos tristes que havia conhecido. E não era para menos, a vida em casa estava bem novamente. Não pude deixar de me sentir feliz por ela. Nenhuma criança merecia o desprezo dos pais. 

— Oi... Gina! — Nessie tentou responder no mesmo tom animado, porém fungou. E a ruivinha vincou a testa marfim.

— Por que está chorando, Nessie? — quis saber, genuinamente preocupada. Alternou o olhar entre Renesmee e eu. E minha filha me encarou brevemente.

— Nada, é que eu... Tropecei e caí bem ali. — apontou para uma lombada na entrada do parque, e eu não pude evitar a admiração por minha hibrida articular uma desculpa tão rápido e tão convincente. Eu deveria estar acostumado com seu nível extremo de inteligência, mas eu preferia me surpreender como um pai coruja. 

— Poxa, você se machucou muito? — o tom de preocupação ainda presente. Foi interessante vê-la preocupada com a amiguinha que pouco conhecia, porém a empatia que envolvia aquelas duas garotinhas era quase palpável. 

— Não. Estou bem.

A ruivinha assentiu.

— Olá, Gina.

— Oi Edward. — respondeu se lembrando que eu preferia que me não tratassem de “senhor”. E retribui ao lindo sorriso que ela me ofereceu. — Você quer brincar, Nessie? O Tay e a Maggie não vieram hoje, vamos ser só a gente hoje.  

— Quero brincar sim. — respondeu ela e sorriu mais verdadeiramente agora. Olhou para mim e lhe dei um beijo na testa antes de deixa-la no chão. Ambas se afastaram correndo em direção aos brinquedos e antes que subissem a escada que levava ao escorregador, acenaram para mim.

[...]

Nessie fez uma pausa e degustou seu lanche — antes esquecido — junto de Gina e somente depois de fazê-las aguardarem um pouco para evitar que passassem mal, voltaram a se divertir no playground. Sempre presaria pela saúde do meu bebê. Sorri com a nova palavra carinhosa para minha filha.

Porém desapareceu de súbito.  

De repente Nessie olhou para algo além de mim e parou bruscamente o movimento da gangorra. Os cantos de seus lábios cor-de-rosa se esticaram num sorriso deslumbrante, com minha visão perfeita, pude notar em como seus olhos brilharam.

Congelei. Não acreditando no que visualizei através de sua mente.

Instintivamente, ela saltou do assento e correu velozmente na direção sem desviar a atenção um segundo sequer. Me despertando do torpor repentino, me ergui num pulo e saí em disparada atrás de sua pequena figura. Um carro poderia surgir, ela poderia realmente tropeçar, ou...

Sacudi a cabeça para espantar tais pensamentos e quis adiar encarar aquele fato inacreditável o máximo que eu podia. Porém ao focar na silhueta esbelta a alguns metros a frente, o impacto foi o mesmo. Era ela! Exatamente como eu recordava, embora ela nunca tivesse deixado minha cabeça, ou qualquer parte de mim. Nem eu meu pior pesadelo eu seria capaz de olvidá-la... Os olhos inconfundíveis, idênticos ao de nossa criança, a pele translúcida e aquelas madeixas cor mogno que caiam em cascata emoldurando seu rosto. Minha Bella estava ali.

Mas como aquilo era possível?

Ela não me viu enquanto me aproximava. Em algum momento meus pés haviam criado raízes no chão e não consegui continuar o ritmo, muito menos dar um misero passo. Seus olhos estavam fixos em Renesmee, uma expressão confusa estampada no rosto, mas ao mesmo tempo calorosa. Como se não estivesse entendendo o porquê sua filha corria para ela. Nessie pulou em seus braços hesitantes quase por puro reflexo.

A pequena aconchegou-se mais em Bella a abraçando apertado enquanto a mesma franzia o cenho. Talvez estranhando a força de Renesmee, mas ela não deveria saber que nossa filha não era como as outras crianças? Seu comportamento esquisito estava me deixando apreensivo demais. Eu devia ir até lá.

De repente Renesmee olhou para cima.

— Mamãe!

O vinco entre as sobrancelhas de Bella se intensificaram.

— Como assim mamãe? — lançou a Renesmee, com tom de voz tremulo. O sorriso de Nessie vacilou e seu lábio inferior tremeu. Uma explosão de lágrimas tristes se seguiu, a rejeição de Bella ardia como brasa seu pequeno coração.

O choque atravessou por todo o meu corpo e me despertou por completo. Obriguei meus músculos a se moverem e caminhei determinado até onde ambas estavam. O que estava acontecendo? Por que Bella estava negando nossa filha? Nossos olhares se cruzaram e nenhum dos dois foi capaz de desviar. Ouvi seu coração se acelerar sem pudor algum. Se o meu pudesse bater ele estaria exatamente descompassado.

Consegui abrir meu sorriso torto e Bella arfou.

Minha mão formigou para estender minha mão e tocá-la, sentir sua pele macia como me lembrava, para além de tudo ter certeza de que não era minha mente querendo pregar uma peça que me destruiria se fosse o caso. Eu estava uma confusão por dentro. Palavras não bastariam para descrever ao certo.

Uma Renesmee chorosa estendeu os braços para mim e a peguei no colo.

— Bella? — indaguei e ela arregalou os olhos.

— C-como você sabe meu nome?

Franzi o cenho.

— Porque eu a conheço muito bem, Bella. — informei cautelosamente enquanto ela alternava as íris chocolates entre Nessie e eu.

Uma sombra de espanto passou por seu rosto.

— Eu me lembraria se conhecesse alguém como você. Qual é o seu nome?

Congelei. Mas que diabos?

— Você está brincando, não é?

— Como é? — um lampejo de indignação brilhou em seus olhos. — Eu não faço ideia de quem é você.

Engoli em seco, tentando ser racional. 

— Meu nome é Edward Cullen, você não se lembra? — sussurrei a ultima parte, custando a acreditar que eu as tinha proferido. A ideia me matava. 

— Desculpe, não... Este nome ele me é familiar, mas não faço ideia onde o escutei. Sinto muito. – disse ela sinceramente e eu tive que reprimir um arquejo. Eu precisava de respostas.... Por que Bella, o amor da minha existência não se lembrava de mim? De sua filha?

— Nem mesmo dela você lembra? — inquiri esperançoso demais, apontando Nessie com os olhos.

Ela sacudiu a cabeça, soltando um suspiro.

Eu não queria acreditar.

Tentei vislumbrar qualquer resquício de reconhecimento, mínimo que fosse em seus olhos, mas isso serviu apenas para me machucar mais. A confusão ainda permanecia no ali tanto quanto a compaixão que emanava por não conseguir ter ideia de quem eram aqueles “estranhos” diante de si. Renesmee ainda chorava copiosamente e olhava por sobre meu outra, na direção oposto.

— Está tudo bem, Bella, querida? — uma senhora se pôs ao lado de Bella, agarrando seu braço gentilmente.

Ela quebrou o contato visual e sorriu fracamente para a senhora.

— Sim, Josephine. Podemos indo?

A senhora assentiu.

Eu custava a acreditar que ela estava indo embora de novo.

— Sinto muito pela confusão, Edward. Mas preciso ir, com licença.

Meneei a cabeça.

E sem mais nem menos se afastaram tagarelando sobre Bella ficar em sua casa dela até o pai vim busca-la. Aquilo não fazia nenhum sentido. Charlie em L.A? Bella surgindo magicamente?

Renesmee virou o rosto e percebeu que sua mãe já estava distante, ela pulou de meus braços no mesmo instante e começou a gritar.

— Mamãe! Aonde você vai? Não vai embora mamãe!

Tentou correr de novo, porém eu a impedi e a ergui para meu colo mais uma vez. Chorando descontroladamente agora. Bella ainda se virou antes de dobrar a esquina, provavelmente deve ter escutado os pedidos de Nessie. Por um momento achei que tinha visto algo diferente em seus olhos, em seu semblante, mas foi apenas um instante de esperança. Lançando um último olhar, deixou ser conduzida pelo braço pela senhora ao seu lado.  

Me despedi por nós a Gina, a garotinha mais confusa do que qualquer coisa e caminhamos em direção ao meu carro. Com a promessa de que traria Nessie no próximo final de semana.

Os soluços de minha filha preenchiam o silêncio do carro. Era desesperadora a situação, eu não podia fazer nada além de entoar que ‘tudo ficaria bem’. Parei por brevemente no meio fio. Me virei para encará-la e de repente as palavras do sonho de Renesmee com Bella ecoaram em minha mente.

“Meu amor, eu voltarei para vocês... mas enfrentaremos muitos desafios... Onde requer paciência. E aprender a guardar segredos, mesmo que nós tenhamos incertezas de que podemos perder algo não revelando nada! Renesmee, filha, terá de ser corajosa... Por que minha vinda não será fácil...”.

Exatamente como ela descreveu. Tudo começava a se encaixar, embora a queimação inquietante se alastrasse por dentro por aquele reencontro catastrófico. Minha mente iniciou seu trabalho. Bella retornou de alguma forma e talvez esse feito — inacreditável — tivesse um preço a ser pago, como ter partes de sua memória arrancadas? 

Essa explicação devia bastar por enquanto.

Isso não significava que eu não estava feliz, de forma alguma. Mas ver Renesmee naquele estado me fazia hesitar quanto aos sentimentos predominantes. De um lado o êxtase por reencontrar o amor da minha vida e o outro competia com a tristeza, por ver minha filha daquele jeito.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...
:] Se eu terminar o próximo capítulo eu posto amanhã!
Bjinhos...